AS MÃOS DA DIVINDADE.
Uma das questões mais intrigantes enfrentadas pelos agnósticos, pelos incrédulos, ou qualquer seita em as criaturas que não guardam no coração a virtude da fé raciocinada, cláusula pétrea do dogma que conduz os filhos do Altíssimo às plenitudes existenciais, resulta em se fazer ouvidos moucos a essa importante virtude, porquanto os descrentes não acreditam nas mãos da Divindade que protegem e amparam a todas as suas criaturas. A verdade, contudo, é que em todas as épocas que se perde na poeira dos tempos, a humanidade com o sentimento íntimo insculpido n’alma, tem a essência da existência da Potestade. Na pátria do evangelho, coração do mundo, junto aos selvícolas, Anhanguera, foi sagrado o Deus do fogo. Também se teve o Deus dos trovões, da chuva e tudo que extrapolasse o conhecimento rudimentar dantanho, ainda assim, se mostrava presente a figura da Providência Divina. O faraó do antigo Egito, Akhenaton, diante dos inúmeros deuses daquela época, crendo na primeira expressão do monoteísmo, estabeleceu o culto ao Deus do Sol.
Na mitologia grega, incontáveis são os deuses registrados na historiografia mundial; na mitologia grega, Morfeu o Deus do sono; Khronos, o Deus do tempo; entre os Romanos, Afrodite, a deusa da beleza, ocupava o altar da divindade. Apolo o Deus do Sol, Ártemis a Deusa da lua, da caça e dos animais e por aí vai a crença no politeísmo.
O sentimento de um só Deus, prima facie, foi vivido por Akenaton no Egito, que estabeleceu o monoteísmo, abolindo a infinidade de deuses então existentes, sob pena de morte a quem desrespeitasse o decreto de fidelidade ao Deus Aton, Divindade do Sol. Entre os Judeus, Moisés também estabeleceu a crença em uma única Divindade.
No tempo aprazado, a crença no Eterno, Deus único, todo poderoso, de amor, de misericórdia e bondade, foi consolidada pelo missionário do Altíssimo, Jesus de Nazaré, esclarecendo à saciedade tratar-se da Inteligência Suprema, Causa Primeira de Todas as Coisas, aquele que não pune e nem dá prémio, mas traçou as regras pétreas no Codex da vida nas leis naturais, tornando seus filhos os arquitetos do seu futuro. Com esse raso mergulho nas águas do tempo, ainda pesa o fato de que existem descrentes, incrédulos e agnósticos; são os que consideram os fenômenos sobrenaturais inacessíveis à compreensão humana ou um teísta que afirma, que não há conhecimento que comprove a existência de Deus; de outro lado, os descrentes são aqueles sem fé religiosa.
Dessa forma, nenhuma dessas criaturas esposam o conceito e a verdade de que as mãos do Senhor do Universo, Criador de todas as coisas, acolhe seus filhos, e os protegem em todas as circunstâncias da estrada da vida, respeitado os cânones das provas e expiações. Oh! Meu Deus. Que não seja a letra dessa pena, a declarar em alto e bom som a prova científica do Todo Poderoso.
Quando o emérito codificador, o paracleto do Eterno, examinando com bom senso a promessa de Jesus, de que não deixaria órfãos aqueles que transitam pelas provas as e expiações, na questão nº 4 de ’O livro dos Espíritos’, – PROVAS DA EXISTÊNCIA DE DEUS – assim está exposto:
4 - Onde se pode encontrar a prova da existência de Deus – ‘Num axioma que aplicais às vossas ciências: Não há efeito sem causa. Procurai a causa de tudo o que não é obra do homem, e vossa razão vos responderá’.
Para crer em Deus basta lançar os olhos sobre as obras da criação. O Universo existe: ele tem, pois, uma causa. Duvidar da existência de Deus seria negar que todo efeito tem uma causa e adiantar que o nada pode fazer alguma coisa.
Sob o olhar atento e a sapiência do Professor Hippolyte Léon Denizard Rivail nasceu a questão nº 5 do mesmo alfarrábio: Que consequência se pode tirar do sentimento intuitivo que todos os homens carregam em si mesmo da existência de Deus?
Respondem os espíritos venerandos, ‘ipsis verbis’: - ‘Que Deus existe; porque de onde lhe viria esse sentimento se ele não repousasse sobre o nada? É ainda uma consequência do princípio de que não há efeito sem causa’.
