A IMUTÁVEL LEI - A ADORAÇÃO A DEUS.
A prece é o meio de se conversar como o Senhor da Vida. Com fulcro nesse canal de comunicação, o Divino Galileu sedimentou o caminho para todas as criaturas poderem a qualquer hora, em qualquer lugar e em qualquer situação conversar com o Criador, sem paramentos, gestos ou fórmulas. Há preces que sensibilizam o espírito, como a prece rogativa da qual São Francisco de Assis se fez portador, suplicando servir sempre; prece essa que até os dias atuais, são utilizadas para se conhecer os corações vocacionados para trabalhar em favor do próximo; outras rogativas existem como o poema da gratidão de Amália Rodrigues, enaltecendo as bênçãos concedidas pelo Senhor da Vida, pelas infinitas graças que concede a mancheia aos seus filhos, sensibilizando as criaturas até as lágrimas ao extrair os sentimentos d’alma da fonte benfazeja do coração.
Abrindo-se as portas do coração, não se constituirão as palavras ou as repetições das preces o objeto das bênçãos, mas as preces que brotam dos sentimentos puros e sinceros d’alma. Todavia, como a criatura humana necessita com sofreguidão um modelo para seguir, o Divino Jardineiro, sintetizou a comunicação com o Pai Celestial, na oração do Pai Nosso, que se proferida com sentida emoção, abre todas as portas do louvar, do agradecer e do pedir.
A imutabilidade da lei Divina e a adoração a Deus, estão também imortalizadas no episódio em que os fariseus e os saduceus, membros de grupos religiosos daqueles tempos, após saberem que o Mestre tinha feito calar a boca dos saduceus, no episódio relatado como o ’Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus’, se juntaram em conselho. Merece anotar que essa cúpula dos religiosos foi um verdadeiro conluio para interrogar Jesus, diga-se ’an passant’, não para se esclarecerem sobre a verdade; o objetivo espúrio daquele momento, era provocá-lo, esperando ao final da farsa, terem argumentos para acusá-lo do que lhes aprovasse, entre as injúrias, a sedição.
Assim, um deles que era doutor da lei, segundo Mateus, (XII: 34-40) tentando-o perguntou-lhe: Mestre, qual é o maior mandamento da lei? Foi sob a luz desse apólogo que o Divino Jardineiro imortalizou a adoração a Deus na lei imutável dizendo: ‘Amarás o Senhor teu Deus de todo o coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento. Este é o maior e o primeiro mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo. Estes dois mandamentos contêm toda a lei e os profetas’.
Por essa razão, em seu Evangelho o Apóstolo João relata, com sentimento e poesia, o encontro de Jesus com a mulher samaritana; naquela oportunidade Jesus deixa transparecer que conhece de priscas eras a intimidade daquela alma sofredora e perturbada. Ela, por seu turno, somente aos poucos vai se dando conta da condição de Jesus, na medida em que ouve suas palavras dulcificadas, pois que acreditava num profeta, mas em Israel tinha tantos profetas, nada obstante, no desdobramento das lições do momento, o Mestre lhe informa acerca da verdadeira adoração ao Criador, dispensando lugares geográficos e valorizando a busca do íntimo das criaturas. A mulher ouvia extasiada, sem, contudo, conseguir perceber a autoridade do messias naquelas palavras, ou sob outra dicção, é como se ela ao meditar, dissesse de si para consigo mesma: O que tu me dizes é interessante, é importante mesmo, mas aguardo o Messias, o Cristo, que virá, e, quando Ele vier, nos anunciará todas as coisas.
As criaturas em trânsito por esse belíssimo planeta chamado Terra, em estágio de provas e expiações, incontáveis vezes se deixam levar pelo silogismo como o da samaritana; equivale dizer que se guarda as palavras de Jesus na memória, sem se dar conta da verdadeira benção que lhe é endereçada, quedando-se à espera de uma confirmação, olvidando-se de que o momento é agora. Bem por isso, a misericórdia do Divino Jardineiro se distende nas suas prédicas que seguem claras e disponíveis a todos os que anelem entender as ocorrências em espírito e verdade, proposta pelo arauto do bem ao convidar os viajores a conhecerem a verdade, porque a verdade liberta das trevas da ignorância.
