A criatura humana, ao deixar as mãos da Inteligência Suprema Causa Primeira de Todas as Coisas, foi agraciada na essência com o sentimento de bondade, inato em seu coração, razão porque, toda vez que vê uma violência, maus tratos, agressões e mesmo um holocausto, lá no fundo de sua alma, há uma sensação e indômita vontade de promover o bem, inibir ou minorar o acontecimento inditoso, seja pela doação do trabalho, dos bens materiais ou ajuda financeira de sorte a conter o fluxo dessas agressões no meio ambiente, nas pessoas e nos bens de qualquer natureza.
Nada obstante essa benção do Senhor da Vida, os viandantes da felicidade no caminho do processo de elevação, encontram espinhos e abrolhos que lhes valorizam as provas a que estão submetidos para laurearem-se na Universalidade da existência. Certamente não se trata de emular para obter o êxito no projeto traçado na pátria espiritual; é da natureza das provas e da melhor análise de conhecimento de quanto custa e qual o valor da prática do bem.
Sob a luz desse sentimento, é de bom alvitre na reflexão do tema, lançar o olhar do profitente na passagem evangélica do óbolo da viúva, aprofundando o bisturi do exame perfunctório sob o princípio segundo o qual, o bem vale o que custa; o Messias, presciente das ocorrências do porvir, valendo-se como sempre das ocorrências do dia a dia e da hora a hora para ensinar, sentado no altar da natureza, em frente ao local das oferendas, observando o modo pelo qual o povo lançava no gazofilácio suas dádivas em troca das bênçãos aneladas, proceder comum daqueles tempos, constatou que algumas pessoas ricas deitavam as suas espórtulas em abundância, enquanto uma pobre viúva doou apenas duas pequenas moedas, no valor de dez centavos cada uma.
Jesus, vocacionado para a prática do bem e o exemplo que move as montanhas, esclareceu aos seus discípulos que aquela anciã pobre de recursos das moedas e rica em bondade, havia doado mais do que todos os outros; doara do que lhe faria falta, enquanto os ricos haviam dado do que lhes sobrava, e sob os olhares dos transeuntes, angariavam o título de generosos.
O link dessa retórica é consentâneo com a sociedade contemporânea; muitos afirmam que gostariam de ficarem ricos, a fim de poderem fazer o bem em larga escala, não se esquecendo de mencionarem que se a Divindade os auxiliarem nessa -boa sorte-, 10% do produto será revertido as associações de benemerência, ocultando assim o desejo de serem conhecidos na sociedade civil organizada, como generosos e filantropos.
Oh! Sim, chegam a esperarem com ansiedade o auxílio Divino com mirabolantes projetos, em nome da nobreza do fim tão sonhado enriquecimento. Certamente esses não são os valores da prática do bem. Aqueles que tem esse procedimento iludem-se a si próprios com os desejos de criarem para si mesmos a imagem de pulcros, como se fossem honestas consigo mesmas, aplacando suas consciências do autoconvencimento de que pretenderiam, antes de tudo, viverem luxuosamente.
Admitem-se à guisa de argumentação, que sem dúvida, os que assim se enriquecessem, fariam caridade material, talvez generosa. Contudo, não se olvide que em primeiro lugar realizariam seus sonhos adentrando pelas portas larga da vida, cumprindo suas fantasias e desejos, além do necessário, e, como os transeuntes do gazofilácio, comprariam coisas caras e bonitas para si próprias.
Em verdade, o enunciado evangélico põe em relevo que a realização do bem, não depende de incontáveis posses repletando os cofres dos bancos ou das propriedades materiais; sem contradita, o homem de bem, em cumprimento das leis cósmicas, aquelas que oferece harmonia e felicidade, se realiza em qualquer condição econômica. Portanto que ninguém se engane, é inegável realizar apenas o que está ao seu alcance, máxime porque o Senhor da Vida, não exige ou põem carga superior nos ombros de seus filhos, senão aquelas que eles possam suportarem, e assim no uso de seu livre arbítrio realizarem o bem que estiver ao seu próprio alcance.
O valor da prática do bem, não reside na riqueza da doação. O mérito é proporcional ao sacrifício necessário à prática do ato generoso. Quanto mais difícil, mais meritória é a obra e mais repercute perante a consciência cósmica. Sem dúvida o ideal é fazer o bem sem sequer pensar a respeito de eventuais benefícios.
