Os filhos do Eterno, procuram lhanamente praticarem a virtude da caridade e, não raramente se interrogam qual seria o melhor momento para se ajudar o seu próximo. Jesus, o justo por excelência, ofereceu a regra d’ouro para essa inquietação, consoante a parábola do bom samaritano, descrita no apólogo de Lucas, quando o missionário do amor responde com segurança o questionamento dizendo:
“Um homem descia de Jerusalém para Jericó, quando caiu nas mãos de assaltantes. Estes lhe tiraram as roupas, espancaram-no e se foram deixando-o quase morto. Aconteceu estar descendo pela mesma estrada um sacerdote. Quando viu o homem, passou pelo outro lado. E assim também um levita; quando chegou ao lugar e o viu, passou pelo outro lado.
A historiografia relata que o samaritano chegou até aonde se encontrava a vítima e com piedade enfaixou as feridas, derramando nelas vinho e óleo. Em seguida colocou-a sobre o seu animal conduzindo o enfermo até uma hospedaria dele cuidando. No dia seguinte, deu dois denários ao hospedeiro e disse-lhe: Zele por ele. Quando eu voltar lhe pagarei todas as despesas que você tiver.
Inegável que a lição do Raboni conduz a inapagável conduta sobre o tempo para ajudar os irmãos em desarmonia, alhures e algures. Dessa maneira, o diálogo se estendeu pelos intérpretes das leis, em nova interrogativa ao Mestre, sobre o que seria preciso fazer para se herdar a vida eterna. Mitigando a sede de conhecimento, a resposta aos “sábios”, o divino pastor falou como na parábola em exame: “Ame o Senhor, o seu Deus de todo o seu coração, de toda a sua alma, de todas as suas forças e de todo o seu entendimento e Ame o seu próximo como a si mesmo”.
Na análise dos fatos em comento, se conclui que os dois primeiros eram religiosos (assim como aquele intérprete da lei que questionou Jesus) e, por isso, eram conhecedores da Palavra do Senhor. Já o terceiro era considerado um homem inferior e indigno, pois fazia parte de um povo inimigo dos judeus (samaritanos). Essa parábola até os dias atuais surpreende os profitentes porque enquanto os "homens bons" ignoraram aquele pobre rapaz, o "samaritano ímpio" fez tudo o que podia para ajudá-lo.
A exegese escorreita que se extrai das lições do Divino Galileu, é que o Mestre critica a religiosidade daquele que não põe a mão na massa, aguardando melhor oportunidade, temeroso e sem fé; de fato o fariseu e o publicano, bem conheciam os mandamentos de Deus para amar o próximo, nada obstante, o sacerdote e o levita que tinham o dever de socorrer a vítima que havia sido roubada, agredida e abandonada na entrada entre Jerusalém e Jericó, nada fizeram.
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Oh! Meu Deus! A hora para fazer a caridade é hoje, agora e sempre, sendo oportuno examinar a retórica da parábola sub oculis para se constatar que como aconteceu, porém, como não havia ninguém olhando, os dois ignoraram o fato, desviaram o seu caminho, deixando a vítima agonizando. Ora sim. Essa tem sido a postura de alguns irmãos de caminhada, que não se dão conta do momento para ajudar ao próximo, ausentes como os religiosos dantanho, de um relacionamento autentico com a Divindade, são hipócritas e não religiosos.
Na narrativa da história foi o samaritano quem agiu com bondade e amor, mesmo sabendo que parte de seu povo era odiado, ele agradou a Deus ajudando a pobre vítima. Desse modo, e notório que diante dos afazeres das provas, certamente ele estava ocupado com alguma obrigação, mas, mesmo assim, deixou suas tarefas em segundo plano para ajudar aquele seu próximo. Sem contradita, na narrativa, o maior pedagogo da história da humanidade, esclarece que é essa atitude que Ele espera de cada um de seus irmãos menores na caminhada para a reforma interior.
Cogente, pois, se “antenar” no tempo de ajudar, para bem conjugar a virtude da caridade, dizendo de si para consigo mesmo: "Quantas pessoas necessitadas eu parei para ajudar durante a minha caminhada? Quantas vezes eu “desviei” o meu caminho para não ter que ajudar alguém?" Meditemos na parábola de Jesus em exame e sinta quantas vezes esse relato falou ao coração, balsamizando o apólogo do Divino Jardineiro ao aplicar nas vidas dos candidatos à felicidade, pois sempre é tempo de ajudar.
Com fulcro nessas reflexões, é comum o comportamento de pessoas que viajam de avião e mal adentram a aeronave, procuram o seu assento, rapidamente cumprimentam os ocupantes das poltronas vizinhas e num segundo colocam os fones de ouvido, tomam de um jornal, revista ou livro e passam o resto da viagem ignorando a presença de todos. A última coisa que se deseja é dividir o espaço com alguém tagarela tentando invadir a sua privacidade. Trata-se de comportamento que inibe a oportunidade de manter contatos profissionais, fazer novos amigos ou mesmo trocar experiências com os companheiros em trânsito pelas provas e expiações.
A propósito do tema em apreço, colhe-se no jardim da vida, pérola preciosa, no capitulo sete do Livro “Milagres em família”, da lavra de Yitta Halberstam e Judith Leventhal, pela editora Butterfly, narrando que certa feita, Allen Van Meter, um homem simpático e alegre, com facilidade de fazer amigos, não era do tipo de ficar mudo ao lado de alguém.
