O tempo voa em direção aos anelos das criaturas em busca da plenitude, e sem que se perceba, chega-se ao final do ano no calendário civil das sociedades organizadas; como se fosse mágica os filhos de Deus se veem às voltas com o renovar da efeméride do ilustre aniversariante do mês de dezembro, convidando os caminheiros a reflexionar sobre a data magna da cristandade, e os propósitos que envolvem toda a humanidade nos sentimentos da essência do amor do Divino Pastor. Parece mesmo que através dos abraços fraternos que os filhos da Divindade se dão, dos votos de felicidades que se desejam ou mesmo nas luzes com que se ilumina o planeta, em tudo se vê com clareza as blandícias do suave perfume de Jesus se espraiando pelo globo terrestre como a se dizer em alto e bom som: Vinde a mim todos vós que estais cansados e sobrecarregados e eu vos aliviarei.
Nessa época é inegável o balanço das atividades das criaturas, seja no campo material, sentimental ou da caridade, em busca da chave da felicidade desejada com sofreguidão pelos viajores para se alcançar a paz e os esplendores celestes. Considerando-se a essência Divina que carrega as criaturas de Deus, sabe-se que nesse balanço, muitas foram as vitórias, e as derrotas também se fizeram presentes, animando ao bom combate, segundo o conceito do apóstolo Paulo aos Coríntios e da mesma sorte, não poucas vezes o desânimo bateu à porta dos entibiados.
São nessas ocasiões que se busca uma referência de modelo, o exemplo e o caminho a seguir, conscientes os pretendentes à felicidade, que a porta que dá acesso a essa bem-aventurança é a porta estreita da vida. Bem por isso, sem dúvida, a época é propícia para renovar a fé e ver com clareza que nada obstante as inúmeras dificuldades encontradas no transcorrer do ano que se finda, ninguém em sã consciência experimentou os espículos que feriram o Divino Pastor, para ensinar aos irmãos menores a manterem-se firmes no tatame do bom combate, até alcançarem os parámos celestiais, única fatalidade admissível na vida dos viajores da grande nave chamada Terra.
Sem contradita, os abrolhos do caminho de hoje e as más escolhas feitas no decorrer do ano que se aproxima para a despedida, foram muitas vezes amargas, ainda assim foram provas; albergaram o propósito trazendo aos viandantes as recordações em lições imorredouras de que o aniversariante ilustre do mês vestiu-se na indumentária terrena, em trânsito pela carne, nos dias em que Roma dominava o mundo e seu símbolo era a águia, sedenta de sangue que sobrevoava o cadáver das civilizações e dos povos vencidos.
Foi nessa paisagem que Jesus apresentou a doutrina de amor, nascendo na Terra o modelo perfeito, dotado de personalidade inconfundível que deixava transparecer nos olhos misericordiosos, uma beleza suave e indefinível, atribuindo valores éticos e morais à vida que estuava em direção ao progresso da civilização.
Sua figura singela apresentava longos e sedosos cabelos modulando o semblante compassivo, como se fossem fios castanhos, levemente dourados por luz até então desconhecida.
Trazia no rosto um sorriso de paz, revelando bondade imensa e singular energia, irradiando em sua figura uma fascinação irresistível, quiçá razão de cumprimentar seus irmãos menores dizendo: Eu vos dou a minha paz. Suas palavras tiveram o poder de modificar o comportamento e a história, servindo para isso do altar da natureza ao compor a mais comovedora sinfonia de esperança, traçando a regra pétrea da vida, mediante robustos e desafiadores conceitos contidos nas bem-aventuranças do Sermão da Montanha.
Essa prédica até hoje ilumina o mundo e se constitui na chave que abre as portas estreitas da existência, caminho da felicidade, que se constituiu no arrimo para Mohandas Karamchand Gandhi escolher a não violência e despertar o movimento pacifista para libertar seu país do jugo dos ingleses sem derramar uma gota de sangue, seguindo as pegadas do Divino Jardineiro ao libertar as almas sofridas e sem a direção de outrora, porque Ele é o caminho, a verdade e a vida.
As dificuldades do homem moderno, não se comparam com as lições do Divino Jardineiro nem mesmo no campo da virtude da caridade, uma vez que já naqueles tempos Ele levantou os paralíticos, limpou os leprosos, restituiu a visão aos cegos e reabilitou mulheres infelizes, recebendo em troca do amor que dedicou aos aflitos, à cruz infame da ingratidão.