Com todas as vênias, afirme-se, sem dúvida, para o Cristo de Deus, a adoração ao Pai não é importante o local geográfico, ou sob outra dicção, se a adoração ocorra aqui ou ali, em algum templo luxuoso, em um lugar minúsculo, em qualquer religião ou em plena natureza, porquanto em síntese apertada, a alma humana compõe a natureza, e como espírito tem plenas condições de pensar no Criador.
Oh! Sim. Que o espírito fale mais alto na acústica das almas, porque não há lugar mais apropriado para a adoração ao Senhor da Vida do que a intimidade da criatura, conscientes de que para adorar a Inteligência Suprema, Causa Primeira de Todas as Coisas, não há necessidade de nada material. Dispensa-se símbolos, flores, velas, cânticos, palavras rebuscadas, ou mesmo posturas e paramentos especiais, sendo o bastante que o coração sinta e a mente pense, fechando o elo de amor entre a criatura e o Criador.
Oxalá todos os candidatos à felicidade despertem realizando, como propõe o Pai da Psicologia Analítica, Carl Gustav Jung, a viagem para dentro, porquanto o momento é agora. Ora, pois, sob essa meditação, imagine-se a samaritana aguardando a chegada do Messias, para se confirmar o que se ouvia dizer, quando na verdade o Mestre apresentou-se a ela não como mais um profeta de Israel, mas como sendo o caminho à verdade e à vida. Foi o próprio Messias, aquele aguardado naqueles tempos com tanta ansiedade que dizia à mulher desavisada que o ouvia: Eu o sou, Eu que falo contigo.
Sem contradita, por não se aproveitar o aqui e o agora, sentindo esse como um momento especial, o agora é de insuperável sublimidade, razão, motivo e causa para não se permitir postergar esse encontro com Jesus, porque Ele é o mesmo, o Caminho a Verdade e a Vida. Quando se demora nas dúvidas, aguardando-se confirmação ou se dá passos indecisos, é Ele com sua misericórdia que se mostra de diversas maneiras, nas provas dos irmãos menores, afirmando-se o Cristo de Deus, o Messias. É Ele mesmo, como agora; não permita nascer a erva daninha nos pensamentos pela dúvida. Eu o sou, Eu que falo contigo.
Inegável é o fato de que se deve ouvir os que tenham ouvidos para ouvir, e que se possa aperceber-lhe a voz terna, assegurando constante ensino de que me vou para preparar o caminho. Por isso, questionou Tomé: ’Senhor, não sabemos para onde vais. Como podemos conhecer o caminho? ‘ E Ele lhe respondeu: ‘Eu sou o caminho, a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim. (São João, 14 - Bíblia Católica Online - https://www.bibliacatolica.com.br/biblia-ave-maria/sao-joao/14/
Merece anotar, sob o tema sub oculis, que a lição do arauto do amor chancelou-se na preleção acerca da verdadeira adoração ao Pai com estas palavras: ‘Virá a hora em que adorareis ao pai, não neste monte, nem em Jerusalém, mas em espírito e verdade, pois Deus é espírito e os que o adoram, em espírito e verdade é que devem adorá-lo’.
Ponto finalizando, valorize-se a benção desse encontro com Jesus, em quaisquer circunstâncias, acompanhe Jesus, o caminho, a verdade e a vida, ocupando as mãos no auxílio àqueles que pedem ajuda, carinho, atenção, por onde quer que esteja, faça brilhar a sua luz, não se permitindo a ociosidade, pois ocupar-se é dar um sentido à vida. Ao acordar cada manhã, as adversidades aguardam o bom combate. Olhe o passado e sinta a recomendação de Paulo de Tarso, cientes de que o Pai jamais abandona os seus filhos e N’Ele as esperanças de que a vida é um presente especial.
Com esses sentimentos d’alma recebam os votos de muita paz, com um final de semana de alegria, adorando o Criador, e mantendo as mãos ocupadas, dando sentido à vida, na existência bela, colorida e consentida, com o ósculo da fraternidade depositado em seus corações, em nome do Divino Jardineiro.