A vida dos profitentes das existências, viajantes das estrelas no universo do Pai Celeste, apesar de anelarem com sofreguidão sejam as existências belas, coloridas e consentidas, o fato é que ninguém tem o direito de imaginar que a vida em sociedade seja um mar de rosas. In veritas, não é. Notório é o conhecimento de que os filhos da Potestade foram criados simples e ignorantes, sob o pálio das questões 115, 133, e 804 de “O Livro dos Espíritos”, mas em datas diversas, pois o Pai trabalha até hoje, na retórica do Divino Pastor, crível, portanto, que o Senhor da vida cria até hoje.
Com esse preâmbulo, observa-se pelo introito, não ser difícil compreender que os que iniciam por primeiro o périplo em direção aos páramos celestiais, certamente tornam-se mais experientes. Ora! Sim. Resulta dessa postura, interpretações diferentes uns dos outros sobre os aspectos de como a vida se apresenta como proposta das provas e expiações.
Certo é que a criatura humana é a soma de seus conhecimentos, razão porque Paulo o apóstolo asseverou na epístola aos Coríntios, que o homem carrega consigo o resultado de seus atos, pensamento que também conduziu o escritor francês Antoine de Saint-Exupéry, (1900-1944) no século XIX, escritor e piloto, a afirmar numa metáfora, o mesmo sentimento do apóstolo Paulo, estabelecendo o autor de “O pequeno príncipe” que; “Tu serás eternamente responsável por seus atos”.
Nesse arrimo, que não se engane a rasa filosofia dos estudiosos, imaginando que os eremitas ou os misantropos, sejam sábios na escolha que fazem para viver afastados da sociedade. Em verdade, esse proceder não os conduz a novos conhecimentos ou aprendizados, de sorte que nada transmitem ao seu próximo e nem alcançam novos horizontes para si próprios, para respeitar a Lei de Progresso.
Destarte, essas condutas in vero são egoístas, espelhando a conclusão que mesmo quando essas criaturas estejam vocacionadas para a religiosidade ou penitência, eles têm mais de exclusivismo do que de sabedoria. O homem é um ser, eminentemente gregário, se estabelece em sociedade pela sua própria natureza de priscas eras; vivendo em sociedade os filhos da Potestade transmitem seus conhecimentos e descobertas a toda comunidade, resultando ser os artífices eficientes da Lei de Progresso, suprindo as necessidades da humanidade.
Cogente, na esteira dessa realidade, perceber a profundidade das lições de Jesus quando assevera que os filhos do Eterno, pela sua origem Divina, são Deuses, capazes de realizar tudo o que o Divino Pastor realizou e muito mais. Afirme-se, em realidade, que apenas o “Timing” será outro, ou sob outra dicção, quando pela elevação espiritual a criatura tornar-se espírito crítico.
No fluxo dessas emoções, quando os filhos do Sentimento Divino, realizando a grande viagem de aprendizado pelo belíssimo planeta chamado Terra, tornarem-se intolerantes, indisciplinados e ególatras, pois sem ouvir o irmão de caminhada, é o conflito da existência destinada a elevação espiritual.
Inegável que essa conduta gera dissintonias, desentendimentos, desuniões, guerras e violências de todo jaez, subtraindo a tranquilidade e afastando a paz que deve fazer parte dos corações vocacionados para as bem-aventuranças. O ensejo, recorda O Homem de Nazaré, em sua docilidade e tratamento amoroso; ao encontrar-se com seus discípulos os cumprimentava dizendo “Eu vos dou a minha paz”.
Ao se despedir da confraria de amor, exortava aos convivas dizendo, “Eu vos deixo a minha paz”. Muitos ainda imaginam que essa paz de Jesus seja gratuita ou adquirida a peso da moeda sonante. Não é. A paz tem que ser conquistada, pelo reto proceder, pelo exercício do perdão, da mansuetude, da paciência e do amor por excelência, enfim, todas as virtudes que integram a mais nobre delas, a Caridade ao feitio do entendimento esposado por Paulo, o Apóstolo dos gentios sobre o tema.
Na narrativa sub oculis, a história da humanidade está repleta de violência. A Gengis Khan foi atribuída a morte de 1.748.000 pessoas em uma hora; com Átila o rei dos Hunos, violência do mesmo jaez e no percurso percorrido pelas civilizações, até os dias atuais ainda se vê os assassinatos brutais. É fato, a sociedade contemporânea recorda o caso de Suzane Richthofen que matou os pais, Manfred Albert Freiherr von Richthofen.
Lamentavelmente, também os acontecimentos que envolveram o desaparecimento da modelo e atriz Eliza Silva Samudio e, a morte prematura da menina Isabella Nardoni de cinco anos de idade, defenestrada do sexto andar do Edifício London ou ainda, entre tantos conflitos, a página negra da historiografia mundial do dia 11 de setembro de 2001, quando foram destruídas as torres gêmeas em Nova York.
Com efeito, na alvorada do novo mundo, o de regeneração, inadmissível a teimosia dos homens nos conflitos e violência para resolver as dissidências geradas pelos interesses das nações, das classes ou das pessoas em particular. Por outro lado, é verdade que, as divergências são salutares, considerando-se que levam ao desenvolvimento do intelecto, na procura do respeito ao direito de cada um, certo de que o direito de um vai até o ponto onde se inicia as prerrogativas de outrem.
