Os filhos do Altíssimo trazem consigo, em sua gênese, a responsabilidade de cocriadores, fato que levou o ícone do amor, Jesus de Nazaré, a exortar seus irmãos menores asseverando: “Vós sois Deuses”, porque tudo o que Ele fez, todo que faz e fará também poderia e pode ser levado a efeito por seus irmãos menores, e muito mais.
Oh! Sim. É óbvio que há que se encontrar o verdadeiro amor, em sua essência, não se confundindo a virtude de amar pela paixão, muitas vezes exacerbadas pelos neurônios em franca ebulição. Os hormônios, por suas vezes, realizam suas funções para cumprirem a missão sublime de trazer corpos ao planeta, atendendo aos propósitos da Divindade sob os ditames da questão 712 de “O Livro dos Espíritos”.
Desse modo, o bálsamo do suave perfume de Jesus de Nazaré, à semelhança das gotas de orvalho, cai suavemente sob a atmosfera do planeta Terra, transformando os corações e os predispondo à generosidade, ao perdão, à tolerância.
É vero, há também grande ênfase para a virtude da caridade, levando a todos os rincões do orbe destinado às provas e expiações, o sustento d’alma e os alimentos para o físico, capazes de dar lume aos fogões antes escurecidos e sem comida para a manutenção do corpo físico, possibilitando se ver com clareza a grandiosa descoberta e o encontro com o amor na excelência dos sentimentos d’alma.
Destarte, a busca do amor verdadeiro torna indispensável o espelhamento no modelo do Sublime Pastor, para o necessário aprendizado de sua prática seguindo no rumo das estrelas e na ciência da observação, examinando o tema desde cedo, em plena juventude, a beleza que Deus colocou no altar da natureza, e como se o fruto fosse verde aguardando a primavera, espera-se a chegada mansa e prudente do amor em toda a sua formosura.
Com esse discurso, inegável que na messe de amor, há o sublime perfume do Divino Jardineiro, momento espiritual, portanto, o importante é que a "messe" seja vivenciada com amor, dedicação e compromisso com a propagação da fé, dando a todas as manhãs ao abrir-se a janela da alma, sentir e aguardar o novo dia como mensageiro do sentimento pulcro do amor porque esse é sem dúvida o caminho, a verdade e a vida do ícone do amor.
Inquestionavelmente, aprende-se com o Divino Jardineiro que o amor na excelência da palavra é tudo o que existe nos códigos de bem-viver, tais como abrir as portas dos guarda-roupas, para tirar as vestimentas “velhas”, que serão novas para os irmãos necessitados.
Ah! Sim, subir os morros da vida levando a cesta básica, junto ao abraço de solidariedade ao próximo, dar um basta nas guerras de qualquer natureza, conversar com os doentes, os necessitados, ouvir e aconselhar, tudo em nome do amor, sublime amor, cantando-o em prosas e versos na melodia da natureza.
Inegavelmente, no despertar da natureza, nesse mês considerado o mês das flores, é o momento de meditação, de encontro com o modelo e guia da humanidade, para pedir forças para a jornada da vida, a fim de que se possa viver e amar como parâmetro do comportamento porquanto as almas amorosas experimentam a convicção de que seguindo as pegadas de Jesus, a razão indicará o rumo das estrelas, como escreveu outrora a pena abençoada nas mãos de Francisco Cândido Xavier, na inesquecível retórica de Emmanuel. In: Esperança e Luz trazida à colação:
“Quanto mais avança o Tempo nas trilhas da História, apartando-se lhe da figura sublime, mais amplo esplendor lhe assinala a presença. Ele não era legislador e a sua palavra colocou os princípios da Misericórdia nos braços da Justiça. Não era administrador e instituiu na Caridade o campo da assistência fraternal, em que os mais favorecidos podem amparar os irmãos em penúria. Não era escritor e inspirou e ainda inspira as mais belas páginas da Humanidade.
Não era advogado e, ainda hoje, é o defensor de todos os infelizes. Não era engenheiro e continua edificando as mais sólidas pontes, destinadas à aproximação e ao relacionamento entre as criaturas. Não era médico e prossegue sanando os males do espírito, além de suscitar o levantamento constante de mais hospitais e mais extensas obras de benemerência, capazes de estender alívio e socorro aos doentes. Ensinou a prática do amor, renunciando à felicidade de ser amado.
