Queridos amigos fraternos.
Bom Dia.
Jesus sê conosco.
As cadernetas da vida.
A humanidade tem por hábito e para fins de registros históricos, anotar os acontecimentos e as ocorrências do dia a dia e da hora a hora.
Com esse proceder logra êxito nos projetos que permitem avançar nas ciências legando à posteridade os avanços e as conquistas transatas, ponto de partida para novas e proveitosas descobertas que permitem ao homem através do progresso, uma vida melhor, com medicamentos que aliviam as dores do corpo físico, como propõe a Lei de Biossegurança e uma infindável gama de novos valores que o ser humano vai conquistando a todo momento, conduzindo-o ao mundo novo, chamado de Regeneração.
De fato, cabe anotar que a doutrina rediviva do Mestre Jesus, propõe em a evolução dos mundos, no alvorecer do terceiro dos mundos de progresso, esse que estamos adentrando nos primeiros dias dessa inolvidável experiência de vida, como se estivéssemos as voltas com os sonhos inscritos por Aldous Huxley, em 1931 ao legar para a historiografia mundial o seu Admirável Mundo Novo, prevendo uma sociedade organizada para a felicidade de todos.
Ao par dessas importantes anotações, experiências pessoais que cada um dos filhos de Deus experimenta ao transitar por essa terra de provas e expiações, nos acostumamos a guardar também os registros de nossa viagem por esse planeta de Deus.
Há álbuns de família que guardamos com sentida emoção. Comemoramos com alegria as efemérides que marcam a nossa chegada nesse Orbe. Festejamos a nossa formatura, o dia do casamento, a partida de um ser querido para a pátria espiritual e tudo isso nos dá alegria quando fazemos uma viagem mental ao nosso passado.
É por isso que existem as cadernetas da vida.
A sabedoria popular rotula de caderneta preta, àqueles apontamentos onde registramos as coisas amargas da vida. As desditas, os insucessos, brigas, desentendimentos, desinteligências, repreensões que nos passam os pais quando nos surpreendem em desalinho, a dor de uma separação judicial, em fim, tudo o que vai contra os nossos interesses imediatos, olvidando que esses acontecimentos são ferramentas pedagógicas que a vida oferece àqueles que são candidatos à felicidade, no dizer do espírito benfeitor da humanidade Joanna de Ângelis.
Há uma caderneta de cor vermelha, onde a compreensão, o instrumento do perdão, ensinado por Jesus de Nazaré a Simão Pedro em priscas eras, quando interrogado pelo discípulo amado, quantas vezes seria necessário perdoar, ou mesmo o não julgar ou a virtude da mansuetude, nada, mas nada mesmo dessas virtudes ali faz morada.
Por isso, quando somos objetos dessas incompreensões, é nessa caderneta, na intimidade de nossos corações, no escrutínio de nossas consciências é que iremos escrever nossas reflexões, como se fizéssemos uma catarse de nosso sentimentos estiolados, ou como um legado à posteridade, aliviando nossos momentos de dor, onde encontramos no diálogo com a Providência Divina o lenitivo que nos acalenta a alma e nos dá força para bem cumprir o nosso programa de vida por essa reencarnação.
É sob o fluxo dessas anotações, inscritas na caderneta vermelha da vida, no PPS anexo, que nos serve de espeque nessa semana para as reflexões de bem viver, que contaremos a história de José Roberto, sob a verve de nossa emoção, convidando os amigos a viajarem conosco para o nosso interior, na esperança de adotarmos uma postura nobre sobre nossos atos, diante das provas e expiações a que estamos sujeitos nesse mar bravio de nossas existências.
De fato, o carteiro entregou o telegrama ao nosso personagem José Roberto, que sem agradecer o abriu com expressão mais de surpresa do que de dor. Como soi acontecer nesse meio breve de comunicação, o essencial estava escrito. Seu pai faleceu. Enterro 18,00 horas. Mamãe. Em silêncio olhou para o nada contemplando o firmamento sem que uma lágrima corresse. Era como se houvesse morrido um estranho, pois nada sentia pelo passamento do velho pai.
Na sofreguidão do momento e os pensamentos confusos, convidando-o a lançar um olhar para o passado, avisou a esposa, tomou o ônibus e foi vencendo em silêncio a distância que o separava do sepultamento.
