O tempo é inexorável. Nem bem se dá conta dos tormentos do ano em experiências, já se vive o momento de repetir os propósitos de uma vida renovadora nas bênçãos do ilustre aniversariante. A celebração do natal. Nessa oportunidade, os profitentes da historiografia mundial sabem que o Divino Galileu não nasceu no mês de dezembro, mas ao que consta, o nascimento do bom pastor se deu em meados do mês de abril, contados pelo calendário Gregoriano.
Ainda assim, apesar da referência histórica, a humanidade, considerando o solstício, homenagem que Roma fazia ao Deus Apolo, como o Deus do Sol, festa extravagante que ia do dia 22 até 25 dezembro, quiçá numa referência também à luz do Nazareno, transportou-se a data do natalício do bom pastor para o mês de dezembro, e assim se comemora o surgimento do menino Jesus, mas isso não importa aos que seguem as pegadas do Mestre e amigo de todas as horas.
Com essa reflexão, o ensejo oportuniza anotar, que na astronomia, solstício é o momento em que o Sol, durante seu movimento aparente na esfera celeste, atinge a maior declinação em latitude, medida a partir da linha do equador, motivo porque os antigos adoradores do Deus Apolo entendiam que esse Deus os conduziria a luminosidade do astro rei.
De relevante, cogente é o fato inegável de que os filhos de Deus, na proximidade dessa data magna começam a exteriorizar a lei de amor, materializando-se nos cumprimentos fraternos, nos abraços afetuosos, nos pacotes de presentes para os necessitados, e, em nome da caridade, sobe-se os morros da vida, levando as cestas básicas com o carinho do menino Jesus, tudo por conta do amor ensinado por Ele no seu missionato de sublime amor.
Assim, alhures e algures acendem-se pequenas luzinhas. As casas iluminam-se, os prédios seguem o exemplo de acenderem luz em suas dependências. Logo mais, as cidades, uma a uma estão em clima de alegria pela efeméride do ilustre aniversariante. As nações também lançam sua claridade diamantina no globo terrestre e num só sentimento de amor, todos os filhos de Deus se permitem participar dessa euforia e jubilo de amor fraterno.
Não há dúvida. É Jesus balsamizando o globo terrestre, para a humanidade recordar que quando Ele veio ao planeta eram dias em que Roma dominava o mundo; sua águia sedenta de sangue sobrevoava o cadáver das civilizações e os povos vencidos, olvidando-se dos valores éticos. Foi nessa paisagem que Jesus veio apresentar a doutrina de amor. Desse modo, chegava ao planeta Terra o Homem-Luz, de personalidade inconfundível e única, aquele que deixava transparecer nos olhos misericordiosos, uma beleza suave e indefinível.
O arauto do bem possuía longos e sedosos cabelos emoldurando o semblante compassivo, como se fossem fios castanhos, levemente dourados por luz desconhecida; em sua silhueta acompanhava um sorriso que ao encantar, revelava bondade imensa e singular energia irradiando de Sua Majestosa figura uma fascinação irresistível.
Sem contradita, sua palavra, seus feitos, seus silêncios estóicos dividiram os tempos e os fatos da história em antes e depois dele, que conviveu com os pobres e trabalhando-os transformou em heróis e santos, os servidores incansáveis, transformando-os em ases da abnegação.
Na sua didática, utilizou o cenário da natureza, compondo a mais comovedora sinfonia de esperança, e, na cátedra natural de um monte, apresentou a regra áurea para a humanidade, através dos robustos e desafiadores conceitos contidos nas bem-aventuranças.
Com esses conceitos, exaltou um grão pequenino de mostarda e repudiou a hipocrisia dourada dos poderosos em trânsito para o túmulo, exatamente quanto a covardia mofa, embora disfarçada, dos déspotas da ilusão mentirosa se fazia presente. Bem por isso, levantou os paralíticos; limpou os leprosos; restituiu a visão a cegos; reabilitou mulheres infelizes; curou os loucos de todo gênero, nada obstante, em troca do amor que dedicou aos combalidos nas provas, foi alçado à cruz e seus pés, que haviam caminhado para a semeadura do bem, estavam agora ensanguentados. Oh! Sim. No quadro dantesco, suas mãos generosas e acariciadoras transformaram-se em duas rosas vermelhas, gotejando o sangue do suplício e, em sua fronte que haviam abrigado os pensamentos mais puros do mundo, se mostrava aureolada de espinhos.
O Mestre, uma cascata de luz e de alegria, prenunciando a vitória da vida sobre a morte, do bem sobre o mal, da bondade sobre a perversidade, da luz sobre as trevas, roga a Deus com extrema sinceridade: "Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem."
