Os candidatos à felicidade trazem n-alma a semente do amor, desde que saíram das mãos do Criador, marca indelével do Pai Celestial, destinada a expandir-se no momento oportuno, desabrochando no exercício da afeição em plenitude, razão porque as criaturas há muito se interessam por entenderem o verbo amar em todo tempo, modo e pessoa, de tal maneira a expressá-lo da forma lhanoza o que seu coração permite segundo os ditames de sua evolução.
Nesse sentido, uma das questões que a humanidade ainda se debate com sofreguidão é sobre o tema do amor. Os enamorados movem o céu e a terra para decantar em prosas e versos o amor pela mulher amada ou vice-versa. Chega a ser hilário, um casal olhando a lua quando essa se deixa encobrir pelas nuvens no prelúdio de uma tempestade. O apaixonado, diz ao responder exclamando à pergunta da amada: Oh! Meu amor, a lua está encoberta pelas nuvens, escondendo de sua beleza. Que romântico; aquele que exercita o amor em plenitude, torna-se poeta, por não saber o verdadeiro sentido ao verbo amar.
A verdade, todavia, é que o casal de outrora, quando se passam seis a oito anos de conúbio, se não aprenderem a Lei de Amor, encontrar-se-ão no mesmo sítio dos acontecimentos transatos e ela dirá toda cerimoniosa: -Querido. Viste que a luz da lua se esconde por trás das nuvens que nos envolve nessa noite quente de verão?-. E ele responderá exasperado: -Então! Não vês que vai chover, criatura?-.
Esses fatos, que se assemelham à hilaridade, demonstra que muitos viajantes que buscam a felicidade padecem de uma melhor exegese, quanto à verdadeira Lei de Amor que trouxe o Divino Rabi da Galiléia. Com fluxo nessa realidade, afirma-se que, enquanto os filhos da Potestade associarem e atribuírem a expressão do amor, o caráter de posse, dizendo que ama a outrem e por isso não a liberta das algemas do passado, ou como quando se diz com ênfase: -é meu filho, minha mulher, meu automóvel, minha casa-, utilizando o pronome possessivo até o infinito, assim se expressando, ou mesmo confundindo o sexo com a sublimidade do amor pleno, certamente se olvidará o verdadeiro sentido do amor, e do verbo SER, em lugar do verbo TER.
Para sedimentar o discurso em apreço, há uma história garimpada na Redação do Momento Espírita, com base no artigo -Um lar para os filhos de ninguém-, de -Lawrence Elliott,- da Revista Seleções Reader-s Digest, de janeiro/2004, esclarecendo o valor do afeto e sua transformação em amor em plenitude, ainda que sob o apólogo dessa pena, será inegável registrar à saciedade, que quando se vê uma mulher grávida, invariavelmente se pergunta, espicaçado pela curiosidade se o bebê será menino ou menina; a resposta da mesma sorte daqueles que não têm certeza, é de que: -Não importa o que seja, desde que seja perfeito, com saúde-.
Sem contradita, esse é o anseio de todos os pais e assim também foi a consideração e o desejo de auxiliar o próximo, atentos à lição do missionário do amor que impulsionou o amoroso de um casal belga, na flor de suas vinte primaveras. Os filhos chegaram um a um, sadios e tudo transcorria bem, até que sua caçula Stephanie, aos três meses de idade foi -vítima- da síndrome da morte súbita na infância.
Nos instantes de dores é que se percebe a fé cristã fortalecendo as criaturas da Potestade; foi essa fé inabalável que fortaleceu a estrutura abalada daquela família. Oh! Meu Deus. Nada poderia trazer de volta a filha, que com o seu breve retorno à pátria espiritual, fez com que os pais se dessem conta de quão preciosa é a vida, máxime a de uma criança em tenra idade; por essa razão, tomaram uma resolução, sem açodamento, deixando transcorrer quatro anos desses acontecimentos.
A esposa, Christiane deu à luz a mais um filho, e o casal amadurecida a ideia, quando da partida daquela que deixou saudades, decidiram que podiam acolher e amar em sua casa mais uma criança que não tivesse família. A partir desse start, inscreveram-se no programa de adoção, e, seus nomes ficaram como os últimos de uma lista interminável, considerando que eles já eram pais de crianças, saudáveis e felizes.