Nos pensamentos em desalinho guardava a certeza de que não deseja acompanhar o féretro, mas se dispunha a comparecer para que a mãe não ficasse mais amargurada, pois bem sabia sua genitora que eles não se davam bem.
Tiveram homéricas discussões no passado remoto e um belo dia em que choviam acusações recíprocas, José Roberto fizera as malas e partiu prometendo nunca mais voltar, deixava um rastro de tristeza no reduto familiar.
Assim se passaram os anos.
Emprego razoável, casamento, telefonemas à mãe nas das festivas de natal, ano novo ou páscoa, sem outro significado qualquer a não ser cumprir o protocolo familiar.
No pai nem pensar. Abominava-o e não desejava dele guardar sequer a parecença física. No velório poucas pessoas. A mãe transfigurada pela dor da partida do companheiro de viagem, ao rever o filho, lágrimas de sentida emoção correram no silêncio de seu coração amoroso, abraçando o filho em silencioso desespero.
Ao depois, ele viu o corpo sereno do ancião envolto por um lençol de rosas vermelhas como as que o pai gostava de cultivar. Nenhuma lágrima seu coração verteu. Um estranho talvez merecesse esse sentimento, não o pai.
No funeral como se anunciasse a partida de um filho de Deus, um sabiá cantava, quando o sol se despedia da terra.
Ele ficou em casa como se a consolar a mãe até o anoitecer, depois beijou-a e prometeu que voltaria trazendo os netos e a esposa para conhecê-la. Na viagem de regresso, dizia de si, para si mesmo:
Àquele que lhe dava conselhos ácidos, amargos e que sempre estava a críticá-lo não mais existia. Na hora da despedida, sua mãe colocou em suas mãos um pequeno caderno dizendo-lhe que ele poderia ter recebido antes essa caderneta, não fora tê-la descoberto somente depois do passamento de seu pai, quando ela encontrara entre os seus guardados mais importantes essa cadernetinha vermelha.
Espicaçado, ao iniciar a viagem de retorno, não resistindo a curiosidade abriu a cadernetinha que seu falecido pai guardara com tanta devoção e nas páginas amareladas pelo tempo reconheceu a caligrafia firme do pai, onde se lia:
Nasceu hoje o José Roberto. Quase quatro quilos. O meu primeiro filho, um garotão! Estou orgulhoso de ser o pai daquele que será a minha continuação na Terra.
A medida que folheava, devorando cada anotação, sentia um aperto na boca do estomago, mistura de dor e perplexidade, pois as imagens do passado ressurgiram firmes e atrevidas como se acabasse de acontecer.
Dizia o velho pai: Hoje meu filho foi para a escola. Está um homenzinho. Quando o vi de uniforme, fiquei emocionado e desejei-lhe um futuro cheio de sabedoria. A vida dele será diferente da minha que não pude estudar por ter sido obrigado a ajudar meu pai. Mas para meu filho desejo o melhor. Não permitirei que a vida o castigue.
Outra página. "Roberto me pediu uma bicicleta, meu salário não dá, mas ele merece porque é estudioso. Fiz um empréstimo que espero pagar com horas extras. José Roberto mordeu os lábios. Lembrava-se da sua intolerância, das brigas para ganhar a bicicleta. Afinal, se todos amigos ricos tinham uma, por que ele também não poderia ter a sua?
As anotações prosseguiam: É duro para um pai castigar um filho eu bem sei que ele poderá me odiar por isso; entretanto devo educá-lo para o seu próprio bem. Foi assim que aprendi a ser um homem honrado e esse é o único modo que sei de ensiná-lo.
José Roberto desejava morrer. Fechou os olhos e viu toda a cena quando por causa de uma bebedeira, tinha ido parar na cadeia e naquela noite, se o pai não tivesse aparecido para impedi-lo de ir ao baile com os amigos ... Recordava apenas do automóvel retorcido e manchado de sangue que tinha batido contra uma árvore. Parecia ouvir sinos, o choro da cidade inteira enquanto quatro caixões seguiam lugubremente para o cemitério.
As páginas da cadernetinha vermelha se sucediam com curtas ou longas anotações, todas repletas de respostas que revelavam o quanto em silêncio e amargura o falecido pai o havia amado.