Pregou a extinção do ódio, desculpando sem condições a todos os que lhe ultrajaram a existência. Não dispunha dessa ou daquela posse, na ordem material dos homens, e enriqueceu a Terra de esperança e de alegria. Não viajou pelos continentes do Planeta, mas conversando com alguns necessitados e desvalidos, na limitada região em que morava, elevando constantemente os destinos da vida comunitária. Embora crucificado e tido por malfeitor, há mais de vinte séculos, quando os povos tentam apagar-lhe os ensinamentos, a Civilização treme nas bases.
Esse homem, que conservava consigo a sabedoria e a beleza dos anjos, tem o nome de Jesus Cristo. O seu imenso amor é a presença de Deus na Terra e a sua vida é e será sempre a luz das nações”.
Sob o fluxo da poesia que se decanta em prosas e versos na busca do amor autêntico, será lícito tomar emprestado da Redação do Momento Espírita, com base no cap. LVII, do livro Estesia, pelo Espírito Rabindranath Tagore, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. LEAL, de 28.06.2019, a emocionante poesia para aqueles que buscam o amor na mais pura expressão da palavra:
“.... e porque ele demorasse a chegar, fechei as portas e janelas, selei os portões e saí pelo mundo. Andei por muitos caminhos e por estradas solitárias. Por vezes, ouvia o cortejo do amor que passava ao longe. Corria e o que conseguia ver eram somente corações em festa, risos de alegria. O amor passara e eu continuava só. Algumas noites, chegando às cidades com suas mil luzes piscando vida, ousava olhar para dentro dos recintos. Via mães acalentando filhos, cantando doces canções de ninar; casais trocando juras; crianças dividindo brincadeiras entre risos e folguedos.”
Em todos estava o amor. Somente eu prosseguia solitário e triste. Depois de muito vagar, tendo enfrentado dezenas de invernos, resolvi retornar. De longe, pude sentir o perfume dos lírios. Quando me aproximei, pude ver o jardim saudando-me. Você voltou! – Falaram as rosas, dobrando as hastes à minha passagem. Seja bem-vindo!
– Disseram as margaridas, agitando as corolas brancas. É bom tê-lo de volta. – Saudaram os girassóis, mostrando suas coroas douradas. Tanto tempo havia se passado e, de uma forma mágica, os jardins estavam impecáveis. As cores bem distribuídas formavam arabescos na paisagem. Uma emoção me invadiu a alma. Abri as portas e janelas do meu ser.
Debruçado à janela da velhice, fitando a ponte que me levará para além desta dimensão, vi o amor passar em frente à minha porta. Apressadamente, coloquei flores de laranjeira na casa do meu coração. Atapetei o chão para que ele entrasse, iluminando a escuridão da minha soledade. Agora, tremo de ternura. Já não sofro desejo, nem aflição.
Os olhos felizes do amor fitam os meus olhos quase apagados, reacendendo neles a luz que volta a brilhar. Há tanta beleza no amor que me emociono. Superado o egoísmo, não lhe peço que entre e domine o meu coração rejuvenescido. Em razão disso, descubro de verdade o que é o amor e não o retenho. Deixo-o seguir porque, amando, já não peço nada. Agora posso me doar aos que vêm atrás, em abandono e solidão. Aprendi a amar.
Ponto finalizando, diga-se que se encontra a felicidade na criatura que descobre que a bênção maior na vida é amar; em síntese apertada, é encontrar o ícone do amor, estado de paz que Jesus ensina em todos os tempos.
Sob outro arrimo, será aquele que compreendeu a sublime poesia de Francisco de Assis, sintetizada nos versos que convidam a procurar consolar mais do que ser consolado, compreender mais do que ser compreendido, em resumo apertado:
Amar mais do que ser amado, conscientes de que o amor preenche todos os vazios, tornando felizes as criaturas, todas as horas, engrandecendo a todos que o exercitam para consigo e para com o seu semelhante, sintetizando os ensinos do Divino Rabi, ao convidar os viajores da felicidade a amarem, na proposta: amai-vos como Eu vos amei. Amai-vos uns aos outros. E disse também que Seus discípulos seriam conhecidos por muito se amar.
Com esses sentimentos d’alma, conscientes do ícone do amor em nossas vidas, segue o ósculo depositado em seus corações, com a hóstia da fraternidade universal, anelando tenham os amigos de todo o sempre um final de semana de muita paz em nome do Divino Pastor.
Do amigo Fraterno de sempre.
Jaime Facioli.