Inegavelmente os filhos do Eterno, na viagem de provas e expiações, são alvos de aflições acerbas e excruciantes; sim, as dores são instrumentos pedagógico da existência, para os viajores em trânsito pelo belíssimo planeta Terra, conscientes os candidatos à felicidade para atenderem o jugo leve proposto pelo Divino Galileu, nos tormentos das provas e expiações, considerando as escolhas do livre arbítrio que estabeleceram o vínculo de submissão e obediência às lições Divinas inscritas nas prédicas de Jesus de Nazaré.
A propósito das dores, análogas ao relógio do tempo, cuja temporalidade marca o fim do sofrimento, o Evangelho Segundo o Espiritismo, trata a questão no capítulo V, item 18, relatando a metáfora do Cristo sobre as bem-aventuranças dos aflitos, dizendo: “Bem-aventurados os aflitos que deles é o reino dos céus”.
As dores podem ser físicas e da alma, sempre ensejando a reflexão para responder a curiosidade do porquê uns veem e não compreendem as dores, enquanto criaturas há que nascem em ambientes de extrema miséria sem se espicaçar pelos que nascem na riqueza, com oportunidades a mancheias, recordando a figura mitológica do Rei Midas, pois em tudo que tocam vira ouro.
Nesse sentido, sem contradita, uma das grandes questões existenciais, sempre foi o desejo dos viandantes compreenderem o porquê do sofrimento, quando lançam o olhar sob a égide de Deus, que é justo, bom e misericordioso. É, pois, o olhar e os sentimentos quem esclarecem a razão das diferenças tão marcantes. De fato, sob o ponto de vista subjetivo, pode-se afirmar que é por desconhecimento das causas dessas disparidades que incontáveis criaturas se revoltam, entram em depressão e vivem sob o império do medo, cultivando sentimentos negativos de todo jaez.
Com essa retórica, as palavras do homem de Nazaré esclarecem serem Bem-Aventurados os aflitos, porque serão consolados, indicando o Divino Jardineiro, a compensação que aguarda àqueles que sofrem com resignação, olhando e sentindo no imo d’alma que essa virtude abençoa o sofrimento anunciando o prelúdio da cura no relógio do tempo.
Esclarecem os espíritos venerandos a propósito do tema, ser necessário entender a finalidade da Terra no plano Divino, consoante inserto em: “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, ao dizer que o mundo como se conhece, nas provas e expiações, não abriga toda a humanidade, mas apenas uma pequena fração dela, a partir do momento em que a espécie humana compreende todos os seres dotados de razão que povoam os inumeráveis mundos do universo, motivo e causa porque declaram eles:
"Que se figure a Terra como sendo um subúrbio, um hospital, uma penitenciária, uma região malsã, porque ela é ao mesmo tempo tudo isso, e se compreenderá por que as aflições sobrepujam as alegrias, pois não se enviam a um hospital as pessoas sadias, nem às casas de correção aqueles que não fizeram o mal; e nem os hospitais, nem as casas de correção são lugares de prazeres.
Ora, da mesma forma que, uma cidade, toda a população não está nos hospitais ou nas prisões, toda a humanidade não está sobre a Terra. Como se sai do hospital quando se está curado, e da prisão quando se cumpre o tempo, o homem deixa a Terra por mundos mais felizes, quando está curado das suas enfermidades morais".
É vero, pois, que as dores das provas estão incitas no axioma de que todo efeito tem uma causa, logo, as misérias humanas são efeitos que devem ter uma causa e, sendo inegável que Deus é justo, a causa é sempre justa. Óbvio que a causa antecedendo o efeito, se a dor não tiver sua gênese na vida atual, é incontestável que o sofrimento teve seu nascimento no pródromo da caminhada de aprendizado, ou sob um olhar mais profundo, tem sua origem numa existência anterior.
A logística é irrefutável e dela não se escapa, porque não existe sofrimento sem causa e todo sofrimento é uma prova, um teste de resistência às próprias fraquezas morais, pedagogia dos exames para comprovação da aptidão e superação das limitações das criaturas em evolução. Há muitas formas de olhar para as dores nas provas destinadas ao reto cumprimento da Lei de Progresso, mas todas elas passam pelas lentes do olhar sereno ou preocupado dos viajores na busca da felicidade. Oh! Sim, as lentes são esculpidas pelo tempo de provas, moldadas milenarmente pela experiência da alma imortal.
As lentes podem ser aprimoradas pelas experiências para enxergarem de perto ou a distância, sem embaraçarem a visão dos acontecimentos, deixam de julgar atendendo a lição de Yeshua para não julgar. Trata-se dos óculos aperfeiçoados na educação e no sentimento da vida, bela, colorida e consentida.
Cogente, pois, enxergar, interpretar e vivenciar as experiências da vida, de forma diversa, mudando o olhar e as lentes, consciente de que não se trata de se enganar ou distorcer a realidade. O fato é, que o que se denomina de realidade é uma mistura de ocorrências, circunstâncias, percepções, sentimentos e interpretações de cada um dos filhos de Deus. Dir-se-á, que esse acontecimento se dá no exterior, o que é certo, mas é na intimidade de alma e no sentimento interior que a criatura do Divino, na seara do aprendizado registra a evolução personalíssima.
Desse modo, é oportuna a paráfrase; ao pensar num banho de chuva, é certo que a chuva sempre irá molhar, talvez até encharcar, dependendo da sua intensidade; entretanto não se pode negar, que para alguns isso será apenas um incômodo enquanto para outros, o desconforto poderá ser uma alegria, ou seja, tornar-se um prazer ou irritação é uma questão subjetiva, resultado essencial da decisão personalíssima.
Sob essa luz, a ocorrência em exame, dependerá do dia, da hora, do momento ou da companhia, tendo como viés o humor e de uma infinidade de fatores que não se imagina na rasa filosofia. Nesse sentido, a mesma chuva que celebrou a alegria de Gene Kelly, na cena do filme Cantando na chuva, correu nos rostos entristecidos de Rugter Hauer e Harrison Ford, nos momentos finais da película de Blade Runner, vencendo o Oscar de efeitos especiais.
O fenômeno climático é o mesmo. O que muda e se transforma, é o olhar de quem vive a experiência, eis o centro da questão. A diferença está no olhar lhanozo depositado nas lentes das experiências, ou em súmula rasa, na forma de encarar os desafios, porquanto, muitas vezes, numa maneira intuitiva se percebe que há um sentimento de que no final tudo dará certo.
É notório que alguns pressentem ouvir uma voz consoladora, no âmago do ser como se a dizer: Não se preocupe, tudo vai ficar bem. Trata-se da a proteção Divina, pelos seus anjos da guarda em trabalho ininterrupto de 24 horas por dia, pois o Divino Jardineiro asseverou que tudo o que pedires ao Meu Pai, ele vo-lo dará. Lance-se, pois o olhar com confiança nas dores das provas. Em resumo, é sempre alvissareiro olhar com zelo, amor e benevolência para o próximo, sem julgar, aprendendo a perdoar, lição do missionário do amor, e, se preciso, troque a lente dos óculos, enxergando com os olhos e os sentimentos d’alma, evitando-se de julgar.
Com esses sentimentos d’alma, segue o ósculo depositado em seus corações, com a hóstia da fraternidade universal, anelando tenham os amigos de todo o sempre, um final de semana de muita paz em nome do Divino Pastor.
Jaime Facioli.