Vive-se presentemente momentos de raro esplendor nas provas e expiações das criaturas da Consciência Cósmica: trata-se do convite para o crescimento espiritual, ainda que incontáveis criaturas jejuem ou restringem os hábitos alimentares, na esperança de obterem as graças divinas ofertando penitência ao Eterno, abstraindo-se de alimentos carnívoros na semana dita santa, substituindo esse alimento pelos crustáceos.
Respeitosamente, com fulcro na metáfrase atribuída a Voltaire, por Evelyn Beatrice Hall, estabelecendo que se pode não concordar com nenhuma das palavras que se digam, luta-se para preservar o direito de dizer, essa pena discorda dessa abstinência, entendendo que a penitência e o jejum da páscoa não encontram eco nos propósitos da paixão do Cristo de Deus.
A Páscoa é uma festa cristã que celebra a ressurreição de Jesus Cristo. Depois do reproche da cruz, seu corpo foi colocado em um sepulcro, onde ali permaneceu até sua ressurreição em espírito, razão de uma das mais importantes festas do calendário judaico, celebrada por 8 dias em comemoração ao êxodo dos israelitas do Egito durante o reinado do faraó Ramsés II, ou seja, a passagem da escravidão para a liberdade.
A ágape em apreço, associa a imagem do coelho, símbolo de fertilidade com ovos pintados em cores brilhantes representando a luz solar; nesse sentido, a origem do símbolo do coelho vem do fato de que os coelhos são notáveis por sua capacidade de reprodução, razão para se dizer que como a Páscoa é ressurreição e renascimento, os coelhos simbolizam a fertilidade, a renovação e a transformação, no caso em tela, a reforma íntima das criaturas para substituir o opróbio pela pulcritude.
Desse modo, o jejum e as penitências extravagantes não darão as bênçãos do senhor da vida em troca desses procedimentos; disse o Divino Pastor que não é o que entra pela boca o que importa, mas o que sai dela, porque o que sai da boca vem do coração.
Posto essa retórica, inegável que a comemoração da páscoa é a oportunidade de renascimento do homem velho para homem novo, parâmetro esse que oferece aos viajores a mudança de conduta, ao substituir a porta larga da vida na matroca, pela porta estreita através dos deveres retamente cumpridos respeitando-se as Leis da Divindade.
Trata-se de transformação que exige coragem para abandonar a pusilanimidade; optar pela passagem da porta estreita, dirá o Evangelho do Cristo de Deus, impõe um regime severo para abandonar as más inclinações, caso contrário não se passará pela porta estreita da transformação, porquanto se trata de procedimento personalíssimo.
Cogente pois, que os viajantes das estrelas, amigos e familiares podem realizar essa travessia, mudança e transformação independente do jejum alimentar, considerando que o autêntico jejum para a páscoa, e abandonar o vício do tabaco, de beber, de falar mal de outrem, de roubar, furtar ou ter qualquer comprometimento que ofenda as Leis Divinas.
P
or essa exata razão, cada viajor que transita por nossa existência, apesar da convivência fraterna, estará sozinho enquanto ser personalíssimo que ninguém poderá substituí-lo, nada obstante pareça um paradoxo, não seguirá a viagem a sós. É que em veritas, o homem novo, transformado seguirá Jesus com a sua paixão de amor pelos irmãos menores. Em síntese apertada, independente dos deliciosos ovos de páscoa, na tradição milenar do jejum, a autêntica atitude de jejum que o Divino Galileu anela de seus irmãos menores para homenageá-lo será:
Jejuar de julgar o próximo, descobrindo que o Celeste Amigo vive também por eles, os fracos e oprimidos. Aproveitar a oportunidade e jejuar nas palavras que ferem, machucam e estiolam os sentimentos de outrem. Mudar os pensamentos indignos do bom cristão, pelos venturosos, fartando-se de frases que purificam e elevam a alma aos páramos celestiais. Façamos jejum dos descontentamentos e da ausência de confiança em Deus vivendo com o coração repleto de gratidão pela vida, bela, colorida e consentida.
No campo das ofensas, sejam a quem for, nem falar, jejue sempre em nome do amor do Divino Jardineiro e farte-se da mansidão e paciência do irmão maior, nosso salvador e amigo de todas as horas.
Abstenha-se de atitudes pessimistas, enchendo-se de esperança e otimismo, na certeza de que o Senhor da Vida não põe fardos pesados em ombros fracos. Oh! Jejue sim das preocupações, satisfazendo-se da confiança plena na Divindade que sabe o que faz e sempre dá aos seus filhos o melhor, mesmo que muitas vezes, o remédio seja amargo.
É imperativo jejuar das lamúrias e das queixas, aceitando a vida como ela nos foi concedida, pois como herdeiros do universo, se tem a eternidade para vivê-la, apreendendo a satisfazer-se nas coisas simples do verdadeiro amor.
Enfim, jejue queridos amigos, das pressões, das tristezas, das amarguras, dos egoísmos e preencha sua alma de compaixão pelos estiolados, entibiados, os fracos que se encontram em desalinho como propôs o Divino Nazareno ao convidar a ir até Ele os fracos e oprimidos para serem aliviados sob o seu jugo.
Aproveite a ensanchas e Jejue de rancores, pensamentos de fraqueza enchendo o seu coração e sua alma de promessas que inspirem a aproximação de Jesus procurando D’ele se aproximar em nome do seu amor, de sua paz, e de sua confiança. Somente assim a quaresma será bem simbolizada no jejum que enobrece os filhos de Deus em direção aos páramos celestiais. Nesse estado dalma, não há como protestar pelas dificuldades em vencer as provas e as expiações.
Na contradita, inegável, isso é vero, deve-se aproveitar a passagem da semana santa, a páscoa que a vida oferece em renovação das lições do Divino Jardineiro e com coragem realizar a travessia da transformação interior.
Dessa forma, vence-se o bom combate personalissimamente realizando a travessia da existência como se fôssemos um riacho de águas cristalinas, que ao serpentear entre as montanhas, em certo trecho do percurso, encontra à sua frente um pântano imundo, interrompendo sua caminhada.
A
ssim, nada adiantará olhar para Deus e protestar, dizendo: Senhor, que castigo! Logo eu, um riacho límpido, e formoso e o Senhor me obriga a atravessar esse pântano fétido? Interrogando ao Senhor da Vida, como faremos diante dessa prova, obteremos como resposta da divindade que isso dependerá de nossa maneira de encarar o pântano.
Ora sim. Se a postura diante da prova for a de ficar com medo de fazer a travessia e diminuir a marcha de progresso, inegável que o procedimento diminuirá a vontade de progredir e as águas límpidas se misturarão com a água pútrida que se tornará igual ao lago asqueroso. Ao contrario senso, se se enfrentar com a força o obstáculo, a coragem e a velocidade de sinceros desejos de transformar o homem velho em um ser novo, repleto de projetos de bem viver, logra-se êxito nas bem-aventuranças.
Da mesma forma, se jejuar adequadamente, as águas límpidas se espalharão sobre o lodo e a umidade dos desejos se transformarão no éter e o vento se encarregará de transformar a umidade em gotas que formarão nuvens. Depois, o vento as levará em direção ao oceano da paz e isso transformará em mar de alegria realizando o grande sonho de transformação interior.
Nesse estado dalma, enviamos votos de uma feliz Páscoa, em nome do Divino Galileu, com o ósculo em seus corações, em nome da oblata universal, anelando um ótimo final de semana em nome do Divino Jardineiro.
Do amigo Fraterno de sempre.
Jaime Facioli.