Gratidão - Eterna recompensa
Uma das nobres virtudes do coração, sem dúvida, é a gratidão; o benfeitor não necessita aguardar com sofreguidão agradecimentos de seu assistido e mesmo que a atitude desse seja de ingratidão, nada, absolutamente nada, obscurece a fraternidade empregada no caminho daquele que olvidou do socorro recebido, porquanto diz o axioma popular que a prática de todo o bem que se faça, advogará alhures e algures a favor daquele que se dignou a auxiliar o seu próximo; nesse sentido o Divino Jardineiro escreveu nas pedras dos tempos, para que não se apagasse, a importância de se amar o próximo como a si mesmo.
Em verdade, muito se discursa sobre o tema da ingratidão, seja dos filhos, seja da esposa, do marido ou dos companheiros da grande viagem das provas e expiações, como se todo gesto de ternura, quando os corações se abrem para a prática do bem, necessitasse do agradecimento, cantado em prosas e versos a realização do ato generoso, a fim de dar a conhecer o ato de benemerência a toda a sociedade.
Não, mais uma vez, insista-se, não será necessário proclamar aos quatros cantos do mundo, a atitude daqueles que se esforçam para terem puro os corações, porquanto no livro da vida de cada um dos filhos da Potestade estão anotadas as ocorrências das provas e somente ao Pai Celestial interessa a atitude de suas criaturas; não foi sem razão que o Divino Galileu estabeleceu a lição evangélica para que a mão esquerda não soubesse o que faz a mão direita.
Em verdade, que não se enganem os corações vocacionados para o reto proceder, porquanto, na palavra sempre serena do ínclito arauto do bem, Divaldo Pereira Franco, ’Nunca houve tanto amor na Terra como hoje. Nunca houve tanta gente dedicada ao bem, pessoas dedicada ao bem, abnegadas no silêncio do anonimato sonhando com um mundo melhor.’
Desse modo, com a emoção da pena que realiza o apólogo evangélico, a paráfrase objetiva dizer que, de longe, nas terras distantes de Cesaréia de Filipe, procedente da Decápole chegava a mulher tida como impura, porquanto seu mau é que padecia há doze anos de um fluxo sanguíneo, anátema do corpo e a alma, que em desespero e ansiedade levara a recorrer a todos os métodos possíveis, ansiando pela cura. Nada obstante, tudo era infrutífero; seu mal era considerado um sinal de desventura ou como se dizia naqueles longínquos tempos, um castigo Divino.
Destarte, após ter dilapidado tudo que possuía na busca da cura, a ‘sofredora’ se resolvera por buscar a próspera cidade de Cafarnaum, seja porque já ouvira falar das curas do Nazareno, e ou na esperança de encontrar um remédio, um médico ainda não consultado, qualquer coisa que lhe aliviasse a mácula de que era portadora.
Foi assim que chegou à cidade no momento em que o sublime profeta de Nazaré acabava de chegar nas brancas areias das praias de Cafarnaum; por seu turno, como se fosse obra do destino, a mulher hemorrágica pelos caminhos até então percorridos, já ouvira falar do homem santo, pela boca dos que tinham sido abençoados por suas mãos dadivosas, recuperando a saúde; diante dessa realidade, sua esperança se renova quando todo povo se comprime com sofreguidão almejando chegar mais perto do missionário do amor Divino.
Nesse momento, via-se a figura majestosa de Jesus na sua simplicidade com luz luminífera, se destacando na multidão, vestindo túnica branca tecida sem costura, que simbolizava na época objeto inteiro e indivisível; da mesma sorte, sua indumentária compunha-se de um manto quadrangular de borlas tecidas em fios de linho. A mulher necessitada tentava se aproximar do Mestre e o seu coração parecia lhe saltar do peito; assim pensava consigo mesma: o que dizer-lhe? Como falar de sua premente necessidade, sem expor a intimidade que já lhe custara imensa amargura, e, logo no meio a tanta gente.
