A abordagem sobre o tema das sementes da vida, tem o seu mérito junto aos corações generosos dos amigos fraternos. Trata-se dos filhos de Deus considerados os diversos graus de evolução de que são portadores para semearem seus conhecimentos, guardados nos cofres sagrados de suas almas com os seus ideais e sonhos, ilustrando-se no modelo e guia da humanidade, o Divino Jardineiro.
Em verdade, os que estão à frente, são paradigmas servindo de modelo e guia para aos que vêm mais atrás. São as luzes que iluminam os que vem na retaguarda do caminho. Diga-se por isso, tratar-se de um retrato da sociedade contemporânea, porquanto não se nega existência de bandidos, delinquentes, estelionatários e nações que fazem guerra.
Inegável que há pessoas de má fama, outras de boa índole, generosos, probos, de proceder ilibado, filantropos e os vocacionados para o altruísmo, portanto servem de modelos que balizam o reto proceder, guias para conduzir no mar bravio da existência de provas e expiações, atentos no plantio ensinado pelo Divino Jardineiro no plantio das boas sementes. Inegável aos tarefeiros, para se colher plantio de qualidade, há que se promover mudanças nos que buscam o bem proceder, a fim de conseguir encontrar-se o caminho do bem. É o despertar da consciência do sono, crescendo em direção das plenitudes existenciais.
Bem por isso, o Homem de Nazaré veio a esse Orbe, certificando aos viajores as bens aventuranças, porquanto tudo que Ele fez e faz, também podem serem realizados pelos que sigam a sua Luz aurifulgente em nome do Pai Celeste. O preclaro Alan Kardec ao questionar o espírito da Verdade, na questão nº 625 de "O Livro dos Espíritos", propondo saber, qual é o tipo mais perfeito que Deus ofereceu ao homem para servir de guia e modelo, obteve como resposta da entidade veneranda a seguinte informação: Vede Jesus.
É do Divino Galileu a lição preciosa das sementes. "Aquele que semeia, saiu a semear; e, enquanto semeava, uma parte da semente caiu ao longo do caminho, e vindo os pássaros do céu a comeram. Outra caiu nos lugares pedregosos, onde não havia muita terra; e logo nasceu porque a terra onde estava não tinha profundidade. Mas o Sol tendo se erguido, em seguida, a queimou; e, como não tinha raízes, secou. Outra caiu nos espinheiros, e os espinhos, vindo a crescer, a sufocaram. Outra, enfim, caiu na boa terra, e deu frutos, alguns grãos rendendo cento por um, outros sessenta e outros trinta."
Sob esse prólogo, é oportuno questionar qual a semente da vida que cabe ao semeador plantar para cultivar em seu jardim da existência, consciente de que o candidato a felicidade encontrará a resposta na questão nº 621 de “O Livro dos Espíritos” asseverando ser na consciência dos filhos do Eterno. De outro lado, o ser humano tem um desejo imenso de realizar grandes obras, feitos que os consagram e lamentavelmente em razão da egolatria, olvida de promover as pequenas reformas que o espírito necessita no dia a dia, pois no dizer do espírito benfeitor da humanidade, Joanna de Ângelis, a única e verdadeira vitória é aquela que o homem realiza sobre as suas imperfeições.
Nessa moldura, as sementes da vida têm que vencerem as más inclinações, não mentir ou, enganar a outrem. Sempre olvidar os vícios de qualquer natureza, como por exemplo, deixar na poeira dos tempos o hábito do tabaco, da bebida, das dissidências, e substituir essas imperfeições pelo amor fraterno, pela tolerância, procurando sair a semear, sem se importar onde caia à semente, o que vale é a oportunidade para servir de modelo ao próximo.