Oh! meu Deus, o "velho" escrevia de madrugada, nos momentos de solidão, num grito de silêncio. Esse era o seu jeito. Parece que ninguém o havia ensinado a chorar e dividir as dores e o mundo esperava que ele fosse durão, para não tê-lo na conta de fraco ou covarde.
Contudo, nesse exato momento, o filho querido José Roberto estava tendo a prova de que debaixo daquela fachada de fortaleza havia um coração terno e cheio de amor.
Na última página da caderneta da vida, colheu a rogativa de dor do de cujus ao Pai Celestial, no dia em que ele havia partido:
Deus, o que fiz de errado para meu filho me odiar tanto? Por que sou considerado culpado, se nada fiz, senão tentar transformá-lo em um homem de bem? Meu Deus, não permita que esta injustiça me atormente para sempre. Que um dia ele possa me compreender e perdoar por eu não ter sabido ser o pai que ele merecia ter.
Depois não havia mais anotações e as folhas em branco davam a idéia de que o pai tinha morrido no momento em que redigia essas últimas linhas.
José Roberto fechou depressa a caderneta, o peito doía. O coração parecia haver crescido tanto que lutava para escapar pela boca. Nem viu o ônibus entrar na rodoviária, levantou aflito e saiu quase correndo porque precisava de ar puro para respirar.
A aurora rompia no céu e mais um dia começava abençoando a Terra. Sua memória lhe trouxe uma frase lapidar, sua conhecida mais jamais meditada.
"Honre seu pai para que os dias de sua velhice sejam tranqüilos".
De fato, na egolatria que grassa a humanidade, quando jovem, não se pára para pensar nas verdades evangélicas e os pais algumas vezes tornam-se descartáveis e atirados no lixo, isto é, nos asilos, sem direito a cidadania. São dias de pouca reflexão. Dias de juventude, saúde, beleza, muita música, rock paulera, despreocupação, vaidade.
É amigos, o tempo passa.
Agora nosso personagem também havia envelhecido, também era pai e de repente, quiçá por não ter tido tempo, diante de tantas ocupações com os negócios, a luta pela sobrevivência, a ansiedade por passar os fins de semana longe da cidade grande, a vontade de mergulhar no silêncio sem precisar dialogar com os filhos, ele jamais tivera a idéia de comprar uma cadernetinha de capa vermelha para anotar uma frase sobre seus herdeiros, jamais lhe havia passado pela cabeça escrever que tinha orgulho daqueles que continuariam carregando o seu nome.
Oh ! Meu Deus. Justamente ele que se considerava o mais completo pai da Terra.
Uma vergonha quase o prostrou por terra numa derradeira lição de humildade. Quis gritar, erguer-se procurando o velho para sacudi-lo e abraçá-lo, mas encontrou apenas o vazio.
Naquele momento, havia uma rosa vermelha num galho do jardim de uma casa, quando o sol acabava de nascer para um novo dia de provas e expiações dos filhos de Deus.
Foi nesse instante que José Roberto acariciou as pétalas e lembrou-se da mãozona do pai podando, adubando e cuidando com amor das rosas vermelhas.
Por que será que nunca tinha percebido tudo aquilo antes?
Uma lágrima brotou como o orvalho em seus olhos que erguidos para o céu dourado fez confissão libertadora dizendo: Se Deus me mandasse escolher, eu juro que não queria ter tido outro pai que não fosse você velho. Obrigado por tanto amor, e me perdoe por haver sido tão cego.
É isso amigos.
Vamos pois guardar as nossas lembranças na caderneta cor de rosa. Nessa os apontamentos são de alegrias, de amor de fraternidade. Iremos registrar os momentos felizes, quando perdoamos aqueles que nos tem ofendido, quando somos capazes de nos reconciliarmos com os adversários, quando usarmos da palavra amiga para consolar, seguindo as pegadas de Jesus de Nazaré.
Guardar no coração as emoções do dia da formatura, do casamento, do nascimento dos filhos, dos netos, dos momentos em que nossa mão esquerda pratica a caridade na sua mais pura expressão, sem declarar para a mão direita o que fez, mantendo a pérola pura da boa ação.
Essa é proposta de vida amigos, que nos convida a crescer até alcançar os páramos celestiais.
Oxalá possamos para nosso gáudio, mantermos repleta de anotações da nossa caderneta azul, indicando a estrada da vida para o progresso dos filhos de Deus em direção as Plenitudes Celestiais.
