O ano novo que se renova a cada jornada da vida, proporciona incontáveis oportunidades aos viajantes das estrelas em busca da felicidade, como sói acontecer aos que estão vocacionados para a virtude do perdão em nome dos ensinamentos do Divino Jardineiro. Nesse intróito sente-se que os filhos do Altíssimo guardam o secreto desejo de colocarem em prática a virtude luminosa do perdão no seu grau máximo de amor para aurirem o bem estar e a paz.
O Divino mensageiro do Pai Celestial imortalizou o perdão das ofensas, depositando nos corações das criaturas e no evangelho redivivo, consoante se vê no arrimo de Matheus na força dessa virtude, em especial, quando Pedro a Ele se dirigiu questionando: “Senhor, quantas vezes devo perdoar, se meu irmão pecar contra mim? Até sete vezes?”. Em análise perfunctória, o profitente pode conjecturar que a intenção de Pedro tivesse por objetivo por limites na insensatez, nos excessos e nos abusos de toda natureza, contudo o nazareno foi enfático ao responder com segurança: “Digo-te, não sete vezes, mas setenta vezes sete vezes, e exemplificou:” ‘O Reino dos Céus é como um rei que resolveu ajustar contas com seus servos… trouxeram-lhe um que lhe devia uma fortuna inimaginável.
Como o servo não tivesse com que pagar o senhor mandou que fosse vendido como escravo… O servo… prostrou-se diante dele pedindo: ‘Tem paciência comigo…’. Diante disso, o senhor teve compaixão, soltou o servo e perdoou-lhe a dívida. Ao sair dali aquele servo encontrou um dos seus companheiros que lhe devia uma quantia irrisória. Ele o agarrou… dizendo: ‘Paga o que me deves’. O companheiro… suplicava: ‘Tem paciência comigo…’. Mas o servo não quis saber… Então o senhor … lhe disse: ‘Servo malvado, eu te perdoei toda a tua dívida, porque me suplicaste. Não devias tu também ter compaixão do teu companheiro, como eu tive compaixão de ti?
Eis aí a abordagem dos ensinos do Divino Nazareno que recomenda perdoar infinitamente as ofensas, sejam pelas palavras articuladas escritas, pela agressão física ou pelo riso sarcástico, o sorriso de deboche ou ofensas, que o espírito ainda sem elevação seja capaz de proferir, mesmo assim o ofensor merece o perdão incondicional das almas elevadas, que estão acima das ofensas que se lhes podem dirigir, porque dotados do único lenitivo que cura as feridas da insensatez e oferece a paz àqueles que o concedem, mediante o instrumento que não se desgasta e fala com altruísmo ao coração.
É oportuno comparar essas palavras misericordiosas do Divino Jardineiro, com a oração singela que Ele ensinou no Pai Nosso, para atender aos ditames das aspirações das criaturas na utilização do verbo perdoar porque: Jesus ensinou aos seus discípulos esses mesmos sentimentos, no momento em que o justo por excelência, responde a Pedro e a todos os viandantes do planeta Terra em provas e expiações:
“Perdoarás, mas sem limites; perdoarás cada ofensa, tantas vezes quantas ela vos for feita; ensinarás a teus irmãos esse esquecimento de si mesmo, que os torna invulneráveis às agressões, aos maus tratos e às injúrias; serás doce e humilde de coração, não medindo jamais a mansuetude; farás, enfim, para os outros, o que desejas que o Pai Celeste faça por ti. Não tem Ele de te perdoar sempre, e acaso conta o número de vezes que o seu perdão vem apagar as tuas faltas?”
Sob o manto e as bênçãos de Jesus de Nazaré, os viajores estão convidados a aplicarem essas palavras da resposta do missionário do Pai Celestial a Pedro, para ao perdoar, usarem da indulgência e da misericórdia, sem olvidar que o perdão das injúrias nunca deve reduzir-se a uma expressão vazia. É indispensável não pagar o mal com o mal, mas pensar com seriedade apenas no bem que se possa fazer ao ofensor.
Todo aquele que segue os conselhos de Jesus e se encontra no caminho da Redenção não se deve permitir afastar da estrada da bem-aventurança, sequer em pensamento, pois toda criatura é responsável pelos seus pensamentos. Fazei, pois, que esses sentimentos sejam desprovidos de rancor. O Senhor da Vida, onipotente, onisciente e onipresente, sabe o que existe no fundo do coração de cada um de seus filhos.