Fiel a essa conduta, o Divino Jardineiro, asseverou que a mão direita não deve saber o que a mão esquerda faz, marca indelével que os atos nobres não devem ser alardeados e nem envoltos em ignotas razões ou criteriosas análises a respeito de seus reflexos. Não se pode perder de vista o fato de que ninguém surge sublime em um piscar de olhos. É preciso praticar o bem por impulso da centelha Divina colocada nos corações de suas criaturas, para que se rejubile os benfeitores nesse sentimento inato do coração como símbolo do amor celestial.
Nada obstante, enquanto se treina para se alcançar o apogeu desse estado ideal, o bem deve ser praticado ainda que seja a título da educação do próprio caráter, habituando-se a prestar serviços ao próximo, a comunidade, a família e a sociedade civil organizada e ou a igreja de sua devoção.
O Espiritismo ensina que a felicidade de um Espírito é proporcional ao seu cabedal de virtudes. Também diz que a sublimidade da virtude reside no sacrifício do interesse pessoal pelo bem do próximo, sem segundas intenções.
Sob o fluxo desse ideário, é crível asseverar que o discurso evangélico, está em harmonia com a Lição do homem de Nazaré, no exemplo do óbolo da viúva, porquanto é nos homens de bem e de bom coração que residem os espíritos capazes de sacrificar-se pelo bem alheio, sem esperar nada em troca. Esses arautos do bem realizam doações que pouco exigem de sacrifício e está ao alcance de todos.
Oh! Meu Deus. Doar do que sobra, embora desejável, não é tão difícil. Entretanto, sacrificar-se em prol de um ideal ou de outro ser humano implica uma boa dose de amadurecimento espiritual. Os atos desprendidos e custosos pressupõem assimilação da lei de fraternidade que rege a vida. Para ser generoso, até às últimas consequências, é preciso compreender as superiores finalidades da existência.
Em síntese apertada, para ser ou tornar-se um homem de bem, sem nenhuma dúvida, a verdade, o caminho e a vida, está no exemplo do Divino Missionário que assim se intitulou, e tudo quanto está esclarecido em -O Livro dos Espíritos- a partir da questão número 918 oferecendo a direção, o rumo para a conquista da paz, quando em síntese apertada ensina que: - O Espírito prova a sua elevação, quando todos os atos de sua vida corporal representam a prática da lei de Deus e quando antecipadamente compreende a vida espiritual. -
A estrada que conduz o homem na prática do autentico bem, e a se transformar em um homem de bem, está no exercício da lei de justiça, amor e caridade, na sua maior pureza; ao se entregar nos braços de Morfeu, o deus grego do sono, sua consciência o aplaude, por se interrogar sobre os atos que praticou durante o seu dia, perguntando se não transgrediu nenhuma lei e se não fez o mal, e, mais, se fez todo o bem que podia e estava ao seu alcance. Mais ainda, questiona a sua consciência, repositório das Leis de Deus, inscrito na questão 621 do Codex, mencionado alhures, se ninguém tem motivos para dele se queixar, enfim se fez aos outros o que desejaria que lhe fizessem.
O homem de bem, possuí o sentimento de caridade e de amor ao próximo, faz o bem pelo bem, sem contar com qualquer retribuição, e sacrifica seus interesses à justiça. É bondoso, humanitário e benevolente para com todos, porque vê irmãos em todos os homens, sem distinção de raças, nem de crenças. Se Deus lhe outorgou o poder e a riqueza, considera essas coisas como um depósito, de que lhe cumpre usar para o bem.
Se, sob a sua dependência a ordem social colocou outros homens, trata-os com bondade e complacência, porque são seus iguais perante Deus. Usa da sua autoridade para lhes levantar o moral e não para os esmagar com o seu orgulho.
Nas análises que pode fazer sobre o tema em apreço, é crível se admitir que apesar do medo, que grassa os candidatos a pratica do valor do bem, é sim, sem dúvida de bom alvitre se aprofundar nos caminhos do espírito, onde há a recompensa da alegria genuína de que vale a pena buscar no bom combate por aquilo que a alma necessita para a sua felicidade.
Nesse estado d-alma, certamente cada um dos candidatos a haurir o laurel do valor da prática do bem haverá de valorizar a vida, iniciando a jornada para dentro de si próprio, como propôs Cal Gustav Jung, para despertar-se na intimidade do espírito contemplando a vida, bela, colorida e consentida.
Ponto finalizando, segue o osculo em seus corações, com a oblata da fraternidade, anelando tenham um ótimo fim de semana em nome do Divino Jardineiro.
Do amigo de sempre.
Jaime Facioli