Aqueles a quem o Pai Celeste confiou os cuidados de suas criaturas, assumiram a responsabilidade de zelar pelos herdeiros do universo, assumindo a tutela de seus filhos, e, apesar do zelo, amor e dedicação aos seus tutelados, incontáveis circunstâncias sentem-se incapazes e enfraquecidos quando entibiados na fé. De fato, ao depararem-se com situações adversas que a vida oferece aos candidatos à felicidade na existência de provas e expiações, incontáveis vezes nas encruzilhadas da viagem pelas estrelas, deixam-se levar pelo desânimo, pelo abatimento, passando a conjugar o verbo da reclamação com aspereza.
Nesse proceder, não procuram saber as causas pretéritas ou presentes das escolhas, quando se depararam com as estradas a seguir, não atentaram qual o melhor caminho a seguir, se pela porta larga ou estreita para alcançar o objetivo. Sem a escolha correta, via de regra se auto permitem a opção pela vereda da porta larga, atendendo a ilusão oferecida no princípio da jornada da experiência, esquecendo-se que as criaturas são responsáveis por tudo que cativas, segundo a retórica de Antoine de Sait Exupéry.
Quando exaustos pelas desilusões causadas pelas más escolhas, hebetadas, quedam-se sem forças para enfrentar o bom combate, consoante a proposta do apóstolo Paulo de Tarso aos Coríntios e, não raras vezes, imaginam que o caminho seja por termo às provas assumidas na pátria espiritual no passado remoto. Oh! Meu Deus. Quanta dor suportam esses viandantes, esquecendo-se que ninguém está ao desamparo da proteção Divina e Sua infinita misericórdia.
É o que consta da intervenção de Deus nas penas e recompensas, inscrita na questão 963 de “O Livro dos Espíritos”, porquanto, bem antes do início da viagem pelos mares bravios da reencarnação, o espeque já estava colocado pelo Senhor da Vida, na figura radiosa do “anjo da guarda” como consta da doutrina da santa madre igreja, para auxiliar suas criaturas nas provas e expiações.
Sim. Por esse motivo também os pais biológicos estão nomeados tutores dos filhos do Eterno, intuindo quanto entibiado para rogar a Deus, com fé na epístola de amor, pedindo ao Pai Celestial que amplie os benefícios da resistência, fortalecendo-o para a luta no tatame do bom combate com destemor e coragem para o embate necessário que permitirá a colação de grau na elevação do espírito. O fulcro da missiva é saber se o Criador ouve e atende as rogativas que lhe são endereçadas, pelos seus filhos confiados aos tutores e se defere ou não os pedidos submetidos ao crivo de sua infinita misericórdia. Com a devida vênia daqueles que imaginam diferente, a verdade é que Deus sempre ouve as rogativas que se lhe são dirigidas e as atende, não na forma e tempo solicitado, mas no tempo D’Ele. Os atendimentos das rogativas destinam-se a tudo o que for indispensável para suprir as necessidades e o crescimento dos tutelados, sendo necessário estar atento para as bênçãos que chegam a mancheias, porque entre elas pode estar o atendimento à solicitação feita com propósitos lhanozos, consoante se verá no curso dessa epístola.
Por isso, registre-se que de um modo geral os solicitantes das graças não sabem interpretar a resposta recebida, porque a pretensão é que o pedido seja atendido de imediato e exatamente como foi solicitado, nos mínimos detalhes. Contudo, a Sabedoria Divina sabe o que é o melhor para os seus filhos e qual a melhor oportunidade para conceder o pedido. Hoje, pode ser a negativa, o adiamento do que ardentemente se deseja. Quiçá, algo em que não se pense, mas que vem para abençoar as provas dos candidatos à felicidade. A propósito do tema em exame, há um relato na Redação do Momento Espírita, de 20.10.2017, descrito por Oswaldo Feltrin, que se pede licença para expor sob a emoção e verve do articulista, com espeque no seguinte pensamento:
Conta-se que naquele ano, um jovem casal foi atingido por triste acontecimento. O filho, menor impúbere, contando apenas com sete anos de idade partiu para a Espiritualidade. Os pais, depois de experimentarem a dor profunda da separação, cerca de um ano, o casal optou por visitar a Turquia, objetivando espraiar a mente dos acontecimentos transatos, e, aproveitar o ensejo para conhecerem, entre tantas paisagens maravilhosas daquela localidade, uma visita em especial a Éfeso, à casa de Maria, a mãe de Jesus.
