O AXIOMA, QUEM DÁ AOS POBRES EMPRESTA A DEUS.
É notório entre as criaturas de Deus reter como aprendizado os textos dos axiomas construídos através dos tempos evolutivos, fixando as ideias contidas naquelas premissas como lições da vida, sem se darem conta de que é preciso extrair dessas premissas, não a letra fria, mas o espírito da letra que vivifica o enunciado.
De fato, tratam-se de expressões que se tornam conhecidas e ganham dimensão na cultura popular, na mesma linha das metáforas, dos sofismas e infinitos métodos de inscrever na história dos tempos, as ideias e os argumentos que mesmo se assemelhando à realidade, resulta como se fosse plenamente verdadeiros, quando se trata de um aforisma, um brocardo ou uma proposição que aguarda a correta exegese.
Na bíblia há menção dessas situações peculiares e Jesus utilizava-se das parábolas, oportunizando aos irmãos de caminhada pudessem, cada um por si, encontrarem a compreensão dos textos contidos nas histórias contadas, segundo seus conhecimentos e a sua elevação espiritual; disso resultou e até hoje produz frutos esclarecedores, buscar-se na letra fria dos textos, encontrar o espírito da letra que vivifica.
Há mais de 2000 anos, contados pelo calendário gregoriano, diante da excelsa missão de Jesus de Nazaré, a história da humanidade foi dividida em dois tempos: antes e depois da chegada do Messias; desde então as criaturas do Senhor do Universo, buscam o sentido da vida, objetivando encontrar o tesouro do espírito pelas letras contidas nas prédicas do homem de Nazaré para vivificarem os viajantes da felicidade.
Com amparo na questão primeva, a epístola, venia concessa, relata ainda que com os sentimentos do momento e ao sabor da emoção da pena, com fulcro num apólogo sobre um episódio da vida de Francisco Cândido Xavier, colhida no santuário da vida, disponível no CD Momento Espírita, v. 20, ed. FEP, em 21.11.2019, os fatos a seguir narrados sob o rótulo de ’A alegria dos outros’.
Conta-se que um jovem aproximou-se de Chico Xavier e indagou: Chico, eu quero que você formule uma pergunta ao seu guia espiritual, Emmanuel, pois eu necessito muito de orientação. Eu sinto um vazio enorme dentro do meu coração. O que me falta, meu amigo? Eu tenho uma profissão que me garante elevados rendimentos, uma casa confortável, uma família ajustada, trabalho na Doutrina Espírita como médium, mas sinto que ainda falta alguma coisa.
O que me falta, Chico? O médium, olhando-o profundamente, intuído, e ouvindo a voz de Emmanuel, que lhe respondeu: Fale a ele, Chico, que o que lhe falta é a ‘alegria dos outros’! Ele vive sufocado com muitas coisas materiais. É necessário repartir, distribuir para o próximo... A alegria de repartir com os outros tem um poder superior, que proporciona a alegria de volta àquele que a distribui. É isto que está lhe fazendo falta, meu filho: a ‘alegria dos outros’.
Oh! Meu Deus. Quantas criaturas de tua Potestade ainda não encontraram na existência o verdadeiro sentido de sua viagem por esse planeta de provas e expiações, não conseguiram decodificar as lições oferecidas pelo Sublime Missionário do Amor, e, procuram com sofreguidão dar sentido às lições para encontrarem o espírito que vivifica o arsenal de bênçãos que recebem todos os dias de Tua Providência Divina.
Oh! Sim, como interpretar o texto do axioma em apreço: Será que se dando aos pobres, se empresta a Deus, querendo dizer com isso que jamais se verá os frutos desse empréstimo; ou será que dando aos pobres se empresta a Deus, para se compreender que o que se dá aos pobres terá oportunamente a recompensa da Divindade, ou sobre outra dicção: o que se dá aos pobres, é mero empréstimo que a Providência Divina depositou nas mãos de seus filhos, para gerenciar esses recursos, e que como depositário mais cedo do que se imagina, o mantenedor desses bens terá que prestar contas ao legítimo proprietário.
Ao observador atento, essa sem dúvida será a decodificação do tema em análise, a descoberta do espírito da letra, a compreensão da verdadeira alegria de servir, a prática da caridade em toda a sua textura, no amar ao próximo como explicitou o Divino Rabi da galileia.
Sem contradita, é necessário refletir sobre o sentido das palavras, porque todas as almas que transitam pela Terra, já estiveram intimamente ligadas com algum tipo de doação ou de caridade. Paulo, o apóstolo, cantou em prosas e versos as virtudes da caridade, de dar, de oferecer, de servir, e todas as criaturas do Divino, com o objetivo de esparzir alegria, pela caridade de servir, o que não se confunde com euforia, com a satisfação de prazeres imediatos.
