Os filhos do Senhor do Universo anseiam com sofreguidão que se abram as portas do jardim da felicidade, quiçá o paraíso, senão o “nirvana” o que significa no budismo a extinção definitiva do sofrimento humano alcançada por meio da supressão do desejo e da consciência individual potenciando o campos elísios na eternidade dos prazeres da jornada, sem se darem conta de que é indispensável cruzar as portas da reencarnação, bendita oportunidade para realizar os ajustes indispensáveis na retomada da jornada da existência bela, colorida e consentida.
Nesse proêmio, o homem em busca da felicidade, na longa trajetória que a vida proporciona para o seu crescimento no rumo das estrelas, guarda ainda nos refolhos de sua alma muitas atitudes atávicas e por conta delas, incontáveis vezes se põe a reclamar das desditas que lhe chegam no dia a dia para os testes existenciais.
No alvorecer desses momentos, é comum a bulha, queixas, reclamações e dores, senão com palavras articuladas, permitindo vagar os pensamentos inditosos ao dizer: Mas, por que será que foi acontecer isso comigo? Qual a razão dessas ocorrências? Afinal, sou uma pessoa trabalhadora, correta, proba e esforço-me para o reto cumprimento dos deveres. Desse modo, chega-se a evocar as benesses da imunidade a favor da reclamação e nova queixa assume o comando dos pensamentos ao se auto indagar: Mas afinal, por que tanta dor?
A resposta ao inconformismo é clara no autoconhecimento quando se abre as portas da existência, consciente de se tratar de ocorrências naturais da vida, ferramentas ou lenitivos de amor concedido pela a Providência Divina, destinadas ao crescimento, simbolizados nas ocorrências da perda do emprego, na partida de um ente querido, que já terminou suas tarefas nesse mundo de provas e expiações.
Vezes outras é a doença que visita os candidatos à felicidade, batendo à porta, e, sem aguardar autorização, adentra ao mundo íntimo, no templo sagrado da existência fixando residência sem pagar aluguel. Nesses instantes, é a ferramenta da dor atrevida vestida de doença no espúrio acontecimento quem chega sem a autorização dos desafortunados momentos, sem esclarecer o seu proposito gerador da contrariedade.
Sob a luz dessa retórica, as portas do mundo esclarecem que a vida nesse planeta é de provas e expiações. Bem por isso, tudo tem um propósito, uma causa, porque o acaso não existe. Em verdade, o fato é que O Senhor do universo tem à sua disposição leis imutáveis para as correções de rumo, quando seus filhos se encontrem em desalinho.
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ob essa diretriz, há razão e causa para receberem os lenitivos das dores, objetivando o seu crescimento e, simultaneamente, quitando os desalinhos dos débitos contraídos no pretérito, porquanto as portas do mundo estão abertas para a preciosa lição do Divino Jardineiro, conscientes os viajores da felicidade que plantar não é obrigatório, mas a colheita é indispensável. O Universo do Senhor da Vida é todo organizado. Que não imagine a vã filosofia, que a casa do Pai Celeste onde tem muitas moradas seja um amontoado de acasos ou uma desorganização generalizada. Tudo, como se afiançou alhures, tem um propósito. Nesse sentido, se encontra em cada dissintonia um lenitivo curativo para as feridas ou mazelas, razão, motivo e causa porque os filhos do Eterno são responsáveis pelo seu o porvir.
Sob outra dicção. O fumante é candidato a obter no futuro um enfisema pulmonar. Aquele que bebe até cair no chão, pode adquirir um câncer no esôfago. O descumprimento dos deveres matrimoniais, desarranja o tálamo conjugal, destrói a família e transforma a vida no templo sagrado num verdadeiro "inferno". A ausência do trabalho, conduzirá a falta dos recursos para cumprir retamente com os compromissos e lá vem títulos no cartório de protesto, execuções, falências e toda sorte de mau gerenciamento da vida.
A falta da caminhada diária, levará o corpo físico sentir-se entibiado. Se não se contempla a vida com resignação, compreendendo a dádiva que Deus concede por essa reencarnação, a tristeza acercar-se-á dos corações, retirando a ternura que alimenta o amor em plenitude. Sob o pálio desses acontecimentos, enquanto alguns veem nos episódios diários, momentos de tristezas e de dores acerbas, outros compreendem a importância das experiências que a vida oferece na escolha da porta do mundo, larga ou estreita nas provas aberta para os candidatos à felicidade.
Nesse sentir d’alma, se pode concluir que não há como se esquecer dos dias cinzentos, pois eles fazem contemplar com alegria o brilho do sol. Indiscutivelmente, muitas derrotas já fizeram parte do rol das experiências no jornadear por esse Orbe, mas foram ou são essas derrotas que conduziram ou conduzirão às vitórias. O crescimento necessita da alavanca que impulsiona o ser humano a reagir diante das necessidades para se cumprir a lei do progresso.
Erros! Certamente muitos foram cometidos no passado. Outros são cometidos no presente, mas todos têm lugar para a reparação cogente que se deve realizar no balanço dos resgates para tranquilizar as consciências, conforme a questão 621 de “O Livro dos Espíritos” depositório das leis divinas. Quanto aos erros do presente? Todas as criaturas estão sujeitas, pois o mundo é de provas e expiações e na decorrência natural da vida, vez que outra se comete desacertos, equívocos e enganos. É a fórmula para acertar. Errando.
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omaz Alva Edson, inventor da lâmpada elétrica, consta na historiografia mundial, que antes de descobrir o método certo para produzir a luz artificial teria errado aproximadamente mil vezes. O que importa não é o erro que tem finalidade pedagógica, mas o procedimento pulcro, sem ódio, sem rancor, sem maledicência, pois afinal, as provas da vida estão destinadas à apuração do aprendizado para laurear-se para a próxima classe da vida.
Indispensável por derradeiro, anotar que a prece oferece consolo, esperança e fé no futuro para todas as dores quando da escolha infeliz pela porta larga das provas e expiações. Sim. A dor, os sofrimentos, e as amarguras, encontram na prece o lenitivo para o crescimento, a evolução e o amadurecimento. Deus escreve certo pelas linhas tortas, consoante o adágio popular, mas também realiza milagres à varejo, porquanto do outro lado da vida, pessoas queridas também experimentavam as dores atrozes na alma quando falta a fé.
O Pai Celestial, através do lenitivo das dores concede dádivas da vida em forma de benção, pelo instrumento da dor, até a descoberta de que somos seus filhos com destino a bem-aventurança, mais cedo ou mais tarde, arrimado no livre arbítrio para a felicidade, pois, o Senhor do Universo não faz modelitos, mas filhos destinados à perfeição com rumo as estrelas.
Com esse ideário, é inexorável a conclusão de que os planos fracassados conduzirão à ventura de novo projeto, novo esforço e novo sonho para a realização do nosso programa de vida, não como desejamos, mas como necessário ao bem-estar físico, moral e espiritual das criaturas. A chama das dores mostrará a direção a seguir quando perdidos pelas veredas dos desacertos, ensinando a verdade no mundo em que se habita, sussurrando aos ouvidos que somos filhos de Deus e nada de mal acontecerá diante das novas oportunidades na renovação das esperanças, para resgatar os enganos do passado e edificar o futuro.
Com esses pensamentos, sob o tema dos propósitos das dores, com as dádivas da vida, desejamos uma semana de muita paz, depositando o ósculo em seus corações na paz de Jesus.
Do amigo fraterno de sempre.
Jaime Facioli