O preâmbulo espicaça os vestibulandos nas universidades da vida, a refletirem sobre a questão em apreço, certo de que os filhos do Eterno, não raras vezes se perguntam, qual a causa da demora dos interessados nas bem-aventuranças para alcançarem os páramos celestes, considerando as memoráveis lições ensinadas pelo Divino Galileu, iluminando o carreiro com a assertiva de que na casa do Pai tem muitas moradas.
Inegável que na boa nova, o enviado do Senhor da Vida, todo amor e bondade, expoente da divina mensagem, modelo e guia para a humanidade, julgou importante despertar as criaturas em sono letárgico, provocando os viajores das estrelas com a pergunta que necessariamente os levaria a reflexão dos atos em desalinhos, no caminho pela trajetória, para o encontro com o destino das provas e as expiações, até encontrarem a vida, bela, colorida e consentida.
Com fulcro nessa ideia, conquanto a expressão pareça um reproche, na verdade, trata-se de um convite para despertarem os espíritos de seu torpor milenar, despertando-os para a realidade, razão porque, disse o arauto do amor, aqueles que o procuraram não para se esclarecerem, mas para provocá-lo.
Sim. Foi nesse momento que o Mestre interrogou os candidatos à felicidade, sobre a ociosidade do comportamento dantanho. Não houve reproche, xingamento ou de desalinho nas propostas de mensageiro do amor, pois no lugar de críticas acerbas, para todo o sempre trouxe em seus exemplos as palavras dulcificadas, a brandura e a virtude da compaixão e da indulgência.
Destarte, a passagem em comento, tratou-se de um convite, um choque de realidade, para o despertamento daqueles que dormiam e ainda hoje muitos jazem na consciência do sono, considerando-se que naquela ensancha os fariseus não deixavam passar em brancas nuvens uma provocação a Jesus no seu missionato de amor, tanto como a questão nesse arrazoado que não se cala ao questionar: É inimaginável, até quando os filhos do Eterno permanecerão nos desenganos?
Sabe-se que antes do homem de Nazaré proceder com severidade contra os seus agressores, o Mestre já havia tido um primeiro embate com os acusadores, quando o incriminaram de violar a lei do sábado por colherem espigas naquele dia, segundo o relato de Mateus 12:1-8. Ao depois, Jesus entra em uma sinagoga e cura um homem com a mão aleijada.
Diante do “milagre” os fariseus o provocam novamente, como sempre, insista-se, não para se esclarecerem, mas para censurar O enviado pela Divindade, por ter curado em um dia de sábado. No silêncio de seu coração, o Mestre se retira, e algum tempo depois lhe foi trazido um homem endemoninhado, cego e mudo. Jesus, todo amor e misericórdia, o cura.
Oh, meu Deus! Foi o quanto bastou para que os fariseus dissessem que Jesus realizava milagres pelo poder do diabo: “Mas os fariseus, ouvindo isto, murmuravam: este não expele demônios senão pelo poder de Belzebu, maioral dos demônios” (Mateus 12:24). Nesse cenário, o amor por excelência fez uma incomparável argumentação a respeito da questão em debate, e como instrumento de instar o despertar daquelas criaturas para a realidade do espírito, os interroga na frase provocante para a descoberta da verdade: “Raça de víboras, como podeis falar coisas boas, sendo maus? Porque a boca fala do que está cheio o coração” Mateus.
Sem contradita, o que se vê na lição em apreço, é que Jesus respondendo à acusação que lhe faziam às obras santas, as quais se pretendia serem obras pelo poder do diabo, Jesus contra argumenta sustentando: raça, significando que eles também eram filhos, descendentes daqueles que nasceram, numa determinada casta; e ao se referir a “víboras” aponta para “as serpentes, cobras venenosas”, como consta na Bíblia, um animal que simboliza o diabo, e, isso nada mais é do que se contrapor as inverdades que lhe eram assacadas.
Nesse sentido, sabe-se que as obras de Jesus eram obras de Deus; mas os fariseus, ao tergiversarem a verdade, desvirtuando as obras de Deus, eles, sim, nesse sentido lato, eram as “crias do diabo” pela maldade que traziam em seus corações.
