Sem contradita a comunicação das criaturas com o seu criador é uma súplica que não se pode mensurar na régua dos valores conhecido pelos filhos do Eterno, porquanto esse pleito atravessa e mergulha nas fronteiras do transcendental, onde os aflitos depositam as suas mais profundas rogativas, conscientes de que a Inteligência Suprema, Causa Primeira de Todas as Coisas, não sobrecarrega os ombros de seus filhos, senão no limite de suas forças, e apenas para o necessário aprendizado, jamais sobre o apanágio do castigo ou dos prêmios.
Os prolegômenos ensejam considerar a oração como um S.O.S, um grito de socorro pedindo auxílio, proteção ou um canto de gratidão, um ato de louvor, em síntese um poema de amor, dirigidos ao Senhor do Universo, resultando de um modo geral, que as criaturas para orar sintam a necessidade de assumir uma determinada postura ou ritual dogmático.
Não. Isso não reproduz na integra os sentimentos d’alma, porquanto in veritas, embora seja salutar a interiorização na busca do espírito, o ser imortal, o fato é que a oração na sua natureza exógena é muito mais abrangente, quando se entende que o Pai Celestial é o criador de tudo e a comunicação com Ele pode ser constante estendendo-se sobre todas as coisas.
Desse modo, orar significa ligar-se com o Criador, ocorrência que se dá por um simples pensamento de gratidão, quiçá, no simples olhar pela janela e cumprimentar o dia que surge, radioso anunciando a nova alvorada, e o sol que chega oferecendo vida e vida em abundancia, no calor que brota n’alma daquele que extravasa em um mudo pensamento religando a criatura com o criador, na força do sentir no novo dia que se apresenta, repleto de novas oportunidades para se escrever na nova página da vida na renovada etapa que se inicia.
Oh! Meu Deus, quantas vezes teus filhos, admirados e encantados pelas flores que, no jardim, da vida, sob a tua benção do amor, os levam a disputarem o perfume, a cor e encanto, que elas trazem com a autenticidade de Teu autógrafo na beleza colocada pela Tua Potestade no altar da natureza, exclamando: Meu Deus, que maravilha!
Ah, sim. São preces espontâneas que brotam dos corações amorosos, quando depois de longa estiagem, as nuvens se avolumam trazendo a chuva generosa, no clamor da terra, que sorve a água com sofreguidão, ouve-se a voz dizem em alto e bom som, o graças a Deus. Sim, é inegável que se trate de orações formuladas espontaneamente, anunciando com as forças da gratidão, os filhos do Eterno, quando abrem o tesouro de seu coração.
Sob o manto do apanágio do encontro da Samaritana com Jesus no poço de Jacó, a samaritana dialoga com o Mestre, entre outros temas naquela ensanchas, quando Jesus pede a ela água, abordou-se sobre o lugar da adoração, o tempo da adoração, a quem se deve adorar, e o modo correto de se adorar, foi quando o Messias respondeu dizendo:
“Vós adorais o que não conheceis, ...”. Jesus esclareceu que: “O verdadeiro Deus só pode ser adorado, desde que seja verdadeiramente conhecido; concluindo, o homem de Nazaré disse então: “Vem a hora e é agora, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e verdade”.
Sim, a hora é agora, o modo é se empenhar na prática da caridade para atender aos necessitados, socorrer os caídos, oferecer o ombro amigo, ouvir as lamentações daqueles que ainda não aprenderam a se conectar com o Divino, porquanto nesse proceder reside a oração mais agradável a Deus, depositando nossa oferenda nos pés do altar, indo primeiro socorrer os aflitos e ao depois prestar o seu louvor ao Criador.
Com essas reflexões, será difícil orar ou encontrar o lugar apropriado para oferecer o óbolo ao Senhor da Vida? Diz a consciência do justo que não. O lugar físico pouco importa, porque é do coração que parte os sentimentos puros de gratidão e a oração não se destina apenas a exteriorizar pensamentos pelos lábios, mas abrir-se em corpo e alma, agindo em nome do amor, ainda que seja, amparando um animal abandonado, providenciando alimento às aves que embelezam o jardim da vida em sua visita para mostrar que o Pai cuida também delas que não trabalham nem fiam.
