A REFORMA DA MANSÃO DO AMOR.
Em tese, tudo que cerca as criaturas da Potestade, de tempos em tempos, necessitam de reforma e os filhos do Eterno, na sua maravilhosa jornada pelo planeta de provas e expiações não serão exceção, razão porque na doutrina rediviva do Divino Pastor, leciona-se com grande ênfase a reforma interior. Sem contradita, todos os viandantes necessitam implantar para os propósitos anelados na lei de progresso, chegarem na mansão do amor que Jesus foi previamente preparar para os irmãos menores, quando cansados da viagem na jornada evolutiva, vencidas as provas e a expiações a que se submeteram para alcançarem a plenitude do amor que os aguarda no planeta de regeneração, cujo brilho já desponta no horizonte da esperança.
Oh! Meu Deus. Quantas casas físicas e espiritual ainda estão em ruínas nos dias contemporâneos, tanto como nos tempos remotos da civilização que avançava lentamente para o progresso, em busca da reforma necessária aos corações entibiados. Maria de Magdala não foi exceção: ouvira as pregações do Evangelho do Reino, não longe da vila principesca onde vivia entregue a prazeres, em companhia de patrícios romanos. Ocorreu nessa época, que ela foi tomada de profunda admiração pelo Messias, que lecionava a reforma interior, ensinando a se fazer para outrem tudo o que se desejava para si; palavras dulcificadas com o sabor do amor, tal como apregoado aos pescadores singelos.
Ora, sim, até esse momento ela caminhara sobre as rosas rubras do desejo, embriagando-se com o vinho de duvidosas alegrias, sem se dar conta de que seu coração estava em desalento com as ferramentas até então utilizadas na construção do seu porvir; seu espírito desejava ferramentas novas para a reforma da casa em ruína, necessária com uma proposta de amor perene como as palavras sublimes do missionário do amor que saciava a sede dessa ventura.
O Profeta Nazareno havia plantado em sua alma novos pensamentos, fazendo-a despertar do letargo da casa mental, depois que lhe ouvira a palavra despertando o espírito. Dessa sorte, notou que as facilidades daquele modus-vivendi até então experimentados, lhe traziam um tédio mortal ao Espírito sensível. Bem por isso, Maria chorou longamente, embora não compreendesse ainda o que pleiteava o Profeta então desconhecido, mas os acordes da música celeste causavam-lhe agradável sensação jamais experimentada.
Com esse sentimento d’alma, o Seu verbo e o seu convite amoroso ressoava nas fibras mais sensíveis do espirito mulher, porquanto a proposta de Jesus conclamava todos para procedimentos novos, com novas ferramentas para a reforma interior de uma vida nova, o que a levou antes do famoso banquete em Naim, a ungir publicamente os pés de Jesus com os bálsamos perfumados de seu afeto, quando uma barca tranquila a conduzia a Cafarnaum.
Sem contradita, colhe-se pérolas preciosas, no Jardim das Flores relatados no cap. 20, do livro Boa Nova, pelo Espírito Humberto de Campos, na psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. FEB., esclarecendo à saciedade que após muitas hesitações a pecadora, se dispusera a procurar o Messias, em sua chegada; sentou-se na presença do Divino Carpinteiro, com inexplicável emoção que lhe estrangulava o peito, e, após vencer as fortes emoções, falou-lhe em voz súplice:
‘Senhor, ouvi a vossa palavra consoladora e venho ao vosso encontro! Tendes a clarividência do céu e podeis adivinhar como tenho vivido! Sou uma filha do pecado. Todos me condenam. Entretanto, Mestre, observai como tenho sede do verdadeiro amor! Minha existência, como todos os prazeres, tem sido estéril e amargurada’. Foi dessa maneira que as primeiras lágrimas borbulharam em seus olhos, enquanto Jesus a contemplava, com bondade infinita.
