Na liça dos agnósticos, dos materialistas, ateístas, incrédulos e outros, como os deístas, politeístas, hinduístas, budistas, confucionistas, taoísta, xintoísta, senão as religiões tribais africanas ou americanas, todos são filhos de Deus e, cada um à sua maneira, crendo ou não, se emulam para explicarem ou negarem o Eterno, nada obstante, respeitada as naturais divergências, não existem registros exatos de quantas seitas estejam bem racionalizadas ao ponto de bem compreenderem na essência o transcendental, a onisciência, onipresença e onipotência.
Nessa ciclópica, interpretação, ainda que exista vocação dos estudiosos para aprofundarem o bisturi de seus conhecimentos no tema, a verdade é que todos pretendem ter a hegemonia sobre o Ser Supremo, conhecido por Deus, mas, admitida as naturais divergências, a realidade da melhor definição do Senhor do Universo, entre a plêiade de religiões interessadas na origem do Excelsior Criador, atentos aos limites humanos, sob o manto realista do tema sub-oculis, a mais robusta e cientificamente comprovada definição do Senhor do Universo, é a da doutrina espírita, conforme anota a questão número um de o “Livro dos Espíritos” esclarecendo à saciedade tratar-se da Inteligência Suprema, Causa Primeira de Todas as coisas, conforme comprova a resposta contida, na questão número quatro do mesmo Codex.
Esse é o objeto de fundo da epístola em apreço; para as criaturas do Eterno, mais precisamente as que se arrimam pensamentos de dúvida da existência no futuro, expectativa do que os aguardam no porvir, descrentes no Criador, em verdade estão mais interessadas em saberem o que fazer se não houver o amanhã nos carreiros da existência. A esses, diga-se que curiosos pelo tema, não raras vezes, deixam os interesses d’alma para o amanhã, olvidando de viverem o hoje, o aqui e agora.
Ora! Sim. Em tábula rasa, pode-se extrair no axioma da peça de Hamlet, a tragédia contada por William Shakespeare, o "Ser ou não ser, eis a questão", termo utilizado como pano de fundo filosófico, porquanto trata-se de uma frase que bem se alinha com os descrentes do porvir. Inegável, pois, que sob o fluxo desse aforisma, os que abraçam a filosofia da dúvida e da descrença sobre o amanhã, lançam um anátema na Divindade, pois, afinal, o Criador cuida ou não de suas criaturas, como assevera a promessa de Jesus na questão 963 de “O livro dos Espíritos”.
Aos que lançam a incerteza em seus corações, é de bom alvitre aprofundarem seus estudos sobre o filósofo grego, Epiteto em sua retórica sobre o estoicismo, porque, é impressionante o relato contido no livro "Sockdale on Stoicism", onde o ex-piloto descreve os ensinamentos da escola filosófica que oferece a certeza sobre o amanhã, de sorte que nada se tendo a perder, nada há a temer.
Na psicossíntese do tema, registre-se que o filósofo de que trata a questão em exame, teve uma vida singular, nascido aleijado, escravo em uma família romana, teve acesso à educação quando criança, especialmente às aulas do estóico Rufo, logrando êxito em obter a sua carta de alforria para em seguida iniciar o seu magistério, ensinando filosofia em Roma, de sorte que viveu entre os filósofos dantanho.
Epiteto na Grécia fundou a escola de filosofia, espraiando seus ensinamentos com forte influência na construção do pensamento ocidental, impactando personalidades importantes nas áreas da filosofia, da literatura, na teologia e outras disciplinas, tanto como entre as personalidades como o psicólogo Albert Ellis, o fundador de um sistema de psicoterapia cujo fulcro nasceram de suas ideias.
Em verdade, sua influência foi tão pródiga, que até na teologia budista esteve presente na personalidade do reformista Kiyozawa Manshi. Ademais, não se olvida essa pena, a influência extraordinária em Sockdale, mencionado alhures, quando prisioneiro na guerra do Vietnam por 7 anos, período no qual foi torturado e espancado com regularidade, que somente o estoicismo, lhe permitiu a transformação do medo em atitude estóica capaz de o preservar para o amanhã.
Sim, todo o imponderável experimentado por Stockdale encontrou em Epiteto a base para se manter são ao longo desses anos, o amanhã de todas as criaturas do Altíssimo. Nessa fonte benfazeja Sockdale, dessedentou-se a sua sede do amanhã até afirmar que:
“Epiteto esteve comigo enquanto eu estava combatendo, quando eu estava amarrado e preso, ele passou meses com vendas nos olhos junto de mim, ele esteve comigo quando eu achava que ia morrer. Foi ele quem me ensinou que minha verdadeira missão é manter controle sobre meus propósitos morais, e de fato, que meus propósitos morais são o que eu sou”.
Sem contradita, esse alinhamento com o amanhã, resulta compreender que o estoicismo é uma escola veneranda, de filosofia prática, confirmando que o estóico é aquele que transforma o medo em prudência, a dor em modificação e os erros em aprendizados, anelando o empreendimento do hoje e para agora, enquanto aguarda o alvorecer das novas oportunidades oferecidas pela Providência Divina. Essa com certeza uma das razões do físico alemão, Albert Einstein, ter em sua sabedoria afirmado, quando lhe perguntaram se ele acreditava em Deus, negando sua crença na potestade, esclareceu que não acreditava porque tinha a certeza de que Deus existe.
