Na filosofia, os profitentes sabem que os conhecimentos dos filhos de Deus não provêm unicamente do empirismo, vis-à-vis, aquele que se detém exclusivamente no que pode ser captado no mundo subjetivo pela introspeção. Oh! Não. Não é lícito fazer tábula rasa do tema em apreço, desacreditando as verdades reveladas, transcendentes do misticismo, em outras palavras, a inclinação para acreditar nas forças telúricas ou sobrenaturais do ser humano, na comunicação com a Divindade, pelas forças inatas e didáticas do racionalismo. No intróito, anota-se que os profitentes da doutrina espírita, em “O Livro dos espíritos”, na questão número 625, o paracleto interroga aos espíritos de escol: “ Qual o tipo mais perfeito que Deus ofereceu ao homem para servir de guia e modelo? ”. A resposta para dessedentar a sede de conhecimento foi curta e objetiva: “Vede Jesus”.
Sob o pálio desse pródromo, a retórica demonstra que o caminho e as regras destinadas a modificar a vida dos candidatos à felicidade é a reforma íntima, com fidelidade nas prédicas de Jesus de Nazaré. Sim. É vero. Nos arraias dantanho, uma das mais belas propostas dos notáveis, - as pegadas do nazareno - corroboram a direção a seguir pelo homem contemporâneo, é a do eminente médico, prêmio Nobel da paz em 1952. Por certo, foi Albert Schweitzer (1875-1965), teólogo, filósofo, e músico alemão, que entre seus incontáveis aforismos, criou inspirado no Divino Galileu, o adágio do ensinamento pelo exemplo, estabelecendo que, “ Dar o exemplo não é a melhor maneira de influenciar os outros. É A ÚNICA. ”
Bem por isso, corriqueiramente se diz que as palavras convencem, mas os exemplos arrastam, ou sob outra dicção, os exemplos sempre falam mais alto e têm o condão de transformar vidas, arrebatar as pessoas, modificando os comportamentos daqueles que se iludiram escolhendo a porta larga do caminho, exercitando o livre arbítrio. É sob essa argamassa, vezes sem conta, insensata, na escolha que dão mais valor às coisas terrenas, olvidando os tesouros do céu. Sob esse argumento, é justo anotar que a boca fala do que o coração está cheio, máxime porque na palavra do homem bom, ele tira do tesouro do seu coração, as bênçãos da vida, e o homem mau do seu irresponsável procedimento retira os espículos que irá feri-lo em breve porvir, consoante o arauto Lucas, Lucas 6:45. Sob essa luz esclarecedora, há exemplo que arrasta multidões: Jesus para modificar o homem mau, para o homem bom, transformar os desalinhados em criaturas com os pés no bom caminho, os desajustados em ajustados, os desobedientes das leis divinas em criaturas comportadas, para seguir as pegadas luminosas do Divino Jardineiro, modelo e guia da humanidade.
N
arra o médico e escritor escocês A. J. Cronin, em uma página solta na imprensa internacional, intitulada porque eu creio em Deus, a sua experiência pessoal: “Estudante de medicina na Universidade de Glasgow, durante a sua juventude, não era diferente dos seus colegas quanto à irreverência na crença no Ser Supremo. Quando pensava na palavra Deus, um sorriso de mofa lhe aparecia nos lábios, transparecendo o desprezo por esse mito, desgastado pelo tempo. Quando se formou e foi clinicar, ao sul do país de Gales, conheceu uma jovem enfermeira, cuja atuação lhe chamou muito a atenção. Ela trabalhava sozinha, numa ronda de quinze quilômetros diários, montada numa bicicleta, para atender os seus pacientes.
Sua fisionomia revelava os traços de uma disposição, jovialidade e paciência dignas de admiração. Mesmo depois de um dia estafante, se chegasse um chamado urgente, retornava à sua tarefa. E nunca estava tão ocupada que não pudesse pronunciar uma palavra de consolo e bom ânimo a quem precisasse. Seu salário era irrisório e mal atendia as suas necessidades básicas. Mas, ela realizava o seu trabalho como se estivesse recebendo a maior remuneração de toda a classe médica. Certa noite, depois de um dia particularmente trabalhoso, difícil, doutor Cronin se sentou ao lado dela, para saborear uma xícara de chá. Observando-lhe o cansaço, o médico lhe perguntou: Enfermeira, por que você não exige que lhe paguem melhor? Você devia ganhar, pelo menos, o triplo do que ganha por semana. Você merece mesmo. Um silêncio se fez, por alguns instantes. Depois, ela sorriu e seu olhar brilhou intensamente, surpreendendo o médico.
Então, com voz terna e modulada, ela respondeu: Doutor, se Deus sabe que eu mereço, isso é tudo para mim. Naquele momento, Cronin compreendeu que toda aquela existência de trabalho, em que se destacava o amor ao próximo, era um atestado evidente da sua maneira de adorar a Deus. Percebeu, num lampejo, a riqueza da significação da vida daquela jovem. E, por outro lado, o vazio interior existente no seu próprio mundo íntimo, pela ausência da crença em Deus. Aquilo o fez pensar e, depois de algum tempo, em que outros fatos se lhe alinharam à observação, ele se ergueu do pântano do cepticismo para a terra firme da adoração a Deus”. Sem contradita, foi a REFORMA ÍNTIMA, como se vê no discurso em apreço, que os exemplos arrastam e falam alto e em bom som, permitindo ouvir o barulho ensurdecedor da insensatez, para em seu lugar cristalizar a razão no coração e n’alma dos filhos do Eterno.
A
ssim, o maior pedagogo da história da humanidade convocou os homens ao amor receitando: “Amai-vos uns aos outros”. Fez mais. Iluminou suas palavras ao dizer: “Como eu vos amei”, deixando as estrelas, para mergulhar em um corpo de carne e vir viver entre as Suas ovelhas na condição de Pastor Celeste para toda a eternidade.
Foi com esse histórico, e um magistério de apenas três anos que sem ser engenheiro ou arquiteto, construiu o edifício eterno no coração dos homens de boa vontade. Sim, em apenas três décadas, deu o exemplo, vivendo na simplicidade da infância, da juventude em direção a maturidade, desfraldando a bandeira de bem servir sempre, no lar, na carpintaria, no mundo e por onde mourejava deixava o seu suave perfume, na essência de nardo. Finalmente, certo de que estava sedimentada as lições da reforma íntima afirmou: Os meus discípulos serão conhecidos por muito se amarem.
Com esses sentimentos, a reforma íntima, sem reclamações, modifica a vida quando nos tormentos das provas, se seguir as pegadas daquele que deu e oferece o exemplo, amando seus irmãos menores na mais pura expressão da palavra amor. É essa exortação que move as montanhas, ilumina a estrada da vida atendendo a única fatalidade que existe: chegar aos esplendores celestes, atendendo aos cânones das provas modificando os procedimentos dantanho.
Ponto finalizando, recebam nosso ósculo em seus corações, com a oblata da fraternidade universal, com votos de uma semana de paz em nome de Jesus de Nazaré.
Do amigo fraterno de sempre.
Jaime Facioli