Anota a história da humanidade, que os pés que haviam caminhado para a semeadura do bem, ensanguentaram-se e as mãos generosas do Rabi tornaram-se duas rosas vermelhas, gotejando o sangue do suplício, quando em sua fronte, onde se abrigavam os pensamentos mais puros do mundo, se via uma aureola de espinhos. Ainda assim, O Mestre, numa cascata de luz e de alegria, prenunciando a vitória da vida sobre a morte, do bem sobre o mal, e da bondade sobre a perversidade, roga a Deus com sinceridade: -Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem.-
Por essa razão, a renovação da efeméride concita as criaturas a recordarem-se que o Divino Pastor não era legislador, mas foi a sua palavra que colocou os princípios da Misericórdia nos braços da Justiça. Da mesma sorte Ele não era administrador e mesmo assim instituiu na virtude da Caridade, o campo da assistência fraternal em que os mais favorecidos podem amparar os irmãos em penúria, porque somente nesse ponto existe a salvação.
Ao que consta também seu missionato não era de escritor, mesmo assim inspirou as mais belas páginas da humanidade e sem ser paracleto foi, e é ainda hoje o defensor de todos os infelizes. Na área das edificações, continua construindo as mais sólidas pontes, destinadas à aproximação e a fraternidade entre seus irmãos menores.
Jamais se identificou como médico, entretanto curou e prossegue curando os males do espírito convidando todos para construção de hospitais e a prática das obras de benemerência, caminho capaz de abrir as portas da felicidade e estender alívio e socorro aos doentes, desfraldando a bandeira do amor, pregando a extinção do ódio, desculpando sem condições a todos aqueles que ultrajaram a existência e as criaturas de Deus.
Nesse sentir d-alma, no transcorrer do ano que se finda, na sofreguidão que toma conta de nossas almas, em busca do reto cumprimento dos deveres, e do apoio indispensável à família, vamos tocando a vida com alegria, tristeza, momentos de dor e de felicidade, componentes da cesta básica da vida. Todavia, no instante em que a humanidade inteira começa a pensar no Divino Rabi da Galileia, aparece como se fosse mágica, o Divino Pastor, em clima de confraternização convidando os filhos da Inteligência Suprema e causa primária de todas as coisas à prática da caridade.
Para isso, é necessário subir os morros da vida, levando o alimento, roupas e demais suprimentos, tudo acompanhado do abraço carinhoso que fortalece os corações dos que estão entibiados pelas necessidades básicas da existência. Em verdade, o planeta todo se envolve na atmosfera de amor do Celeste Amigo, e timidamente as luzes da esperança começam a anunciar de casa em casa, de cidade em cidade, a chegada do Messias para que todo o Planeta Terra, esteja sob as luzes que clareiam as vidas em trânsito, ofertando a chave da felicidade àqueles que se esforçam para terem puro os corações.
O recebimento da chave da felicidade, é momento especial de renovação para o espírito, assim como Deus na sua infinita sabedoria deu à natureza a capacidade de desabrochar a cada nova estação, da mesma sorte, haure-se pela passagem do Natal, a esperança do amor de Jesus, com a capacidade de recomeçar a cada nova celebração de sua efeméride.
Sob a luz dessas reflexões, comemorar o Natal é mais do que reunir a família em torno da mesa farta, quando outros estão sem o necessário. Comemorar o Natal é unir os corações em ventura para homenagear o preclaro aniversariante do mês de dezembro, praticando o seu santo evangelho. Comemorar o Natal é amar ao próximo, é dar amparo, fazer preces e agradecer ao Pai Celestial pelas bênçãos recebidas durante o ano que se finda. Viver o Natal é cantar as alegrias da efeméride em rima, prosa e verso, como Deus no universo.
Em síntese apertada, a entrada da porta da felicidade para comemorar o Natal não está nas orações ou nos lamentos, mas no exercício da fé sincera avançando pela porta estreita oferecida por Jesus ao nos convidar: -Vinde a mim, todos vós que sofreis e estais sobrecarregados e eu vos aliviarei. Tomai meu jugo sobre vós, e aprendei de mim que sou brando e humilde de coração, e encontrareis o repouso de vossas almas; porque meu jugo é suave e meu fardo leve-. (Evangelho S. Matheus, cap. 21, ver. 28/30)
Esses são sentimentos e votos de feliz natal, movidos pela efeméride do Divino Jardineiro, abrindo a porta de nossos corações deixando o Cristo de Deus nascer em nossas vidas para toda a eternidade. Ponto finalizando, recebam o ósculo da fraternidade em seus corações com votos de um ano novo de muita paz.
Do amigo fraterno de sempre – Jaime Facioli e família.