Oh! Meu Deus. Logo ela que já fora marcada e tão humilhada, máxime porque o estigma orgânico do qual era portadora denunciava a sua enfermidade em sua profunda anemia. Sim. Em verdade, apesar de seus íntimos pensamentos, alguma coisa naquele cenário, fazia com ela acreditasse no arauto do amor, e, parecia mesmo que a necessitada sentia uma força extraordinária se desprendendo dele; de fato nele tudo inspirava calma, luz, serenidade e compaixão, razão porque almejava gritar a sua alegria e esperança do momento; foi nesse êxtase, quando se encontrava em devaneio que a multidão a derruba no chão e ela em um impulso d’alma, é estimulada a tocar em suas vestes, porquanto em sua incontida fé, esse proceder seria suficiente para que Ele a curasse.
Milagre, diriam os que não compreendiam os fenômenos das energias que envolviam o Divino Pastor, porque foi nesse momento, enquanto a multidão se adensava cada vez mais, que ela, não obstante caída no chão, alongou o braço esquálido e lhe tocou as vestes com a ponta dos dedos. Que benção! O sangue estancou de imediato, a dor se foi e um sensação de alegria a dominou, fazendo-a sentir-se renovada, no deslumbramento daquela hora.
O Mestre parou o séquito, e apesar de saber adredemente interroga a Simão Pedro, fazendo sua voz se destacar na multidão: Quem me tocou? Os discípulos alegavam ser impossível saber, pois todos se apertam e se comprimiam junto a sua figura majestosa; ela por seu turno, se atira aos pés Divino Missionário e diz com alegria incontida: ‘Fui eu, Senhor’. Albergava em seu coração a certeza de que, tendo tocando as vestes do Galileu, recuperara a saúde. Jesus a envolveu em Seu olhar e a tranquiliza dizendo: ‘Filha, vai em paz. A fé te salvou. Fica livre do teu mal’.
Oh! Sim. Cabe anotar o estúpido proceder daqueles tempos: não muito tempo após esses acontecimentos da prática do bem, aquele que veio para ser o modelo e guia da humanidade foi preso e iniciou o seu calvário sem clamar por gratidão dos que veem na retaguarda. Desse modo, iniciava-se às horas de angústia e incerteza do destino do Divino Pastor que se seguiu a via crucis na subida íngreme até à Colina da Caveira, também conhecido por monte Gólgota.
Destarte, sob o peso do madeiro infame que carregava, enfraquecido diante da ausência de alimentação, parte do ‘castigo’, do ato de extrema crueldade pelas longas horas de flagelação, ele cai. Santa gratidão, numa das vezes em que o benfeitor da mulher hemorrágica de outrora tomba, ela não se contém, embaça a vigilância dos soldados e corre-lhe ao encontro, com uma toalha branca, limpa-lhe a face ensanguentada e dorida e surpresa constata que no rosto D’Ele estampara-se o seu rosto angelical, tingido pelo sangue do justo, e ouviu de seu benfeitor: ‘Vai em paz! Lembrar-me-ei de ti...’
Bem por isso, a emoção desse momento convida as criaturas em provas e expiações quando estiverem em dúvida diante do caminho a seguir e como agradecer as infinitas bênçãos de que fala a benfeitora Joana de Ângelis no seu discurso evangélico, ao esclarecer que ‘a criatura humana diante das fecundas concessões que lhe chega todos os dias, somente tem motivos para agradecer, jamais para reclamar’, que se coloque em posição de respeito e intimidade com sua alma e interrogue Jesus como fazer para agradecer e, D’Ele na acústica de sua alma sedenta de gratidão ouvirá: ’Lembre-se de mim’.
Nesse sentir, escuta o teu coração que te permite externar que se pode em gesto pulcro d’alma proclamar aos quatros cantos do mundo, que apesar da soldadesca em fúria e daqueles que ainda não despertaram do sono para a elevação do espírito, temos a força necessária para se envolver no olhara amoroso de seu olhar que induz aqueles que o seguem lembrar-se D’Ele, seguindo em paz, porquanto seu semblante estará para sempre impresso com sangue da dor e do perdão na toalha alvinitente da gratidão e do amor, sublime amor.
Com esses sentimentos d’alma, segue o nosso ósculo depositado em seus corações, com a hóstia da fraternidade universal, anelando tenham os amigos de todo o sempre, um final de semana de muita paz em nome do Divino Pastor.