Os filhos do Eterno, alhures e algures quando em desalinho, se permitem exprobarem pelos acontecimentos em desaire, desanimando ante as dificuldades e reprocham a vida bela, colorida e consentida, apesar das infinitas bençãos que chegam todos os dias a mãos cheias pela graça do Senhor da vida, porquanto se vive momento especial em nossas existências. É vero, todo início ou reinicio de ano é como se fosse uma nova primavera em nossas vidas. Tudo se veste com o colorido da esperança. Os sonhos se engalanam de novos projetos e devagar vai se adquirindo consciência de que trabalhar é preciso, viver é importante, conviver com as experiências do dia a dia é imprescindível, para atender os propósitos da chegada nesse Orbe.
Por essas razões, muitas vezes somos tomados de uma inquietação que estiola os mais puros sentimentos da alma. Isto é, começamos a nos perguntar. Será que vamos lograr êxito nesse ou naquele projeto? Ao final das contas tantos sãos os empecilhos que os viandantes encontram pelos caminhos. São doenças que não têm hora para chegar, os recursos tornam-se escassos e há ocasiões em que os amoedados somem literalmente de nossas mãos, deixando-nos órfãos de sua presença.
Nesses momentos, diz o ditado popular. - A miséria entra por uma porta, a felicidade sai por outra -. Sim. Aos desavisados, é o momento e o ponto de utilizar o instrumento da sensatez em família, porquanto não faltam no clã domésticos desatentos com as provas da escassez. Verdade, nesse ponto começam os desentendimentos na família, no trabalho, e a falta de companheirismo se faz presente, ensejando a ausência de solidariedade e, a falta de caridade torna-se o ícone daqueles que não se esforçam para terem puro o coração.
Ora, sim, no quadro dantesco que se apresenta, parece que a desgraça se insta em nossas vidas, tomando acento em nossa casa, sem pedir permissão para ficar e sem pagar o aluguel, inexistindo lei que possa promover o despejo no bom sentido da palavra, salvo o valor da oração. Oh! Meu Deus, que fazer nesse momento em que tudo parece se agravar e o emprego está difícil e ainda por cima enfrenta a perda e a dor da saudade do parente, amigo, mãe, pai ou irmão, que fez ou faz a grande viagem - fora da hora combinada -, seja pelas vias naturais do envelhecimento, ou em razão de um acidente de qualquer natureza.
Meu Deus. Que não se desanimem os viajores do mundo presentemente em provas e expiações. Construam a esperança na felicidade do bem viver, porque existe lenitivo para as aflições de qualquer natureza. Desse modo pode-se manter os sonhos e os projetos alinhados com os pensamentos pulcros uma vez que o Senhor da vida, conhece as necessidades de suas criaturas, antes de que elas se façam presente, à luz da questão 963 de - O Livro dos Espíritos -.
Não há, pois, razão para desanimo, ainda quando o sol se torne obnubilado pelas sombras que recaem sobre as vidas dos transeuntes, conscientes de se tratar de testes existenciais, porque o evangelho redivivo do Homem de Nazaré, é porto seguro e arrimo para oferecer os páramos da alegria. Diante dessa realidade, mister se faz, isso sim, uma vivência dentro das leis morais e dos padrões traçados por Jesus de Nazaré, governador planetário que ilumina o belíssimo planeta de provas e expiações chamado Terra.
Nessa retórica, estejam convictos os viajores das estrelas que aqueles que se encontram com o Celeste Amigo, jamais viverão na escuridão, conforme suas próprias palavras, vós sois o - Sal da Terra -, conservando a elevação do pensamento e dando sabor da fraternidade à vida de relacionamento em direção dos projetos existenciais. A tarefa parece difícil, mas convida recordar que, sem o espírito de renúncia, de desprendimento e da disciplina, as dores da humanidade se agravariam ainda mais.
No outro polo, as sombras, hão de ser passageiras, porque o sol do amor de Deus não deixará que a ignorância se imponha por muito tempo seus efeitos nefastos aos homens de boa vontade, e amantes da paz. Se a brutalidade ainda recrudesce, cabe aos seguidores do Cristo o desenvolvimento da concórdia, por meio do próprio exemplo, na prática dos ensinos evangélicos. Se porventura a dor moral ainda persistir, como efeito dos enganos e rebeldia, o alívio por meio dos esclarecimentos do evangelho redivivo do Rabi da Galileia, é sim, o caminho e recurso a serem mobilizados. Se o homem se ressente de seus atos cheios de sombras, cabe a ele reerguer-se para a luz de Deus, a fim de construir em sua consciência a cidadela de paz que o mundo deseja.
In veritas, com o desenvolvimento do amor elevado, conseguirão as criaturas de Deus construírem a sociedade livre das mazelas que assolam o progresso a edificarem o palácio dos sonhos que embalam a vida para todo o sempre. Confiemos, no amor celeste do Pai. Envide esforços para que a luz anelada pelos filhos do altíssimo nasça nos corações dos aprendizes da felicidade. Com efeito, é com mansuetude como apregoou o Divino Jardineiro, que a natureza divina não é para ser aprisionada à sombra do sofrimento, fora do alcance do Todo Poderoso, onipotente, onisciente e onipresente. Oh! Senhor, somos a flecha que tem por destino ser arremessada por Tua potestade para encontrar a árvore do conhecimento e do progresso.
