Inicia-se a nova jornada das provas e expiações. O ano novo oferece nova oportunidade, novas chances, correções de rumo, novas esperanças para os caminheiros que experimentaram as alegrias das bem-aventuranças e as amarguras de projeto ainda não alcançado, mas que agora se tem a notícia de outra oportunidade, porquanto, as experiências adquiridas serviram de alicerce para a renovação da vida, sempre bela, colorida e consentida.
O poeta inesquecível Carlos Drummond Andrade, imortalizou o poema sobre essa parada no tempo ao proclamar com suas penas, que o momento permite repetir anotando:
-Quem teve a ideia de cortar o tempo em fatias, a que se deu o nome de ano, foi um indivíduo genial. Industrializou a esperança fazendo-a funcionar no limite da exaustão. Doze meses dão para qualquer ser humano se cansar e entregar os pontos. Aí entra o milagre da renovação e tudo começa outra vez com outro número e outra vontade de acreditar que daqui para adiante vai ser diferente...-
Sem dúvida, sob o aroma dessa reflexão, pode-se anelar o sonho realizado, o amor esperado, a esperança renovada e todas as alegrias renovadas que servirão de base para solidificar as cores da vida, e todas as emoções do ano novo, em cumplicidade com a família sempre unida e bem vivida. Oh! Meu Deus. Tantas coisas a pôr nos pés do altar da vida, mas nada seria completo, senão se desejar, como filhos de Tua Potestade, sejamos dignos de sermos chamados de filhos de Deus, com destino aos páramos celestiais.
Com essa reflexão, a proposta do ano que se inicia repleto de esperanças nasce do desejo de curar as enfermidades dos maus procedimentos do passado, conscientes de que a criatura humana expungirá os atos do passado comprometedor, sinal dos tempos pretéritos, muitas vezes ignotos, carecedores da proteção Divina. Nesse sentido, Paulo o apóstolo, imortalizou o adagio de que o homem carrega consigo todos os seus atos, conscientes as criaturas da Consciência Cósmica, não desconhecem que são filhos do Pai Celestial e por Ele são cuidadas em suas necessidades.
Para essa atenção do Eterno, basta a coragem da fé. O conhecimento de que o destino reserva grandes alegrias, através da viagem para dentro como propôs o pai da psicologia analítica, Cal Gustav Jung, ao estabelecer que o homem que viaja para fora sonha, e quando viaja para dentro desperta para a realidade da vida; nessa fonte, de saber dessedentou-se, o pai da Logoterapia, Viktor Frankl, médico austríaco, quando escreve em um de seus alfarrábios, denominado -Em busca de um sentido para a vida-.
Com essas considerações e os esclarecimentos de Leon Denis, no livro -O problema do ser, do destino e da dor-, não será difícil compreender que a vida em provas e expiações, traz o lenitivo da dor, pelos desacertos levados a efeitos para o aprendizado, e por consequência a enfermidade da alma, que passa a necessitar da cura como correção de rumo para o caminho que conduz aos esplendores celestes.
O momento é oportuno para relembrar a cura do filho do oficial do rei, em João 4:46 a 4:53, porquanto quando Jesus esteve pela segunda vez em Caná, e ao retornar para a galileia, era a época em que vivia em Cafarnaum, um alto funcionário do rei, ligado a casa civil, militar de Herodes Antipas, cujo burburinho da época diziam se tratar de Cusa, anotando a historiografia como sendo o esposo de Joanna de Cusa, atual espírito benfeitor da humanidade. Tratava-se de uma das piedosas mulheres da galileia, que passaram a acompanhar o Mestre em suas viagens missionárias; foi nessa ensancha que Jesus foi procurado por um pai aflito, clamando por seu filho que estava gravemente enfermo, acometido de febre, dita febre maligna, comum em Cafarnaum, cidade situada em uma região tropical e pantanosa que no verão e no outono estava repleta de insetos e mosquitos, fazendo vítimas fatais; no caso em exame, a febre ao extremo, levou o oficial do rei a temer pela vida de seu filho.
Por outro lado, a notícia da volta de Jesus para Caná, havia se espalhado por toda a Galileia e, portanto, ao conhecimento do oficial do rei, em Cafarnaum, acendendo a esperança no coração aflito do progenitor; esse por seu turno, emulou-se para obter o milagre e partiu numa jornada pelo longo e estreito alcance que levava até Caná, uma pequena vila da galileia, onde segundo consta o Divino Pastor teria realizado o seu primeiro milagre e também curou o filho de um nobre. Foi esse comovente amor paternal que o levou a rogar incontáveis vezes que Jesus descesse à Cafarnaum e curasse seu filho doente. Nada obstante, é sabido que o Mestre diversas vezes colocava à prova a fé daqueles que lhe faziam pedidos de cura e aí encontra-se a anotação de João 4:48, ora transcrita ipsis verbis: -Se não virdes sinais e milagres, não creiais. -
Certamente o mensageiro do amor não falava somente ao pai suplicante, mas a todos os judeus, com palavras de uma forma geral, no curso da história de Israel que anelavam a todo custo pedir sinais e prodígios para que pudesse crer em Deus, ou em outra linguagem: Ver para crer, olvidando a palavra e o testemunho do Nazareno. Jesus sabia que esse tipo de fé era vacilante superficial. No caso em apreço, o oficial do rei, por muito amar seu filho, superou aquela prova inicial de fé e não se abatendo com a dura resposta do Divino Pastor, continuou humildemente a rogar por seu filho até que o missionário do amor lhe dissesse: -Vai, o teu filho vive-. Anote-se, portanto, que a fé era genuína; a autoridade saíra de Caná com apenas uma palavra: -Vai o teu filho Vive-. Ora, é a mesma palavra que no princípio transformou o caos em cosmos, criou e transformou tudo o que se vê e se conhece; trata-se da mesma palavra que no princípio do mundo, ecoou pelo universo, chegando primeiro ao filho do oficial, repreendeu a febre e o curou. Naquela oportunidade houve uma alegria tão grande na casa desse nobre, que os seus fâmulos saíram ao seu encontro e, regozijando anunciaram a boa nova, como ocorrido as sete horas, hora exata em que o missionário o curou, a hora exata que Jesus havia dito: -Vai, teu filho vive-.
Nesses considerandos, é preciso ter fé e acreditar primeiro, para que o ano menino que nasce cure as mazelas que a criatura humana carrega, fruto de seus hábitos dantanho, no dizer de Paulo Apostolo, resultado de atos na vida pregressa, realizando assim a reforma íntima para crer em Deus, a inteligência suprema, causa primeira de todas as coisas. Desta forma, não se permita que o pessimismo obscureça os passos daqueles que têm sede de justiça e progresso; ao acordar cada manhã, as adversidades aguardam o bom combate. Lance o olhar no passado e sinta a recomendação de Paulo de Tarso, cientes de que o Pai jamais abandona os seus filhos e N-Ele as reside a esperança de um ano novinho, presente especial do Eterno aos seus filhos.
Com esses sentimentos d-alma recebam votos de muita paz e uma final de semana de alegria pela vida que é bela, colorida e consentida, com o ósculo da fraternidade em seus corações do amigo fraterno de sempre.
- Jaime Facioli –