A CORAGEM DE PLANTAR NO JARDIM DA VIDA.
A coragem é um atributo das criaturas destemidas, que não tem receio e nem medo de enfrentar os obstáculos existentes nos caminhos das provas e das expiações, porquanto aos que se propõem a caminhar pela estrada da vida, sabem que não se fica imune aos abrolhos, aos acúleos e às incontáveis pedras que obstruem as veredas daqueles que buscam chegar aos campos elísios.
Os obstáculos, representados pelas enfermidades do corpo físico ou as lembranças que a consciência do justo faz, para os viajantes do progresso seguirem pelo caminho da probidade, da pulcritude e do reto proceder, atentos as leis do Eterno, são ferramentas educativas para aqueles que jornadeiam em busca da evolução e da plenitude existencial.
Sim. É preciso coragem para enfrentar o bom combate, expressão essa da lavra de Paulo, o apóstolo dos gentios. Afinal, não foi fácil a ele, sacerdote do Sinédrio naquela ensancha, um dos senhores que estudava as leis divinas, conhecido por Saulo, perseguidor dos cristãos, tendo ido a Damasco para matar Ananias, irmão de Abigail, em nome de sua fé, encontrar-se com o Divino Rabi, na estrada que o levaria aos seus propósitos.
Ao ser questionado pelo arauto do bem na celebre frase: ‘Saulo, Saulo, porque me persegues?’; no mesmo instante, caiu da animália e se deu conta da luz radiosa que iluminava de Jesus de Nazaré, cegando-o, e, estendido no chão, com a coragem dos que mudam o rumo e o objetivo de sua jornada, sem qualquer questionamento disse em alto e bom som: ’Que queres que eu faça.?’.
Sem dúvida, as mudanças são sempre ato de coragem, seja aquelas que nos desígnios do Altíssimo levam as criaturas a mudar de domicílio, de trabalho, de comportamento, indo mesmo até para plagas distantes, tanto como aquelas que pelo livre arbítrio exigem a transformação do comportamento humano, semelhante a Paulo, o apóstolo.
Por isso, os que estão despertando da consciência do sono, trocam o proceder dos atos ignóbeis por gestos de honorabilidade; os que roubam, aprendem os procedimentos da honestidade; os que enganam, adotam a verdade como ícone da vida; os que têm o coração endurecido, aprendem a perdoar, não sete vezes, mas 70 x 7 vezes; os que vivem na matroca, substituem a ociosidade pelo trabalho probo, força motriz do desenvolvimento e do progresso, sob os cânones da Lei Divina que enobrecem os candidatos à felicidade.
Jesus, o Divino Jardineiro, exemplificou ser o caminho a verdade e a vida, e é por essa direção que se encontra o verdadeiro homem de bem, aqueles que estão vocacionados para mudar o que for necessário, com coragem para a transformação dos procedimentos ignotos ou ignóbeis, alcançam atitudes de pulcritude. Sob o arrimo desses considerandos, é oportuno extrair do santuário da vida, uma metáfora que retrata com propriedade o tema em apreço.
Trata-se de uma experiência vivida por aqueles que têm coragem para enfrentar as provas da vida, notadamente porque são capazes de trocar o céu obnubilado pelo céu de brigadeiro, emulando-se na busca da verdade sobre o seu comportamento e não fogem da luta. De fato, as pessoas que assim procedem, consoante dispõe a questão 919 de ’O Livro dos Espíritos’, na resposta oferecida por Santo Agostinho, quanto ao meio mais prático e mais eficaz para se melhorar nesta vida e resistir aos arrastamentos do mal, indica os caminhos do homem de bem.
Essa descoberta dos caminhos do bem, veste com singular originalidade a questão em apreço, conforme se colhe na Redação do Momento Espírita, com base em texto do santuário da vida, disponível no livro Momento Espírita, v. 5, ed. FEP, de 06.03.2019, na narrativa dessa pena, sem perda da essência.