Nesse arrazoado, para demonstrar a importância dos pequenos gestos e atos junto a esse mundo de Deus, a família, a cidade, a pátria, ao orbe para oferecer o contributo de um porvir de glória na direção do Mundo de Regeneração, é oportuno o relato do homem que trabalhava em lugar distante de sua residência, carecendo utilizar-se de transportes coletivos todos os dias e percorria grande distância. No trajeto, invariavelmente encontrava-se com uma senhora idosa que sentava ao seu lado e abrindo a janela e sua bolsa, tirava um pacotinho e passava a viagem toda jogando alguma estranha a para fora.
Como a cena do dia a dia era curiosa, espicaçado o viajante sem se conter perguntou a anciã qual a razão do seu gesto ao jogar pela janela, aquelas coisinhas aparentemente estranhas. Para sua surpresa, respondeu a nobre senhora afirmando ser admiradora das flores para engalanar a natureza, como se fosse o autógrafo de Deus embelezando o altar da natureza. Enriquecendo o dialogo a interroganda disse ser uma homenagem ao trajeto percorrido tornando-o mais belo e encantador, por isso jogava todos os dias pela janela do coletivo as sementes de flores, na esperança de tornar os seus sonhos uma realidade, transformando o trajeto percorrido multicolorido, e suspirando profundamente na alegria dos sentimentos d’alma, concluiu em suspiro profundo, Ah! como isso é bom.
Com essa retórica, apesar do discurso as vezes eloquentes, que não se engane os viajores das estrelas, aqueles que se encontram com os cabelos enlurados, sinal dos tempos, no anoitecer da existência, imaginando que nada devem realizar pois não alcançarão em tempo os frutos de seus trabalhos. Meu Deus! que ledo engano. É fato que se ainda que saibam que na natureza tudo se transforma e nada acontece por acaso, mas por uma causa, é a lição do Rabi da galileia asseverando que o Pai Trabalha até hoje e Ele também trabalha.
Apesar disso, o fato é que, incontáveis irmãos de caminhada, não comparecem as secções dos trabalhos evangélicos, seja nas igrejas de sua devoção ou aos trabalhos beneméritos dos Centros Espíritas, para aprender, ajudar na solidariedade, colaborar nos passes, na distribuição da água fluidificada, ou qualquer das atividades benfazejas dessas casas, sob o pretexto de que já estão "velhos", considerando trabalhos de menor importância e que nada colherão dos frutos de seu plantio.
Ora, Meu Deus! Jesus veio para ensinar para o futuro. Transformar os homens. Colocarmo-nos no caminho do bem. Se plantarmos uma árvore alhures e algures, não será necessário que colhamos os seus frutos. É indispensável que a plantemos, pois quando chegamos já encontramos outras tantas plantadas, das quais nos servimos com os seus frutos.
Cogente pois, abandonar a egolatria e servir ao próximo, ao seu coração, aos seus sonhos é proposta que enobrece o espírito imortal. Sirva de modelo. Semeie como fez o Divino Rabi da Galileia. Foi dessa maneira que o nosso passageiro admirado com a atitude pulcra da augusta senhora, questionou-a idosa:
Mas, senhora, as sementes caem no asfalto, são esmagadas pelos pneus dos carros, devoradas pelos passarinhos, como pode a senhora crer que estas sementes irão de alguma sorte produzir seus frutos. Respondeu-lhe a anciã com ternura. Penso que sim meu filho, pois mesmo que muitas se percam no caminho da vida, algumas acabarão por cair na terra e com o tempo irão brotar, disse-lhe com convicção.
Mesmo assim, responde o incrédulo, demoram a crescer, precisam de água etc., etc. A encantadora senhora disse-lhe então: Ah amigo! Não se preocupe, eu faço a minha parte. O Senhor da vida, sempre nos proporciona dias de chuva e se alguém se predispuser a jogar as sementes, as flores um dia nascerão.
