Questões intrincadas para os profitentes das escrituras sagradas são o instrumento da fé. A fé, elemento abstrato, não permite ser tocada em termos materiais e por isso enseja aos descrentes uma desconfiança incomparável, máxime pelo seu caráter transcendental, implicando estudo do mundo que transcende o mundo físico. Confiar não é tarefa fácil. Tantas são as notícias de tragédias, violência gratuita, desamor, a capacidade de estabelecer vínculos de confiança com os irmãos de caminhadas torna-se cada vez mais restrita. Oh! Meu Deus! Como será a confiança em Deus? A busca pela fé? Por conta das dores do mundo, quando muitos afirmam que Deus não existe, ou de outra banda, se existe, porque abandonou seus filhos na rua da amargura e das dores.
Diz a sensibilidade dos espíritos com trânsito na evolução conquistada na vida de prova e expiações na universidade da existência de todos os evos, que a fé no Senhor da Vida, é virtude conquistada pelo espírito caminheiro do progresso. Sim, é vero. Alcança-se esse apogeu pelo trabalho e esforço íntimo. Indiscutível que o Pai Celeste, permite o sofrimento, a fim de que a dor, remédio amargo e eficaz, exerça o seu poder curativo nas almas enfermas pelo orgulho e o egoísmo.
Nesse sentido, é ilícito perder a confiança no parceiro de viagem, ainda que se saiba que, muitas vezes, haverá escolhas equivocadas, entibiando os corações sensíveis ao amor ensinado pelo Divino Pastor. Oxalá o amor de Jesus, com o exercício da fé, faça os desatentos recordarem, ainda imperfeitos, como os demais aprendizes na escola da vida, não estar aptos a atirarem a primeira pedra.
Anote-se, os que estão despertando do sono letárgico, descobrindo a fé e a confiança no Senhor do Universo, estão nos momentos em que as escuras nuvens da falta de fé nublarem o caminho, nos impelindo a recordar da poesia de Davi, quando o salmista, abrindo o seu coração diz em alto e bom som:
O Senhor é meu pastor e nada me faltará. Certamente que a bondade e misericórdia de Deus seguirão os que têm fé e aprendem depositar confiança perene no Senhor onipotente, onisciente e onipresente, seguido pétreas leis por toda eternidade para podermos habitar por todos os evos de nossas existências.
Cogente nesse preambulo, colhido pela pena nos retratos da vida, iluminando o tema em apreço, oportunizar as lições da confiança e a indispensabilidade da fé em todos os tempos, modos e pessoas, dividir com os inscritos nas universidades da Vida, a ocorrência de que certa vez, nas ruas da imensa metrópole, movimentada como sói acontecer naquela tarde, com os veículos, ônibus, motocicletas e pedestres lotando as vias de tráfego em uma sinfonia de buzinas ensurdecedora. Nesse torvelinho, um senhor idoso esperava demoradamente uma chance para fazer a travessia de um perigoso cruzamento.
Em um estabelecimento comercial próximo, um jovem percebeu que há muito o octogenário aguardava sua vez sem obter sucesso. Tomado de compaixão, o jovem decidiu ajudá-lo a chegar do outro lado da rua. Aproximando-se do ancião, percebeu o motivo da dificuldade para a realização da travessia: além da idade elevada, ele trazia em mãos uma bengala típica de pessoas com deficiência visual. Ora, cuidadoso a fim de não constranger o necessitado, o jovem aproximou-se dele e ofereceu ajuda.
O senhor sorriu aliviado, assentiu com a cabeça e ambos atravessaram a rua, conversando alegremente sobre coisas diversas do dia a dia. Tomado pela curiosidade, o rapaz indagou se ele não tinha um receio ao confiar em estranhos para auxiliá-lo nas travessias arriscadas como aquela. Meu filho, respondeu o senhor, no início eu tinha muito medo. Mas com os anos e, por conta da necessidade, fui aprendendo a confiar. Aprendendo, digo, pois confiar é um ato, antes de tudo, de caridade.
O benfeitor, surpreso com a lição recebida, despertado pela fé e a confiança nos desígnios de Deus, o jovem despediu-se do necessitado, sem estar abandonado pelo Pai Celeste, observando a jornada serenamente em direção à paz interior.
A
fé em Deus, como se anotou alhures, é virtude a ser conquistada pelo espírito, envolvendo-se no trabalho, como na prédica de Jesus ao afirmar que o Pai trabalha até hoje e Ele também. O filho de Deus necessita de trabalho e esforço íntimo. Não nos permitamos esquecer de que Deus é o zeloso Criador e jamais abandona suas criaturas.
No contexto sub oculis, os filhos do Eterno despertos na fé e na confiança do Senhor da Vida, sabem que a história do planeta de provas e expiações estão repletas de violência, seja na poeira dos tempos, com Gengis Khan a quem foi atribuída à morte de 1.748.000 pessoas em uma hora, seja com Átíla o rei dos unos, ou no percurso percorrido pelas civilizações, até os dias atuais onde ainda se vê os assassinatos brutais, tudo por conta das divergências, despotismo, orgulho e o império da soberba sem valorização ao diálogo e ao respeito ao direito de o livre pensar de outrem.
Diga-se, por isso, que o homem pela sua própria natureza, trouxe dos proscênios de sua existência o atavismo da belicosidade, anotando-se an passant, ocorrências essas com fulcro na discórdia entre as criaturas de Deus. Dessa maneira, é inadmissível o exercício da violência para resolver os conflitos gerados pelos interesses das nações, das classes ou das pessoas em particular.
