A imensa jornada das criaturas de Deus pelo planeta de provas e expiações anelando os páramos celestiais é feita de atropelos, dissídios, desinteligências e toda sorte de divergências. Não por outra razão, muitos são os candidatos à felicidade que inadvertidamente, exprobam aos interlocutores dizendo em alto e bom som: “Faça como eu”. Oh! Meu Deus! Quanta falta de sensibilidade existe nessa proposta inadequada, porquanto cada viandante tem o seu tempo. In veras, sabe-se que os filhos da Divindade, foram criados simples e ignorantes à luz do que dispõem as questões inscritas sob os números 115, 133 e 804 de o “O Livro dos Espíritos”. Sob amparo dessa luz, instruem-se nas lutas e tribulações da vida corporal cada um a seu modo. Ora, sim. Os filhos do Eterno, com maior ou menor vivência, alcançam níveis superiores ou modestos nas experiências, tendo como diferencial o nível adquirido nas provas e na vontade que resulta do exercício do livre arbítrio.
Nesse prólogo, considerando que a criação dos filhos da Providência Divina ocorre em momentos distanciados uns dos outros, as experiências personalíssimas de cada um é o exercício do livre arbítrio, razão e causa da obviedade, de não ser justo exigir de outrem comportamento idêntico. Em verdade, pode-se parodiar a questão em exame, mal comparando como se fossem três letras infinitas no oceano, máxime sob o olhar do vulgo, assemelhando-se a uma torre de Babel onde ninguém se entende, e, por mais que surjam teorias pacifistas sob o tema, as crises despontam sem controle, ameaçando levar tudo de roldão, numa enxurrada de loucura e insensatez.
Sob esse olhar, os passos da infância são cercados de todas as possibilidades materiais, sob o carinho dos pais, certos de que eles estão no combate para a manutenção financeira da família, senão quando abastados, se furtam da convivência dos filhos birrentos e chorões, terceirizando a sua educação. Com efeito, apreende-se na juventude sem freios, pelas próprias forças a satisfação de prazeres corporais, dos quais muitos saem mutilados emocional e psicologicamente. Inegável, portanto, que há corpos esculpidos em academias ou com cirurgias de natureza estética, procurando a perfeição na ponta do bisturi, senão em qualquer ambiente com excesso de barulho como as boates de luxo, furtando os minutos de silêncio destinados a introspecção das almas sedenta de paz.
Oh! Meu Deus! São sirenes em alaridos exigindo ruas livres para a polícia, bombeiros ou ambulâncias transportando vítimas. Por outro lado, quem não desejaria um alvorecer em silêncio, com as ruas e avenidas tranquilas, permitindo que as pessoas se encontrassem cultivando o diálogo fraterno, oportunizando aliviar a alma necessitada de externar suas atribulações das provas na investigação do bem viver.
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xalá quem dera aos transeuntes, em uma esquina dos caminhos das provas Ele surgisse como outrora, pés descalços, túnica impecável, cabelos soltos ao vento, sem mochila às costas, nenhum smartphone nas mãos ou fones de ouvido? Ah! Nem pensar! Ele viria caminhando pela calçada, conversando com um e com outro, até que os olhos dEle se fixassem nos seus. Que benção seria essa, considerando que o Rabi não lhe perguntaria o seu nome e nem indagaria sua origem, ou fracassos enfrentados no exercício de suas provas, antes pelo contrário, o Raboni o abraçaria, caminharia contigo pacificando sua jornada até o mar com céu azul, para sentarem-se na praia, dizendo-lhe que do seu rebanho nenhuma ovelha se perderia, porque o Deus sempre presente está contigo.
