Incontáveis experiências e provas na jornada das existências, as criaturas do Divino já enfrentaram, rotulando-as de sofrimentos e obstáculos com pedras no caminho, nada obstante em verdade se trate tão somente de dificuldades para o desenvolvimento da inteligência, destinadas a removerem os obstáculos, para prosseguirem na jornada em direção aos páramos celestiais.
A vida na concepção de Carlos Drummond de Andrade, é sem dúvida uma sucessão de acontecimentos, sentido que deu alma, entre incontáveis poemas de sua lavra, a poesia da “pedra no meio do caminho”. Nesse poema, a pena exortou os estudiosos das provas existenciais, a não se olvidarem das ocorrências transatas, assistidas pelas retinias cansadas e fatigadas das vistas, com destemor pela vida bela, colorida e consentida, o que levou o saudoso poeta a dizer que “Não basta o que a vida ensina ... ” O fundamental consiste em que cada um aprenda como as coisas são”.
Oh! Sim. Nesse aprendizado, na sucessão dos atos de coragem para vencer as dificuldades, principalmente sem receio para fechar as portas ao erro, é exatamente aí onde está o cofre sagrado do coração, sob o comando do entendimento para avançar no bem proceder de retorno ao palco da vida.
Sob a bandeira do destemor, é inegável que é preciso renovar, hoje, agora e sempre, porque se a primavera é uma explosão de flores e perfumes, a estação outonal é a dos coloridos mais exuberantes que embelezam o planeta Terra. Bem por isso, a impressão dos viajores, é de que algumas árvores disputam entre si a primazia para ver qual delas se vestirá com a cor mais exótica.
Examinando-se a renovação das flores e das folhas, será difícil afirmar qual é a cor verdadeira, já que seus tons se mostram variados entre o laranja, amarelo e vermelho, como se algumas se apresentassem com uma mistura de cobre e cinza, levando o admirador ao êxtase ao contemplá-las. Na sucessão dos acontecimentos, as criaturas humanas já viveram provas de grande magnitude; foram irmãos de caminhada que se renderam aos impositivos dos tsunamis, vendavais, terremotos, ciclones, inundações, e as pandemias, que ceifaram a vida de incontáveis viajores das estrelas. De fato, essas ocorrências evolutivas interromperam as provas de entes queridos, que ao se despedirem dessa Terra, levaram consigo, como asseverou Paulo, o apóstolo dos gentios, o resultado de seus atos, mas a vida continua, e é chegado o momento do retorno ao palco da existência.
A retórica, desse modo, enseja trazer à consideração a figura exemplar do modelo e guia da humanidade, Jesus de Nazaré, o homem singular, que transitou por todas as dificuldades, venceu os abrolhos do caminho, nada o detendo como modelo e guia da humanidade, sendo oportuno relembrar nessa pena do professor de hebraico Joseph Ernest Renan, quando em 02 de outubro do ano de 1862, após sua aula inaugural no Collège de France, referindo-se Jesus, assegurou tratar-se do “homem incomparável”.
Em verdade, nenhum obstáculo foi barreira para impedir Yeshua de vencer as tempestades do caminho, a ponto de dizer que no mundo seus irmãos menores somente teriam aflições, mas que não se turbasse os seus corações ou entregassem ao desespero, pois Ele venceu o mundo.
Sob esse manto, os filhos do Eterno não podem se permitir, em razão das dificuldades das provas e ou das expiações, abandonarem a liça destinada à sua evolução; ao contrário, passada a tempestade, saneada a atmosfera é a hora de retornar ao palco das existências, carregando em suas malas, como teve ocasião de dizer, Paulo, o apóstolo, em sua epístola aos corintos, o resultado de seus atos na retomada da existência bela, colorida e consentida.
A esse propósito, o Homem de Nazaré, ao seu tempo, encarou as dificuldades de todo jaez, políticas, econômicas ou culturais; jamais desprezou o bom combate, sempre que esse se apresentasse. Ah, Sim, Ele era procurado por cegos, doentes, prostitutas, párias dos variados tipos, ainda assim, ininterruptamente os orientou para o bom caminho, conscientes de que todos são herdeiros do universo, e ninguém está ao desamparo da misericórdia do Pai Celestial.