A alegria dos outros, mencionada por Emmanuel, é gerada por aqueles que se doam ao próximo; é nesse momento que o espírito vibra, quando o outro percebe que há quem por ele se importe. Noutras palavras, a alegria de servir é quando o coração sorri de gratidão, sentindo-se amparado por uma força maior, que conta com as mãos carinhosas de todos os homens e mulheres que se dedicam ao bem.
Não basta ter de tudo, é preciso saber distribuir um pouco do que possui, seja pela palavra dulcificada nos momentos de aflição do irmão combalido, seja oferecendo o ombro amigo aos que choram, seja oferecendo a cesta básica, quiçá subindo os morros da vida para amparar o próximo, que geralmente está mais próximo do que se imagina a rasa filosofia.
Desse modo, é inegável que em algum momento das provas, os viajores da felicidade já tenham percebido como faz bem essa ‘alegria dos outros’, quando, de alguma forma se consegue ser útil, nas pequenas e nas grandes questões da vida. Esse júbilo do próximo preenche o coração do benfeitor de uma forma indescritível, que não se consegue descrever em palavras o que se passa n’alma do protetor, quando a paz invade a sua consciência em razão da prática do bem. É de bom alvitre se ter em mente que a ’alegria dos outros’ construirá a felicidade do benfeitor, porquanto todo bem que se produz, espraia-se alcançando o arauto do amor.
Sob essa luz, quanta alegria nos outros produziu o Homem de Nazaré, seja devolvendo a visão ao cego, curando os leprosos, o filho do oficial romano, a cura do servo do centurião, a cura da filha de Jairo, a cura do paralítico em Betsda, fato que irritou o Sinédrio, acusando-o de desrespeitar o dia sagrado de sábado, ao que Jesus sustentou: Meu Pai trabalha até hoje e eu também trabalho.
Na ciência da observação, sente-se no imo d’alma a interpretação da parábola do jovem rico, a quem Jesus recomendou vender tudo que tinha e segui-lo; o espírito da lição não é literal, mas a forma de conduzir o pensamento. Busca-se, pois, o direcionamento das ideias para a verdadeira caridade, abnegação e desprendimento dos bens terrenos, valorizando-se mais o transcendental que é eterno, em detrimento ao que é temporário, consoante emolduram as palavras evangélicas, quando Jesus estabelece um diálogo com um jovem que se dizia respeitador dos mandamentos.
O moço rico pergunta ao missionário, chamando-o de Mestre para se esclarecer como proceder para possuir a vida eterna, porquanto já observava os mandamentos. Jesus o olhou com amor e, então, pronunciou o convite exigente: ’Só uma coisa te falta: vai, vende tudo o que tens e dá aos pobres, e terás um tesouro no céu. Depois vem e segue-me’!
Dessa maneira, sabe-se que o jovem foi tomado de compungente tristeza que o inibiu de seguir Jesus, o que em análise estreita significou que a riqueza impediu de seguir Jesus, donde se concluir também os ensinamentos do porque é difícil para os ricos entrarem no Reino de Deus. Certo pois que os afortunados não estão impedidos dos esplendores celestes, merecendo entender que a eles, como depositários dos bens que lhes foram confiados, cabe zelar pelos bens que deverão a seu tempo prestar contas.
Aos profitentes da exegese sobre os temas que merecem a atenção dos que procuram compreensão dos axiomas das provas, impressiona o fato de que este jovem era perfeito no cumprimento dos mandamentos de Deus e, além disso, merecera o olhar amoroso de Jesus porque buscava com decisão progredir no caminho de Deus. Em verdade, o mestre presciente do quanto ia no coração do candidato ao reino dos céus, sabia que o seu interesse não chegava a abnegação de se desprender dos bens materiais, razão porque, nele o cumprimento dos mandamentos convivia com a riqueza, transformada em ídolo para sua segurança.
Oh! Senhor, como é importante que suas criaturas, também no presente, busquem colocar o bisturi do entendimento nas doces lições do Divino Rabi da Galileia, falando naqueles tempos, por metáforas, por parábolas, facilitando que se buscassem dessa forma, segundo o entendimento de cada criatura, o espírito de suas memoráveis lições.
O intérprete das histórias de Jesus, bem vocacionado, não dá maior valor ao aos bens materiais, mas vive em busca da sabedoria, procede de modo prudente, considera os cetros, os tronos, a riqueza, as pedras preciosas, a prata e o ouro do mundo, como empréstimos do Eterno, e os bens do espírito, uma seara de bênçãos para todo o sempre, confiante na vida eterna.
Com esses sentimentos d’alma, segue o ósculo depositado nos corações amorosos, oferecendo hóstia da fraternidade universal, anelando tenham os amigos de todo o sempre, um final de semana de muita paz em nome do Divino Pastor.