Uma das vertentes da questão que mais espicaçam os viajantes em busca da felicidade, no carreiro das provas e expiações, respeitada as naturais divergências, é a interpretação que os inscritos na universidade da existência buscam bem compreender, no dogma da fé, alicerce das religiões que buscam luzes luminíferas sobre os sentimentos d’alma, motivo de os profitentes do tema anelarem com sofreguidão encontrar os caminhos das bem-aventuranças, religando-se ao Senhor do Universo.
Registre-se, nesse comento, algumas pinceladas sobre o objeto dessas reflexões, dizendo que para a fé transportar as montanhas há que se compreender que o dogma da fé religiosa se apresenta como fé cega, ou raciocinada, sendo essa última inabalável.
Sim, a fé é cega quando nada examina, aceitando sem o judicioso exame tudo que se lhe apresenta, tanto faz ser o falso como o verdadeiro, o que gera um choque com a razão, de modo que a fé cega quando levada ao extremo conduz ao fanatismo. Por outro lado, a fé raciocinada se escora na verdade objetiva concluindo no fulcro da realidade que nada tem a temer, porquanto o que é verdadeiro na obscuridade, também o é na luz que clareia os avanços da lei de progresso.
É vero, pois, sob o manto dessas considerações, se dizer que o poder da fé, é um atributo imaterial, abstrato, no qual os estudantes do tema estão mais acostumados a examinarem a questão, pela ótica dos cinco sentidos fisicos, ou seja, o paladar, a audição, a visão, o olfato e o tato, sem o cadinho da análise do fator objetivo, questão transcendental diante dos valores da alma.
Indiscutivelmente, nesse caso, são os valores éticos e morais que sedimentam a fé, através do raciocínio, de sorte que quem a possui não se abdica da mais preciosa prerrogativa da criatura humana em evolução, que é o raciocínio e o livre-arbítrio. Com essas considerações, estão convictos de que a base do estudo é a inteligência perfeita daquilo em que se deve crer, concluindo que para crer, não basta ver, mas é indispensável compreender.
Sem contradita, no foco desses pensamentos, é singular refletir que para se “transportar as montanhas”, na forma pedagógica e alegórica utilizada por Jesus, não se trata de transportar as montanhas físicas.
Contrário senso, a locomoção das montanhas, sãos as enormes dificuldades do caminho, e as pedras estão simbolizadas nas resistências insensatas, na má vontade, na falta de altruísmo, ou sob outra dicção, tudo que obnubila e emperra o carreiro dos candidatos à felicidade; obviamente nesses apontamentos, compreende-se os preconceitos, os interesses materiais, o egoísmo, o fanatismo e as paixões orgulhosas, em tábula rasa, com toda prática pusilânime que dificultam os exegetas e interessados no exercício da Lei de Progresso.
Para ser persistente na fé é necessário a transformação dos valores éticos e morais, modificando-se os estudantes do bem, para otimizarem em si, o homem de bem, razão para se considerar as alegações de Paulo, o apóstolo do Raboni, quando afirmou, “ipsis verbis”: "Morro todos os dias, e é por isso que eu vivo, mas não sou eu que vivo, é o Cristo que vive em mim", demostrando destarte a ilimitada fé raciocinada.
Oh! Sim. Que ninguém se engane com a coragem indispensável para a sua transformação; porque o exemplo da fé inabalável do apóstolo Paulo está presente no seu comportamento, considerando-se que depois de transitar, pelas vias da fé cega e da crueldade; sabe-se que ele chegou à perseguição aos cristãos, tanto que fora à Damasco para matar Ananias, porque, antes de se converter, ao cristianismo, cresceu à sombra da mais perfeita tradição judaica, e, como Saulo de Tarso, perseguiu com sofreguidão os discípulos de Jesus nos arredores de Jerusalém.
O relato histórico e estoico em apreço, é de que foi naquele momento que ele teve um encontro com o Divino Mensageiro do Pai Celestial, modificando o seu comportamento para fé inabalável e raciocinada, razão porque levou seu apostolado para todos os rincões, e, no ápice de sua transformação, disse com toda a emoção de sua alma, a inesquecível frase: "Morro todos os dias, e é por isso que eu vivo, mas não sou eu que vivo, é o Cristo que vive em mim".