Enfrentou com denodo os doutores da lei, os religiosos e os ricos, sem temor das dificuldades para ser o arauto do bem, com a sua amorosidade pedagógica, sempre pronta a ensinar as relevantes Leis pétreas de Deus, para vencer as dificuldades da hora, reservando o futuro aos bem-aventurados.
Sob a sua luz aurifulgente de pastor das almas, Ele esteve presente com a autoridade religiosa de seu tempo, o membro da mais alta corte de justiça de Israel, um doutor da lei, que tinha conhecimento da sua religião, mas nada obstante, admirou-se Nicodemos quando Jesus lhe afirma, de maneira clara, que ninguém pode ver o reino de Deus se não nascer de novo.
Digno, pois, de registro a observação de Jesus naquela ensancha espelhando o presente para se voltar ao palco das provas na reencarnação, na medida em que as provas e as ocorrências tem um propósito e nada é por acaso. Sem embargos, naqueles tempos a lição à Nicodemos, sobre as coisas de Deus, foi complexa, profunda e ampla para ser absorvida em uma única existência, assim como compreender as dores e pandemias vividas no presente.
Oh! Meu Deus. A consciência do justo se interroga, como aprender a amar indistintamente em apenas algumas décadas de existências em cada reencarnação? Qual a maneira conseguir perdoar profundamente as mágoas mais doloridas, nos poucos anos de trânsito por provas em que os inscritos para a felicidade teimam em ser reprovados?
Como compreender a lógica de todas as ciências, desde o microcosmo das células à grandiosidade do Universo, em poucos anos de experiências? Ah, como renovar o coração, muitas vezes embaçado pelas dificuldades que se carrega, sem a chance de refazer os caminhos sem retornar ao palco da vida? Oh! Sim. Que responda a consciência dos que retornam ao palco das provas ou para os resgates dos desalinhos, porque é indispensável a volta ao palco onde se parou, para apreender com os erros e ilusões que se permitiu ao longo dos comprometimentos dantanho.
Nessa reflexão, os flagelos destruidores, conforme consta na questão nº 737 de “O Livro dos Espíritos”, esclarece que as ocorrências aziagas das provas se destinam a fazer os filhos do Eterno avançarem mais rapidamente na regeneração moral. Desse modo, reencarnar é preciso para reencontrar os amores e atar ou reatar os laços de fraternidade na família universal. É necessário também para o reencontro com os desafetos do passado para purificar os sentimentos, tornando-os mais nobres.
Faz-se importante retornar ao palco das provas inúmeras vezes, para que as experiências sejam acumuladas no íntimo, a fim de se amadurecer, conferindo aos viajantes das estrelas melhor compreensão dos caminhos que conduzem ao Senhor da Vida. Tudo isso é o processo para mergulhar na carne, vestindo novamente um corpo físico, veículo que oferece a chance de multiplicar os aprendizados e diplomar-se na vida com destino aos páramos celestiais.
Eis aí a beleza e a justiça da lei da reencarnação, convidando suas criaturas para o retorno ao palco da vida. Nenhum dos filhos do Altíssimo, no mundo de provas e expiações, se encontra pela primeira vez nesse processo de aprendizado. As histórias das existências que já se percorreu, se exterioriza nos valores do coração e na capacidade da mente das criaturas. Experienciar, renovando a vida bela, consentida e colorida do lado de cá, é, sem dúvida, motivo de ágape para render graças ao Senhor do Universo, pela bendita oportunidade de renovação. Não importam as pandemias, as dores e os sofrimentos vestidos de flagelos destruidores; o que vale é retornar ao palco da vida com bom ânimo, como ensinou o homem de Nazaré, ao estabelecer “Tende bom ânimo, eu venci o mundo”.
In veritas, uma vida confortável ou amarga com as agruras; com uma família imensa, cheio de amigos, ou na solidão, todos, sem exceção, caminham na mesma viagem em direção aos esplendores celestes, cabendo aos viajores das estrelas, aproveitarem as oportunidades de aprender mais sobre o Reino de Deus, nas repetidas lições que a vida oferece, porque um novo dia começa ao constatar que os viajantes das estrelas são herdeiros do Universo.
Ponto finalizando, com as cortinas abertas no palco da vida, recebam os amigos o ósculo e a oblata da fraternidade com votos repletos de paz e amor em nome do homem incomparável, missionário do Eterno, Jesus de Nazaré.
O amigo fraterno de sempre.
Jaime Facioli