A voz do povo assevera que “a vida é curta”, expressando um sentimento de que a existência das criaturas de Deus, à semelhança dos ventos que sopram sem que ninguém saiba de onde vêm e para onde vão, tem breves momentos para serem vividos, ensejando aproveitá-la à exaustão, servindo-se da porta larga como lenitivo para as comodidades, sem se darem conta de que os resultados, em breve porvir, os convoquem a restaurarem o equilíbrio do universo da Potestade, tal qual afirmou Paulo, o apóstolo dos Coríntios, afiançando que as criaturas humanas carregam consigo o resultado de seus atos.
Sim, a afirmativa do apóstolo Paulo é fidedigna ao tema. Serve de arrimo para combater a filosofia rasa daqueles que sustentam ser a vida curta, pronta para outorgar carta de alforria para os desmazelos, os maus procedimentos, os atos de improbidade, de vilania, ignomínia, opróbrio, e na conspurcação, entram de “corpo e alma” pelas portas largas da irresponsabilidade civil, ética e moral, comprometendo e retardando a evolução espiritual por ofensa grave às leis divinas.
A inadvertida recomendação para os que se servem da porta larga das provas, estimula quebrarem as regras, desobedecerem às leis à exaustão, realizando o que der na “telha” para aproveitar a vida, pretextando ser ela curta, olvidam seus adeptos nesse comportamento a caírem nas próprias armadilhas como os lobos, sem perceberem.
Enganam-se, pois, redondamente aqueles que têm aversão às regras, às leis, à disciplina, ainda que essas normas sirvam apenas para regular a vida em sociedade, porque as criaturas humanas são seres eminentemente gregários, e nesse sentido, são indispensáveis os códigos para bem viver.
É a repulsa à responsabilidade que ainda dá forças as mentes desorganizadas persistindo em não se projetarem para cima, para o encontro com o Criador. Nesse sentido, quebram as regras com o dístico de que a vida é curta e deve ser aproveitada, violentando os desalinhados com a lei de progresso, nada mais é do que uma atitude infantil, imatura e perigosa.
“Contrariamente ao senso comum, aprofunde-se o bisturi dessa retórica para se constatar o resultado de extrapolar a velocidade na condução de um automóvel. Isso compromete a vida dos transeuntes e desestabiliza o programa previamente estabelecido na pátria espiritual pelo próprio imprudente. Um racha, uma disputa de veículos destinada a exibir habilidades nas vias públicas de uma cidade, coloca em risco incontáveis pessoas, diante das funestas consequências que ameaçam vidas, inclusive a dos próprios exibicionistas. É fato que não existe regra que possa ser quebrada de tempos em tempos sob a justificativa de que a ‘vida é curta’”.
Oh! Meu Deus.
Por que se quebrar as regras sob o pretexto de se aproveitar a vida? Ao questionamento, que responda a consciência do justo, afinal, quem pode assegurar que para se curtir cada momento da existência com alegria, será necessário infringir as leis Pétreas da existência? Sim, é verdade que aproveitar a vida não significa fazer o que se quer, quando e onde se queira, porque esta é uma visão materialista sobre o tema, além de pobre e imediatista do existir. “In veras”. O aproveitar a vida consiste em cumprir retamente os ditames da consciência do ser espiritual, que sabe estar no mundo por uma razão muito especial.
Absoluta verdade não se desconhecer que quem transita pelo mundo de provas e expiações, realiza proezas que os capacita pelo reto proceder, como herdeiros do universo, sob o espeque da emulação que realiza para mudar os hábitos incompatíveis com o título de filhos do Eterno.
Os filhos do Eterno, conscientes, encontram no caminho do bem, da família, do trabalho, do amor, e do reto proceder, o sentido para as provas da vida, na alegria de viver e o prazer de transitar pela vida bela, colorida e consentida, sem necessidade de “sair pelo mundo afora”, desrespeitando os códigos, as leis cíveis, éticas e morais às que se encontram sob os comandos do Pai Celeste e os cânones da sociedade civil organizada, objetivando a evolução e a paz social.
Os filhos da Consciência Cósmica, não devem permitirem que os pensamentos infelizes criem raízes em suas mentes, muito menos que a vida se resume nos problemas com que se defronta diariamente, porque acima da insatisfação, há incontáveis momentos de alegria, de saúde, a chegada de herdeiros que chegam para enriquecerem o lar, conscientes do progresso espiritual, sorrindo para os que estão prontos para a alegria de viver.
Cogente sob essa luz, que se confie em Deus. Realize o melhor ao teu alcance, aprendendo a selecionar os pensamentos que te visitam, à semelhança daqueles que separam as sementes sadias para cultivar o solo da alma, porquanto confiando e agindo no bem, encontrarás força para que floresçam no espírito, a harmonia, a saúde e o amor que faz brilhar a luz interior exortou o Divino Pastor.
Argamassando a retórica em apreço, anote-se que a vida é curta ou longa, segundo a escolha do caminho, exercício do livre arbítrio, na opção para viver, deixando pegadas luminosas na passagem por onde transita, como as estrelas que apontam o rumo da felicidade, pois esse proceder é a opção segura para os que se esforçam para ter puro o coração, não desperdiçando o tempo na ociosidade e ou nas filosofias em descompasso com os sentimentos d’alma.
