As imensas jornadas das criaturas do Senhor da Vida, pelo planeta de provas e expiações, anelando os páramos celestiais são feitas de atropelos, desacordos, desinteligências, em súmula rasa, nas divergências dos pensamentos, dando aparência de impossíveis de suportar. Por esse cadinho, o filósofo do iluminismo estabeleceu o axioma dizendo: “Não posso concordar com uma única palavra do que dizes, mas defenderei até a morte o teu direito de dizê-la”. – Em veritas, trata-se do personalismo das criaturas do Senhor do Universo -
Sob o fluxo desse ideário, incontáveis pessoas, inadvertidamente, chegam a exprobar ao seu interlocutor dizendo em alto bom som: “Faça como eu”. OH! Meu Deus. Quanta falta de sensibilidade existe nessa proposta! Sim, porque os filhos da Divindade foram criados simples e ignorantes, segundo dispõem as questões 115, 133 e 804 de “O Livro dos Espíritos”. Inegável, pois, que individualmente as criaturas instruam-se nas lutas e tribulações das provas da vida corporal cada um a seu modo.
Particularmente, não se negue que cada um tem maior ou menor vivência e, por conseguinte, maior ou menor experiência. A diferença está no grau de suas experiências e do livre arbítrio com a responsabilidade dos atos praticados. Com esse sentimento, considerando a criação dos filhos da providência Divina, distanciados uns dos outros, o fato é que as experiências personalíssimas, não comportam exigir de outrem, comportamento idêntico.
Pois sim. Vivemos na Terra dias de graves dificuldades, especialmente agravadas pela pandemia que se abateu sobre o planeta, desde o primeiro semestre de 2020. Mudanças de toda ordem aconteceram. Se sabe que pessoas adoecem e morrem. Outras em luto choram a partida de seus entes queridos. Há saldo remanescente de sequelas oriundas dos dribles daqueles sobreviveram o vírus cruel, e outras tantas perderam empregos e não encontram solução para os problemas, resultado das diferenças das criaturas humanas em provas e expiações.
Oh! Meu Deus. Vive-se no aprendizado de muitas dores para as almas, que se encontram sobre a Terra, na conjuntura histórica, mas, simultaneamente há pessoas realizando o bem, procurando levar auxílio àqueles que sofrem, atentos às lições do homem chamado Jesus de Nazaré na dimensão do amor ao próximo.
Nessa dimensão do amor, imbatível amor, há que conjugar o verbo amar em todo modo, lugar e pessoa para consolar e conduzir os irmãos de caminhada em base sólida, construindo a partir dos ensinos do homem chamado Jesus. Sim, há que se pavimentar o solo nos valores da bondade, da esperança e do amor.
Da mesma forma, acolher aqueles que sofrem, com palavras inadequadas e ideias malsã, ou sentimentos inadequados, substituindo-os pela ternura do verbo dulcificar na mais elevada dimensão, ainda que seja virtual, pois o consolo aos entibiados chegam na dimensão do amor do homem de Nazaré, o divino Jardineiro.
A situação pandêmica que se viveu não permitiu se estar fisicamente presentes com aqueles que queremos ajudar ou nutrimos afeição sem obstar, contudo, o auxílio virtual. Jesus, Modelo e Guia, consolou as pessoas pelas palavras. Acalentou aqueles que sofriam dores morais. Levou alívio àqueles que padeciam ante doenças físicas. Da mesma sorte, através de suas palavras, semeou esperança e reconforto aos desalentados.Com o mesmo sentimento, acolheu, no seu olhar e com os braços estendidos, os que se encontravam caídos.
Oh! Sim. Foi Ele quem legou o ensino precioso dos “Bem-aventurados os aflitos, porque eles serão consolados”, acenando com o seu acolhimento amoroso do “Vinde a mim, vós que estais aflitos e sobrecarregados, que eu vos aliviarei”.
