MAHATMA GANDHI E OS CONFLITOS DAS EXISTÊNCIAS.
Oxalá ninguém se egane imaginando que a vida em sociedade seja um mar de rosas. Não é. Notório é o conhecimento de que os filhos da Potestade foram criados simples e ignorantes, sob o pálio das questões 115, 133, e 804 de ’O Livro dos Espíritos’, mas em datas diversas, pois o Pai trabalha até hoje na retórica do Divino Pastor. Nesse sentido, não é difícil compreender que os que começaram anteriormente o périplo em direção aos páramos celestiais, podem estar mais experientes e, portanto, terem interpretações diferentes uns dos outros sobre todos os aspectos que a vida se apresentar como provas e expiações, pois o homem é a soma de seus conhecimentos e Paulo, o apóstolo, asseverou na epístola aos coríntios, que o homem carrega consigo o resultado de seus atos.
Que não se engane a rasa filosofia dos profitentes, imaginando que os eremitas ou os misantropos sejam sábios na escolha que fazem para viverem afastados da sociedade. Em verdade, esse proceder não os conduz a novos conhecimentos ou aprendizados, de sorte que nada transmitem ao seu próximo e nem alcançam novos horizontes para si próprios, para respeitar a Lei de Progresso; ora, presente essa postura egoísta, é verossímil asseverar que mesmo quando essas criaturas estejam vocacionadas para a religiosidade ou penitência, elas têm mais de exclusivismo do que de sabedoria. O homem é um ser eminentemente gregário, se estabelecendo em sociedade pela sua própria natureza de priscas eras; vivendo em sociedade os filhos da Potestade transmitem seus conhecimentos e descobertas a toda comunidade, resultando serem os artífices da Lei de Progresso, suprindo as necessidades da humanidade.
Nesse apólogo, quando os filhos do Sentimento Divino, realizando a grande viagem de aprendizado pelo belíssimo planeta chamado Terra, tornam-se intolerantes, sem disciplina, e ególatras, impondo seu ponto de vista sem ouvir o seu próximo, nascem os conflitos. Essa conduta gera as dissintonias, os desentendimentos, as desuniões, as guerras e todas as formas de violência, conduzindo a intranquilidade e afastando a paz que deve fazer parte dos corações vocacionados para as bem-aventuranças.
O momento oportuniza recordar que O Homem de Nazaré, em sua docilidade cumprimentava seus discípulos ao chegar dizendo ’Eu vos dou a minha paz’ e ao se despedir da confraria de amor, exortava aos convivas dizendo, ’Eu vos deixo a minha paz’. É fato, que muitos ainda imaginam que a paz de Jesus seja gratuita ou mesmo adquirida a peso da moeda sonante. Não. Não é. A paz tem que ser conquistada, dia a dia, hora a hora, minuto a minuto pelo reto proceder, pelo exercício do perdão, da mansuetude, da paciência do amor por excelência, enfim, todas as virtudes que integram o amar o próximo, e, a mais nobre delas, a Caridade ao feitio do entendimento esposado por Paulo, o Apóstolo dos gentios sobre o tema, resolvendo-se assim os conflitos existenciais.
Com fulcro nessas reflexões, se constata na história da humanidade, os conflitos que os relacionamentos humanos geram a violência, seja na poeira dos tempos, com Gengis Khan a quem foi atribuída a morte de 1.748.000 pessoas em uma hora, seja com Átila o rei dos unos, ou no percurso percorrido pelas civilizações, até os dias atuais onde ainda se vê os assassinatos brutais.
A sociedade contemporânea não se esqueceu do caso de Suzane Richthofen que foi condenada por matar os pais, Manfred Albert Freiherr von Richthofen e Marísia von Richthofen e da mesma sorte os acontecimentos que envolveram o desaparecimento da modelo e atriz Eliza Silva Samudio, ou a morte prematura da menina Isabella Nardoni de cinco anos de idade, defenestrada do sexto andar do Edifício London ou ainda, entre tantos conflitos, a página negra da historiografia mundial do dia 11 de Setembro de 2001 quando foram destruída as torres gêmeas em Nova York.
Por outro lado, é patente a realidade de que os pretextos para as bulhas são sempre os mesmos. Os interesses espúrios de uns contra os outros, em desrespeito ao código ético moral e aos preceitos evangélicos ensinados pelo Divino Pastor para se entregar a cada um o que lhe pertence, como dispõem as lições do Homem de Nazaré, no episódio dos fariseus que O interrogaram se deveriam pagar ou não os tributos devidos a Cesar.
É necessária e urgente uma ação ativa do homem em direção a si mesmo, ao seu ser imortal, nos seus predicados ínsitos n’alma para a pacificação do mundo e as reformas indispensáveis à caminhada da paz. Sem contradita, vivemos dias de emergência. Não dá mais para perder tempo. O tempo é escasso e os compromissos se multiplicam e as necessidades do dia a dia se amontoam. Açodam-se na busca dos valores materiais e estão sempre atrasados e a todo instante procurando recuperar o tempo perdido. Na ânsia de viver para o mundo externo, entra-se nos conflitos ao fazer letra morta o viver também para o mundo interior, o transcendental.
