Muitas são as diretrizes que indicam caminhos para se encontrar a felicidade. Muitas sugestões já foram dadas para os que procuram pela felicidade. Essas iniciativas são positivas, quando nascidas do desejo sincero de ajudar. E são necessárias porque cada pessoa poderá seguir pela rota que mais lhe seja favorável e esteja de acordo com suas forças e entendimento. Os caminhos para a felicidade são incontáveis. Uns são mais curtos e mais íngremes, exigindo esforço e renúncia, outros são mais longos e mais planos, mas todos conduzem ao mesmo fim.
A felicidade é, sem dúvida, uma construção diária que se efetiva quanto mais a ela se dedicar. Quanto mais conscientes dos passos que levam ao seu encontro, mais perto dela estaremos. Todavia, enquanto não se conseguir conquistar a felicidade suprema, pode-se ir preparando o caminho com algumas atitudes fáceis e lúcidas nos passos de cada dia. São roteiros valiosos: usar expressões meigas cobertas de ternura. As energias afáveis favorecem uma atmosfera de paz no coração de quem as exercita.
Em tudo, procure sentir uma visão otimista sobre as pessoas. Não julgue, ensinou Jesus. Enxergue o lado bom dos irmãos na viagem de aprendizado. Pequenos ofícios e gestos de bondade alicerçam as grandes atitudes do amanhã e argamassam os nobres sentimentos. Silencie diante das críticas às atitudes infelizes do próximo. Oh! Meu Deus! Quem pode atirar a primeira pedra?
“In vero”, somos ignorantes dos acontecimentos ocorridos com os que estão entristecidos, senão em equívocos repetidos. Aprendamos a deixar fluir a compaixão e sejamos benevolentes quando a dor espelhar-se na alma do próximo. Nesse modus vivente, se condicionarão às próprias forças no caminho da caridade, irradiando o calor da fraternidade por onde passar. Sorria, ainda que esteja atravessando difíceis momentos na Terra. O sorriso gera simpatias, afasta invernos escuros e permite o brilho do sol da esperança para a família, aos que transitam na estrada da vida e a todos que interagem com os candidatos à felicidade.
Confiando no Senhor da vida, convicto de Sua providência infalível, sabe-se que os recursos necessários chegarão, tanto mais rápidos e precisos quanto se estiver em posição positiva na vida. Tolere infinitamente os dissabores. Perdoe sempre. Leve paz onde houver dissensões. Quem semeia brisas suaves não enfrentará os tufões da agonia nas estradas das provas. Recorde-se de Jesus no lago de Genesaré, diante das tempestades, relembrando seus discípulos sobre a fé.
Conceda sempre ao irmão do caminho a gentileza de sua sincera alegria pelas conquistas dele. Demonstre desprendimento natural. Prossiga sempre com as aspirações elevadas. A cada dia, coloque-se como instrumento de construção, ciente de que Deus nos favorece com a bênção do serviço, para que Sua presença seja sentida no mundo por nosso intermédio. Você, e somente você, é o responsável pela sua felicidade ou sua desdita.
O caminho para a felicidade é personalíssimo, somente tem um autor, você e mais ninguém. Os descuidos dos caminhos, pedras e espinhos são desvios de rota que se impôs na livre escolha para cuidar de jardim. Por isso, é importante não perder mais tempo. Selecione as boas sementes e comece reflorir imediatamente o caminho para que se possa encontrar, em breve porvir, o perfume agradável das boas semeaduras. Jamais faça ouvidos moucos.
Os seres humanos, viajando pelas estrelas nos carreiros das provas e expiações, em nome do progresso, não é incomum ouvir-se alhures e algures reclamações sobre as dificuldades das existências, em razão de dores, sofrimentos experimentados de todo jaez, senão a partida de um ser querido, na linguagem popular, “fora da hora combinada” quando em verdade, no caso sub oculis, a missão de aprendizado encerrou-se na etapa em comento.