Certa feita, um jardineiro interessado em saber se estava procedendo adequadamente nas suas atividades, ou se deveria mudar o seu comportamento diante da realidade das ocorrências do trabalho, que exercia para a sua elevação profissional, espiritual e de cidadania; ao término dos serviços de jardinagem que prestava em uma grande empresa, pediu licença ao patrão que o havia contratado, para usar o telefone, o que lhe foi facultado pelo tomador dos seus serviços. Como o telefone ficava na mesa do contratante, não houve como deixar de ouvir a conversa, que a lição de vida dá azo, vazada nos seguintes termos:
O jardineiro ligou para uma mulher e perguntou: ‘A senhora está precisando de um jardineiro? Não. Eu já tenho um, foi a resposta. Mas, além de aparar a grama, frisou ele, eu também tiro o lixo. Nada demais, retrucou a senhora, do outro lado da linha. O meu jardineiro também faz isso.’ O jardineiro insistiu: ‘Eu limpo e lubrifico todas as ferramentas no final do serviço. O meu jardineiro também, tornou a falar a senhora. Eu faço a programação de atendimento o mais rápido possível. Bom, o meu jardineiro também me atende prontamente. Nunca me deixa esperando. Nunca se atrasa. Vem sempre no dia que agendamos previamente. Numa última tentativa, o jardineiro arriscou: O meu preço é um dos melhores. Não, disse firme a voz ao telefone. Muito obrigada! Tenho certeza de que o preço do meu jardineiro é muito bom. Não preciso de nenhuma outra oferta’.
Desligado o telefone, o executivo disse ao jardineiro: Meu rapaz, pelo que pude deduzir da sua conversa com essa pessoa, você perdeu um cliente. A resposta foi pronta e de uma beleza lirial. Claro que não, senhor. Eu sou o jardineiro dela. Fiz isso apenas para medir o quanto ela estava satisfeita comigo e com o meu comportamento.
Oh! Meu Deus. Quantas de suas criaturas têm coragem para plantar no jardim da vida, no campo das afeições, da prática incondicional do perdão, da indulgência, do amor e da caridade, interessando-se em saber como têm se comportando diante das provas.
Oh! Sim, quantos serão os candidatos à felicidade que têm coragem e ousam fazer uma pesquisa lhanoza semelhante ao personagem em apreço e, em caso afirmativo, qual seria o grau de satisfação das pessoas pesquisadas, na família, no centro espírita, na igreja ou seita de sua preferência?
E mais. O que será que eles diriam a respeito da forma que se expressam os sentimentos em relação à família, ao trabalho, a vida e as ocorrências. Oxalá eles declarem que sempre temos tempo para atender as solicitações da hora a hora, usando a palavra dulcificada, aparando as arestas, em nome da solidariedade e dos ensinamentos do Divino Jardineiro.
Oh! Meu Deus. Não permita que o comportamento de suas criaturas, no dia a dia, hora a hora, deixe acumular o lixo das mágoas e das indiferenças nos canteiros onde devem se concentrar as flores da afeição mais pura. Jamais consinta que teus filhos deixem enferrujar as ferramentas da gentileza, da simpatia, esquecendo de lubrificá-las com pequenos gestos de carinho, seja num sorriso, atendendo as necessidades e carências dos que convivem no mesmo ambiente ou no lar sagrado.
No jardim da vida, assevere-se não ser permitido plantar chantagem ou autoritarismo. Somente o amor floresce nos pequenos gestos, tal qual gotas de orvalho que umedecem o solo ou como o sol abundante que se faz generoso, distribuindo seu calor, porque a gentileza, a simpatia, e o respeito são detalhes que adubam o jardim das provas com o néctar destinado a florescência do amor em plenitude frutificando a felicidade.
Para ser uma persona de coragem, plantando no jardim da vida, as mudanças necessárias, é preciso se enternecer no puro sentimento d’alma, para que o jardim da vida floresça, renascendo a cada dia que amanhece, haurir o sentimento da pureza do amor, cristalizar os pensamentos com emoções nobres logo nas primeiras horas da manhã; substituir o homem velho retirando-lhe a poeira do tempo; as palavras inadequadas e os rituais démodé, para deixar as flores desabrocharem diante da nova criatura entusiasta pela vida, bela, colorida e consentida. Deve-se também anelar, ardentemente, que o e espírito renovado pelo repouso do corpo, desabroche do sono como a rosa do botão, surgindo como a aurora no oceano, ao sorriso dos lábios e no gesto da esperança, engrinaldando os sentimentos do coração, em renovada festa de encontro com a felicidade dos herdeiros do universo.
Com esses sentimentos d’alma recebam votos de muita paz e uma final de semana de alegria pela vida que é bela, colorida e consentida, com o ósculo da fraternidade em seus corações do amigo fraterno de sempre.