É preciso, pois, viverem o aqui e agora, dizendo às pessoas com quem transitam pelas estrelas o quanto elas são importantes, senão observar a beleza que o Senhor da Vida depositou no altar da natureza, para sentirem que tudo, absolutamente tudo é importante, e com lhaneza admitir que o amanhã está fora de seu controle. Nesse sentido, o Nazareno ensinou o “não se turbe o vosso coração”, porque para hoje basta as questões do presente, também argamassadas nas memoráveis reflexões de Epiteto, o filósofo grego do estoicismo, ao ensinar suportar as adversidades do momento, minimizando o que está fora do controle.
Sob o signo dessa certeza, anota-se o fato de que tudo que está fora do controle, seja nas ciências, seja na vã filosofia dos filhos da Potestade, sem contradita é obra do Criador do Universo, sendo despiciendo às almas em trânsito pelo belíssimo planeta Terra, em provas e expiações, lançarem dúvidas sobre o que está fora de seu campo de aprendizado, razão, motivo e causa porque estabelece a filosofia popular que o futuro a Deus pertence.
Ah, sim, nesse sentido se deseja que os viajores da felicidade percebam que agora é a hora, hoje sim, é o momento em que sem perda de tempo, digam de si, para consigo mesma, que hoje devem-se deter um pouco mais ao lado da pessoa amada, seja no tálamo conjugal ou no conúbio eleito para a alegria do ser gregário.
Não se permita, jamais duvidar da existência do porvir, porque Deus sabe o que faz, e aos seus herdeiros cabe ouvirem atentamente o som da natureza, a chuva que cai mansinho sobre a terra fortalecendo a lavoura, transformando-se depois de repletar os reservatórios desse liquido precioso, ao evaporar, modificar-se no éter para subir às nuvens e, repetindo o fenômeno da metamorfose n’agua, em breve porvir sanear a atmosfera e em seguida derramar o líquido precioso para de novo e de novo reverdecer a terra na ágape da continuidade da existência.
Acresça, por necessário na retórica, considerando o viver bem o hoje, o aqui e o agora, porquanto, ainda que não se fizesse ouvidos moucos as incertezas dos que duvidam, nada perde aquele que crê na Divindade, porque, se hipoteticamente não existisse o amanhã, o que se poderia perder, ouvindo as boas ideias trazidas pela inspiração, como as que chegam com o vento que ninguém sabe de onde vem ou para onde vai, suavizando a vida, o tom da voz, o jeito, de abraçar ou de viver em plenitude.
Ora sim, se não houvesse o amanhã qual seria a perda que se teria em saber aqui e agora, qual a sua música preferida, a sua cor predileta ou os momentos de alegria? A simples lógica diz que nenhum prejuízo se teria. Então, hoje, vou observar com olhar da serenidade, descobrir os desejos, anseios, sonhos secretos e projetar no universo como realizá-los, porquanto, se não houver amanhã, eu quero hoje, aqui e agora, ter gravado em minha retina o sorriso, o jeito de ser, as manias, guardar para o todo sempre as bênçãos recebidas.
Oh! Meu Deus, hoje, aqui e agora, toda hora é hora para conversar com a tua Potestade, então eu quero fazer uma prece para descobrir meus desejos íntimos, anelando em meus anseios que a magia do momento me traga a serenidade, subindo aos céus pelos fios invisíveis da oração.
Hoje também vou me sentar na relva macia, ouvir a melodia dos pássaros, escutar a chuva que cai de mansinho, sentir a brisa acariciando meu rosto, meditando na vida, bela, colorida e consentida, e, no silêncio d’alma, sem pressa, aproveitar a introspecção para pedir um favor e agradecer ao Pai Celestial, me desculpar, pedir perdão dos desatinos praticados na jornada de aprendizado, pois nada perderei.
Hoje tomarei a decisão de não deixar para amanhã o que posso realizar hoje, aqui e agora, porque o amanhã é apenas o prelúdio de novos horizontes, aconteça o que acontecer, o hoje do verbo presentear é aquele substantivo presente (gesto de carinho) do Senhor da Vida para aqueles que duvidam da existência, dando-lhes confiança para não se afastarem do Eterno, mas segurar em suas mãos pois Ele é onipotente, onisciente e onipresente.
No epílogo, registre-se que no amanhã o sol será o mesmo mensageiro da luz, ainda que as circunstâncias, pessoas e coisas estejam diferentes, bem por isso, o hoje, o aqui e agora, significa o seu momento de agir, semear, investir, desabrochar a afetividade consigo e em favor daqueles que desfrutam a sua amorável convivência, na certeza de que o seu momento presente é o melhor período de tempo na direção do tempo sem fim até a eternidade.
Ponto finalizando, convicto de que o Senhor da Vida, Onipotente, Onipresente e Onisciente, pode habitar em qualquer lugar do universo, amando-nos como Ele ama suas criaturas decidiu-se por morar nos corações de seus filhos. Com essas reflexões segue o ósculo depositado em suas almas, com a oblata da fraternidade, em nome do Celeste Amigo, desejando um ótimo fim de semana na estrada da vida com muita paz.
Do amigo fraterno de sempre.
Jaime Facioli.