Um dos anseios na grande viagem de provas e expiações, que as criaturas da Potestade anelam com sofreguidão, sem contradita, é o exercício da virtude da prudência, postura que faz as pessoas terem cuidado em suas atitudes, prever e evitar as inconveniências e os perigos da jornada; falar com ponderação e paciência ao tratar de um assunto delicado, máxime quando se tratar de uma doença do corpo ou da alma, porquanto esse proceder é uma respeitável virtude do espírito.
Contrario senso, é comum atitudes irrefletidas que levam as criaturas a -perderem- o domínio do mais notável meio de comunicação: o instrumento da palavra, caminho que mal utilizado, produz incêndios, promovem conflitos e incontáveis desastres. Anote-se, a palavra não pronunciada é patrimônio precioso de que o ser humano pode e deve se utilizar no momento apropriado.
O verbo liberado irrefletidamente, se converte, quando utilizado sob o manto da agressão, em -punição- ao imprudente, cumprindo destarte em seu retorno a origem, o efeito da lei de ação e reação, restabelecendo o equilíbrio do universo da Consciência Cósmica. A ação precipitada, sem a necessária prudência, invariavelmente causa desacertos e aflições sem nome, conduzindo as vítimas ao despenhadeiro do insucesso, em cuja rampa o remorso traz a dor e acúleos que fere o irresponsável.
Não será lícito se olvidar que antes de agir, o homem é depositário dos valores que pode e deve investir na razão para colher os resultados do ato praticado; plantar e colher aquilo que se semeou é sem dúvida a imortalidade da lição do mensageiro do amor. Salutar, pois, agir através da ponderação a fim de que a atitude não se converta em algoz e escravize aquele que a pratique; nesse sentido o escritor e piloto francês, Antoine de Saint Exupéry autor do clássico da literatura, escrito em 1943, -O pequeno príncipe-, estabeleceu nas paráfrases os axiomas: -Tu te tornas eternamente responsável por tudo o que cativas- e, -Nunca percas a paciência, é a última chave para abrir a porta-
É dever de probidade dos filhos da Providência Divina, pensarem com absoluta prudência, porquanto uma ofensa que chega aos ouvidos dos irmãos de caminhada, fere e ofende a quem recebe, gerando um posicionamento de exaltação e revolta, como se a alguma criatura fosse licito atirar a primeira pedra; isso certamente gera consequências de desordem mental no ofendido, provocando uma reação correspondente na ordenação mental, via de regra, com maior agressividade.
Evitar-se a conduta pusilânime é dever dos viajores da felicidade, para abandonar os ângulos falsos e distorcidos dos fatos, numa apreciação perturbada, porquanto esse proceder somente traz abrolhos no caminho que conduz aos sofrimentos.
A prudência é a inteligência dos corajosos e sob a dicção do Padre Paulo Ricardo, trabalhar essa virtude põe em ordem todas as outras qualidades do espírito; por isso é também conhecida pelo nome de prudência. Ademais, interroga o padre: -O que de tão especial possui a virtude da prudência para fazer Santo Tomás de Aquino dizer que, sem ela, não há nenhuma virtude-.
Nesse arrazoado, cabe refletir onde reside a prudência; dirá o intelecto das criaturas que é em ouvir, criar hábitos de ponderar os assuntos, para então chegar às legítimas conclusões em torno dos verdadeiros problemas da existência. A história da humanidade registra que precipitado, Napoleão conquistou a Europa e, refletindo, meditou tardiamente nos erros cometidos, na ilha de Santa Helena. Conduzido pela supremacia da força, Alexandre Magno dominou o mundo e febres estranhas tomaram conta de seu corpo jovem, antes das reflexões de que muito necessitava.
Oh! Meu Deus. Oxalá, relembre-se os viajores que com prudência, Jesus pensou, falou e agiu, em todas as oportunidades de seu magistério, deixando lições eternizadas para os irmãos menores, ao iluminar o caminho para os esplendores celestes, máxime quando exarou com segurança: -Eu sou o caminho, a verdade e a vida-.