Os preconceituosos sempre se opõem, e ao descer no ponto seguinte, imaginou o nosso personagem consigo mesmo, fazendo juízo de valor. Tem cada uma! A vovozinha deve estar senil. Por isso o axioma. "Cada louco com sua mania". Para surpresa do descrente, decorrido algum tempo, em viagem pelo mesmo trajeto e ônibus nosso personagem acabara de sentar-se a janela, eis que a costumeira velhinha não se encontrava no coletivo, ocupou o seu lugar, deitou seu olhar para a paisagem e percebeu flores no caminho como se emoldurar a natureza, vestindo-a de todas as cores para contemplar a vida, colocada em toda a beira da estrada, o que tornava a paisagem, bela, perfumada e colorida explodindo em tonalidades mil.
A sua memória recordou-o da nobre senhora. Procurou-a em vão. Ao indagar do cobrador que bem conhecia todos os usuários daquele percurso, obteve como resposta. Sim, conheci. A velhinha das sementes. Ela morreu há quase um mês. Admirado com o passamento da nobre senhora, nosso personagem retorna ao seu lugar e encanta-se com a paisagem florida que embelezava a natureza e pensa consigo mesmo: Mas quem diria! As flores brotaram mesmo. Mas de que adiantou o trabalho dela. Morreu e não pode ver esta beleza toda.
Foi neste instante de suas reflexões que ouviu risos de crianças no banco à frente e uma garotinha apontado pela janela irradiava entusiasmo ao dizer as amigas. Olhem, que lindo. Quantas flores se podem ver pela janela. Esta é uma estrada de amor e de beleza. Como será que se chamam aquelas flores?
Assim, o nosso personagem despertou da consciência do sono e compreendeu que mesmo não estando presente fisicamente a nobre senhora havia feito com que o mundo fosse melhor, uma vez que não vendo com os olhos do corpo físico com a alma deixou a sua marca, a sua semente e a beleza para a contemplação do próximo para a felicidade aos que vem na retaguarda, afinal quando ela retornasse a vida física encontraria um mundo mais belo, melhor, mais sereno e colorido de suas boas ações.
Façamos a nossa parte. Vale a pena contribuir para um mundo melhor. Auxiliemos àqueles que necessitam de nosso apoio, de nossa caridade, da palavra amiga, do gesto de fraternidade. Ajude na casa espírita, colabore na quermesse da Igreja Católica, preste seu contributo as igrejas evangélicas de qualquer natureza. Parem com as guerras em família, nas cidades e nos países. O mundo precisa urgentemente de Paz, de Amor, de Fraternidade. Façamos a nossa parte.
O nosso personagem, agora desperto para a realidade da vida, houve por bem, no dia seguinte, em homenagem à vida e a nobre senhora, começar também à jogar pela janela do ônibus, as sementes do amor, da fraternidade, da alegria por essa vida que é bela, colorida e consentida. Vamos dar continuidade a celebração da existência, servindo ao próximo com os nossos gestos e nossos atos, nossas palavras, de exemplo para os que vêm na retaguarda da existência.
O modelo perfeito é Jesus. O futuro certamente depende de nossas ações no presente. Por essas razões, no dizer de André Luiz, inscrito "In - Endereços de Paz" pelas mãos abençoadas de Francisco Cândido Xavier colhe-lhe pérola preciosa afirmando: "Não admita possa alguém construir algo de bom sem dificuldade. Pense nos problemas que uma simples somente deve encontrar a fim de germinar para servir. Indique uma pessoa capaz de se manter na onda do êxito sem obstáculos. Muitas vezes, é na prestação de algum serviço incômodo que você vai achar os melhores ingredientes para a solução de seus problemas. Não ore por vida fácil. Roguemos a Deus ombros fortes, não só para carregar o bendito fardo nas obrigações que nos competem, como também para sermos mais úteis."
Com esse ideário convido aos amigos a transformarmo-nos em semeadores do bem, através de nossos exemplos, de nossas posturas, de nossos pensamentos e de nossos sonhos, para que a humanidade se transforme no planeta de regeneração.
Do amigo fraterno de sempre.
Jaime Facioli.