No entardecer, senão no anoitecer das provas e expiações, as criaturas do Divino, acolá, alhures e algures, não é incomum se questionarem, e agora, o que fazer? Sinto-me velho, a família já constituída, os filhos criados e os projetos de outrora sonhados já se concretizaram, de modo que, em verdade, nada tenho porque reclamar, senão essa sensação de inutilidade.
É então que digo para mim mesmo, que apensar das bênçãos recebidas, não é meu desejo ser ingrato, mas, oh! Sinto as energias esvaírem-se e o tônus vital extinguir quando o desânimo bate à porta, trazendo consigo doenças de todo jaz, e, entre os seus companheiros de enfermidade, trazem o primo Alzheimer, enfermidade neurodegenerativa progressiva com deterioração cognitiva da memória, vestindo-se dos sintomas neuropsiquiátricos, alterando o comportamento que se agrava ao longo do tempo. Ah! O que fazer para permanecer útil diante dessas visitas indesejáveis que não se pode evitar, eis a questão que se apresenta e não se cala diante da realidade inescapável.
A explicação está no santuário da vida, diante de lições que auxiliam os períodos de entibiamento dos viajantes das estrelas, que anelam por se fortalecerem, quando os momentos aziagos chegam trazendo o desanimo diante da vida que segue bela, colorida e consentida.
A oportunidade permite sedimentar a retórica em comento, na emoção da pena que relata, no exemplo da longeva caminhada de Clint Eastwood, um dos atores de Hollywood. Consta nos anais da história, que como protagonista de aproximados oitenta filmes em sua carreira como ator, diretor, produtor e compositor de trilhas sonoras, aos oitenta e três anos, certa feita foi entrevistado por um veículo de comunicação sobre como conseguia estar tão ativo, depois da longa jornada que o levou até a idade provecta, vencendo as barreiras do tempo.
A resposta objetiva afirmou que o seu segredo era o mesmo desde 1959, declarando ipsis verbis: “fico ocupado, não deixo o que é velho entrar em casa”. Ah! O arrimo é verdadeiro, pois é indispensável que as criaturas se mantenham uma vida ativa, preenchida de ocupações e de tarefas úteis. No planeta de provas e expiações, onde as criaturas do Eterno transitam realizando provas, há incontáveis modelos para ser seguidos na manutenção da cognição, seja pela aquisição dos conhecimentos, seja na percepção que os levem a reflexionar sobre as infinitas possibilidades da busca do transcendental.
Sob o pálio desse sentimento, por isso mesmo, o primo Alzheimer e seus amigos íntimos ficam bem distantes do desânimo, da depressão e das angústias afligentes, que pretendem fazer morada na casa mental dos filhos da Potestade no anoitecer das provas.
Com esse apoio, têm-se em toda a história da humanidade, exemplos dos que não se deixaram abater pela chegada da madrugada, como por exemplo, o da Santa Madre Teresa de Calcutá, fundadora da Congregação dos Missionários/as da Caridade; 600 missões por toda a Índia e em mais de 100 países; dedicou toda a sua vida ao próximo no exercício do amor ensinado por Jesus; despediu-se do seu missionato aos 87 anos de parada cardíaca, não sem antes ser beatificada pelo Papa João Paulo II no ano de 2003, no início do século XXI.
Em nome dos mesmos lhanozos propósitos, encontram-se as venerandas figuras de São Francisco de Assis, Adolfo Bezerra de Menezes Cavalcanti, médico, Marter Luther King Junior, o pastor negro, Francisco Cândido Xavier, Hippolyte Léon Denizard Rivail, professor; Divaldo Pereira Franco, embaixador da paz, Amália Rodrigues, Irma de Castro Rocha (Meimei); Eurípedes Barsanulfo, André Luiz, médico e a inesquecível benfeitora Joanna de ngelis.
A lista dos arautos do bem é infinita, e não se pode enumerar a todos, sem que isso permita olvidar de Mohandas Karamchand Gandhi, advogado, assassinado aos 78 anos de vida por um adversário da luz, mas deixou em sua trajetória um hino de amor e luz, máxime porque, sem derramar uma gota de sangue, seguiu as pegadas de Jesus, pelo exercício da não violência, e libertou seu povo do jugo dos ingleses.
Ora, sim, todos esses missionários do amor seguiram as orientações de Jesus, o modelo e guia da humanidade, cerrando fileiras como arautos do bem, seguindo o modelo e guia da humanidade, Jesus de Nazaré, pois jamais se permitiram que a ociosidade tomasse assento em suas vidas, para oportunizar a depressão, o desanimo e síndrome de pânico, no anoitecer das provas, expiações ou missionato.
A verdade é que, indistintamente todos trabalham para o progresso, anunciando a boa nova de que os filhos do Altíssimo estão destinados para chegarem nos páramos celestiais e todas as criaturas, frutos das mãos abençoadas do Senhor do Universo foram criadas simples e ignorantes, mas com talentos e recursos que devem ser postos à disposição da sociedade e da comunidade em que mourejam a fim de se multiplicarem.
