É lugar-comum ouvir-se dizer que a vida é um perigo constante. Os meios de comunicação noticiam, com sofreguidão e a exaustão, fatos de agressões, assassinatos, suicídios e tragédias, com ênfase para as guerras e “desgraças” de toda ordem que se tornaram comuns aos filhos da Divindade, em tom de desânimo, asseverarem que o mundo vai de mal a pior.
Oh! Quanta irrisão. Ainda que Guimarães Rosa, na sua epopeia Grande Sertão Veredas, tenha usado a expressão “Viver é muito perigoso”, a verdade tem também outro colorido e dimensão. Presentemente, os viajores das estrelas vivem em um planeta de provas e expiações.
Sim. Não há informação de que o planeta Terra seja um lugar de veraneio. As provas estão destinadas àqueles que têm coragem para enfrentar os desafios das provas, iluminados pela coragem para encontrarem os horizontes da lei de progresso. A propósito do tema em apreço, colhe-se no jardim das lições do espírito de escol Joanna de Ângelis, a quem a pobreza da pena pede licença para trazer a colação, como uma metáfora objetivando enriquecer o assunto descrito na epístola.
Contam-se que certa vez um riacho de águas cristalinas, muito bonito, serpenteava entre as montanhas, embelezando a natureza. Em certo ponto de seu percurso, notou que à sua frente havia um pântano imundo, por onde deveria passar. Questionou então a Divindade:
“Senhor, que castigo! Eu sou um riacho tão límpido, tão formoso, e o Senhor me obriga a atravessar um pântano sujo como este! Como faço agora? Deus então lhe respondeu: Isso depende da sua maneira de encarar o pântano. Se ficar com medo, você vai diminuir o ritmo de seu curso, dará voltas e, inevitavelmente, acabará misturando suas águas com as do pântano, o que o tornará igual a ele.
Mas, se você o enfrentar com velocidade, com força, com decisão, suas águas se espalharão sobre ele. A umidade as transformará em gotas que formarão nuvens, e o vento levará essas nuvens em direção ao oceano. Aí você se transformará em mar, realizando seu grande objetivo, seu grande sonho”.
Nesse sentir d’alma quando as pessoas ficam assustadas com as provas da vida que pediram para realizar, paralisadas com o medo de errar, olvidando que o erro é o mestre do aprendizado, ou então consideram que tudo lhe acontece sem motivo, razão ou causa, a verdade é que se tornam tensas, perdem a fé, a esperança e as forças indispensáveis para o bom combate, segundo preciosa lição de Paulo, o Apóstolo dos gentios.
Oh! Meu Deus! A coragem de viver é indispensável para fazer valer os projetos da vida, até que o rio se transforme em mar, colimando em água cristalina ao longo do percurso. Que não nos engane a vã filosofia. Há tesouros guardados em lugares onde precisamos de coragem e ousadia para buscar os horizontes. Com esse propósito, a lição de vida tem esclarecido alhures e algures, que certa feita, um filho de Deus caminhava em noite estrelada pela praia, quando, descontraído, começou a atirar ao mar pequenas pedras encontradas no caminho.
Ao alvorecer do novo dia, chegando em casa, notou que ainda sobraram duas pedras. Examinando-as à luz do sol que iluminava o novo dia, estarreceu-se ao constatar que se tratava de duas gemas preciosas; examinadas por especialistas, constatou-se tratar de pérolas de extraordinário valor, como as que inadvertidamente atirara ao mar. Deus Meu! É preciso estar atento às preciosidades da vida, tesouros que estão em nossos caminhos de provas e expiações, convidando-nos a ir até eles, ainda que isso exija uma boa dose de coragem e desprendimento.
Por outro lado, não será necessário procurar o sofrimento, máxime considerando a lição do Pastor das Almas, esclareceu para que não se turbe o vosso coração. Mas, se as dificuldades fizerem parte da conquista que nos espera nos caminhos do progresso, vamos enfrentá-las, arriscando, ousando e avançado em nome do Divino Jardineiro, o amigo de todas as horas. Afinal, a vida é uma aventura gratificante para quem tem coragem.
Coragem de se aproximar das pessoas, abrir seu coração, e, se necessário, pedir perdão ou oferecer o seu perdão. Coragem, mesmo parecendo covarde aos olhos do mundo, quando oferecermos a face do amor a quem oferecer a face da violência. Oh! Meu Deus! Coragem de assumir os erros perante os outros, dominando o ego orgulhoso. Coragem para declarar-se crente em Deus, adepto de uma filosofia, de uma religião discriminada por muitos. Coragem de mostrar sentimentos nobres, sem ter receio de parecer tolo.
Não nos esqueçamos. Somos riachos perenes que aguardam o momento de se encontrar com o mar sublime do amor. Cada passo que damos, cada obstáculo contornado, cada vitória conquistada, mostra que estamos cada dia mais perto de descobri-lo. Sob esse díptico, o mundo está completo. Sua cesta básica tem novidades alvissareiras, como também notícias e experiências desventurosas. As misérias e as riquezas, no dizer do evangelho redivivo do Cristo de Deus, parecem estar muito mal distribuídas.
Admiramo-nos de ver tanta maldade e más paixões sobre a Terra. Por essa razão, na destinação da Terra e nas causas das misérias humanas estudadas no capítulo III de o “Evangelho Segundo o Espiritismo”, nos deparamos com a realidade da vida, esclarecendo à saciedade que nosso ponto de vista não pode ser tão pequeno, razão por que o Cristo de Deus iluminou a direção a seguir lecionando que na casa do Pai tem muitas moradas. Sim. É verdade, nada obstante, há fogão sem lume, há os que roubam, os viciados em todos os tipos de maldades, os estelionatários, os cruéis assassinos e uma infinidade de delitos que não comporta enumerar.
