Ah, quem não desejaria ser um poeta, se tivesse a destreza, o êxtase da musicalidade, para decantar em prosas e versos toda beleza que o Senhor da Vida colocou no altar da natureza, deixando fluir a poesia dos sentimentos subjetivos d’alma, ao som das palavras, com ou sem as rimas, mas sempre num momento de interiorização do espírito para se deliciar com o transcendental.
Oh! Sim, a pátria do evangelho, Brasil coração do mundo, na dicção do Poeta Humberto de Campos, ofereceu poetas de todo jaez, mantendo a inegável tradição de trovadores, menestréis e poetisas para todos os gostos, sejam aqueles de existência repleta de angústias das provas, sejam os líricos, que permitem a emoção falar mais alto, e os de índole social, que tratam das questões políticas e sociais que as enriquecem de primorosas lições, os viandantes desse planeta chamado Terra.
Desse modo, sem a intenção de olvidar nomes ilustres, mergulha-se um pouco na diversidade poética brasileira, para anotar poetas como Carlos Drummond de Andrade, Castro Alves, Olavo Bilac, Machado de Assis, Gonçalves Dias, Vinícius de Morais, Cecilia Meireles, Cora Coralina, que entre outros contribuíram para a multiplicidade poética brasileira e das delícias dos sentimentos da alma, com licença dessa pena para transcrever, sob o título de “Assim eu vejo a vida”, a poesia de Cora Coralina.
“A vida tem duas faces: Positiva e negativa. O passado foi duro mas deixou o seu legado. Saber viver é a grande sabedoria. Que eu possa dignificar. Minha condição de mulher; aceitar suas limitações, e me fazer pedra de segurança dos valores que vão desmoronando. Nasci em tempos rudes; aceitei contradições lutas e pedras como lições de vida e delas me sirvo. Aprendi a viver”.
Ipso facto, sob o manto da beleza que descreve as provas e as expiações, estão presentes as oportunidades, os aprendizados pela dor educadora que não castiga a ninguém, mas disciplina as criaturas na caminhada para o progresso e o destino para a felicidade; é a voz dos poetas que iluminam os passos daqueles que se encontram entibiados pelos cantos do mundo, e se deixam tocar pelos acordes celestiais ressoando nos espíritos as melodias imortais ensinadas pelo Divino Jardineiro.
O Nazareno compôs as mais belas sinfonias de amor, sob o arrimo do altar da natureza, ao cantar em prosas e versos as lições do Sermão do Monte sobre as bens aventuranças, seja nas sementes que o semeador saiu a semear; no sal da terra, temperando com alegria as tristezas, ou sobre os pássaros e os lírios dos campos que não tecem nem fiam, mas mesmo assim o Pai Celestial cuida deles, tanto como ensinou a caridade no óbolo da viúva.
Ah, que bom que existam poetas, porque são eles que com seus versos de trovadores, ilustram e ensinam enxergar o fato comum, as vezes banais em aparência, mais nunca antes imaginado, segundo as parábolas do Nazareno, a do presente apólogo, colhida na fonte cristalina narrada pelo evangelista São Marcos, em essência, na verve dessa pena, onde conta-se que um doutor da lei, com a intenção de provocar Jesus, pergunta como fazer para herdar a vida eterna?
O Mestre, presciente dos objetivos ignotos do questionamento, com serenidade contra interrogou: “O que é o que está escrito na Lei”? O doutor da lei, para demonstrar sua erudição disse-lhe: “Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, de toda a tua força e de todo o teu entendimento, e ao teu próximo como a ti mesmo”. Por isso, o Nazareno disse-lhe: “Respondeste bem; faze isso, e viverás”.
Ocorreu, entretanto, que o “interessado” querendo justificar-se, volta a perguntar ao Mestre: “E quem é o meu próximo”? Prosseguindo o diálogo em suave poesia Jesus disse-lhe:
“Um homem descia de Jerusalém a Jericó, e caiu nas mãos de salteadores, os quais o despojaram e, espancando-o, se retiraram, deixando-o meio morto. Casualmente, descia pelo mesmo caminho certo sacerdote; e, vendo-o, passou de largo. De igual modo, também um levita chegou àquele lugar, viu-o, e passou de largo.
