A porta em comento é, sem dúvida, o acesso, a passagem de um lugar para outro, que serve de entrada ou saída em um recinto, seja no mundo físico ou no mundo causal; as portas de um pavimento servem de passagem, entrada ou saída de um determinado recinto, seja no mundo do mais além, onde habitam os espíritos, o princípio inteligente do universo, ou da matéria, em qualquer lugar que se pretenda alcançar os caminhos anelados para a realização de um projeto.
É crível entender-se que aqui o coração não se está referindo ao órgão maravilhoso componente do corpo físico que mantém a vida estuando dentro de cada ser humano, possibilitando cumprir o seu designo. A dialética se propõe a estudar o coração como entrada dos sentimentos d’alma, repositório dos sentimentos mais nobres dos seres humanos e da qual os poetas fizeram ícones para cantar em prosas, versos a abertura do espírito imortal em nome do amor sublime amor.
Assim, não por outra razão, se tem a convicção de que desde os proscênios da história da humanidade, a capacidade e a necessidade de amar aumentam a cada dia coroando o valor humano consistente na união de todos os seres entre si as criações de Deus. Indiscutivelmente, embora abstrato, difícil de pegar, pesar, contar ou medir, o verdadeiro progresso material e espiritual na sua caminhada para o progresso a que estão sujeitos os filhos do Eterno, indiscutivelmente se deve pôr a serviço do amor, ou sob outra dicção, a autêntica evolução do ser humano somente se consolidará se os viajantes das estrelas forem inebriados pela seiva do amor na excelência da palavra.
Trata-se do verdadeiro ideal que habita no imo de cada criatura do Senhor do Universo e incide na liberdade de escolher e amar a todos vivendo um pulcro amor, no primeiro grande passo do progresso nas vidas dos aprendizes da felicidade, com o despertar da espiritualidade.
Desse modo, o corpo significa a casa temporária do espírito, mas a posse definitiva desta casa, a escritura e seu registro no cartório da alma, está na consciência livre de cada um como ser personalíssimo que são os filhos de Deus. Não há dois espíritos iguais. Neste estado único de si mesmo, de todas as possibilidades e de todos os valores contidos no mundo, não se pode olvidar e menos deixar que a "alma" perca o valor do eu consciente e livre.
Sob o pálio de outra retórica, isso significa abrir a porta para o coração amoroso, porquanto o ser humano sente nas profundezas d’alma um sim consciente e livre, e diz também um sim à sua unidade com os outros e passa a enxergar a luz no âmbito coletivo e isso não exclui nada da criação. É o amor instrumento que faculta o aprendizado capaz de iluminar a alma e o coração de cada viajor, ainda que a minoria cética conteste a verdade. De qualquer sorte, o crescimento da humanidade sempre foi o exercício na luta constante pelo amor.
O amor é ato voluntário de solidariedade do ser humano, podendo-se dizer que de um lado, ele faz parte da plenitude do amor entre um homem e uma mulher, mas também e principalmente entre todas as criaturas da Divindade, sobretudo entre o Pai Celestial.
Ora, sim, o amor como virtude, pode-se expandir e os meios livres de comunicação permitem a fala silenciosa dos corações a compreenderem melhor a solidariedade universal. Pois muito bem. Cada uma das criaturas pode ser testemunha da alegria, quando se está vivendo em pleno amor; entretanto, é com pesar que se anota que ainda vige entre os aprendizes da felicidade, aqueles que mesmo sentindo o amor que adentra pela porta o coração, exercitam a egolatria, a crueldade e a insensibilidade para com os seus semelhantes.
Oh! Meu Deus. Sem dúvida pode se anotar que o ser humano ainda não exercita o amor como propôs o Divino Jardineiro, na dimensão de aplacar a necessidade do outro e lutar para aliviar os corações em sofrimento ou que vêm na retaguarda da vida. In-veritas, o reino do amor se realiza pela união de todos os seres entre si, em amor comum, universal e livre ao sabor dos ventos, porquanto no amor particular, permanece sempre a união mais pessoal do coração de cada um.
Com o poder de amar, cresce igualmente o poder da alegria, do saber, do equilíbrio, da cura. A fórmula ou imagem que merece toda nossa meditação, que encontrará lugar no tesouro das grandes palavras inspiradoras em que a espiritualidade depositou na sua experiência da vida e das relações com a energia limpa e pura do amor.