Sob o manto do bem proceder, a ninguém será lícito afirmar, que não sabe fazer nada ou que não serve mais para nada, sob o desculpismo de estar no fim da jornada de provas. Que não se engane a rasa filosofia. Sempre existe a possibilidade de se encontrar algo útil, algo que acrescente, lançando atitudes meritórias, algo de bom e belo, seja um trabalho comunitário, a ajuda na quermesse de sua igreja, servir a sopa proporcionada pela casa espírita ou de qualquer entidade benemerente que se filie; escrever um livro, servir de modelo com a sua conduta, aqueles que transitam na grande viajem na nave espacial chamada Terra, pois todos são importantes e tem espaço no grande Universo de Deus.
A dedicação, seja qual for, há que ser realizada com empenho, emulando-se para oferecer o melhor para todos, sejam os benfeitores ou aqueles que irão usufruir das mãos caridosas que dependam das ações generosas. Esse procedimento não permitirá a chegada das doenças, possibilitando manter-se longe da depressão, do desânimo e do pânico.
Mantendo a mente e o corpo saudáveis, o espírito segue em direção aos páramos celestiais. Isso é ser útil. Assumamos de maneira ampla as responsabilidades familiares, no papel que nos couber na dinâmica do lar. Sintamo-nos comprometidos nas relações sociais, e nas horas que sobram, busquemos um trabalho voluntário, dedicando-se de maneira abnegada, preenchendo o tempo vazio de forma proveitosa.
Com o passar dos anos, é natural que se tenha que ajustar a dinâmica da vida. Os filhos deixam o lar para construir o seu; a aposentadoria chega e, se as responsabilidades antigas não têm mais espaço em nossas vidas, pensemos em outras possibilidades para continuarmos sendo úteis. Se já não precisamos dedicar longas horas do dia para o exercício profissional, podemos servir, um tanto mais, no voluntariado.
Sempre se pode ser útil. Nossas habilidades manuais, capacidades que desenvolvemos poderemos encaminhar para uma instituição específica, para atendimentos individuais. Pensemos que o envelhecimento do corpo é um processo natural e inevitável enquanto permanecermos encarnados, o que não deve nos retirar o prazer de viver, a jovialidade, a alegria de sermos úteis.
Em qualquer tempo, em qualquer localidade que os filhos do Eterno se encontrem, sempre haverá uma oportunidade para realizar alguma atividade, ainda que no limite das forças, e, será esse proceder que irá ditar as regras, para se afastar os desânimos e as aflições do anoitecer das provas e das expiações, porquanto se desejarmos poderemos como deuses, com “d” minúsculos que são os filhos de Deus, transformar as horas vazias em horas produtivas.
Não permita, pois, que a mente e o tempo livre sejam ocupados por coisas velhas, superadas; utilize-se das lições de Clint Eastwood. Permaneça “ocupado, não deixe o velho entrar em casa”, seja as lembranças amargas, sejam os dissabores ou os embates que já foram vencidos no passar dos anos.
Com esses sentimentos, é de vivo interesse aos candidatos à felicidade, à luz do ideário do arauto do bem, o espírito de Meimei, pela psicografia de inesquecível Francisco Cândido Xavier, inserta no livro Amizade, lição n. 2, página 20, não olvidar jamais de agradecer, quando momentos de angustias e depressão afrontar o seu bom senso, são as suas mãos ocupadas que constroem a existência.
São as mãos que trabalham, as que decoram com as tintas da alegria e da esperança a vida bela, colorida e consentida; da mesma sorte, em nome da compreensão e entendimento do ser personalíssimo, os filhos da Potestade devem endereçar seus sinceros pensamentos de gratidão as criaturas desalinhadas, que vez por outra ferem os sentimentos mais íntimos d’alma, com os acúleos da incompreensão e da ingratidão, porquanto nesse proceder obnubilado dos irmãos em dissintonia, há sempre um mestre ensinando a preciosa lição para se conviver e servir em nome do amor celeste.
Para tanto, se afastar do desanimo, é bem proceder, servir nos hospitais, nos asilos, ou as crianças desprovidas do afeto familiar, procedendo de tal forma que esse comportamento seja uma obra de filantropia a ser seguida em nome do Mestre Jesus, porque essa escolha de direção embala os anseios dos que trabalham para terem puro os corações, como recomendou o Divino Pastor, e traz ínsito os hinos da paz e amor que inspiram as realizações pulcras d’alma.
Com essas reflexões, recebam as congratulações pelo ano de 2021 que se inicia repleto de esperanças, trabalho, saúde e paz, junto ao ósculo depositado em seus corações em nome da oblata da fraternidade, com votos de um ótimo fim de semana.
Do amigo fraterno de sempre.
Jaime Facioli