Nesse preâmbulo, afirma-se pela ciência da observação no sentimento no imo d’alma, o desalinho de uma parcela dos irmãos de caminhada, viajando pelas veredas da existência das provas, sem se darem o direito a uma análise das realidades existenciais das provas e expiações para aprofundarem o bisturi do conhecimento, a fim de emularem-se na análise dos objetivos e do sentido da vida.
Com essas reflexões, pode-se asseverar as dificuldades do ser humano, quando opta pelo lado obnubilado das provas, com absoluta ausência do sentido que dê valoração e colorido à existência, para proporcionar o exame das provas do bom combate, proposta por Paulo, o apóstolo dos coríntios, sob a perspectiva do futuro como lecionou o Divino Pastor, ao prometer aos viajores os esplendores celestes.
Nesse sentir, observa-se que crimes violentos que se pode cometer contra as Leis Divinas expressa-se no suicídio, alguns no anoitecer da existência, outros ainda jovens, dotados de beleza física, com origem em famílias bem estruturadas, ilustrando-se nas melhores universidades da existência, fazendo ouvidos moucos aos valores d’alma e retiram o que não lhe pertence.
A vida não é propriedade daqueles que a recebem da potestade. São depositários das provas a que se comprometeram no pretérito na pátria espiritual. Nesse sentido, a vida não pertence a quem a utiliza como instrumento de crescimento, e nada, absolutamente nada, justifica pôr termo à vida bela, colorida e consentida, no veículo destinado à elevação do espírito.
Exclame-se, questionando-se por isso? Oh, meu Deus! Como podem se arvorarem os desalinhados a retirarem aquilo que não é sua propriedade, mas antes pertence à inteligência suprema, causa primária de todas as coisas? Que responda a consciência do justo. Por isso, Data Vênia, a valoração da vida, com o seu sentido nobilíssimo, merece um apólogo desse proceder entibiado.
Trata-se de criaturas possuidoras de todos os recursos materiais, para não se dizer, na linguagem coloquial, que não aproveitam as oportunidades concedidas pelo Senhor da vida para serem felizes. Tornam-se infelizes por se descuidarem da bendita reencarnação, olvidando de sentirem em seus corações o suave perfume do Divino Jardineiro, o Mestre do amor que celebra a vida em plenitude.
Registre-se. Ainda que haja temporariamente viajores insensíveis na rota do aprendizado da felicidade, mais cedo do que se imagina, eles também celebrarão a vida em plenitude em nome do Senhor do universo. Com essa regra, não seja incomum viajores das portas largas da vida buscarem o desenlace voluntário, quando não de forma involuntária, surpreendendo os que se esforçam para terem puros os corações, como ensinou o Homem de Nazaré.
Constata-se pelas estatísticas, verbi e gratia, que uma das causas mais frequentes da “morte”, o suicídio direto/indireto, sempre são provocados pelas criaturas em desalinho que se julgam infelizes. São os que elegem viver sem religiosidade, jamais se emulam no sentimento da prece poema de São Francisco de Assis, na exortação dos corações amorosos em profunda reflexão da valoração da vida e da felicidade, para imortalizarem o autêntico sentido da existência, declamando:
“Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz. Onde houver ódio, que eu leve o amor; onde houver ofensa, que eu leve o perdão; onde houver discórdia, que eu leve a união; onde houver dúvida, que eu leve a fé; onde houver erro, que eu leve a verdade; onde houver desespero, que eu leve a esperança; onde houver tristeza, que eu leve a alegria; onde houver trevas, que eu leve a luz. Ó Mestre, fazei que eu procure mais consolar, que ser consolado; compreender, que ser compreendido; amar, que ser amado. Pois é dando que se recebe, é perdoando que se é perdoado, e é morrendo que se vive para a vida eterna”.
