A ALEGRIA DE VIVER.
Na jornada da existência terrena, há dias de tormentas e de aflições que levam os viajantes da esperança ao mau presságio, como se a vida fosse se esvair de um momento para outro, de tão atroz entibiamento que toma posse da criatura da Consciência Cósmica, estimulando o desânimo que o faz se esquecer de que O Criador cuida de todos os seus filhos.
Nesse sentido, a questão que aturde aos viajantes em progresso e evolução é saber por que se passa por essas enfermidades, não raro chegando-se a pandemia com as enfermidades coletivas. Ora, não será de se admirar os conceitos exarados no Evangelho Segundo o Espiritismo, no capítulo III, item 11 na voz dos Espíritos Superiores esclarecendo que: “No vosso mundo, precisais do mal para sentirdes o bem; da noite, para admirardes a luz, da doença, para apreciardes a saúde”.
Nesse estado d’alma, em experiências, ao se debaterem nas pedras do caminho, culpam a Divindade pelas ocorrências aziagas, imaginando ser obra do acaso, deixando-se levar pelo ceticismo, quando não acusam a Divindade pelas desídias, pondo de lado a verdade, de que tudo tem uma causa, causa que produz um efeito, consoante consta das ciências aplicadas pelos viajores em busca da evolução.
No universo, tudo é organizado e por consequência o Senhor da Vida, Criador de todas as Coisas, Inteligência Suprema, permite aos seus filhos os embates pelas escolhas que fazem, com destemida coragem para enfrentá-los, de tal sorte que ao saírem do tatame das provas, arena onde se dá o embate, o lutador saia mais forte, mais confiante e melhor preparado para as novas contendas, em qualquer área que venham a serem novamente chamados para avaliação das provas nas universidades da vida.
É preciso aos profitentes dos momentos amargos, realizarem perfunctoriamente uma análise isenta de paixão, com fulcro no sentido da vida, quiçá lançando um olhar através da poeira dos tempos, meditando sobre o filósofo ateniense Sócrates, com o “Conheça-te a ti Mesmo”; oxalá, examinar a vida do psicanalista Carl Gustav Jung, se não os propósitos do médico vienense Viktor Emil Frankl, reconhecido como um dos maiores psiquiatras da história, criador do método terapêutico baseado na busca pelo sentido da vida, cujo alfarrábio se estimula.
Com fulcro nas observações dos notáveis personagens em apreço, o profitente atento, sem dúvida pode ver e sentir o outro lado das dores, onde a alegria de viver pode e compensa os momentos agourentos, de tal sorte que basta o exercício da fé, da confiança e da inteligência para acertarem o passo em direção à plenitude da viagem.
Oh! Sim, o Senhor da Vida, colocou como semente nos seus filhos, para germinarem nos momentos de transtornos, realizando o milagre dos vendavais que a tudo parecem destruir, mas ultrapassada a borrasca, eis que surge a atmosfera saneada, e traz depois do inverno a primavera, tornando a vida novamente, bela, colorida e consentida.
É comum nas provas da existência, a presença dos desaires, atitudes que levam as criaturas ao desentendimento, chegando as consequências imprevisíveis; as querelas batem às portas da justiça, prescindindo de terceiros para resolver a pendência. Sob o fluxo dessa retórica, colhe-se no santuário das provas, um relato que se faz com o sentimento dessa pena, para sedimentar a ideia da alegria de viver, porquanto uma jovem com dois filhos pequenos, desejava ardentemente que o seu pedido de transplante fosse aprovado pelo seu convênio médico, situação comum na liça jurídica.
O fato é que ela descobrira, ao final da última gestação, um grave comprometimento no fígado, inicialmente tratado através de sofisticada técnica de radiação, cujo resultado fora ainda mais desastroso, porque para seu desespero, algo acontecera durante os procedimentos clínicos, comprometendo o órgão em suas nobres funções, motivando o facultativo a vaticinar que essa ocorrência não lhe permitiria distender sua vida senão poucos meses.
Lutava, pois, pelo direito ao transplante, nada obstante as gigantescas muralhas que se levantam contra os seus desejos, esses representados pela longa fila de espera, a disponibilidade de um fígado compatível, os altos valores envolvidos e, finalmente, a expectativa de vida estabelecida pelos médicos, com prognóstico de no máximo, uns quatros anos de vida útil.
Oh! Meu Deus. Os que veem o céu obnubilado, sem a alegria de viver, lançaram a dúvida: Valeria a pena investir tanto no transplante em busca da vida, em detrimento de outra pessoa que, por suas condições gerais, teria um adicional de vida mais longevo? A questão que se propusera era: será que valeria a pena mais quatro anos de vida? Seus filhos ainda não teriam se tornado adultos, nem seriam independentes, pois seriam crianças.
