Na área do empirismo, a sociedade civil organizada procura com sofreguidão saber se o Senhor da Vida se ocupa de suas criaturas, diante de tantas ocorrências aziagas, seja nas pandemias, nas catástrofes de qualquer gênero ou Tsunami, senão as guerras, os furtos, roubos ou crimes de qualquer natureza. É disso que se trata essa questão, porque as criaturas sentem-se espicaçada para saberem se o Pai celestial cuida de todas as suas criaturas.
A resposta é afirmativa. A questão contida em “O Livro dos Espíritos’, no capítulo das Esperanças e Consolações, aborda o tema da intervenção de Deus nas penas e compensações, afirmando positivamente na questão 963 do códex em comento, tanto como se procurou saber se Deus se ocupa pessoalmente de cada um de seus filhos. Mais ainda. Se interroga se Ele não é muito grande e seus filhos muito pequenos para que cada indivíduo em particular tenha alguma importância aos seus olhos e os esclarecimentos são afirmativos dizendo que Deus se ocupa de todos os seres que criou, por menores que sejam; “ipsis verbis” nada é muito pequeno para a sua bondade.
Esclarecida essa realidade, o tema em apreço merece considerar que jamais faltou aos filhos da Consciência Cósmica a previdente proteção Divina, sendo oportuno apena lançar um olhar historico nos talentos mencionados na parábola do Cristo de Deus, referindo-se aos talentos de que são portadores os filhos do Eterno, porquanto talento na lição evangélica correspondia a uma espécie de peça de ouro ou de prata muito valiosa.
Bem por isso, invariavelmente as criaturas ao ouvirem falar em talentos, se ligam de imediato ao valor dos amoedados, fato anotado na historiografia mundial na singular parábola do Divino Galileu. Naquela oportunidade, o querido Mestre fez daquele momento a narrativa memorável de um homem rico dos valores materiais que necessitava se ausentar de seu país, razão porque chamou seus fâmulos e lhes deu os necessários talentos para que administrem suas propriedades enquanto estivesse fora.
Ao primeiro deu 05 talentos, ao segundo concedeu dois talentos e ao terceiro coube apenas um talento. Transcorridos o tempo de seus afazeres, retorna o senhor as suas propriedades e como sói acontecer com os depositários dos bens de outrem, busca com os seus servidores acertar as contas e tomar ciência dos resultados obtidos junto aos que ficaram encarregados de administrar seus negócios.
Sabe-se que os dois primeiros, responsáveis pelas tarefas de gerenciamento das riquezas, bem administraram seus negócios; o primeiro multiplicou seus talentos e entregou em suas contas 10 talentos; o segundo da mesma sorte, tendo colocado os recursos nos bens à coletividade, prestou as contas com o seu amo restituindo os talentos recebidos em dobro, ou sob outra retórica, aqueles que maior quantidade de talentos recebeu, desempenharam com zelo e proveito a missão recebida.
Todavia, aquele que recebeu apenas um talento, alegou ao seu senhor que teve receio de malbaratar o “depósito” a ele confiado, máxime porque o conhecia como severo, capaz de colher onde não plantou, justificou-se enterrando o talento com receio de eventuais represálias. O servo mal e infiel por esse proceder, foi duramente criticado e punido, lhe asseverando o seu Senhor que deveria ter deixado o “dinheiro” nas mãos dos banqueiros, pois melhor proveito teria feito, rendendo-lhe alguma coisa e não deixando os talentos improdutivos e sem nenhum proveito à coletividade.
Pois, sim. Os profitentes da doutrina espírita, senão qualquer criatura de Deus, nos dias atuais, após o advento do consolador prometido pelo homem de Nazaré, tem consciência de que o Mestre falava por parábolas e imagem para deixar entender no tempo oportuno a sua lição.
Nesse sentido, é crível interpretar as lições do Divino Pastor sobre os talentos sob a égide de que o senhor da vida nos concede infinitos dons em forma de capacidade, possibilidades, oportunidades, saúde, família, inteligência e outros tantos dons segundo nossa necessidade de elevação espiritual.
Trata-se de oportunidade redentora de resgate das faltas cometidas na ribalta de nossas existências transatas, as quais lamentavelmente não se têm “tempo” para ver as primeiras horas da manhã o esplendoroso espetáculo oferecido pelo sol do novo dia que se inicia como nova oportunidade concedida pelo Pai Celestial em renovação e esperança para os que têm fé em sua Onipotência, Onisciência e Onipresença em nossas vidas.