É de conhecimento dos viajantes da felicidade que toda atitude prudente, é cautelosa por natureza e ao contrário do que pensa a vã filosofia, prudência não significa morosidade. Aliás, a virtude da prudência, significa o meio entre os dois extremos, consoante a paráfrase de Aristóteles: - De um lado a inação ou a lentidão; no outro extremo a precipitação, a pressa. Ela estará no equilíbrio, no ponto central. - A prudência não admite perda de tempo. É rápida e certeira, pois o tempo é inerente a ela. Novamente é a lição de Jesus: -Sede prudentes como as serpentes e simples como as pombas- Aconselhou o Rabi da Galileia, na preparação de Seus discípulos para o trabalho que teriam pela frente, pois seriam lançados como ovelhas no meio de lobos.
A serpente representa a prudência, que permite reconhecer o mal com antecedência e assim fazer as melhores escolhas em todas as situações. A prudência é conhecida desde os tempos imemoriais, na poeira do tempo, como a virtude por excelência, porque através de seu exercício é que as criaturas da Potestade podem refletir e decidir com sabedoria, segundo as lições de Joanna de Ângelis no cap. 43 do livro Convites da Vida, de que se serviu essa pena, inspirando-se na Redação Espírita de 12.11.2018.
É oportuna a ocasião para recordar sobre o tema em apreço, o esforço de Paulo de Tarso, o apóstolo do Cristo de Deus imortalizando a coragem dos irmãos de caminhada em direção aos esplendores celestes, comprovando que o ócio não tem residência na prudência, porquanto consta em o Livro II de Timóteo 4:7, quando convicto do tempo próximo do seu desencarne e reflexivo quanto aos seus feitos e o muito, ainda, necessário a ser realizado, confessou: Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé.
Sem dúvida, a criatura ativa e prudente, longe de realizar uma aliança com inatividade, vê o apóstolo Paulo revelar uma sensibilidade para a historicidade, confundindo com o tempo passado, presente, e futuro, ao recomendar a importância e a necessidade das criaturas em trânsito pelo belíssimo planeta Terra, do seu primeiro ao seu último dia no corpo carnal, se preparar com cautela no indispensável combate no tatame das provas e expiações, deixando o ócio no fundo do poço do esquecimento.
Em verdade, imprudentemente é fácil carregar Jesus no peito; é só mandar confeccionar camisetas alusivas ao homem de Nazaré; todavia, a prudência manda colocar o peito a serviço de Jesus, relegando as tentativas de fechar os olhos para as coisas de Deus, e, no exercício do livre arbítrio, optar pela porta estreita recomendada pelo Nazareno.
O exercício da prudência recomenda o controle da ação humana, dirimindo a real responsabilidade de seres atuantes no processo de melhora pessoal, solidária e planetária, e ao espírita cabe a reflexão quanto à necessidade de possuir talentos especiais, mediunidade especial, para enxergar seus defeitos, colocando-se nas provas diárias para combatê-los para benefício de si mesmo, bem como de todos os que permeiam o seu campo magnético-fluídico.
Sem dúvida, -O Evangelho Segundo o Espiritismo- dá o alerta e chama a atenção para uma possibilidade ímpar de releitura dos atos e comportamento na liça do modelo de vida eleito. Trata-se de uma possibilidade onde se fundamenta a célebre frase encontrada no Templo dedicado ao Deus Apolo, (na mitologia grega, o Deus da música) denominado Delfos, na Grécia e eternizada por Sócrates, conduzindo os profitentes à reflexão comedida, em essência: Conhece-te a ti mesmo.
Jamais ficar de braços cruzados quando os projetos existenciais não prosperarem. Entre o céu e a terra, há mais razões do que sonha a vã filosofia. É de bom alvitre não lamentar as quedas, mas ver o aprendizado que elas possibilitam.
Com esses sentimentos d-alma, segue o ósculo depositado em seus corações, com a hóstia da fraternidade universal, anelando tenham os amigos de todo o sempre, um final de semana de muita paz em nome do Divino Pastor.
Do amigo Fraterno de sempre.
Jaime Facioli