Quanto mais avança o Tempo nas trilhas da História da humanidade, deixando a saudade de sua presença física para apartando-lhe da figura sublime, no íntimo de nossos espíritos, mais amplo esplendor lhe assinala a presença. De fato, a ninguém será licito desconhecer que Ele não era legislador, mas a sua palavra colocou os princípios da Misericórdia nos braços da Justiça; também não foi um administrador, mas instituiu na Caridade o campo da filantropia através da assistência fraternal em que os mais favorecidos podem amparar os irmãos em penúria.
No seu apostolado de amor não era escritor, mas, apesar disso, inspirou as mais belas páginas do amor ao próximo para a Humanidade. Não se fez de rábula ou de advogado, entretanto continua através dos tempos a ser incansável defensor de todos os fracos e oprimidos, aqueles que vêm na retaguarda.
Jamais sonhou em ser engenheiro ou arquiteto, mas sem contradita, continua edificando as mais sólidas pontes, destinadas à aproximação e ao relacionamento entre as criaturas na pratica da do bem e da solidariedade.
Não era médico, mas prossegue sanando os males do espírito, convidando os aprendizes da filantropia ao levantamento de hospitais e das obras de benemerência, capazes de estender alívio e socorro aos doentes. Como maior pedagogo da história da humanidade, ensinou a prática do amor, renunciando à felicidade de ser amado, revolucionando o amor que trazia no peito, para exaltar exaustivamente a extinção do ódio, desculpando sem condições a todos àqueles que lhe ultrajaram a existência.
Cabe ainda dizer, que quando crucificado e tido por malfeitor pela assembleia comandada por Caifás, há mais de vinte séculos, quando os povos tentam apagar-lhe os ensinamentos, a civilização tremeu nas bases, e o homem de Nazaré até hoje está venerado pela festa de natal, conservando a sabedoria e a beleza dos anjos conhecido pelo nome de Jesus Cristo.
Ipso facto, o relógio da eternidade, na linha do tempo, mal iniciara a movimentar-se, marcando o tempo do novo planeta em um local primitivo, que parecia um imenso laboratório de experiências, com plantas e animais, um imenso jardim de delícias e de surpresas, onde quase tudo ainda estava por ser descoberto pelo habitante mais ilustre, o ser humano, os ventos varriam a atmosfera, como num ensaio de sinfonia.
Nesse cenário, nas proximidades da crosta terrestre, o Governador Planetário recebeu milhares de almas, vindos de Capela, exilados por amor e que deveriam encarnar e reencarnar, através dos tempos até despertarem de seu sono letárgico.
Eles vinham aprimorarem suas deficiências morais, e auxiliar no progresso do planeta que ensaiava para um destino maior, vale dizer, servir de morada as criaturas da Potestade; alguns dos candidatos, se mostravam entristecidos, preocupados outros, ante o que lhes caberia realizar, nesse novo lar. Nesse ensejo, Jesus, o Suave Pastor, lhes falou do amor e da justiça do Pai, que a nenhum dos Seus filhos abandona. Acenou-lhes com o trabalho imenso que teriam, exatamente como imigrantes em uma terra nova e inculta. Disse-lhes dos méritos e dos louros que lhes seriam concedidos.
No entanto, mais do que tudo, confrontou-lhes as almas, afirmando que um dia viria estar com eles. Por isso, na História das civilizações mais antigas são encontradas profecias, lendas, augúrios que falam de um Rei, que abandonaria as estrelas, e habitaria entre os homens. Apontam um Ser especial, luminoso, que viria de um lugar distante, para amá-los.
O povo de Israel falou de um Messias, cantado e apontado pelos antigos profetas em versículos recheados de esperança. Passados os séculos, Ele veio. Anunciado por uma estrela, atraiu a atenção dos estudiosos magos que viviam em várias partes do Oriente. O Rei dos reis, nosso Senhor Jesus Cristo. Nos campos de Belém, pastores foram visitados por um mensageiro que lhes disse vir trazer uma notícia de grande alegria. O Rei solar viera estar com os Seus. Tomara um corpo de carne e, pequenino, envolto em panos, numa gruta, se encontrava protegido pela ternura de uma mulher e a fortaleza de um homem.
O Pastor viera para as Suas ovelhas. A noite de Belém, da estrela, dos pastores, do cântico celeste se reprisa a cada ano. É Natal. Estejamos atentos. Permitamo-nos ver a estrela do amor, ouvir o canto da esperança, e, desse modo, no transcorrer do ano, na sofreguidão que toma conta das almas, em busca do reto cumprimento dos deveres, e do apoio indispensável à família, vamos tocando a vida com alegrias, tristezas, momentos de dor e de felicidade, componentes da cesta básica da vida.
Oxalá, nenhuma criatura da Divindade se esqueça de que é um momento especial de renovação para o espírito, pois assim como Deus na sua infinita sabedoria deu à natureza a capacidade de desabrochar a cada nova estação, da mesma sorte, haure-se pela passagem do Natal, a esperança do amor de Jesus, com a capacidade de recomeçar a cada nova celebração de sua efeméride.
Do amigo de sempre.
Jaime Facioli