Sob o pálio das lições extraídas de Santo Agostinho no exame de consciência, (Q. 919 de “O Livro dos espíritos”), feliz é aquele que pode sentir a sua consciência, quando do recolhimento do corpo físico, ouvir a voz da verdade aplaudir seus atos do dia para repousar em paz. Perdoar as ofensas não significa lançar no poço do esquecimento as ocorrências desditosas; ao contrário, é demonstrar o lado da passividade, não devolver a agressão, antes oferecer a outra face, dando mostra da paz, da brandura e integridade moral capaz de evitar conflitos.
Perdoar aos inimigos é perdoar a si mesmo pelos enganos do passado, perdoar os amigos é dar prova de sincera amizade no momento das tempestades; perdoar as ofensas é não se jactar de se mostrar melhor que os irmãos de jornada, mas estar ciente de que esse ato de amor, antes de tudo significa uma melhora de si mesmo, atentos a realidade de que o perdão concedido é uma solicitação a Deus para que também estenda o seu perdão aquele que for capaz dessa virtude.
Contrário senso, se fordes duros, exigentes, inflexíveis, se guardardes raiva, rancor e desejos de vingança, como poderá se armar de coragem para pedir ao Pai Celestial que esqueça que todos os dias também se tem necessidade do perdão incondicional? Sem contradita, infeliz da criatura que profere sem pensar que jamais perdoará, porque essa é uma sentença da própria condenação.
Será de bom alvitre primeiro mergulhar no passado delituoso de cada criatura para descobrir se não foste o agressor, quiçá, nessa luta que inicia por um simples aborrecimento e desagua em desavença não fostes o autor do primeiro golpe. Sem dúvida, é possível que o vosso adversário esteja em desalinho ao se mostrar tão suscetível, mas essa é ainda uma razão para serdes indulgentes; admita-se para argumentar que fosseis realmente o ofendido. Quem sabe se não envenenastes o caso com represálias, fazendo degenerar numa disputa grave aquilo que facilmente poderia ter caído no esquecimento.
A propósito do tema, colhe-se da autoria de Joanna de Ângelis, no livro “Florações Evangélicas”, preciosas lições sobre o perdão, traduzindo essa virtude de luz inconfundível para as criaturas em trânsito pelo planeta terra, nas provas e expiações, consoante a retórica em apreço sob o manto dos conceitos ora em exame. Ainda que se justifique a animosidade contra irmãos de caminhada, evitando-se destarte, a reaproximação, esse proceder será sem dúvida o alimento de exalações que lhe farão mal, constituindo fonte de alienação com indisfarçável presunção.
Cogente, pois, perdoar, seja o que for e a quem for. O perdão beneficia aquele que perdoa, e não aquele que o recebe, pois quem ofende continuará devedor para com as leis do universo. Ademais, o perdão lhanozo proporciona paz espiritual, equilíbrio emocional e lucidez mental.
Felizes são os que possuem a fortuna do perdão para a distender largamente, sem moderação. Não se olvide que o perdoado é alguém em débito; o que perdoou é espírito em lucro. Se revidas o mal és igual ao ofensor; se perdoas, estás em melhor condição; mas se perdoas e compreende aquele que te maltratou, avanças em marcha invejável pela rota do bem.
Todo agressor sofre em si mesmo. É um espírito envenenado, espargindo o tóxico que a vítima. Não desças a ele senão para o ajudar. Não se permita considerar em demasia o petardo com que te atingiram, valorizando a ferida que podes de imediato cicatrizar.
Se não te permitires a ira ou a rebeldia perdoando sempre, e não retribuas a atitude insólita; evita usar os estiletes da violência para não aprofundares as lacerações. O regato singelo, que tem o curso impedido por calhaus e os não pode afastar, contorna-os ou para, a fim de ultrapassá-los e seguir adiante.
A natureza violentada pela tormenta responde ao ultraje reverdecendo tudo e logo multiplicando flores e grãos. E o pântano infeliz, na sua desolação, quando se adorna de luar, parece receber o perdão da paisagem e a benéfica esperança da oportunidade de ser drenado brevemente, transformando-se em jardim.
Os viajores conscientes de sua viajem de aprendiz do amor, anelam que o Consolador que hoje conforta e esclarece, também conduzem uma plêiade de Embaixadores dos Céus para a Terra, em missão de misericórdia e amor, traduzem o perdão de Deus aos erros de suas criaturas, por intercessão de Jesus.
Sob esse díptico e esses sentimentos d’alma, depositamos nosso ósculo em seus corações com a oblata da fraternidade universal, anelando que possamos ter uma nova jornada de vida nesse ano de 2024 em pleno exercício do perdão incondicional em nome de Jesus de Nazaré.
Do amigo fraterno de sempre.
Jaime Facioli.