É vero, porém, que a contramedida também é verdadeira. Há homens ilustres trabalhando no anonimato para a melhora da humanidade em toda a sua história. Martim Luther King Junior, com o sonho de que um dia a humanidade se tornasse fraterna, sem racismo. O legado de Nelson Mandela na trajetória de prisioneiro político a presidente da África do Sul. Madre Tereza em Calcutá, amparando os caídos por terra, os desvalidos e os entibiados, Mohandas Karamchand Gandhi escolheu o exercício da não violência para levantar o estandarte para a iibertação da Índia do jugo dos ingleses. Hippolyte Léon Denizard Rivail, o emérito professor, deu cumprimento à promessa do Homem de Nazaré, trazendo a lume a codificação do Pentateuco, iluminando as consciências no caminho da vida eterna.
Não se olvide o Dr. Bezerra de Menezes, cognominado o médico dos pobres, com sua vida de dedicação aos aflitos, doentes e desesperados. O Dr. André Luiz, cuja existência de sofrimento na erraticidade, a colher os frutos de seu plantio, possibilitou-lhe o escrever, entre outros, o consagrado livro “Nosso Lar”. Relato fidedigno é o fato de as multidões saberem como é a vida além da vida. Sheila, Meimei, Tales de Mileto, Platão, Sócrates, Moisés, Fenelon e tantos outros espíritos de escol existem entre nós, que nossa memória e conhecimento não alcançam para mencionar nesta oportunidade.
Nada obstante, todos estão trabalhando para o bem da humanidade sob a orientação segura do Divino Jardineiro, Governador deste Planeta chamado Terra, com o fim exclusivo de conduzir os filhos do Eterno pelas provas e expiações pelas estradas da vida aos páramos celestiais. Com fulcro na realidade, não se permita viver sem os conhecimentos que elucidam a inteligência. Tenha coragem para viver edificando o dia presente nas provas do caminho, ouvir as melodias que sensibilizam o espírito. Jamais destruir o amor-próprio. Viaje.
Contrário senso, não se transforme em escravo do hábito. Mude o seu trajeto. Arrisque-se a uma nova cor na vestimenta. Converse com as pessoas. Seja sempre solidário. Aprenda a fazer pequenas gentilezas, como deixar o carro apressado passar. Ajude os idosos. Não seja mal-educado tomando-lhe a vaga reservada aos idosos e dependentes. Agradeça aos fâmulos. As pessoas mais simples também carecem de nossas gentilezas, de nossos encômios. Seja gentil também com o varredor de rua e até o mais elevado cargo da nação, cada um tem a sua responsabilidade e são nossos irmãos. Tratá-los com dignidade é caridade e um dever.
Emocione-se e emocione a outrem com palavras dulcificadas, resgatando o brilho dos olhos e os corações trôpegos. Seja feliz com o seu trabalho, com sua casa, sua família, seus filhos. Viva hoje. O ontem é passado. Foi muito importante para o aprendizado. O amanhã, Deus nos protegerá. Jesus é nosso pastor e nada nos faltará. Hoje, é um presente da Divindade. Aproveite, vibre, baile, sorria, exploda o coração de alegria pela vida, bela, colorida e consentida.
Não olvide que, quando o temporal parece haver destruído toda a paisagem, congregam-se as forças divinas da vida para a obra do refazimento. O Sol envia luz sobre o lamaçal, curando as chagas do chão. O vento acaricia o arvoredo e enxuga os ramos. O cântico das aves substitui a voz do trovão. A planície recebe a enxurrada, sem revolta, e converte-a em adubo precioso. A terra, nossa mãe comum, sofre a chuva de granizos e o banho de iodo, periodicamente, mas nem por isso deixa de engrandecer o bem cada vez mais. Aprendamos a receber a visita da adversidade, educando as energias para proveito da vida. A ignorância é apenas uma grande noite que cederá lugar ao sol da sabedoria.
Não se esqueça jamais das lições encontradas no livro Fonte Viva, da lavra do espírito Emmanuel, mentor de Francisco Cândido Xavier em sua psicografia, onde se encontram esses e muito mais ensinamentos que elevam o espírito às culminâncias da sabedoria e do amor divino. A consciência alerta aos que caminham atentos que ainda há muita estrada pela frente, mas, na medida que se avança, tudo se torna mais fácil de ser alcançado, conscientes de que na jornada não estamos sozinhos, mas com Ele, de braços abertos.
Mais ainda. Da pátria espiritual, o verdadeiro lar, vertem preces de amigos queridos enviando chuvas de bênçãos preenchendo nossas águas para a travessia do mar revolto, sustentando o volume e a força para continuar a trajetória em busca da plenitude. É com esse proceder que os minutos sucedem as horas, os dias sucedem os meses, e os meses sucedem os anos que vamos vivendo com coragem e ousadia de quem deseja ser feliz.
Por essas razões, não é lícito a nenhum dos filhos da Providência Divina desperdiçar as chances que recebem todos os dias, todas as horas e todos os minutos. Em verdade, caberá a cada um em particular a responsabilidade, a coragem e a ousadia para levar a vida, os dias com destemor, como se fossem uma página de um livro escrito em definitivo.
Com esses sentimentos d’alma, anelando possamos viver a vida com coragem segue nosso ósculo depositado em seus corações, com a oblata da fraternidade em nome de Jesus de Nazaré auxiliado pelo seu coração generoso conscientes de que o ano que se ilumina está abençoado pelo Pai Celeste por todos os evos.
Do amigo fraterno e sempre.
- Jaime Facioli -