Bem se vê no relato do Evangelista Mateus no cap. XVII v.,14/20, na dúvida e na bulha, quando os seus discípulos foram ter com Jesus em particular e lhe perguntaram: Por que não pudemos nós outros expulsar esse demônio? – Respondeu-lhes Jesus: Por causa da vossa incredulidade. Pois em verdade vos digo, se tivésseis a fé do tamanho de um grão de mostarda, diríeis a esta montanha: Transporta-te daí para ali e ela se transportaria, e nada vos seria impossível.
Ora, que não se engane a rasa filosofia dos estudiosos, porque sim, os discípulos andavam com o Mestre, tudo assistiam e tudo ouviam das lições de HIALINA CLAREZA, convidando-os para guardarem a fé raciocinada, a fé que remove as montanhas, a fé no Eterno; como então sedimentar a fé, a fé que está sob nossos olhos, seja na vida, pela pluralidade das existências, seja na fé inabalável das reencarnações, convencendo as criaturas em trânsito pelas estrelas, que são e serão para o todo sempre, filhos do Eterno?
No manto desse questionamento, que responda a consciência do justo, porque o ponto nodal sub exame, parece à saciedade, apesar das imensas dificuldades no gesto de bravura, repousa nas transformações, e no esforço inaudito para promover as mudanças indispensáveis nos viajantes da felicidade para envergarem as vestes do homem de bem, como ocorreu com Paulo de Tarso.
A mudança de postura é o emular-se para a mutação interior, atributo estoico e ponto fulcral que anseia por considerações, como se examina na mutação experimentada pelo Bispo de Hipona, na medida em que em sua trajetória, também ele experimentou incertezas acerbas, posto que se valeu das licenças morais oferecida pela seita que abraçou nos tempos remotos de sua juventude, incorporando-se ao maniqueísmo, onde desfrutava uma gama de “licenças morais” que a consciência do justo não chancela.
Apensar dos pesares, como na vida tudo passa, as amargas experiências das provas, ele também passou, ao encontrar o muro de arrimo de Santa Monica, sua mãe, que no exercício da fé inabalável, dobrou os joelhos por ele por mais de 25 anos, na oração fervorosa, e eis que a sua conversão se deu para gáudio de todos que buscam a fé inabalável.
Hoje, Santo Agostinho, o bispo de Hipona, considerado um virtuoso, pela sua transformação para a fé raciocinada, é um dos espíritos nobres que milita nas hostes do bem, e, entre as ações beneméritas, auxiliou no pentateuco espírita, entre as regras basilares inscritas nas questões 918, sobre o homem de bem e na questão 919, sobre o exame de consciência, inscritas em “O Livro dos Espíritos”, argamassando os exemplos do exercício da fé inabalável.
Ponto finalizando, argamassando o vetor da inevitável transformação, Francisco Cândido Xavier notabilizou uma ocorrência desse jaez, onde o esforço é indispensável para o bom combate, contando que, num de seus dias de amargura, solicitou Emmanuel, que levasse um pedido de socorro à Maria de Nazaré, para que ela o consolasse, diante os graves problemas que enfrentava. Após alguns dias, o benfeitor retornou dizendo-se portador de um recado da Mãe de Jesus.
Chico imediatamente pegou papel e lápis e colocou-se na posição de anotar: Pode falar, tomarei nota de cada palavra. Emmanuel, atencioso, lhe falou: Anote aí, Chico. Maria me pediu para que trouxesse o seguinte recado: “Isso também passará. Chico perguntou ao benfeitor: Só isso? E ele respondeu: É, Chico. A Mãe Santíssima pediu para lhe dizer que isso também passará.
Oxalá os viajantes em busca da felicidade, sejam persistentes na fé raciocinada, porque as inseguranças também passarão, permitindo se alcançar a ágape da alegria para caminhar com o diploma da fé religiosa na condição de inabalável, entre as criaturas que transitam pelas estrelas em busca dos páramos celestiais, com Jesus, por Jesus e em Jesus.
Por derradeiro, como a vida é bela, colorida e consentida, traz em sua essência a poesia de serem os filhos do Eterno, herdeiros do universo, segue o ósculo depositado em seus corações, com a hóstia da fraternidade universal, anelando tenham os amigos de todo o sempre, um final de semana num rosário de bênçãos de muita paz em nome do Divino Pastor.
Do amigo fraterno de sempre.
Jaime Facioli