Na outra vertente, os pretextos para as bulhas são sempre os mesmos. Os interesses espúrios de uns contra os outros. O desrespeito ao código ético moral, violação aos preceitos evangélicos ensinados pelo Divino Pastor para se entregar a cada um o que lhe pertence, como dispõe as lições do Homem de Nazaré no episódio dos fariseus que O interrogaram se deveriam pagar ou não os tributos devidos a César.
Em síntese apertada, é necessária e urgente ação ativa do homem em direção a si mesmo, ao seu ser imortal, nos seus predicados ínsitos n’alma para a pacificação do mundo e as reformas indispensáveis à caminhada da paz. Sem contradita, vivemos dias de emergência. Não dá mais para perder tempo.
O tempo é escasso e os compromissos se multiplicam e as necessidades do dia a dia se amontoam. Açoda-se na busca dos valores materiais e se demora para recuperar
o tempo perdido. Na ânsia de viver para o mundo externo, se faz letra morta para viver também para o mundo interno. Perdemos o endereço da Divindade. Perdemo-nos nas estradas do mundo e enorme são as dificuldades para encontrar o endereço da intimidade e do espírito.
Nessa narrativa, os conflitos têm origem n’alma embrutecendo os sentidos do ser humano. Olvidam-se as necessidades d’alma, atrofiam-se os sentimentos e a essência vivendo-se na externalidade do mundo. As reflexões inexistem e o espaço mental desassossega.
Não se aprecia o entardecer, nem se reverencia a tempestade de verão refrescando o fim da tarde. A oração deixa de fazer parte dos hábitos e as leituras edificantes cedem espaço para programas vulgares, abrindo espaço para o niilismo imperar a desfavor do exercício das nobres capacidades humanas.
A vida passa a ser guiada pelos instintos e pouco espaço há para os sentimentos e para as reflexões mais elevadas. Inegável, que nesse estado d’alma, se vive como se não fossemos portadores da essência Divina, ou como se não fôssemos d’Ele os filhos diletos. A continuar nessa vereda, afastar-nos-emos do contato dos sentimentos Divinos. Nessa ocorrência, vive-se em conflito, agredindo uns aos outros, como sói acontecer.
Sem o amor, não se consegue conviver com desafios da vida, ausente a virtude da tolerância ao se deparar com situações limites nas provas da vida. Furta-se ao dever da boa prova, escolhendo os atalhos das discussões verbais, dos afrontamentos até às raias da agressão física, quando não respeita à vida do próximo.
A história da humanidade fornece referências de incontáveis espíritos que escolheram o caminho da não violência para a resolução das cizânias da vida. É o caso de Mohandas Karamchand Gandhi, “na alma grande”, o indiano formado na Inglaterra em ciências jurídicas, jogado do vagão do trem porque estava na primeira classe, não obstante, ter efetuado o pagamento devido. O racismo determinou a sua expulsão do trem.
O bom senso, nascia naquele momento do homem santo, que a exemplo de Jesus de Nazaré, escolheu o caminho da não violência para a solução dos conflitos da existência. Suas atitudes marcaram o modelo a ser seguido, pois levou a sua pátria a libertação do jugo dos ingleses, liberando-os da escravatura em que viviam, sem derramar uma gota de sangue de sua parte.
Diante do reto proceder, seu nome foi reverenciado e o será para sempre, mostrando que o amor sempre vence. Gandhi não foi senhor de exércitos, governante ou político onde mourejou. Sem patrimônio, também não legou a posteridade avanços científicos. Ao deixar esse mundo o fez com o dever cumprido, viveu com simplicidade, sem riquezas, sem bens, sem títulos ou cargo oficial, carregando na biografia a humildade e o coração repleto de alegria. Marshall, secretário de Estado dos Estados Unidos àquela época, disse-o bem, Gandhi era o porta-voz da consciência de toda a Humanidade.
O seu princípio era a busca da solução dos conflitos pelos meios pacíficos, tornando–os suscetíveis as divergências entre as pessoas, sob sua autoridade moral e o discurso amoroso de que todos somos filhos de Deus, arrimo sob o qual pretendia iluminar as mentes das autoridades afirmando haver lugar para todos, sem que isso afetasse o seu profundo respeito por todas as opões religiosas.
Para oferecer a paz ao mundo é indispensável alimentá-la primeiramente dentro de cada um dos filhos da Consciência Cósmica. Pode-se, pois, afirmar que a Terra foi presenteada com o exemplo desse “pequeno grande homem”, o apóstolo da não violência que, seguiu os passos de Jesus provando com o sacrifício da própria vida que o amor é soberano. Trabalhando com amor os conflitos da existência, abraçando o ideário da não violência vivido pelos arautos da bem aventurança, se está em sintonia com o Universo da Providência Divina.
Nesse epílogo, rogamos aos corações alberguem à maturidade espiritual, soluções pacificas para os conflitos da existência em nome da paz anelada por Jesus de Nazaré para todas as ovelhas do seu redil.
Do amigo fraterno de sempre.
Jaime Facioli.