A VIRTUDE DA PALAVRA E BENÇÃO DE OUVIR.
A evolução da humanidade, alcançou um ponto de progresso em todas as áreas dos conhecimentos, que não se pode negar no mundo globalizado, que os filhos de Deus nos caminhos da Lei de Progresso, atendendo aos cânones das Leis Divinas, permite anotar, com raríssimas exceções, que os viajantes da felicidade desconheçam o poder das palavras.
De fato, utiliza-se das palavras como veículo poderoso de convencimento para comungar os pontos de vistas e externar os pensamentos, transformando a palavra material em conhecimento, certo de que das divergências nascerá a luz dos esclarecimentos imateriais, constante troca de experiência de tal sorte que possibilite nas divergências dos conceitos, a associação das ideias, atendendo aos apelos da razão através a palavra, luz esclarecedora para o progresso, o que levou o eminente pensador Voltaire a estabelecer o axioma: ’ Posso não concordar com uma só palavra sua, mas defenderei até a morte o seu direito de dizê-la.’
Inquestionavelmente, o poderoso meio de comunicação pela palavra, serve também aos despropósitos daquele cujo caráter ainda não ascenderam a elevação moral anelada pelos candidatos a bem-aventurança, àqueles que têm puro o coração; desse modo, desvirtuam a palavra para fazer dela uma arma venenosa para ferir, escrachar, injuriar e mascarar as intenções das pessoas, carregando o veneno mortal da desdita naquele que faz mau uso desse extraordinário meio de conhecimento e elevação intelectual e espiritual.
Decerto, por esse motivo, pode-se conjecturar seja essa é uma das razões de se encontrar no livro Seara dos médiuns, pelo Espírito Emmanuel, psicografada pelas mãos abençoadas de Francisco Cândido Xavier, no cap. 14, do livro, ’A carta de Tiago’ o conceito da existência de três questões que não têm volta: a flecha lançada, a palavra pronunciada e a oportunidade perdida.
Do outro lado da ponte da vida, encontra-se a benção de ouvir, nobre caridade que serve para aliviar os aflitos e amargurados, pacificando os corações daqueles que guardam a angustia de provas amargas e aguardam consolo, consoante as lições de Jesus ao convidar àqueles que sofre e estão amargurados, porquanto dele é o fardo suave e o julgo leve.
Para argamassar a retórica sob espeque, através da emoção dessa pena, colhe-se no santuário da vida, contido nas Seleções Reader´s Digest, de abril de 1999, sobre o texto ‘O que aprendi com os vizinhos’, relato de uma senhora solitária, envolta no luto da dor, desde que o marido morrera. Vivia só, na grande casa do meio da quadra. Casa com varanda e cadeira de balanço. Ocorreu que todas as manhãs, o entregador de jornais, garoto de uns dez anos, passava pedalando sua bicicleta e, num gesto bem planejado, atirava o jornal nos degraus da varanda. Impressionante, nunca errava. O barulho que fazia o jornal ao cair no segundo degrau da escada, anunciava que jornal havia chegado.
Ocorreu que numa manhã de inverno, quando se preparava para lançar o jornal, o entregador viu a anciã parada nos degraus da varanda acenando-lhe para que se aproximasse. ’Meu Deus,’ pensou consigo o garoto, e nesse estado d’alma, desceu da bicicleta e foi andando em direção a ela, imaginando consigo: o que será que ela quer? Talvez reclamar de alguma coisa?
Para surpresa do entregador do jornal, ouviu a nobre senhora dizer-lhe: Venha tomar um café, tenho biscoitos saborosos, convite que o rapaz aceitou com prazer; e enquanto ele saboreava o lanche que lhe aquecia as entranhas, ela começou a falar; falou a respeito do marido, de suas vidas, da sua saudade, e, transcorrido um quarto de hora, ele se levantou, agradeceu e saiu. O episódio se desdobrou em outra cena, porque no dia seguinte o menino decidiu falar a seu pai a respeito. Afinal, conquanto tenha sido um momento de imensa alegria para ele, o fato era muito estranho.
O pai por seu turno, homem experiente, lhe disse: Filho, ouça apenas. A senhora Almeida deve estar se sentindo solitária, após a morte do marido. Deixe-a falar. Recordar os dias de felicidade vividos deve lhe fazer bem ao coração. É importante que alguém a ouça e a retire da melancolia. Nos dias que se seguiram, nas semanas e nos meses, o garoto aprendeu a ouvir, demonstrando interesse em seus olhos verdes e espertos.