A resposta da senhora, entre a emoção e as lágrimas, surpreende a consciência do justo: sim, seriam quatro anos a mais que ela poderia estar com os filhos, vê-los crescerem. Ensinaria seu filho atar os cadarços dos sapatos, a pentear seu cabelo, escolher a roupa apropriada à estação e se vestir, sozinho. Seriam mil quatrocentas e sessenta noites em que estaria com ele, na hora de escovar os dentes, de abraçá-lo, desejar boa noite, ler uma história e orar.
Em quatro anos ele estaria na escola e ela o auxiliaria com as primeiras letras, descobrindo as palavras, as frases, o mundo da inocência das crianças. Quanto à recém-nascida, já a teria ensinado a andar, a falar, a amar as flores e as pessoas. Imagine-se quantos sorrisos poderia oferecer aos filhos em quatro anos e quantos eles sentiriam amparados.
Tempo precioso. Na pior das hipóteses, porque o Altíssimo é o dono da vida, quatro períodos de férias seriam de alegria de viver, porque com a família e as crianças poderiam desfrutar da praia, da montanha, do lago. Oh! Sim. Seriam mais quatro natais, quatro aniversários, quatro comemorações de Ano Novo. A personagem do relato, ao ouvir tudo isso pela voz da consciência na intimidade com o Pai Celestial, seu coração tranquilizou-se.
Desse modo, sem contradita, o apólogo faz o coração vibrar na alegria de viver, máxime considerando quantas mães não podem ver os filhos crescerem, levadas pela morte acidental ou por enfermidade; quantos filhos não tiveram o carinho das mães.
Oh! Sim. Nesse tempo, ou em qualquer tempo que o Eterno conceda aos seus eleitos, quantos momentos de alegria se pode viver; sentir o suave perfume das flores que a Divindade plantou na natureza para embelezar o planeta; a alegria de vencer batalhas que a vida oferece aos que têm coragem de ultrapassar os abrolhos do caminho, seja no campo profissional, seja no emocional; ouvir o pulsar do coração e a melodia que se ouve uma vez e jamais se esquece, ou as estrelas que salpicam o céu, desenhando um manto de estrelas como se fossem lanterninhas em festas.
E inegável que o zênite e o ômega a ser seguido na preciosidade da vida e do tempo, faz com que os que buscam a felicidade na alegria de viver, são aqueles que se importam com o tempo que pode ser usufruído na companhia e na presença da família, dos amigos, da sociedade civil organizada, na igreja de sua devoção, vivendo intensamente ao lado deles, conscientes de que a criatura humana é eminentemente gregária, senhora e depositária da vida que O Criador confiou a tutela de seus filhos amados.
Por outro lado, quando chegar o momento da chamada pelo Senhor da Vida, sobrará uma doce saudade dos momentos de alegria, de desconcentração, muito para recordar, uma intensa relação vivida, sentida e arquivada no tesouro do coração, onde Jesus de Nazaré asseverou que se deve depositar o amor pela vida, bela e colorida.
O tempo segue seu curso enquanto se escreve a história no livro da vida, criando as marcas pelas quais os artistas pelos seus atos serão reconhecidos na qualidade de filhos de Deus. No projeto da construção das vidas, vale a pena usar toda a energia para agir retilineamente, aproveitar todos os canais de percepção extra-sensorial, para ouvir os bons conselhos que chegam a todo o momento através da inspiração Divina, trazidas pelos arautos do bem, em trabalho no regime de 24 horas diárias.
Contemple o belo. Há olhos para ver a beleza que Deus depositou no altar da natureza para embelezar esse planeta de provas e expiações. Aproveite o tempo com bons livros, bons pensamentos, serviços edificantes na seara do bem, no centro espírita, na quermesse de sua igreja, ou na seita que fala ao coração, mas sempre na solidariedade aos idosos e o apoio as crianças, porque esse é o futuro de bem-aventurança. Abandone as armas guardadas no arsenal dos pensamentos. Parem as guerras, os homicídios, as trapaças, as mentiras. Deixe fluir os sentimentos Divinos nos corações e n’almas construindo a alegria de viver, argamassada no amor do Cristo de Deus.
Sob esse díptico, em homenagem a alegria de viver, vale-se da oportunidade para depositar a oblata e o ósculo da fraternidade na taça de seus corações, anelando um ótimo fim de semana na paz e em nome da alegria de Jesus de Nazaré.