Pois sim. Vivemos na Terra dias de graves dificuldades, nada obstante o Pai celeste está sempre presente, consoante consta na questão 963 de “O Livro dos espíritos” informando que Deus está eternamente presente na vida de suas criaturas, ainda que as pessoas adoeçam, desencarnem ou o luto cause lágrimas de pungente dor na partida. Há também tormentos de todo jaez, a perda do emprego, as enfermidades de largo curso, como a idiotia, as doenças psicossomáticas, os vírus, bactérias e as cancerígenas, em síntese apertada, os problemas das provas se avolumam no aprendizado em constante evolução. Não se negue a luz da verdade. Incontáveis são os dias de muita dor para as almas em trânsito nas provas daqueles que se encontram sobre a Terra na conjuntura histórica. Todavia, que não se engane a rasa filosofia dos viajores, quando as dores batem à porta para as lições da vida, porque com o Pai Celeste sempre presente, há muitos corações filantropos e generosos realizando o bem e levando auxílio àqueles que sofrem, razão porque consolam e conjugam o verbo amar em todo tempo e lugar.
Consolar é levar aos irmãos uma base sólida construída a partir dos ensinos cristãos. Pavimentar esse solo com os valores da bondade, da esperança e do amor é estar ciente de que o Pai Celeste está eternamente presente, levando o acolhimento àqueles que sofrem. Sim. Com ternura e a palavra dulcificada, socorre aos entibiados do corpo e d’alma. Inegável que foi o filho amantíssimo quem legou o ensino precioso dos “Bem-aventurados os aflitos, porque eles serão consolados”, acenando com o seu acolhimento amoroso do “Vinde a mim, vós que estais aflitos e sobrecarregados, que eu vos aliviarei”. Sem contradita, é a promessa de que todos serão, agora e sempre consolados, pois consolar não é tirar a dor que o outro sente, mas procurar compreender e entender as razões das causas do sofrimento, partilhando a fé no amor de Deus para todo o sempre. Diante do amor do Divino, a Potestade, com as leis divinas perfeitas, tem a marca presente das ocorrências, na ternura da semeadura do bem estimulando a resignação, a fé, a calma e a coragem, abrindo as veredas da compreensão de que nas provas, o Senhor da Vida está sempre presente.
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erto, pois que, enquanto o homem se mantiver no gelo da indiferença, na inquietação e na teimosia, não será chamado à análise pura, senão quando despertar para a renovação. Indispensável, portanto, serenidade e resistência a fim de alcançar o progresso, sabido que o Pai Celeste sempre presente, concede a claridade de hoje as suas criaturas, para esquecimento das trevas do ontem, preparando seus filhos para o Amanhã, no rumo da luz imperecível. Em síntese apertada, consolar é luz aurifulgente que ilumina os caminhos dos que amam, pedindo-se licença para parodiar a linguagem do espírito benfeitor da humanidade, Joanna de Ângelis dizendo:
“Quem ama dispõe dos tesouros que, quanto mais se repartem, mas se multiplicam, semelhante à chama que acende outros pavios e sempre faz luz, repartindo a claridade sem nunca diminuir de intensidade, convidando os viajantes a fazerem a opção de ajudar, porque o mais a Deus pertence”.
No carreiro das dificuldades, como propõe o enunciado dessa pena, consolando sempre as dificuldades existências, não se pode afastar das reflexões as preciosas lições do Raboni, porquanto ninguém experimenta ou experimentou dores acerbas como Ele, mas, assim mesmo o homem de Nazaré, demonstrou alegria em toda a sua trajetória de Mestre e guia da humanidade para ensinar o bom combate, sem reclamar, exarando carta de alforria na lição de que no mundo físico somente se tem aflições, mas que não se turbe os corações porque Ele venceu o mundo.
Com esses sentimentos d’alma, anelando poder consolar sempre os hebetados e concomitantemente quando das divergências, fazer delas motivo para o progresso, segue o ósculo depositado em seus corações, com a oblata da fraternidade, desejando aos irmãos de caminhada um ótimo fim de semana em nome de Jesus de Nazaré.
Do amigo fraterno de sempre.
Jaime Facioli.