Nesse arrazoado, existem opções para o exercício do livre arbítrio, e a cada passo da vida, há uma nova primavera, nascendo a cada ano os novos projetos que se anela construir para o futuro, e, se as esperanças se entibiarem sob manto do desalento, vigie-se como propôs o Divino Jardineiro, alforriando-se na prece, e nas divinas leis do Pai Celeste. Para enriquecer o tema, pede-se licença para contar a história de uma pobre senhora, que se encontrava em angústia, trazendo no rosto a marca de seus desenganos; nas mãos uma minúscula lista de suas necessidades. Foi recebida pelo proprietário com grosseria, pois o comerciante estava prevenido de suas intenções em pedir os alimentos fiado.
De fato, na ribalta da evolução, as compras para o sustento da família se faziam em pequenos armazéns, com cadernetas onde eram anotadas as compras para pagamento ao final do mês. Nossa personagem não podendo honrar o compromisso mensal em razão de doença na família, teve a conta do mês cortada e o tormento foi atroz. A senhora em suplica, explicou que seu marido estava doente e não podia trabalhar e além disso, havia os filhos pequenos para alimentar. O dono do armazém não sensibilizou seu coração para atender o pedido. O fato gerou lágrimas na necessitada que implorou dizendo: - Por favor, senhor ajude-me, tão logo tenha o dinheiro lhe pagarei-. Nada, entretanto, demoveu o dono do empório, quando ele afirmou que ela não tinha crédito em razão da falta do pagamento anterior.
A cena era vista por um freguês generoso, que assistia a conversa entre os dois e resolveu por aproximar do dono do estabelecimento e lhe sussurrou aos ouvidos que ele poderia entregar a mulher necessitada o que ela pedia que ele assumiria o estipêndio. Nesse instante, como acontece com os filhos de Deus, quando surpreendidos em falta de caridade, meio que a contragosto, o comerciante como se tivesse percebido que a conduta do bondoso homem, era àquela que ele deveria ter adotado, questionou a interessada nos alimentos de forma displicente e em tom áspero a pobre mulher:
Você tem uma lista de mantimentos? Sim respondeu a necessitada. No intuito de tentar recuperar a autoestima e escrachar a pobre senhora, pelos acontecimentos que se vira envolvido, disse-lhe com amargor na voz. - Muito bem, coloque a sua lista na balança e o quanto ela pesar, eu lhe darei em mantimentos sem nenhum ônus -.
A entibiada personagem de nossa história, hesitou por alguns instantes, e com a postura dos que pedem, de cabeça baixa e submissa, retirou da bolsa um pedaço de papel e escreveu alguma coisa e o depositou suavemente na balança a - lista - de mantimentos. Os que se encontram naquele sítio dos acontecimentos, os três personagens foram tomados de surpresa e espanto quando o prato da balança contendo um simples papel desceu e permaneceu no último degrau do instrumento de pesar.
Pasmos com o marcador da balança e sem entender aquele estranho fenômeno, dizia o comerciante em voz alta para o benfeitor primário da necessitada. - Oh! o que será que aconteceu? Não posso acreditar no que meus olhos veem -. Mas diante da testemunha ocular, o benfeitor interessado no episódio, não teve alternativa, se não começar a colocar os mantimentos no outro prato da balança e como a balança não havia meio de se equilibrar, ele teve que continuar a abastecer o prato da balança, mais e mais, até não caber mais nada.
Passado o susto com o inusitado da ocorrência, o comerciante ficou parado olhando para a balança, tentando entender o que havia acontecido, quando se seu deu conta de que o papel contendo os pedidos da pobre mulher ainda estava no prato, ao que ele criou coragem e lendo-o, maior ainda foi a sua surpresa, pois não era uma lista de compras, mas sim uma oração que dizia - ipsis verbi -: - Meu Senhor, o Senhor conhece as minhas necessidades e eu estou deixando isso em Suas Mãos -.
O homem entregou as mercadorias para a pobre mulher no mais completo silêncio enquanto o freguês generoso, fiel a sua palavra, resolveu-se ele mesmo por pagar a conta, assim se expressando, enquanto a beneficiada deixava o armazém agradecendo ao Senhor do Universo. - Valeu cada centavo -. Cogente entregarmos nas mãos Dele todas as fichas, pois para ele o impossível não existe, na linguagem - Filipenses 4:19 - ao estabelecer o conceito: - Eu suprirei todas as suas necessidades -.
Com essas reflexões, jamais desistam do que realmente querem, pois as pessoas que tem sonhos serão esperançosos e confiantes nos desígnios da Providência Divina, presciente do que necessitam seus filhos antes que a necessidade bata a porta. Ponto finalizando, depositamos o ósculo da fraternidade em seus corações, com a oblata de estima e consideração com os votos de um final de semana feliz em nome de Jesus de Nazaré.
Do amigo fraterno de sempre.
Jaime Facioli