Ainda que se admita o contraditório, sob a bandeira e o auspício de filósofo Voltaire, escritor francês, apesar de teísta, foi sem dúvida um dos representantes do Movimento Iluminista na França, a quem se atribui a frase de Evelyn Beatrice Hall, o “Posso não concordar com nenhuma das palavras que você disser, mas defenderei até a morte o direito de você dizê-las”, a verdade é que pesa o fato de que uma das características das criaturas do Eterno, é a procura incansável do diferencial em nome do amor.
Nesse comento, anela-se com sólidas razões, fazer a diferença nas realizações das provas e expiações, nos projetos existenciais e em tudo que atenda ao comando da Lei de Progresso, de maneira a ser o primeiro do grupo de estudos, destacar-se nos projetos existenciais de qualquer atividade a que for chamado a oferecer o seu contributo, na incessante busca do primeiro lugar, sempre atendendo os cânones da evolução que conduz a Lei de Progresso.
Nada obstante, esse lhanozo anseio, por si só, não autoriza os filhos do Divino olvidarem-se das luminosas lições do bom pastor; para aquele que deseje ser o primeiro, que seja o mais humilde, procurando ser o primeiro a servir e em todas as virtudes que conduzam a criatura humana aos parámos celestiais, porque é dando que se recebe propôs São Francisco de Assis em sua inesquecível oração de devotamento ao Criador do Universo.
Desse modo, qual será a correta exegese dos viajantes das estrelas que o faz ser diferente, uma pessoa de destaque no contexto social; afirme-se que é aquele que interroga a consciência dos profitentes do tema em exame. Em verdade, muitos dirão que será a soma dos valores que detém em contas bancárias, nas aplicações do dinheiro nos bancos, rendas de qualquer origem financeira, os bens móveis e imóveis. Da mesma sorte, há aqueles que imaginam que para se destacarem na grande viagem da vida, será ser diferente no ambiente artístico, cultural, e ou político, quem sabe.
Há aqueles que desejam o destaque por julgarem-se portadores de uma invulgar inteligência, fazendo dessa forma, ouvidos moucos de que a Inteligência Suprema, Causa Primeira de Todas as Coisas, criou todos os seus filhos simples e ignorantes, sem privilégios, sendo certo pois, que as conquistas do diferencial, será sem dúvida o resultado do esforço que cada criatura realize em nome de seu progresso, eis que se trata de um ser personalíssimo, dotado das condições indispensáveis para fazer brilhar a sua luz interior como recomendou o arauto do amor.
Oh! Que não imagine a rasa filosofia, pela visão de mundo, que o diferencial da notoriedade, se dê pela beleza física ou intelectual, pelo charme ou pelo discurso fácil, ágil, atilado, ou qualquer adjetivo superlativo que se lhe queira atribuir. Não, na realidade não. A verdade é que o maior destaque dos candidatos à felicidade, com certeza, é tornar-se um homem de bem, como consta na questão 918 de “O Livro dos Espíritos”, assegurando-se que a arena da transformação dos filhos do Senhor do Universo é no campo moral, ou seja, no conhecimento e na prática do amor em plenitude, como asseverou Jesus de Nazaré, ao recomendar que as criaturas se amem uns aos outros como ele nos ama.
Em verdade, são esses os valores de que se faz portadores os filhos do Supremo, na intimidade de seu espírito. Oh! Sim. Sem dúvida, qualquer pessoa de mediana cultura, concordará que alguém muito rico, na linguagem vulgar, bela, portadora de um discurso impecável, ou um cientista de notória especialidade, com inteligência desenvolvida a cântaros, pode ser pobre e muito pobre moralmente.
Por esse viés, o que muito se vê na sociedade contemporânea, é que o tom dominante dos procedimentos exibicionistas é o da imitação, seja na vestimenta, seja nos modos de proceder de tal forma a deixar brilhar a luz da vaidade e do orgulho, mostrando virilidade, figura austera a que todos no lar devem obedecerem, e as mulheres esforçando-se nas academias, não em busca da saúde física, mais para serem as mais belas e cobiçadas, imaginando-se por isso, que jamais a solidão as envolverá em seus inevitáveis abraços; trata-se de um ledo engano que o tempo se encarregará de corrigir muitas vezes com dores acerbas.