Com essas reflexões, segue nosso ósculo depositado em seus corações, com votos de muita paz, em nome de Jesus de Nazaré.
Do amigo fraterno de sempre.
Jaime Facioli
texto do anexo:
A CADERNETA VERMELHA
O carteiro estendeu o telegrama.
José Roberto não agradeceu e enquanto abria o envelope, uma profunda ruga sulcou-lhe a testa. Uma expressão mais de surpresa do que de dor tomou-lhe conta do rosto.
Palavras breves e incisas:
- Seu pai faleceu. Enterro 18horas. Mamãe;
Jose Roberto continuou parado, olhando para o vazio. Nenhuma lágrima lhe veio aos olhos, nenhum aperto no coração. Nada! Era como se houvesse morrido um estranho. Por que nada sentia pela morte do velho?
Com um turbilhão de pensamentos confundido-o, avisou a esposa, tomou o ônibus e se foi, vencendo os silenciosos quilômetros de estrada enquanto a cabeça girava a mil.
No íntimo, não queria ir ao funeral e, se estava indo era apenas para que a mãe não ficasse mais amargurada.
Ela sabia que pai e filho não se davam bem.
A coisa havia chegado ao final no dia em que, depois de mais uma chuva de acusações, José Roberto havia feito as malas e partido prometendo nunca mais botar os pés naquela casa.
Um emprego razoável, casamento, telefonemas à mãe pelo
Natal, Ano Novo ou Páscoa...
Ele havia se desligado da família não pensava no pai e a última
coisa na vida que desejava na vida era ser parecido com ele.
O velório: poucas pessoas.
A mãe está lá, pálida, gelada, chorosa.
Quando reviu o filho, as lágrimas
correram silenciosas, foi um abraço de desesperado silêncio.
Depois, ele viu o corpo sereno envolto por um lençol de rosas vermelho, como as que o pai gostava de cultivar.
José Roberto não verteu uma única lágrima, o coração não pedia.
Era como estar diante de um desconhecido um estranho, um...
O funeral: o sabiá cantando, o sol se pondo.
Ele ficou em casa com a mãe até a noite, beijou-a e prometeu que
voltaria trazendo netos e esposa par conhecê-la.
Agora, ele poderia voltar à casa, porque aquele que não o amava,
não estava mais lá para dar-lhe conselhos ácidos nem para criticá-lo.
Na hora da despedida a mãe colocou-lhe algo pequeno e retangular na mão
- Há mais tempo você poderia ter recebido isto - disse.
- Mas, infelizmente só depois que ele se foi eu encontrei entre os guardados mais importantes...
- Foi um gesto mecânico que, minutos depois de começar viagem, meteu a não no bolso e sentiu o presente.
- O foco mortiço da luz do bagageiro, revelou uma pequena caderneta de capa vermelha.
- Abriu-a curioso.
- Páginas amareladas.
- Na primeira, no alto, reconheceu a caligrafia firme do
pai:
- "Nasceu hoje o José Roberto.
- Quase quatro quilos!
- O meu primeiro filho, um garotão!
- Estou orgulhoso de ser o pai daquele que será a minha
continuação na Terra!".
- À medida que folheava, devorando cada anotação, sentia um aperto na boca do estomago, mistura de dor e perplexidade,
- pois as imagens do passado ressurgiram firmes e
- atrevidas como se acabassem de acontecer!
- "Hoje, meu filho foi para escola.
- Está um homenzinho!
Quando eu vi ele de uniforme, fiquei
- emocionado e desejei-lhe um futuro cheio de sabedoria.
- A vida dele será diferente da minha, que não pude estudar por ter sido obrigado a ajudar meu pai.
- Mas para meu filho desejo o melhor. Não permitirei que a vida o castigue".
Outra página
- "Roberto me pediu uma bicicleta, meu salário não dá, mas ele
merece porque é estudioso e esforçado.
- Fiz um empréstimo que espero pagar com horas extras".
- José Roberto mordeu os lábios. Lembrava-se da sua intolerância,
- das brigas feitas para ganhar a sonhada bicicleta.
- Se todos os amigos ricos tinham uma, por que ele também não poderia ter a sua?
- "É duro para um pai castigar um filho e bem sei que ele poderá me odiar por isso; entretanto, devo educá-lo para seu próprio bem." "Foi assim que aprendi a ser um
- homem honrado e esse é o único modo que sei de ensiná-lo".