Foi assim que, ao sentar-se, ele olhou para quem ocupava o assento ao seu lado; de imediato, perguntou: Sem querer incomodar, mas que papel é esse em suas mãos? Janet não se fez de rogada. Explicou que aquele era o diagrama de um rim. Disse que sua irmã fizera um transplante, mas seu corpo rejeitara o órgão, exigindo que ela passasse a tomar diversos remédios.
O que se deu, é que os medicamentos estavam danificando ambos os rins e ela necessitava com urgência da substituição do órgão, sob pena de perecimento, vindo a morrer a qualquer momento. Allen ouviu com tristeza. Ele viajava, naquele dia, também açodado com problemas familiares. Seu sobrinho, de apenas vinte e cinco anos, sofrera dano cerebral irreversível.
A família desejava doar os órgãos. Ele tomou a decisão. Pediu para utilizar o telefone do avião, contatou o hospital onde se encontrava o corpo do seu sobrinho para a remoção dos aparelhos e retirada dos órgãos. Desejava saber da possibilidade de uma doação direta, ou seja, a família indicar a pessoa para receber o órgão.
Foram muitos telefonemas, para um e outro hospital, e dessa maneira, os passageiros daquele voo da esperança, ficaram sabendo, aos poucos, o que estava acontecendo e passaram a prestar atenção nas ocorrências amorosas dos passageiros da vida. Oh! Meu Deus, que alegria se vivia naquele momento. Não houve quem não vibrasse por um desfecho exitoso. As equipes dos dois hospitais começaram a se falar, para descobrir o tipo de sangue de ambos, doador e receptora. Depois, foi providenciado o transporte da irmã de Janet para o outro hospital.
Naquela mesma noite, ela recebeu o transplante. Durante a cirurgia, os médicos descobriram que a artéria principal que alimentava seu rim estava quase totalmente bloqueada e, caso não tivesse recebido com urgência o novo órgão, o desenlace teria sido fatal. Ora sim. Quem poderia imaginar que uma simples conversa junto ao seu próximo pudesse levar a um desfecho tão caridoso.
Deus coloca as pessoas nos lugares e nas horas certas para a pratica da virtude da caridade. Desse modo, basta aos viajores olharem ao lado para descobrir o quanto bem se pode proporcionar ao próximo, meditando a respeito dos estranhos caminhos da Providência Divina. Oxalá, em breve porvir se conheçam as infinitas fórmulas de atendimento de Deus aos Seus filhos.
Abençoadas sãos as oportunidades e o tempo para ajudar, praticar a virtude da caridade em todo o seu esplendor. Roguemos ao Pai de misericórdia que permita às suas criaturas, estarem conscientes de que cada minuto que se passa na companhia de um irmão de jornada, reside aí a oportunidade de ajudar o próximo e avançar em direção aos Esplendores Celestes. No epílogo, comporta interrogar às consciências sobre a conduta do bom samaritano para se entender se ainda cabe Jesus em nossas vidas, no trânsito pelos caminhos terrestres, podendo a cada dia a capacidade de observação se aprimorar, oferecendo aos teus raciocínios largos material de observação.
Ao olhar desatento parece que a Humanidade desandou apesar de tanta cultura. A agressividade campeia desenfreada, como incontrolável animal em campina sem fim. Escasseia a paz, fazendo com que os homens se armem, uns contra os outros. O discurso parece distante da prática. A alguns dias de sol abundante, seguem-se horas intermináveis de nuvens escuras, despejando sobre os lares um aguaceiro devastador.
Ao observador atento, resta a impressão de que a cultura avançou sobre as rodas de um veículo ligeiro, enquanto a ética anda muito distante, caminhando ao lado de uma montaria cansada. Tantos livros, bibliotecas e incontáveis analfabetos! Campos fartos e fome nas metrópoles. Lojas abarrotadas de artigos de vestuário e cada dia tens notado mais corpos desnudos. A medicina proclama seus avanços admiráveis e milhares tombam sob o contágio de enfermidades cruéis. Incontáveis templos religiosos e a descrença reinando solta nas consciências. Discursos espiritualistas e condutas materialistas.
Infindáveis cartas e leis admiráveis em torno dos direitos humanos e, por toda parte, a indiferença, o abuso e a invasão desses direitos sendo apenas estatística. Homens e mulheres andando na praça com seus animais de estimação, enquanto seus genitores estão em abrigos da terceira idade, mergulhados na dolorosa saudade dos afetos. Fala-se em luz, em claridade abundante, em ruas iluminadas pelos néons e leds de alta tecnologia.
Apesar desse arsenal de tecnologia, muitos transeuntes estão em densas sombras íntimas. O riso no palco e o choro convulsivo na coxia. A gargalhada estridente no cinema ou no show da celebridade. Logo após, a agonia íntima, arrastando o ser para o paroxismo das emoções em desgoverno. Afinal quem somos nós sem a virtude da caridade? Lançamos no universo nossos pensamentos para questionar se ainda cabe Jesus no coração da criatura humana? Meu Deus!
A prece silencia. Medita. Recorda o Divino Amigo, em ouvindo novamente a severa advertência: No mundo, tereis aflições! Ele também atravessou um tempo parecido com esse, em proporção numérica menor. Contudo, as agonias eram as mesmas, as buscas, as ilusões. Adestra tua paciência. Acalma teus raciocínios. Testa tua resiliência. Se chegaste até aqui, com Jesus podes ir um pouco mais adiante. É hora da caridade. Confia. Trabalha, ama e segue. São lições do Espírito Marta, com M. Mariano.
Do amigo fraterno de sempre.
Jaime Facioli.