Aconteceu que, as mãos de Deus operando milagres e eles vocacionados pela essência do amor em plenitude, receberam Hélène, de quatro anos, menina negra, cheia de vida e se uniu aos filhos do casal; Davi, sete anos, Benoît, cinco e Nicolas, com um ano. Em seguida, um menino indiano, com sequelas de poliomielite, chegou. Após várias cirurgias, verificou-se que ele nunca voltaria a andar com suas próprias pernas. E vieram os outros, do Brasil, da Colômbia, de Camarões, do Haiti. Dezenove filhos. Onze adotados. Sete com deficiências físicas ou mentais. Todos os dias letivos, pouco depois das quatro da tarde, ônibus e carros chegavam de variadas escolas e deixavam crianças na casa dos Boldos. Correndo, mancando ou rolando em cadeiras de rodas, elas entravam em casa para vasculhar a cozinha à procura de petiscos, procurando mãe e pai para darem um abraço.
Na existência das criaturas de Deus, o tempo sempre correu célere, razão porque os filhos mais velhos, tornaram-se senhores de suas vidas, casaram-se, tiveram filhos e suas profissões definidas, sem, contudo, perderam o contato com a família. Christiane, a mãe, tinha uma fórmula especial para definir a própria família: -Ela foi construída pedra por pedra. Uma criança era adotada, outra nascia. As que estavam conosco achavam que essa era a ordem natural da vida-. Com esse amor em plenitude a família Boldo criou, na Bélgica, uma fundação com o propósito de encontrar lares adotivos para crianças órfãs com deficiência.
O projeto inicial era encontrar lares para uma ou duas crianças carentes desses cuidados especiais. Arregaçadas as mangas, colocando-se presto no bom combate, os Boldo iniciaram os lhanozos propósitos, e, em vinte anos, conduziram quatrocentas e dez crianças com deficiências, de vinte países diferentes, a lares de famílias belgas, tudo tendo sua gênese na dolorosa -perda- de uma filha de apenas três meses de idade.
Sem contradita, o amor é a expressão superior que motiva as altas cumeadas, o apogeu da bem-aventurança, atendendo as recomendações de Jesus, orientando a se amar o próximo como a si mesmo. Nesse sentido, quando se oferece condições de superação das dores das reclamações, aquelas que permite ao sofredor vislumbrar o sol para além da cortina das lágrimas, se vê miríades de estrelas a cintilar nos céus d-alma.
Indiscutivelmente, a Lei de amor proposta pelo Celeste Amigo tem o objetivo da catarse emocional, desalgemar os que estão entibiados pelo orgulho, os possessivos, os que praticam a -Lei de Gerson-, mesmo que isso leve ao enfraquecimento o seu próximo. In Veritas, o Amor por Excelência proposto pelo Divino Jardineiro, liberta as amarras do egoísmo, entrega-se na docilidade da compreensão do próximo, à prática da caridade, da mansuetude do perdão e do auto perdão.
O tema em apreço, na pena e na linguagem dos poetas, permitirá dilatar o pensamento ao infinito sem que se consiga imaginar a vã filosofia, mas, o que leva a refletir sobre os conceitos iluminativos que proporcionou o Homem de Nazaré, na resposta aos eruditos religiosos da sua época, quando lhe questionaram em paráfrases semelhantes dizendo:
Oh! Mestre. Sabemos que vem da parte de Deus. Qual a maior Lei que existe? Vale dizer, na linguagem atual: Não existe uma só lei que pudesse explicar todos os códigos que serpenteiam pela legislação, entre o direito objetivo e os pergaminhos adjetivos, e a codificação trabalhista e o direito tributário? O Mestre respondeu aos sábios da época. -O primeiro e o maior mandamento é Amarás ao teu Deus de todo o teu coração e de toda a tua alma e de todo o teu espírito, e, o segundo é semelhante a esse: amarás ao te próximo como a ti mesmo-. E completou dizendo: Aí está toda a Lei e Os Profetas.
Com essas reflexões, deposita-se o ósculo da fraternidade em seus corações, com a oblata do amor de Jesus, anelando-se votos de um ótimo fim de semana na paz do Celeste Amigo, tudo recomeçando com bom animo.
Do amigo fraterno de sempre.
- Jaime Facioli –