Há que se ter em mente que as divergências são salutares, porque levam ao desenvolvimento não somente do intelecto, mas também da busca da aplicação e do respeito ao direito de cada um, conscientes de que o direito de um vai até o ponto onde se inicia as prerrogativas de outrem, com o instrumento da fé e do aprendizado para a evolução do espírito em direção aos esplendores celestes.
Por outro lado, os pretextos para as bulhas são sempre os mesmos, os interesses espúrios de uns contra os outros em absoluto desrespeito ao código ético moral e os preceitos evangélicos ensinados pelo Divino Pastor para entregarmos a cada um o que lhe pertence, como dispõe as lições do Homem de Nazaré no episódio dos fariseus que O interrogaram se deveriam pagar ou não os tributos devidos a Cesar.
Cabe, pois, refletir com esses sentimentos pulcros, na trilha da evolução das criaturas do Senhor do Universo, desenvolver-se o senso dos instintos para se alcançar os sentimentos através do qual o exercício da razão e da inteligência sobre a fé e a confiança no Pai Celeste e sua Justiça, permite a escolha do caminho e, por conseguinte aprender a usar da concórdia no relacionamento humano, a caridade, o exercício do amor, fazendo ao próximo tudo o que deseja que lhe façam os que trabalham para o progresso da humanidade garantindo a paz.
Sim. Não se pode negar que a fé e a confiança sejam instrumentos fáceis de se pôr em prática. Não se deixe enganar pela rasa filosofia. São duas pequenas palavras, mais difíceis de aplicação, como demonstrar o desenvolvimento das idéias e a prática do amor. Por isso, asseverar que uma das tarefas difíceis para o ser humano na caminhada pela vida é aceitar as divergências, os pensamentos adversos o respeito ao livre pensar dos semelhantes.
Claro, é sempre bom comungar os mesmos ideais, evitando as dissidências. Nada obstante, não se pode negar o direito ao próximo de ter os seus próprios pontos de vista, pois cada um vê as problemáticas da existência de uma forma diferente.
Compreende-se a questão ao se examinar que os filhos de Deus foram criados simples e ignorantes sob o pálio das questões 133 e 804 de “O Livro dos Espíritos”. Tiveram seu início como seres humanos, para utilizar-se de um neologismo, eve eternos, isto é, foram criados em momentos diferentes.
Em decorrência natural desse evento cada um dos filhos da Potestade se encontra em determinado grau de elevação espiritual e de conhecimentos, atentos ao esforço pessoal e intransferível que cada criatura de Deus deve realizar na jornada da existência nas provas e expiações até alcançar os Páramos Celestiais.
Na luz dessas colocações, no exercício do livre arbítrio quando em divergência nas provas a que se está sujeito os passageiros embarcados para a felicidade no trem da vida, há que se preservar o respeito ao direito do livre pensamento, gesto de dignidade e compreensão pela vida, sempre bela e colorida, consequência da fé raciocinada e da confiança, instrumento de amor e confiança no Senhor do Universo.
Ademais, não se olvide que nas oposições e contraditas sempre se encontram valores que, se examinados sob o crivo da atenta observação, passando pelo cadinho do aprimoramento das ideias, ilumina-se caminho mais seguro a seguir a partir desse “mix” de pontos de vistas.
A soma dos conhecimentos torna melhores seus intérpretes. Por essas razões, não imagina a rasa filosofia, evitar transformar-se em mensageiro da discórdia, máxime no agrupamento das afinidades e dos ideais, da família, do trabalho, dos ideais e da vida no indispensável aprendizado pela fé e confiança no Criador.
É bom proceder, sempre recusar o papel de porta-voz das divergências, sob o sofisma do estandarte da bandeira de emissário da paz. É retilíneo o caminho que extingue o incêndio da contrariedade e anula o fermento dos queixumes, objetivando que mágoas e ressentimentos sejam confiados ao cofre do esquecimento.
Em um mundo assinalado por confrontos de todos os matizes, onde pequenas fissuras e discordância se transformam em acirradas disputas, a concórdia é a presença benfazeja que remete luz e votos de paz no jornadear da existência de provas e expiações.
O Divino Pastor, com suas mensagens luminosas, concedeu um legado de paz e o reto caminho para vencer as tentações do mundo e os valores em desarmonia existentes na jornada de aprendizado das criaturas. Por isso, dotou os irmãos menores de argumentos suficientes para bem direcionar as escolhas do dia a dia, para servir com fidelidade à causa do Bem por onde moureje.
Em defesa da concórdia, anote-se que a historiografia mundial registra que Gandhi não foi senhor dos exércitos, governante ou político, ou ainda que tivesse ocupado cargo de relevo na sociedade onde mourejou. Sem patrimônio, também não legou à posteridade avanços científicos. No entanto, homens, governos e celebridades de todo o mundo reuniram-se, em janeiro de 1948, em Nova Déli, na Índia, para se despedirem e homenagearem esse homem que levou seu país à liberdade mediante o diálogo e o instrumento da concórdia.
Adotando o ideário da concórdia, exoramos ao Divino Galileu nos coloque em sintonia com o Universo da Providência Divina, para albergar em nossos corações maturidade espiritual evoluindo nossos espíritos para serem brandos e pacíficos como exorta o Divino Jardineiro, conscientes de que as violências do caminho são provas com o caráter de lições de vida tornando o aprendizado e a confiança no todo poderoso onipotente, onipresente e oniscientes senhor da vida o Pai Celeste para todos os evos.
Ponto finalizado, com estima e consideração com o ósculo nos corações aprendizes da felicidade, recebam os viajores da felicidade a estima e consideração do amigo de todas as horas, mestre por excelência, Jesus de Nazaré com votos de muita paz.
Do amigo Jaime Facioli.