Com fulcro nesse sentimento de felicidade na excelência do amor, por onde transitam os candidatos à felicidade, no planeta sob a governança do Cristo de Deus, conscientes de que o mundo não está a desgoverno, àqueles que ainda não estão sintonizados com o poema do arauto Francisco de Assis, o momento é ensancha para se conhecer o relato ainda que suscinto de uma senhora, feliz, culta, na verve dessa pena, colhido no livro “Sob a Proteção de Deus”, de Divaldo Pereira Franco, ditado pelo Espírito Ignoto, no capítulo da “Terapia da Solidariedade”, onde se conta que:
Uma senhora dispunha de algum tempo livre e resolveu aplicá-lo de forma útil. Considerando-se que os índices de suicídios na cidade eram elevados, dedicou-se ao edificante trabalho de atendimento do “S.O.S – Vida”, serviço telefônico para os candidatos ao autocídio. Por conta desses lhanozos propósitos, submeteu-se ao treinamento três vezes por semana, duas horas de seu dia, às tarefas de benemerência. Nesse mister, foi surpreendida por uma voz feminina amargurada que dizia: “pretendo matar-me ainda hoje. Antes de fazê-lo, quis comunicar minha decisão a alguém. Por isso, estou telefonando”.
Fiel ao compromisso de não interferir no drama da necessitada, consciente, todavia, da proteção Divina que jamais abandona suas criaturas, manteve-se a interlocutora ao indagar: “acredita que eu possa lhe ser útil?”. Obteve como resposta, com azedume, palavras de desestímulo ao se expressar, “ipsis verbis”. “Ninguém pode ajudar-me, nem o desejo. Odeio o mundo e as pessoas. Sou uma infeliz e pretendo encerrar esta existência vazia”.
Como a senhora permaneceu em respeitoso silêncio, a sofredora continuou sua narrativa. “Sou rica. Resido em uma mansão. Tenho dois filhos: um homem e uma mulher, ambos casados e pais, que já me deram quatro netos. Sou membro da sociedade. Disponho de duas linhas telefônicas. Sempre que vou atender, é ligação errada. Ninguém se preocupa comigo, e quando terminados os contatos sociais, verifico que ninguém é meu amigo”. Ligeira pausa se seguiu, quando interferiu a amável interlocutora com habilidade.
“Permita-me telefonar-lhe uma vez ou outra”. Seguiu-se nova resposta amarga: “Com qual interesse?” – Perguntou a outra, incrédula. “Eu necessito de uma amiga.” Fez silêncio e o diálogo se desdobrou, dizendo a interessada no suicídio: “Mas você não me conhece”. – Redarguiu, mais calma, a sofredora. “Isso não é importante. Vou conhecê-la depois. Forneça-me o número de seu telefone, por favor”. – Insistiu a senhora. “Não tenho o hábito de dá-lo a estranhos”. – Respondeu, contrariada. “E como deseja, então, que a procurem?”. Depois de um instante, ela cedeu e informou seu nome e número telefônico.
Consta no livro em comento que, dois dias depois dessa ocorrência, a atendente telefonou para a então desconhecida; conversaram sobre assuntos gerais, renovando-se a experiência em outras oportunidades. Meses depois resolveram conhecerem-se para um café. No encontro tornaram-se amigas. Atualmente, ambas trabalham no “S.O.S – Vida”. O fato é que, quando o telefone toca e alguém pede socorro é sempre atendido com carinho em nome daqueles que aprenderam a amar ao próximo.
Em síntese, há uma lirial lição sobre o sentido da vida quando se ajuda o próximo a sentir o amor de Deus pulsando em suas existências. É verídico. O ser luminoso que valoriza a vida, sente a felicidade em seu coração e não a encontra apenas nos fatos humanitários, mas nas experiências estabelecidas na relação humana, com os que se encontrem enfraquecidos sem compreenderem a vida, mas gratos a lição do Divino Jardineiro ao afirmar que: conhecereis meus discípulos por muito se amarem.
Por derradeiro, a notória prescrição do médico dos médicos há mais de dois mil anos: “Amai o vosso próximo. Fazei aos homens tudo o que queirais que eles vos façam. Tratai todos os homens como desejai que eles vos tratem.”
Com esses sentimentos segue o ósculo em seus corações, anelando que tenham todos muita paz.
Do amigo Fraterno de sempre.
- Jaime Facioli –