A edificação de pedra, no monte Rouxinol, recebe, anualmente, cerca de dois milhões de visitantes. A grande maioria relata intensas emoções ao adentrar o local. Não foi diferente com eles. De mãos dadas, andaram por entre aquelas paredes, lembrando a grandeza do Espírito de Maria de Nazaré.
Recordaram o que haviam lido em obras que relatavam a respeito de João ter ido a Betânia buscar a mãe de Jesus para que viesse morar com ele. Recordaram... recordaram, enquanto os corações pareciam unidos em prece. Na saída, sentaram em uma pequena mureta, contemplando o que faziam quase todos os peregrinos: escreviam em um papel três pedidos e colocavam o bilhete entre as pedras de um extenso muro lateral. Ambos ficaram ali, olhando, e disseram um ao outro:
“Por que escrever em um papel o que desejamos, se Deus conhece o que vai na nossa intimidade? Ademais, pensaram, como podemos pedir algo mais à Divindade? Nosso filho se foi, mas guardamos a certeza de que vive na Espiritualidade. Nossa filha está bem. Nós temos saúde, emprego. Que mais poderíamos pedir?”. Numa prece silenciosa, rogaram ao Pai Supremo que, se algo pudessem receber a mais, por Sua vontade, então que Ele lhes enviasse o que sua bondade aprouvesse. Retornaram ao Brasil e, malpassados dez dias, receberam um telefonema. A questão era simples: três meninas estavam à disposição para adoção. Ele gostaria de adotá-las? O número três lhe veio à mente, de imediato. Três pedidos poderiam ter sido feitos lá em Éfeso.
Eles haviam deixado que Deus decidisse se mereceriam algo mais. Agora, Deus estava lhes enviando três joias para sua casa. O Divino Pai ouvira sua rogativa e a atendera. Entre a emoção e a gratidão, telefonou para a esposa e juntos foram buscar as três pérolas que Deus lhes encaminhara aos generosos corações. Bem se vê que tendo o Pai Celestial chamado um dos seus filhos que estava aos cuidados dessa família, atendendo ao pleito sincero que lhe fora endereçado na cidade de Éfeso, enviou três joias preciosas para que fossem cuidadas por eles na condição de depositário fiel, em nome do amor e carinho, demonstrando à saciedade, presente os ensinamentos de Jesus, contidos em Mt. 5;16:
“Assim brilhe também a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai que está nos céus”. Cabe anotar que é na experiência diária e, em especial, nos momentos mais críticos das provas que se deve oferecer o testemunho da fé, pedindo ao Senhor da Vida força para atravessar as tempestades e os vendavais das provas e expiações, conscientes de que tudo se pode pedir ao pai de infinito amor, aguardando o tempo oportuno porque a benção virá.
Essa certeza está no arrimo contido na questão 963 de “O Livro dos Espíritos”, máxime porque a Potestade cuida de todos os seus filhos, por menores que sejam, de posse da fé raciocinada e com a confiança em cada gesto, cada palavra, cada decisão que se tomar porque tudo, absolutamente tudo está sob controle do Senhor do Universo e o planeta Terra está sob o Governo do Divino Pastor.
A lição sub oculis oferece a certeza de que a Consciência Cósmica atende as rogativas de seus tutores abrindo as portas para a felicidade de seus filhos, cabendo-lhes, não passarem pelo mundo sem acrescentar o seu tijolo à magnifica construção do bem servir.
Com essas reflexões, recebam o ósculo depositado em seus corações em nome da oblata da fraternidade, com votos de um ótimo fim de semana na família em nome de Jesus de Nazaré, o Governador Planetário.
Do amigo fraterno de sempre.
– Jaime Facioli –