Ipso facto, a vida será longa para os que se dedicam a uma causa nobre, seja um filantropo ou altruísta, alinhado com as lições do Divino Jardineiro, praticando o bem em sua plenitude; da mesma sorte, a vida será longa para os que aproveitam cada instante, cada amanhecer, com um bom dia efusivo e rendam homenagem ao anoitecer com suas estrelas que bailam no firmamento, soprando um beijo de gratidão pela beleza que elas colocam na escuridão da noite. Destarte, a vida será longa e próspera para todos aqueles que já descobriram que o Espírito é imortal, existia antes destas provas e continuará existindo depois, em nome do Senhor do Universo.
É longa a vida para quem cultiva o bom humor perante as situações aziagas da existência. Também será longa a existência para os heróis, os que jamais fogem da luta; Jesus quando procurado para ser preso e levado ao espúrio julgamento, questiona ao centurião Malco, dizendo: “A quem procuras?”. Informado que procuravam por Jesus de Nazaré, disse Ele, sem vacilar ou se acovardar: “Sou Eu”. Vida longa, pois, aos heróis.
Inegavelmente, a tese em apreço, sem dúvida, é que a vida será curta para quem não sorri, o que se encontre nos vícios, desarmonizando o seu universo interior, sem anelar pela paz. Da mesma sorte, a vida será curta para os que acham que a vida é uma só, a exemplo dos agnósticos e os materialistas que consagram o túmulo como destino final da existência, sem se aterem ao espírito que é imortal.
No mesmo carreiro, a vida se torna curta para os irmãos de caminhada que desdenham o instrumento da clemência, fazendo tábula rasa a virtude do perdão, virtude ensinada pelo incomparável pedagogo da humanidade. Sabe-se que a mágoa mata mais cedo do que se imagina, pois, à semelhança do ácido, ela corrói lentamente até o degredo d’alma.
Com fulcro nesse arrazoado, é de bom alvitre não fazer das provas da existência um rascunho, consciente o viajor da felicidade que o aguarda nos páramos celestiais, enquanto realizam a almejada reforma interior. É oportuno anotar também que a vida será curta ou longa, dependendo apenas daqueles que buscam com sofreguidão a felicidade. Dê, pois, um sentido à vida, sob o amparo da proposta do modelo e guia da humanidade, Jesus de Nazaré, atentos em sua prédica do “Amai o vosso próximo. Fazei aos homens tudo o que queirais que eles vos façam. Tratai todos os homens como desejai que eles vos tratem”.
Sob o fluxo desse sentimento, envolvendo-se com o irmão de caminhada, encontrar-se-á o sentido na vida, porque sempre haverá uma lágrima para enxugar, um coração para consolar, alguém para agasalhar, um carinho para oferecer; a esse respeito, o exemplo foi o legado de Francisco Cândido Xavier, para se traçar os objetivos das provas e das expiações, sem esquecer-se que todos são filhos de Deus, rodeados de outros filhos do Eterno, ansiando por outro irmão que se importe com suas dores.
Bem por isso, os desgostos da vida sobrevêm nas atuais condições evolutivas, porque as criaturas são propensas a fixar o coração nos fenômenos do mal, extremamente desmemoriados quanto ao bem, à feição de pessoa que preferisse morar dentro de uma nuvem obnubilada, mesmo estando à frente do sol. Ligeiro mal-estar obscurece a harmonia interior e se adota regime de aflição que acaba por atrair a moléstia grave, porque se apegam às lembranças das horas infelizes, sem perceberem que o incômodo diminuto é aviso da natureza para o retorno a posição de equilíbrio.
O breve desajuste no lar não deve interromper a alegria, para dar azo a presença da revolta nos corações, permitindo instalar perigosos quistos de malquerença no organismo familiar, sob penas de se olvidar o relacionamento com os tesouros da estabilidade e euforia que a Divindade oferece aos seus filhos. Insignificante desentendimento reponta na esfera profissional e exagera-se o acontecido, ao lançar a perturbação e a desordem, relegando a justa importância aos dotes inúmeros que já se recolheu no campo da família e do trabalho, na evolução do espírito em direção do cumprimento da lei do progresso.
Diga-se, por isso, que os contratempos, não constituem motivos para a vida perder o sentido, mas antes, a bendita oportunidade para a renovação dos cometimentos da existência, assim como na natureza, a primavera deixa caírem as folhas secas, para nascerem outras esplendorosas em seu lugar. Toda graça recebida constitui sentido para a vida e motivo de alegria e satisfação, tornando a vida longa, ainda que haja na estrada a ser percorrida acúleos que necessitam ser suportados ou retirados pela fé sincera e a confiança no Senhor do Universo.
No fluxo dessas reflexões, segue o ósculo depositado em seus corações em nome da oblata da fraternidade, com votos de uma vida longa e próspera, com um ótimo fim de semana.
Do amigo fraterno de sempre
- Jaime Facioli –