A multiplicação de nossos talentos significa também responsabilidades e essas segundo a capacidade de cada uma das criaturas, mas nenhum filho de Deus recebe pouco, ou se encontra sem a previdente proteção Divina, senão o necessário para que multiplique as bênçãos a favor do próximo em amor na excelência da palavra.
O Senhor da Vida exorta suas criaturas nas lições memoráveis do Divino Jardineiro, para multiplicar e fazer frutificar os dons recebidos em forma de talentos, para que no acerto de “contas”, não sejamos o servo infiel. Por isso, insista-se: Na lição dos talentos, o que se examinou foi a fidelidade no uso daqueles recursos: “ Então, aproximando-se o que recebera cinco talentos, entregou outros cinco, dizendo: Senhor, confiaste-me cinco talentos; eis aqui outros cinco talentos que ganhei. Disse-lhe o senhor: Muito bem, servo bom e fiel; foste fiel no pouco, sobre o muito te colocarei; entra no gozo do teu Senhor. ” (Mt 25.20-21)
Sob esse díptico, obviamente não será reprochável asseverar que a Providência Divina, pelas suas Leis naturais e imutáveis, cobrará pelo que se fizer com os recursos e responsabilidades colocados à disposição, seja nos recursos amoedados, seja na família abençoada, seja nos filhos a quem confiou a nossa proteção e guarda, seja nos irmãos que nos cabe educar, ou naqueles sob qualquer título que estejam sob a nossa tutela, nas atividades subalternas qualquer que seja, nos fóruns da vida, ou na política proba para o gerenciamento de uma sociedade civil organizada em nome do amor em sua plenitude.
Pois sim. Tenhamos vivos em nossa consciência, na parábola em comento, que todos os três homens que receberam talentos foram cobrados pelo que fizeram com eles. Receber talentos é também receber responsabilidades. O último, apesar de ter apenas conservado o seu talento, recebeu dura cobrança por não o ter multiplicado. O senhor foi severo com ele, tirando dele aquele talento: “Respondeu-lhe, porém, o senhor: Servo mau e negligente, sabias que ceifo onde não semeei e ajunto onde não espalhei? (…) Tirai-lhe, pois, o talento e dai-o ao que tem dez.” (Mt 25.26, 28)
Em síntese apertada, registre-se que os homens são diferentes em talentos e habilidades, razão porque um excelente matemático talvez tenha dificuldade com o domínio dos verbos da língua pátria. Da mesma sorte, podem-se encontrar pessoas com extraordinária vocação nas finanças sem que seja um bom administrador de recurso humano.
Com esse sentimento é crível imaginar-se que um notório empresário, em tarefas de outra envergadura não consiga nem minimamente desenvolvê-la. Existem os que dançam tão bem que são conhecidos nos meios musicais como “pés de valsa” sem que, entretanto, saiba cantar. O domínio da gramática, máxime para escrever, não alforria o dom de falar em público.
Justo, pois que se entenda que a pujança de uma sociedade reside na diferença existente entre os talentos e responsabilidades equanimemente concedidos em forma de dons pela Consciência Cósmica as suas criaturas. Das divergências nascem as reflexões e o aprimoramento para o entendimento das dissintonias convidando os profitentes ao bom combate, a refletirem sobre e o aprimoramento da caminhada rumo ao progresso.
Cogente, pois, com essas considerações que sendo as criaturas dotadas de livre-arbítrio pela Divindade e com os dons que receberam para exercerem cada uma das responsabilidades, escolha o caminho de vida que mais lhe fale ao coração, trazendo do resultado dos erros e acertos transatos, experiências acumuladas nos talentos, agora desenvolvidos para o bem proceder, sem que se cogite da ausência da proteção Divina, pois, os recursos necessários ao tatame da existência, eternamente serão prévios a luz do que dispõe a questão 963 de “O Livro dos Espíritos”.
Ponto finalizando a retórica, os desejos são de que nossos talentos sejam utilizados para os fins que nos foram concedidos, enviamos aos amigos fraternos, votos de um bom fim de semana com o nosso ósculo depositado em seus corações em nome da oblata da fraternidade universal com muita paz.
Do amigo fraterno de sempre
Jaime Facioli.