Doutro lado, ela continuou: ‘Ouvi o vosso amoroso convite ao Evangelho! Desejava ser das vossas ovelhas. Mas, será que Deus me aceitaria’? O carpinteiro de Nazaré fitou-a enternecido, sondando as profundezas de seu pensamento, e respondeu, bondoso:
‘Maria, levanta os olhos para o céu e regozija-te no caminho, porque escutaste a Boa Nova do Reino, e Deus te abençoa as alegrias! Acaso, poderias pensar que alguém no mundo estivesse condenado ao pecado eterno? Onde, então, o amor de nosso Pai? Nunca viste a primavera dar flores sobre uma casa em ruínas? As ruínas são as criaturas humanas. Porém, as flores são as esperanças em Deus. Sobre todas as falências e desventuras próprias do homem, as bênçãos paternais de Deus descem e chamam. Sentes hoje esse novo sol a iluminar-te o destino! Caminha agora, sob a sua luz, porque o amor cobre a multidão dos pecados’
Com fulcro nessas reflexões, incontáveis vezes as criaturas do Eterno, sentem-se como se a casa interior estivesse em ruínas; não há mais vontade de nada e tudo parece estar desmoronando ao sei derredor, e para o desespero letal, os pensamentos estão confusos e obnubilados. Oh! Meu Deus, como é maravilhoso saber pela prédica de arauto do bem, que a primavera é capaz de dar flores nas criaturas do Altíssimo, e que a vida oferece novas oportunidades, tal qual as ocorrências com Maria, dita a pecadora.
Oh! Sim. São chances para trilhar os novos caminhos, reformando a mansão do amor e recomeçando os projetos, agora com ferramentas novas, em nome do amor, utilizando o instrumento do perdão, da tolerância, da paciência, e da indulgência, cômodo por cômodo, ir realizado a reforma da casa mental sob a égide das lições do Divino Jardineiro.
O lenitivo eficaz para o estado de desanimo, é sem dúvida a metáfora da casa em ruínas na lição de Jesus, máxime porque a primavera sempre oferece as flores remetendo os profitentes do tema, recordar que Maria de Magdala, encontrou o verdadeiro amor, e tudo recomeçou, reformando a sua mansão do amor.
Em trabalho de reforma, não há sentimento que habite a alma que não seja fruto do esforço pessoal; por essa razão, pode-se dizer que o amor está em cada criatura, como a árvore está em sua semente, aguardando ser provocada, estimulada, no ambiente propício, como no relato alhures mencionado. Ipso facto, o amor existe in natura, e nada lhe tira a capacidade de reformar a sua mansão, porque Ele está na natureza dos filhos da Divindade na imensa capacidade de amar.
Nesse sentido, exorta Joanna de Ângelis, que os filhos de Deus, são diamantes preciosos, que mesmo quando caídos no lodo, a primeira réstia de luz que lhe chegam brilham com estrelas aluminíferas, assim como a palavra dulcificada do Nazareno fez com o seu verbo a Maria de Magdala.
Ao se examinar uma simples bolota do carvalho, difícil se entender que dali surgirá uma árvore frondosa, sólida, de profundas raízes, tal como ocorreu com Maria, a primeira a ver Jesus depois de sua transformação. Em verdade, diante do extraordinário potencial de amar, não imagina a rasa filosofia que a criatura humana seja capaz de produzir a reforma da mansão do seu amor, mas a verdade é que com as mãos às obras, aprende-se a amar ao próximo como a si mesmo, controlar-se quando alguém à frente nos irrita, oferecendo a oportunidade do exercício da paciência; quando se faz silêncio diante de alguém em profunda irritação, testando a compreensão dos entibiados. Da mesma sorte, quando se permite parar as atividades para socorrer alguém em dificuldade, estendendo as mãos. Trata-se a proposta de Jesus para a indispensável reforma intima na mansão do amor.
Em síntese apertada, sobre o tema em apreço, trata-se do desafio para a reforma interior, aprendendo a amar mais, estendendo os sentimentos em campos ainda inexplorados, aprofundando as raízes do amor que renasce na excelência da palavra, tal como no episódio de Maria de Magdala, conscientes de que o amor é a essência da natureza, e, quanto mais assim se expresse, maiores serão as doses de felicidade, de alegria e bem-estar hauridas pelos filhos da Providência Divina.
Diga-se, por isso, que os contratempos, não constituem motivos para as provas perderem o sentido, mas antes, a bendita oportunidade para a renovação dos cometimentos da existência, máxime para a reforma da mansão do amor, como admite a paráfrase, de que, ‘assim como na natureza, a primavera deixa caírem as folhas secas, para nascerem outras esplendorosas em seu lugar’, também indistintamente os filhos do Excelsior podem realizarem a reforma interior, ainda que haja na estrada a ser percorrida acúleos que necessitam serem suportados ou retirados pela fé sincera e a confiança no Senhor do Universo.
Com essas reflexões, sejamos forte para promover a reforma na mansão das vidas em progresso, segue o ósculo depositado em seus corações em nome da oblata da fraternidade, com votos de uma vida longa e prospera, com um ótimo fim de semana.