Mas um samaritano, que ia de viagem, chegou perto dele, e, vendo-o, encheu-se de compaixão; e, aproximando-se, atou-lhe as feridas, deitando nelas azeite e vinho; e, pondo-o sobre a sua cavalgadura, levou-o para uma estalagem, e cuidou dele. No dia seguinte, tirou dois denários, deu-os ao hospedeiro e disse-lhe: Cuida dele; e tudo o que gastares a mais, eu te pagarei quando voltar.
qual, pois, destes três te parece ter sido o próximo daquele que caiu nas mãos dos salteadores? Respondeu o doutor da lei: Aquele que usou de misericórdia para com ele. Disse-lhe, pois, Jesus: Vai, e faze tu o mesmo”.
Ora, sim, no espeque dessas poesias, ninguém pode negar que existe versos encantadores que ensinam a enxergar um fato comum, tratando de questões graves da vida e ensinando a se ter esperança, exercitando o amor em plenitude. Desse modo, vale a pena deleitar-se com o menestrel Gonçalves Dias, quando declama em prosas e versos, a sua admirável visão sobre Deus e as dores do mundo, nas notas musicais de sua sinfonia de amor denominada de “Espera”, conforme se colhe de seus poemas na Edição de ouro.
“Por que então maldiremos este mundo e a vida que vivemos, se nos tornamos do Senhor mais dignos, quando mais dor sofremos? Quantos cabelos temos, Ele o sabe; Ele pode contar as folhas que há no bosque, os grãos d´areia que sustentam o mar. Como pois não será Ele conosco no dia da aflição? Como não há de computar as dores do nosso coração? Como há de ver-nos, sem piedade, o rosto coberto d´amargura. Ele, Senhor e Pai, conforto e guia da humana criatura? Se o vento sopra, se se move a Terra, se iroso o mar flutua; se o sol rutila, se as estrelas brilham, se gira a branca lua; Deus o quis, Deus que mede a intensidade da dor e da alegria, que cada ser comporta – num momento d´arroubo ou d´agonia! Embora pois a nossa vida corra alheia da ventura! Além da Terra há céus, e Deus protege a toda criatura! Viajor perdido na floresta à noite, assim vago na vida; mas sinto a Voz que me dirige os passos e a Luz que me convida”.
Oh! Meu Deus. Que imensa alegria sente teus filhos, ao constatarem que O maior poeta que já esteve na face do orbe terrestre, do qual é o Governador Planetário, ainda hoje, inspira tantos os versos e as prosas dos arautos do bem que os seguem, inspirado na poeira dos tempos ao ouvir a Sua proclamação dos versos: “Bem-aventurados os que choram, pois que serão consolados”.
É vero. Quem haverá de oferecer consolo a tantas lágrimas que são vertidas a cada segundo no planeta de provas e expiações, e de onde virá o consolo, senão daquele que canta em prosas e versos a melodia celestial do “Vinde a mim, todos vós que sofreis e estais sobrecarregado e eu vós aliviareis; tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim que sou manso e pacifico de coração e vossas almas se reconfortarão porque meu fardo é leve e meu jugo suave”.
Ponto finalizando, a poesia da valoração das provas e das expiações, em seu sentido lato, a toda evidência não se encontra apenas nas prosas e versos que iluminam os caminhos para os esplendores celestes, mas, também, no reto proceder, e, em ser um homem de bem, consoante dispõe as questões 918/919 do código sublime de “O Livro dos Espíritos”, a promessa de Jesus, cumprida em 18 de abril de1857, na cidade luz, para que os trovadores e os que apreciam as melodias celestiais, conheçam a verdade e a verdade libertará todos aqueles que anseiam pela luz da vida, conscientes de que o verdadeiro homem de bem, é todo aquele que pratica a lei de Justiça, de amor e de caridade em sua maior pureza.
É válido pois, no epílogo desses sentimentos, a melodia imortal contida no versículo 31, do cap. VI do Evangelho de Lucas, a prescrição melodiosa do médico dos médicos há mais de dois mil anos no: “Amai o vosso próximo. Fazei aos homens tudo o que queirais que eles vos façam. Tratai todos os homens como desejai que eles vos tratem. ”
por derradeiro, como a vida é bela, colorida e consentida, trazendo em seu amago a poesia de serem os filhos do Eterno, herdeiros do universo, segue o ósculo depositado em seus corações, com a hóstia da fraternidade universal, anelando tenham os amigos de todo o sempre, um final de semana num rosário de bênçãos de muita paz em nome do Divino Pastor.