Ainda que os acusadores dos tempos remotos não entendessem as nuanças delicadas dos pensamentos do mensageiro do amor, acima de tudo, reina a verdade de que sob a luz do bom senso, não se pode desvirtuar as lições do Mestre e nem tergiversar a verdade, porque a pergunta/afirmativa do Divino Jardineiro dizendo: “até quando estarei entre vós”, é um convite para o despertar da consciência do justo e daqueles que buscam o caminho da probidade ao atirarem no poço sem fundo a ignomínia e o opróbrio.
Meu Deus! Em verdade, o pote dos desacertos está repleto de desalinhos; rogamos dê forças aos viandantes em provas e expiações, para entenderem a mensagem de amor do arauto do bem e responderem com acerto ao seu convite, pois até quando se cairá sem aprender as lições das dores das quedas, das escolhas egoístas, máxime quando tudo indica para uma vida de colaboração, amando ao próximo como a si.
Até quando os viajantes em busca da plenitude vão se afundar na lama, segurando o fôlego da agonia, julgando-se merecedores de estarem em outro lugar, sem realizar o mínimo esforço, levando a vida na matroca e acusando a Potestade dos desacertos em que se optou por realizar.
A grande jornada de provas e expiações oferece luz, quando se deposita o olhar no questionamento do Mensageiro do Amor, nessa esculpida, um basta à impulcritude, um basta aos desacatos, às desfeitas, aos desrespeitos, às diatribes, aos doestos, às injúrias e aos insultos.
O momento é agora, não deixe para amanhã o que se pode realizar hoje, diz o ditado popular. O divisor de água é o momento de responder à pergunta de Jesus de Nazaré, relegando servir-se do opróbio para censurar o Cristo de Deus pelas suas obras de amor; dessa forma também foi o momento em que Paulo de Tarso deu o seu basta na estrada de Damasco, naquele encontro inesquecível, quando decidiu mudar o rumo de sua vida.
Anote-se, todavia, que a mudança de Saulo não se deu por imposição, mas atendendo um convite amoroso do mensageiro do amor. Não houve uma ação externa ou imposição do Cristo. Não, ele decidiu no uso do livre arbítrio que seria diferente.
Outra ensancha, para despertar ao convite do Nazareno, foi, sem dúvida, o da Maria de Magdala, quando deu um basta às atitudes que desatendiam o código das leis Divinas, no encontro com o Mestre na casa de Simão Pedro. Ao ouvir a proposta iluminada, deixou a humilde residência do Apóstolo dizendo: “Senhor, doravante renunciarei a todos os prazeres transitórios do mundo, para adquirir o amor celestial que me ensinastes”.
O atendimento ao convite de despertar para os valores d’alma, proposto por Jesus de Nazareno, soa até os dias atuais; até quando? ... Francisco de Assis deu o seu basta na solitude de seus pensamentos, quando, ao retornar, enfermo, de uma guerra, aceitou o convite do Cristo que lhe falava em pensamento.
Bendito seja Jesus, o seu convite despertando os irmãos menores até hoje, e os exemplos grandiosos de personagens traçados nessas linhas e que receberam missões grandiosas, recordando que todos eles atenderam à convocação não por imposição, mas por decisões lhanozas retiradas dos espíritos que se esforçam para terem puro os corações.
A pena não se permite olvidar do Dr. Bezerra de Menezes, Santa Madre Tereza de Calcutá, Irmã Dulce, Eurípedes Barsanulfo, Marter Luther King Júnior, Francisco Cândido Xavier, Mohandas Karamchand Gandhi e tantos outros que somente se fizeram grandes porque tomaram decisões.
É certo que as grandes mudanças da alma vêm, paulatinamente; são construídas com as experiências, as encarnações. No entanto, há muitos momentos em que é imperioso mudar de direção e tomar atitudes enérgicas em relação ao próprio indivíduo, sob pena de seguir a direção do comodismo que manterá a criatura na ociosidade, inerte e na matroca, levando pela escolha dos atos a sofrimentos desnecessários.
Sob o fluxo dessas meditações de “Até quando se permanecerá nos desenganos”, oxalá se possa tomar uma atitude proativa para se autoanalisar e escolher o basta indispensável à impulcritude dos comportamentos dos vícios, do desiderato familiar que desarmoniza a estabilidade do lar sagrado.
Com esses sentimentos d’alma, segue o ósculo em seus corações, com a hóstia da fraternidade universal, anelando tenham os amigos de todo o sempre, a oportunidade de dar o basta aos enganos e um final de semana de muita paz em nome do Divino Pastor.
Do amigo Fraterno de sempre.
Jaime Facioli