Quando a primavera chegou, ela substituiu o café quentinho pelo suco de frutas. O verão trouxe sorvete. Chegou-se ao ponto, do entregador de jornais iniciar a sua tarefa pensando na parada obrigatória em casa da viúva. Habituou-se a escutar e escutar. No transcorrer do tempo, percebeu, que a velha senhora foi mudando o tom das conversas, e, como a primavera, ela voltou a florir nos meses que vieram depois.
Assim, quando o ano findou, o menino foi estudar em outra cidade e a par dos acontecimentos vividos, como tudo na vida se renova, o tempo se encarregou de trazer novas esperança no coração da viúva e amadurecer ideias no jovem, tendo incontáveis ocorrências contribuído para que o garoto e a viúva não tornassem a se encontrar, restando nas cinzas do episódio, a marca da lição da veneranda Joana de Ângelis, ao recomendar que ’ não se deve permitir jamais que uma pessoa se afaste de ti, sem levar uma grata recordação. ‘
Sob o pálio dessas reflexões, uma lição acompanhou o jovem por toda a vida, porquanto ele jamais se esqueceu da importância de ouvir as pessoas, suas dificuldades, seus problemas, suas queixas, tendo a lição contribuído para a sua educação e o seu sucesso como esposo, pai de família e profissional.
Desse modo, saber ouvir é uma virtude que ilumina os caminhos dos filhos do Eterno, em direção aos Páramos Celestiais. Oh! Sim. Como fazer para ouvir sem a sofreguidão e a ansiedade atávica que se carrega, interrompendo a palavra do outro, e, nem sempre concluindo o texto em debate com acerto. A regra pétrea, é a de cumprimentar o próximo jovialmente dizendo: Olá, como vai, e a saúde e os familiares, interessando-se vivamente pelo irmão de caminhada, pois nesse instante se abre a porta para o coração ouvir.
Oh! Meu Deus. Lamenta-se, que raramente a resposta seja a de costume, como se a pressa fosse o modelo padrão para esses momentos: Tudo bem. Oh. Não. Não se pode perder a oportunidade de praticar a virtude da caridade, por que vezes há em que o outro passa a desfiar o rosário das suas dores, o problema da família, a perda do emprego, doenças e tantas ocorrências aziagas que entibia a alma daqueles que estão precisando do lenitivo do amor, naqueles que oferecem o seu ombro amigo para o asserenamento daquele momento.
Jamais, nessas circunstâncias, se deve desculpar apontando as obrigações e os afazeres, para se esquivar de auxiliar e ouvir o companheiro de viajem, jogando no poço sem fundo a oportunidade de ouvir e praticar a caridade, porquanto aquele que abriu o seu coração e sua alma, anelava pelas palavras de encorajamento para a sua tristeza e deseja ardentemente ser ouvido, pois nem todos dispõem de recursos para que um psicólogo ouça as suas preocupações.
Na análise sub óculis, nos relacionamentos das criaturas da Potestade, vê-se que estes estão pautados em superficialidade, onde não existe interação e a virtude de ouvir, mas a representação com a máscara das provas. É urgente não se perder o endereço do Pai Celestial, consoante a palavra de Thomas Hard poeta inglês no século XVIII ao afirmar que ‘ O homem perdeu o endereço de Deus. ‘
É indispensável manter acesso a figura de Jesus, consciente de que Ele sempre foi, é, e sempre será o professor dos relacionamentos humanos em busca da plenitude. O Cristo de Deus, não atirava pedra, não perdia a mansuetude, ao contrário conquistava as pessoas, e àqueles que se aproximavam, encontravam N’ele um grande amigo, refúgio e, solução para as experiências do momento, sempre ouvindo os seus irmãos menores, tanto assim que imortalizou suas lições de braços abertos, exortando: em Mateus 11:28-30 ao dizer:
‘Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para as vossas almas, porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve’.
Sob esse díptico e os sentimentos d’alma, na esperança de valorizemos os ouvidos para ouvir os companheiros de jornada, deposita-se o ósculo e a oblata da fraternidade universal em seus corações, anelando um ótimo fim de semana na paz e em nome de Jesus de Nazaré.