Anelamos que a retórica e o propósito da vida não sejam somente a procura dos bens materiais, do mundo dos pensamentos invisíveis, mas o esforço esperado da constância que deve se consumar além de uma total transformação dos filhos do Eterno e de tudo o que os envolve, para que se possa livremente escolher o amor como principal raiz da vida, atendendo o comando maior da lição de Jesus: amar ao próximo como a si mesmo.
Em síntese apertada, o convite da epistola as criaturas transitando pelo carreiro que leva a felicidade que entrem se puder pela porta do coração, porque cada dia que reinicia é uma bênção concedida por Deus. São vinte e quatro horas preciosas. Basta que pense, por um minuto, ao menos, em quantos gostariam de estar em seu lugar. Hoje, agora, enquanto o dia amanhece e a alvorada se espreguiça.
Procuremos realizar de cada dia um presente para si, para o mundo e gratidão à Deus. E, se você puder, hoje, mostre um sorriso em seu rosto. Transmita a alegria através de suas expressões faciais. Aproveite para internalizar esse sorriso, fazendo irradiar para seu íntimo a emoção de contentamento que esse gesto pode expressar, entrando pela porta do coração.
Se você puder, hoje, ao arrumar seu lar, coloque um toque a mais de felicidade e beleza. Algo simples, mas que fará a grande diferença para você e para os seus. Faça suas tarefas domésticas, não com o peso da obrigação, mas com a leveza de poder contribuir para um ambiente harmonioso. Um pequeno detalhe, como um aroma de ervas ou uma pequena flor sobre a mesa. Diga uma singela frase que permita demonstrar o amor a todos em seu lar. Elogie algo de bom que qualquer um deles tenha realizado.
Se você puder, hoje, amplie seus conhecimentos. Aproveite os conhecimentos adquiridos e compartilhe com aqueles que não os têm. Uma conversa amigável, uma dica, uma referência ao realizar uma tarefa, podem lhe permitir levar a outros aquilo que aprendeu, com humildade, sem arrogância e prepotência.
Se você puder, hoje, procure esquecer os motivos de tristeza e aborrecimentos. Não fique preso ao passado, tenha-o como um aprendizado. Os erros cometidos ou os males sofridos podem indicar caminhos que não devam mais ser percorridos. Se você puder, hoje, escute uma música que lhe pacifique o coração. Leia uma poesia que lhe transmita sensibilidade. Inclua em seu dia, um momento de elevação através da arte que possibilite os sentimentos de reconforto e enobrecimento do Espírito. Se você puder, hoje, dedique um tempo à oração. Encontre, em seu dia, alguns minutos para se tranquilizar e realizar uma prece. Louve a Deus por todas as belezas da vida, pela misericórdia e amor recebidos.
Agradeça a Deus por tudo que tem, mesmo as dores e as dificuldades. A construção de uma vida melhor para si próprio e para os outros deve começar hoje. Em todas as criaturas, filhos da Providência Divina, sem contradita há uma necessidade de se alcançar a felicidade. Trabalha-se, estuda-se, caminha-se pelas veredas da existência, felizes ou trôpegos, mas sempre em busca do “pote d’ouro” no fim do arco-íris, na esperança incansável de encontrar a paz que o espírito deseja com tanta sofreguidão. Em verdade, não há como negar, indiscutivelmente estamos sempre a procura de uma entrada que nos leve aos páramos celestiais.
O evangelho redivivo do Homem de Nazaré concita refletir sobre a porta estreita e a porta larga da vida. São recomendações preciosas sobre o bem proceder, a probidade, a lisura dos atos, professar a verdade, não mentir, não enganar, não matar, não roubar e por aí vão todas as normas de conduta a serem seguidas pelos filhos de Deus. Jesus de Nazaré prescreveu essa luminosa prédica no amar-vos uns aos outros, poema recitado incansavelmente pelo apóstolo João quando suas forças já combalidas não lhe permitiam outra postura senão o exercício da palavra em nome do amor.
Neste estado d’alma, segue o ósculo depositado em seus corações, com a oblata da fraternidade, com votos de um ótimo final de semana em nome do Divino Jardineiro.
Do amigo fraterno de sempre.
- Jaime Facioli –