-
José Roberto fechou os olhos e viu toda a cena quando por causa de uma bebedeira, tinha ido para a cadeia e naquela noite, se o pai não tivesse aparecido para impedi-lo de ir ao baile com os amigos...
Lembrava-se apenas do automóvel retorcido e manchado de sangue que tinha batido contra uma árvore...
Parecia ouvir sinos, o choro da cidade inteira enquanto quatro caixões seguiam lugubremente para o cemitério.
As páginas se sucediam com ora curtas, ora longas anotações,
cheias das respostas que revelam o quanto, em silêncio e amargura,
o pai o havia amado.
O "velho" escrevia de madrugada.
Momento da solidão, num grito de silêncio, porque era desse jeito que ele era, ninguém o havia ensinado a chorar e a dividir suas dores,
o mundo esperava que fosse durão
para que não o julgassem nem fraco e nem covarde.
E, no entanto, agora José Roberto estava tendo a prova que, debaixo daquela fachada de fortaleza havia um coração tão terno e cheio de amor.
A última página.
Aquela do dia em que ele havia partido:
- "Deus, o que fiz de errado para meu filho me odiar tanto? Por que sou considerado culpado, se nada fiz, senão tentar transformá-lo em um homem de bem?"
"Meu Deus, não permita que esta injustiça me atormente para sempre.
Que um dia ele possa me compreender e perdoar por eu não ter sabido ser
o pai que ele merecia ter."
Depois não havia mais anotações e as folhas em branco davam a idéia de que o pai tinha morrido naquele momento,
José Roberto fechou depressa a caderneta, o peito doía.
O coração parecia haver crescido tanto, que lutava para escapar pela boca. Nem viu o ônibus entrar na rodoviária, levantou aflito e
saiu quase correndo porque precisava de ar puro para respirar
A aurora rompia no céu e mais um dia começava.
"Honre seu pai para que os dias de sua velhice sejam tranqüilos!" – certa vez ele tinha ouvido essa frase e jamais havia refletido o na profundidade que ela continha.
Em sua egocêntrica cegueira de adolescente, jamais havia parado para pensar em verdades mais profundas.
Para ele, os pais eram descartáveis e sem valor como as embalagens que são atiradas ao lixo. Afinal, naqueles dias de pouca reflexão
tudo era juventude, saúde, beleza, musica, cor, alegria, despreocupação, vaidade. Não era ele um semideus?
Agora, porém, o tempo o havia envelhecido, fatigado e também tornado pai aquele falso herói. De repente. No jogo da vida, ele era o pai e seus atuais contestadores.
Como não havia pensado nisso antes?
Certamente por não ter tempo, pois andava muito ocupado
com os negócios, a luta pela sobrevivência, a sede
de passar fins e semana longe da cidade grande, a vontade de mergulhar no silêncio sem precisar
dialogar com os filhos.
Ele jamais tivera a idéia de comprar uma cadernetinha de capa vermelha para anotar uma frase sobre seus herdeiros, jamais lhe havia passado pela cabeça escrever que tinha orgulho daqueles que continuam o seu nome.
Justamente ele, que se considerava o mais completo pai da Terra?
Uma onda de vergonha quase o prostrou por terra numa derradeira lição de humildade. Quis gritar, erguer procurando agarrar o velho para sacudi-lo e abraçá-lo, encontrou apenas
o vazio. Havia uma raquítica rosa vermelha num galho no jardim de uma casa, o sol acabava de nascer.
Então, José Roberto acariciou as pétalas e lembrou-se da mãozona do pai podando, adubando e cuidando com amor.
Por que nunca tinha percebido tudo aquilo antes?
Uma lágrima brotou como o orvalho, e erguendo os olhos
para o céu dourado, de repente, sorriu e desabafou-se
numa confissão aliviadora:
- "Se Deus me mandasse escolher, eu juro que não queria ter tido
outro pai que não fosse você velho!
- Obrigado por tanto amor, e me perdoe por haver sido tão cego."
- "FALE, CURTA, ABRACE, BEIJE, SINTA E AME TODAS AS PESSOAS COM QUEM VOCÊ PODE VER E TOCAR, PRINCIPALMENTE A SUA FAMÍLIA" DEUS O ABENÇOE.