Desse modo, não será reprochável servir-se de um relato, colhido no jardim da vida, sobre a pureza do coração, depositando em uma caixinha com suaves e doces beijos do amor e da ternura que envolve os viajantes da felicidade, sob a emoção da pena desse apólogo.
Conta-se que, certo dia, um viajante das estrelas, em decorrência de momentos aziagas, ocorrência das provas, ao chegar em casa irritou-se com a filhinha de três anos. Oh! Crianças. A pequerrucha havia apanhado um rolo de papel de presente dourado e literalmente desperdiçando-o ao fazer um embrulho. Como o dinheiro andasse curto e o papel de presente significasse um estipendio a mais, o pai desatento não poupou recriminações à garotinha, deixando-a triste e chorosa nos sentimentos d’alma.
Meu Deus! Quantas surpresas as provas da vida oferecem aos candidatos à felicidade. Foi naquela mesma noite do desalinho do pai, que ele descobriu num canto da sala, local onde a família juntara os modestos presentes adquiridos com os parcos recursos da família, para homenagear Jesus, entregando modestos mimos aos familiares por ocasião das festas de Natal.
Oh! Sim. Entre os singelos presentes, havia um embrulho dourado não muito bem feito que o marcou profundamente. Assim, logo pela manhã, no despertar de sua filhinha, como Jesus ensinou não impedir as crianças de irem até Ele, mostrando à saciedade a sua pureza de coração, a criança não guardando rancor, correu de encontro ao pai, com o embrulho mau feito nas mãos, abraçou forte o seu pescoço, encheu seu rosto de beijos e lhe entregou o modesto presente, dizendo, isto é para você, paizinho, o que fez o genitor sentir-se muito envergonhado com o seu procedimento do dia anterior.
Nada obstante, logo que que abriu o embrulho, na curiosidade que envolve os filhos de Deus ao serem presenteados, intimamente voltou a deixar seu coração obnubilar a brandura, porquanto tratava-se de uma caixinha vazia.
Em atitude desairosa, reprendeu a filha, a pretexto de ensina-la, dizendo: Você não sabe que quando se dá um presente a alguém, a gente coloca alguma coisa dentro da caixa? A criança olhou para ele, com os olhos cheios de lágrimas e disse: Mas, papai, a caixinha não está vazia. Eu soprei muitos beijos dentro dela. Todos para você, papai.
O pai envergonhado, tomou a filha nos braços e suplicou o seu perdão, compreendendo a imorredoura lição do Homem de Nazaré, quanto a pureza do coração e para aquele que deseje ser o primeiro, que seja o mais humilde, porque é dando que se recebe como propôs São Francisco de Assis em sua inesquecível oração de devotamento ao Criador do Universo.
Em síntese apertada, cada um dos filhos do Eterno, recebem uma caixinha dourada, cheia de amor incondicional, seja dos pais, dos filhos, dos irmãos, ou dos amigos. Todavia, em razão de comportamentos atávicos, nem sempre as criaturas se dão conta desses presentes, porque preocupados com o ter, ou com os valores do mundo, que as coisas pequenas não raras vezes passam desapercebidas.
Ponto finalizando, anote-se que muitas vezes, as criaturas não encontram os beijos na caixinha dourada, e sem o olhar do amor, somente vê a caixinha vazia, olvidando-se que o amor é feito de pequenos mimos ou gestos, coisas simples que não exige fortunas para se manifestar e incontáveis vezes, nasce apenas um ato de renúncia.
Ipso facto, seja a esposa que não valoriza o ramalhete de flores do campo que o marido lhe enviou, outras vezes é o marido que não agradece a esposa que zela pelo lar, cuida dos filhos e prepara com amor a refeição do clã; desse modo, não se pode esquecer que os pais as vezes não dão importância para aquele cartão meio amassado que os pequenos trazem da escola, pintado com as mãos de quem apenas ensaia a arte de dominar as tintas e os pincéis, são obras de mãos pequeninas. Pequenos gestos de amor, é tudo que importa para encontrar a caixinha dourada, repleta de beijos com amor, sublime amor.
Nesse sentir d’alma, segue votos de um final de semana de muita paz, com o ósculo depositado em seus corações com a oblata da fraternidade, anelando se perceba por onde transitar a caixinha repleta de beijos, bastando para isso ter olhos para se ver e o espírito desperto para sentir que são deuses, filhos da Consciência Cósmica.