Thomas Hardy, novelista e poeta inglês, no século XVIII, afirmou que o homem havia perdido o endereço de Deus. Na realidade, o fato é que a criatura humana se desviando do caminho reto e das Leis Divinas, perde-se nas estradas da impulcritude criando dificuldade para encontrar o endereço da Potestade, na intimidade de seu espírito. Em que pese essas circunstâncias em desalinho, gerando os conflitos que têm origem nas dissidências, e embrutece os sentidos do ser humano, a inegável verdade é que O Senhor da Vida não perdeu o endereço de seus filhos.
É insensato prosseguir-se pela vereda dos conflitos, do ódio, do rancor e o desejo de vingança, afastando-se do contato com os sentimentos Divinos, para viver em conflito na sociedade, agredindo-se uns aos outros como sói acontecer com uma parcela da sociedade civil. Será fruto da incompreensão com os sentimentos do próximo, optar por julgar e impor crítica acerba a outrem como se livres estivesses das mesmas mazelas como asseverou o Divino Jardineiro ao exortar a atirar a primeira pedra aquele que estivesse sem pecado.
Sem o amor, na excelência da palavra, não se consegue conviver serenamente com aos desafios das provas, pois faltará a virtude da tolerância quando se experimentar situações limites nas provas do caminho; a propósito, não se pode furtar ao dever da boa prova escolhendo os atalhos das discussões verbais, dos afrontamentos até às raias da agressão física, quando não atentando contra a vida do próximo. Nesse sentir, a história da humanidade fornece referencias notáveis de que não obstante as grandes dificuldades das provas a que estão submetidos os filhos da Potestade para o acerto das dissidências transatas ou presentes, incontáveis espíritos escolheram o caminho da não violência para a resolução das cizânias da vida.
Foi o caso de Mohandas Karamchand Gandhi, também conhecido por alma grande, o indiano que tendo se formado na Inglaterra em ciências jurídicas, ao voltar para o seu país foi jogado do vagão do trem porque estava na primeira classe, não obstante ter para isso efetuado o pagamento devido. O racismo determinou a sua expulsão do trem. Todavia, nascia naquele momento o homem santo que a exemplo de Jesus de Nazaré, escolheu o caminho da não violência para a solução dos conflitos da existência. Optando pela não violência, suas atitudes marcaram o modelo a ser seguido, pois levou a sua pátria a libertação do jugo dos ingleses, liberando-os da escravatura em que viviam, sem derramar uma gota de sangue de sua parte, por conta do que seu nome foi reverenciado na época, hoje e o será para sempre, mostrando que o amor sempre vence.
A historiografia mundial registra que Gandhi não foi senhor dos exércitos, governante ou político ou ainda que tivesse ocupado cargo de relevo na sociedade onde mourejou. Sem patrimônio, também não legou a posteridade avanços científicos. No entanto, homens, governos e celebridades de todo o mundo reuniram-se, em janeiro de 1948, em Nova Déli, na Índia, para se despedirem e homenagearem esse homem que levou seu país à liberdade. Ao deixar esse mundo de provas e expiações com o dever cumprido, e da mesma forma como viveu, com simplicidade, sem riquezas, sem bens, sem títulos ou cargo oficial, sua mansuetude registrou a sua história de humildade, e, para dizer a verdade era do que o seu coração estava repleto, fossem quais fossem os poderosos ou aos grandes impérios.
Marshall, secretário de Estado dos Estados Unidos àquela época, disse-o bem, Gandhi era o porta-voz da consciência de toda a Humanidade. O seu princípio era a busca da solução dos conflitos pelos meios pacíficos, tornando–os suscetíveis as divergências entre as pessoas, sob sua autoridade moral e o discurso amoroso de que todos são filhos de Deus, arrimo sob o qual pretendia iluminar as mentes das autoridades afirmando haver lugar para todos, sem que isso afetasse o seu profundo respeito por todas as opões religiosas. Todavia, para proporcionar a paz ao mundo é indispensável alimentá-la primeiramente dentro de cada um dos filhos da Consciência Cósmica, de tal sorte que se possa exortar a benção do Altíssimo à Terra, oferecendo o exemplo desse pequeno grande homem, o apóstolo da não violência, que seguiu os passos de Jesus provando com o sacrifício da própria vida que o amor é soberano.
Trabalhando com amor os conflitos da existência, abraçando o ideário da não violência vivido pelos arautos do bem, se estará em sintonia com o Universo da Providência Divina, razão porque rogamos que os corações alberguem para a maturidade espiritual a solução pacífica para os conflitos das existências em nome da paz de Jesus de Nazaré para todas as ovelhas do seu redil.