Sem contradita, é a promessa de que todos serão, agora e sempre consolados, pois o verbo consolar não é para retirar a dor que o outro sente, mas compreender entender as razões das causas do sofrimento, em síntese rasa, partilhar a fé no amor de Deus. No fluxo do amor do Divino, símbolo da Potestade, a busca da compreensão sobre a vida futura, consciente de que as leis divinas são perfeitas, tem-se a centelha do consolo com as ocorrências, porque a ternura é a semeadura que estimula a resignação, a fé, a calma e a coragem, abrindo as veredas da compreensão que as provas não são para sempre.
No sentido inverso, é a outorga do jubilo que abrem as criaturas para se tornarem consoladores, transmitido a renovação do bom animo, lição do Raboni diante da vida que oferece aflições, mas, ainda assim, Ele venceu o mundo.
Em súmula rasa, todos caminhando pela senda das provas podem tornar-se consoladores, transmitindo renovação e bom ânimo pelas palavras dulcificadas e pelos gestos de amor ao próximo, porquanto todas as criaturas têm o poder de pronunciar palavra que confortam e animam os entibiados ou que se encontram nos degraus da abjeção.
Ademais, na intimidade do silêncio que orienta essa pena, sob outra dialética, há a consciência de que o Pai Celestial cria até hoje segundo as lições do Divino Pastor.
Logo, é crível que sendo todos espíritos, irmãos uns dos outros, por óbvio a criatura que primeiro saiu das mãos do Criador, percorreu os caminhos da universidade da vida por primeiro e assim será detentor de maiores conhecimentos.
Os filhos do Eterno são seres personalíssimos e cada um em particular detém a sua reserva de aprendizado e conhecimento na sua jornada existencial; por essa razão sempre se encontrara divergências que diferenciam uns dos outros na filosofia, no proceder, nas atitudes, na sociedade civil organizada, na ideologia e na vida como um todo, geratriz das dificuldades existenciais, nada obstante o Modelo e Guia da humanidade venceu todas as tormentas da grande viagem da vida.
Que não nos engane a vã filosofia de que estas divergências sejam por natureza má. Elas, como tudo na vida, têm um propósito. Somamos os conhecimentos, apreendemos uns com os outros.
Ficamos solidários nas situações de desesperanças, apreendendo a conjugar o verbo consolar. Pratica-se a caridade em todo gênero número e grau e assim que uma “fatalidade” se acerca de outros irmãos em prova de difícil resistência estendemos as mãos caridosas para socorrer os que vêm na retaguarda.
Não por outra razão, o espírito benfeitor da humanidade Emmanuel considera no livro ‘Pão Nosso’, pela psicografia das mãos abençoadas de Francisco Cândido Xavier, os conflitos existenciais sob as luzes diamantinas das suas reflexões sob os seguintes esclarecimentos:
“Os discípulos sinceros do Evangelho, à maneira de Paulo de Tarso, encontram grande conflito na própria natureza. Quase sempre são defrontados por enormes dificuldades nos testemunhos. No instante justo, quando lhes cabe revelar a presença do Divino Companheiro no coração, eis que uma palavra, uma atitude ligeira os traem, diante da própria consciência, indicando-lhes a continuidade das antigas fraquezas.
A maioria experimenta sensações de vergonha e dor. ... Enquanto o homem se mantém no gelo da indiferença ou na inquietação da teimosia, não é chamado à análise pura; entretanto, tão logo desperta para a renovação, converte-se o campo íntimo em zona de batalha. ...
No carreiro das dificuldades, como propõe o enunciado dessa pena, O amor na dimensão do homem chamado Jesus, consolando as dificuldades existenciais, não se pode afastar das reflexões as preciosas lições do Raboni, porquanto ninguém experimentou dores acerbas como Ele, mas, assim mesmo demonstrou alegria em toda a sua trajetória de mestre e guia da humanidade para ensinar o bom combate, sem reclamar, exarando carta de alforria na lição de que no mundo físico somente se tem aflições, mas que não se turbe os corações porque Ele venceu o mundo.
Com esses sentimentos d’alma, anelando poder consolar os hebetados, enquanto houver divergências, delas fazer motivo para o progresso, seguindo o ósculo depositado em seus corações, com a oblata da fraternidade, desejando uma ótima semana em nome de Jesus de Nazaré.
Do amigo fraterno de sempre.
Jaime Facioli.