Sob esse díptico, é possível orar cantando a alegria de viver, que também é uma suplica de alcance inimaginável, posto que a música da alegria de viver tem a magia de exteriorizar os mais excelsos sentimentos.
Diante dessa inefável realidade, quando se canta os versos que exaltam a Criação, se está conectado com o Divino, e as canções são de extrema sensibilidade elevando a alma até o Divino, máxime quando se usa do sentimento para articular as palavras que vem do tesouro do coração, na melodia de autoria de Alberto Janes, interpretada por Amélia Rodrigues, com frases do cap. 24 do livro sob a proteção de Deus, psicografado por espíritos diversos pela editora Leal, na psicografia de Divaldo Franco, também cantada por outros trovadores ao declamarem:
“Foi Deus que deu luz aos olhos, perfumou as rosas, deu ouro ao sol e prata ao luar. Foi Deus que me pôs no peito um rosário de penas, que vou desfiando e choro a cantar. Pôs as estrelas no céu e fez o espaço sem fim. Deu o luto às andorinhas e deu-me está voz a mim. Se canto, não sei o que canto, misto de ventura, saudade, ternura. Talvez amor. Mas sei que cantando sinto o mesmo quando se tem um desgosto e o pranto no rosto; nos deixa melhor. Foi Deus que deu voz ao vento, luz ao firmamento e deu o azul às ondas do mar. Fez poeta o rouxinol, pôs no campo o alecrim, deu as flores à primavera. E deu-me está voz a mim”.
Indiscutivelmente, a poesia é uma oração de louvor, de reconhecimento ao Criador, e de profunda gratidão, enquanto a melodia e os versos envolvem os que oram que ao cantarolarem a melodia vão espalhando as vibrações no mundo em gratidão a vida, bela, colorida e consentida.
Nessa forma de orar, espalhando a alegria, resulta ser grato pela vida neste planeta, pelos amigos, pela família, pelo lar, pelo trabalho, pela saúde e por tudo que o Eterno oferece as suas criaturas, pois a oração é o canal desimpedido para falar com Deus, e, jamais será demasiado orar para se inspirar no reto proceder e aproveitar o ensejo para louvar o Excelso Criador.
Sob a luz dessa reflexão, em nome da oração silenciosa, sustenta-se que no tálamo conjugal a afetividade deve ser a palavra dulcificada e o olhar de mansuetude, reforçando os relacionamentos para reduzir os atritos do conúbio onde as diferenças exercem a função de educadora das criaturas em provas e expiações.
Não seja de se estranhar, que as preces em ocorrências desse jaez, na alegria, tragédias ou catástrofes, os irmãos de caminhada se solidarizam, refugiam-se no apoio incondicional da fraternidade, nos casos de tsunami, terremotos, enchentes e acidentes de toda natureza, apresentando a face do amor incondicional entusiasmando-se para socorrer aos que cumprem provas amargas.
Notório, também é que as preces sejam lenitivo salutar aos componentes de um clã, reunidos em um sepultamento, no consolo e na ternura, uns nos braços dos outros em meio as lágrimas da despedida daquele que parte deixando a saudades nos corações dos que ficam.
O amor conduzido pelas rogativas à Deus, é uma viagem para o imo d’alma, num encontro de si mesmo com o outro coração sofrido, abraçando o entibiado mediante atitude sincera de compaixão; desse modo, é natural no ser humano o desejo da virtude da afeição, nada obstante, vezes há, em que por razão de descuido, fraqueza ou vulnerabilidade, a criatura desatenta deixe passar em brancas nuvens a oportunidade da oração, virtude do amor e instrumento para lançar no livro da vida o gesto de caridade.
Os seres humanos, no ádito da existência para cumprirem os seus desígnios, passam por uma infinidade de experiências, e, na dinâmica desses acontecimentos, estão entre outras, as alegrias e as dores, sejam do corpo físico, seja d’alma, sempre carecedora da prece e da conexão com o Eterno.
Com essas reflexões, anelando seja essa mensagem uma sentida oração, recebam o abraço fraterno do amigo de sempre, desejando um ótimo fim de semana, ensanchas em que depositamos o ósculo da fraternidade em seus corações com a oblata do amor em nome do Divino Jardineiro.
Do amigo fraterno de sempre.
Jaime Facioli.