Uma questão de relevo na vida dos viandantes pelo Planeta Terra, nas provas e expiações, sem contradita é a aplicação do verbo aceitar, em todos os modos, tempos e pessoas, porque ele significa receber o que é oferecido pela Divindade, anuir com as Leis pétreas do Trabalho, aprovar ou resignar-se com as circunstâncias, quando não, sujeitar-se estoicamente a um fato inesperado ou contrário aos propósitos em perspectivas, reagindo com uma determinada postura ou assumindo compromissos de outrem.
Sob outra dicção, aderir a uma teoria, uma doutrina, assumindo a obrigação de colher o que se plantou em nome dos compromissos assumidos na senda das provas, ainda que nem sempre essas tarefas sejam aceitas pacificamente, quando da colheita que atende aos impositivos da lei de ação e reação sob o comando dos anelos daqueles que conjugam o verbo aceitar em sua plenitude.
Em o códex da existência, aonde O Homem de Nazaré sedimentou a inesquecível melodia do Sermão do Monte, se estabeleceu que são Bem-Aventurados aqueles que são brandos e pacíficos, e as incontáveis lições do Divino Pastor, máxime a mensagem de Lázaro, ditada em Paris em 1863, enriquecendo o pentateuco ao tratar do tema sobre obediência e resignação.
Assevera Lázaro que a doutrina de Jesus ensina que a obediência e a resignação são duas virtudes companheiras inseparáveis da doçura, e as criaturas não raras vezes as confundem com a negação do sentimento e da vontade. Nada obstante, esclarece a lição que a obediência é o consentimento da razão e a resignação é o consentimento do coração, e, ambas são forças ativas que carregam o fardo das provas que a revolta insensata deixa cair.
Diga-se, por esse viés, ser verdadeiro e quase trivial, que algumas criaturas se dizem vítimas das circunstâncias ou dos acontecimentos aziagas, ao externar pensamentos de inaceitação dos acontecimentos, ao dizerem desconhecer o que vieram fazer nesse mundo de Deus.
Sob o fluxo desses pensamentos, não aceitam as provas que o trabalho traz para o reto cumprimento dos deveres, que um dia elegerem quando no mundo causal, chegando mesmo ao extremo de preferirem o suicídio, insensatamente para pôr termo à existência bela, colorida e consentida.
A metáfora em apreço soa como uma obrigação, ou uma imposição da Divindade às suas criaturas, senão um castigo impingido aos viandantes, o que seria uma negação aos mais nobres sentimentos do Criador que é todo poder e bondade.
Oh!
Meu Deus. Ninguém é obrigado a nada nesta vida, feita de escolhas no exercício do livre arbítrio, mas que todos indistintamente estão submetidos às causas e efeitos, não sendo necessário plantar mas colher os efeitos das escolhas é uma obrigação.
Nesse sentir, nada acontece por acaso, mas por uma causa, a causa pela qual se admite a existência de uma única fatalidade, como sendo o objetivo e destino de todas as criaturas, transitando por escolhos, abrolhos, acúleos ou céu de brigadeiro, o fato é que todos chegarão aos Parámos Celestiais. Sob essa pontuação, é crível se afirmar que vir a esse mundo destina-se a dar o melhor de si para deixar rastros luminosos pelos caminhos percorridos.
Por isso, a aceitação dos inúmeros acontecimentos do dia a dia, traz ínsito os conceitos da aquiescência, da resignação e da obediência como forças poderosas da razão e do coração, lembrando que Jesus, nas palavras de Lázaro, foi a encarnação dessas virtudes, chegando no momento em que a sociedade romana perecia nos desfalecimentos da corrupção como ocorre ainda em alguns rincões desse mundo de Deus.
Com efeito, no caso em apreço, é cogente conjugar o verbo aceitar as provas e o trabalho, anuindo com a doutrina de Jesus que trouxe a luz no seio da humanidade abatida e desesperada, diante dos acontecimentos vivenciados demonstrando a necessidade do sacrifício e da renúncia aos maus procedimentos.
Sem embargos ao tema, imbuídos nessas considerações de entendimento, manifesta-se à saciedade que o barco da vida não está a desgoverno, mas sob a tutela do Governador desse Planeta, inexistindo motivo para a exclamação dos viajores dizerem por qualquer contrariedade, que “perdem a paciência” como dita o axioma popular.
Ora, sim. Aceitemos tranquilos que o corpo físico é transitório e destina-se a cumprir os compromissos assumidos na pátria espiritual, razão porque exauridas as energias vitais destinadas ao mergulho nesse Planeta Terra, o veículo para a viagem, envelhecerá, transformando-se, como asseverou Antoine Lavoisier, o químico francês em 1743, ao estabelecer que na “natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”.
De fato, sob a luz dessa concepção, não se concebe a irresignação quando os queridos familiares realizam a grande viagem de retorno ao mundo de onde partiram para o aprendizado.
A
ceitemos, pois, a realidade da vida, certos de que nossos pais, parentes e amigos, não estarão para sempre nessa viagem de aprendizado, mas, uma vez colando grau, buscam novos desafios de crescimento e pouco a pouco, eles, sejam os filhos, parentes e amigos, escolhem os novos caminhos para o progresso.
É nessa senda que se aceita com alegria que todos os bens nos foram confiados por empréstimos pela potestade, e, na qualidade de depositários, deveremos sim, ser fiéis a esses compromissos, para “oportune tempore” prestar contas ao outorgante, o Senhor da vida.
Espelhando-se na pétrea Lei do Trabalho, luz do caminho destinada a elevação espiritual, aceitemos de bom grado que todo sentimento de posse e apego aos bens materiais tem valor relativo e não podem servir de retardamento à partida oportuna em atendimento às leis divinas.
A mesma ocorrência se dá com as fragilidades do corpo físico, da estima pelos animaizinhos que alegram a vida, a casa de morada, o automóvel e tudo o mais, porque nada pertence àqueles que estão em trânsito, na viagem de aprendizado, eis que são meros usufrutuários dos bens, que servem de instrumentos para a elevação espiritual.
Oh! Que benção aceitar a vida, bela, colorida e consentida, desfazendo-se do sofrimento, do orgulho, da prepotência, para adotar a humildade, pondo brida destinada a cessar as guerras interiores, os maus pensamentos, desarmando os sentimentos inferiores contra os irmãos de caminhada e assim voar em busca da paz.
Com esses sentimentos d’alma, segue nosso ósculo depositado em seus corações com a oblata da fraternidade, na esperança de haurimos um ótimo fim de semana em nome do Divino Jardineiro.
Do amigo fraterno de sempre.
- Jaime Facioli -