Pronto. À luz dessa retórica, respeitado os pensamentos de Voltaire, o filósofo do iluminismo, em tese, é o quanto basta para a absoluta convicção de que o Eterno existe, e é o criador de todas as coisas, Pai Celestial que cuida de todas as criaturas, com suas mãos amparando seus filhos na sua caminhada para os esplendores celestes. Anote-se, todavia, que apesar do novelista e poeta inglês Thomas Hardy ter afirmado em seu tempo que o homem havia perdido o endereço de Deus, teoria em escala diminuta, diante da ausência de religiosidade dos descrentes na Consciência Cósmica, sobeja a verdade de que o Senhor do Universo jamais perdeu o endereço de suas criaturas, e delas tudo sabe, eis que Onipotente, Onisciente e Onipresente, ciente de suas primárias necessidades até aquelas que seu coração alberga; sem contradita, há sempre suas mãos divinas estendidas aos filhos que a necessitam para o seu crescimento e não tudo o que eles desejam.
Por essa razão, a questão 963 mencionada no livro em apreço, responde ’ipsis litteris’; que: ‘Deus se ocupa de todos os seres que criou, por menores que sejam; nada é muito pequeno para a sua bondade’. De fato, incontáveis são as ocorrências na liça das provas e expiações, nas quais as mãos de Deus oferecem a prova irrefutável de sua presença e os avisos de seus mensageiros, com o alerta do perigo e a importância da fé em sua Potestade. É quase lugar comum, alhures e algures noticiário da cura de um câncer, quando os facultativos asseguravam não se ter mais esperanças. Da mesma sorte, um desastre aéreo, ferroviário o de qualquer natureza, onde seus ocupantes morrem coletivamente como se fosse uma fatalidade, mas uma dezena de vítimas salvam-se. É verdade, as mãos abençoadas da Potestade também trabalham a varejo; será suficiente se colocar atenção nos acontecimentos do dia a dia e hora a hora.
Nesse sentido, ilustra o tema sub-oculis, um apólogo contido no ’Livro das virtudes’, na adaptação de James Baldwin da E. Nova Fronteira, intitulado ’O rei e o falcão’, vênia concessa, para essa pena em síntese apertada descrever: ’Conta-se que o conquistador mongol Genghis-Khan tinha como animal de estimação um falcão. Com ele saía a caçar. Era seu amigo inseparável. Certo dia, em uma das suas jornadas com o falcão como companhia, sentiu muita sede. Aproximou-se de um rochedo de onde um filete de água límpida brotava. Tomou da sua taça, encheu até a borda e a levou aos lábios. No mesmo instante, o falcão se jogou contra a taça e o líquido precioso caiu ao chão. Genghis-Khan ficou muito irritado. Apanhou o recipiente e o tornou a encher. De novo, antes que ele pudesse beber uma gota sequer, o falcão investiu contra sua mão, fazendo com que a taça caísse e se perdesse a água. Dessa vez, o impiedoso conquistador olhou para a ave e gritou: Vou tornar a encher a taça. Se você a derrubar outra vez, impedindo que eu beba, perderá a vida.
De fato, assim sucedeu e com raiva o mongol matou e chutou longe o corpo do animal. Em razão da taça ter se quebrado, ele subiu pelas pedras para beber do ponto mais alto do rochedo. Para sua surpresa, descobriu presa entre as pedras, bem no meio da nascente, uma cobra venenosa, morta há tempo, em razão da decomposição e o mal cheiro que exalava. Somente nesse instante, o grande conquistador se deu conta de que o que o falcão fizera, fora para lhe salvar a vida. Tardiamente, lamentou o gesto impensado que o levara a matar o animal, seu amigo’.
É bem assim, a desatenção com os avisos da Providência Divina, ainda que pelos arautos do bem, não se dão conta das mãos de Deus que estabelece formas de auxílio para seus filhos e os viajores descuidados, incrédulos, agnósticos ou sem fé, desperdiçando a oportunidade em razão de incredulidade. Em verdade, muitos viandantes, em vez de agradecer as graças recebidas, rebelam-se exprobando que: ’As desgraças parecem lhe perseguir’. É inegável que a presença de Deus nas vidas de seus filhos, se faz através dos sábios conselhos de amigos espirituais ou alerta ao coração pela sensibilidade ou da natureza.
Oh! Meu Deus. Quantas vezes, os avisos do Senhor da Vida chegam, e, por não atenderem os desejos de matar a sede com água pútrida, rebelam-se contra o Pai, dizendo-se abandonados, esquecidos do Seu apoio. Raras vezes, diante do ‘aviso de emergência’, se pára a pensar e analisar sobre o que está acontecendo no entorno. Esse é momento em que comporta consultar os corações nas profundezas d’alma e indagarem: Não será a mão de Deus agindo, para dizer que este não é o melhor caminho? Nada ocorre ao acaso. Deus é onipotente, onisciente e onipresente. Tudo tem uma razão de ser. Estejamos atentos. Busquemos entender as pequenas mensagens que Deus nos envia, de forma constante. Agradeça-se, que as mãos de Deus estão agindo para o bem de suas criaturas.
Ponto finalizado, deposita-se o ósculo da fraternidade em seus corações, com a oblata do amor de Jesus, conscientes de que as mãos do Eterno protegem seus filhos, anelando votos de um ótimo fim de semana na paz do Celeste Amigo.