O VENDAVAL E O SAL DA TERRA.

O prólogo procura refletir sobre o texto em apreço, consciente de que os viajores do planeta Terra sob a governança de Jesus de Nazaré, governador planetário, é um fenômeno que ocorre, vez ou outra, cognominado de vendaval, recordando a destruição. Pela sua passagem ocasiona queda de árvores, postes de energia deixando em seu rastro um tormento naqueles que experimentam as ocorrências, como destelhamento de casas e edifícios; destrói pontes e quaisquer estruturas no seu caminho, como danos em linhas de transmissão de energia e comunicação, além de arrasar as semeaduras.

Inegável que o fenômeno, em sua violência, arremessa telhas, galhos de árvores, atingindo tudo em seu caminho. Ele surge violento e vai deixando um rastro de desolação e dor: patrimônios danificados, natureza tombada, searas arrasadas, pessoas feridas ou mortas.
Ainda que de forma tosca, nos desalinhados das regras da vida, somos como o vendaval. São os desatentos que, por questões de somenos importância, explodem em desequilíbrio, elevando o tom de voz e em outras oportunidades, investem contra as coisas inanimadas, ou agressões tolas, como se fossem culpadas por qualquer desacerto que ocorra.

O fato é que, à semelhança da tormenta do vendaval, se permite que o estado emocional se desalinhe e a irritação domine o bom senso, despejando a fúria do verbo, em palavras grotescas, atingindo os ouvidos alheios. Há também outros momentos, seja pelo cansaço do trabalho, ou pelas dificuldades que cabe enfrentar nas provas, responde agressivamente a qualquer ocorrência. Sem percebermos, amedrontamos nossos filhos, assustamos os que estão próximos, afastamos os que nos amam.

Oh! Sim. Tal como o vendaval, arrasamos as paisagens doces do afeto e semeamos tristeza nos corações dos que convivem no lar, no trabalho, na vida social. Oh! Meu Deus! Será que desejamos ser o promotor de coisas tristes, anelando impor pavor com nossa simples presença, desde que todos fiquem à espera do que, sem razão, sejamos bomba a explodir a qualquer momento? Será que somos vendavais amargurando as provas que quem estiver nos nossos caminhos?

Cogente, pois, renovar a maneira de agir, deixando de reagir; o “start” é reter o verbo impensado e louco. A benção da palavra é dada para a comunicação, para o entendimento. Adocemos as palavras, a entonação da voz. Tornemo-nos a brisa leve e suave que areja o ambiente. Sejamos o vento calmo que beneficia o entorno, refrigerando o ar, transmitindo tranquilidade. Formulemos, de imediato, nova resolução. Amanhã, quando despertar o dia, ergamo-nos do leito dispostos a nos tornarmos brisa amena, solta e leve. Essa que chega mansa e nos abraça, com delicadeza, exibindo sua passagem. Nosso tempo neste planeta é tão breve, tão passageiro.

Cultivemos afeto, boas lembranças, para deixar como nosso legado. Oxalá, os que conviverem conosco ou nos encontrarem pelos caminhos da vida possam dizer: Que brisa suave, delicada, como faz bem à alma. Quem sabe quantos, à nossa passagem, possam se beneficiar dessa nossa vibração amena, desejando paz para si e para todos. Oh! Sim, sejamos saudados, onde quer que nos apresentemos, com sorrisos de boas-vindas e alegria, porque dirão que se sentem muito felizes com nossa presença. Sejamos brisas leves e amenas, arejando delicadamente os caminhos dos que nos seguem, dos que compartilham esse mesmo tempo de renovação. É o que ensina o espírito Marina, psicografia de Maria Helena Marcon.

A retórica em exame, anseia também esclarecer o ensinamento do Divino Jardineiro sobre a lição do sal da terra, e como jesus lecionou pela metologia até hoje servindo de arrimo pelos pedagogos, e consentâneo com a realidade, servir-se do momento para relatar um acontecimento nos anais da historiografia para dizer que: conta-se que há muitos anos, viveu um sábio seguido por incontáveis discípulos. Ocorreu que um de seus aprendizes enfrentava dificuldades incontáveis.

Por isso, procurou se aconselhar, dizendo: mestre, estou sofrendo muito, não vejo solução para os problemas que me atormentam. Preciso de sua ajuda. Pois bem, respondeu o mestre, gentil como sempre. Caminhe comigo até a cozinha. Foram os dois, conversando, e o discípulo colocou o sábio a par de suas dificuldades. Em seguida, o mestre pediu: meu jovem, traga-me o recipiente no qual guardamos o sal. O rapaz prontamente obedeceu e entregou ao sábio o que fora solicitado.

Tendo em suas mãos um copo cheio d’água, o mestre disse ao discípulo: agora, pegue um generoso punhado de sal e o misture neste copo com água. Depois, quero que tome um grande gole. O aprendiz, ainda que contrariado, obedeceu às instruções. ¬Qual o gosto? Questionou o sábio. Ruim, muito ruim! Respondeu o discípulo, franzindo o rosto.

Pois bem, continue a caminhar comigo. Vamos ao lago. E mais uma vez foram ambos andando, lado a lado, até chegarem ao lago. O mestre trouxera consigo o recipiente com sal e, próximo à margem, disse ao discípulo: quero que você pegue um generoso punhado de sal e o jogue no lago. O jovem obedeceu e, assim que o fez, recebeu nova ordem: agora se abaixe e tome um gole d’água do lago. O rapaz, abaixando-se, tomou não somente um, mas muitos goles, pois aquela era uma água muito refrescante. E agora? Qual o gosto? Sentiu o gosto do sal? Arguiu o mestre. Não, de forma alguma! Pelo contrário, essa água foi capaz de matar minha sede, contrapôs o discípulo.

As dificuldades que enfrentamos na vida são como um punhado de sal diluído. Se você tem suas dificuldades em mãos e as dilui em seu egoísmo, faz o mesmo que diluir o sal no copo d’água e, assim, elas se tornam difíceis de serem superadas. Por outro lado, prosseguiu, se você as dilui em sua capacidade de aprendizado, é como diluir o sal no lago e os problemas deixam de existir.

Em suma, restarão apenas, as lições que cada dificuldade carrega consigo e que são as responsáveis por fazer os filhos do Eterno avançarem em direção ao reto cumprimento da Lei de Progresso. Inegável que incontáveis viandantes em busca da felicidade, possuem, sim, problemas, dificuldades e sofrimento. Se vislumbrarmos o panorama de amarguras com os olhos do pessimismo, egoísmo e orgulho, há sempre motivos para queixar-se da sorte.

Por outro lado, se contemplarmos tal cenário com consciência de que nenhuma dor é eterna e de que cada dificuldade é oportunidade redentora, semelhante à queda que machuca, mas ensina a caminhar, jamais queixaremos. A verdade é que se deve agradecer ao Senhor da Vida por mais uma lição. Os viajores das estrelas, ansiando brilhar a luz interior, compreendem que são o sal da terra dando sabor aos propósitos da evolução, motivo por que Jesus asseverou: vós sois o sal da terra, e em suas prédicas destacou: QUE BRILHE VOSSA LUZ – (conforme anotou o Espírito André Luiz, no livro: Apostilas da Vida. Lição n.º 01. Página 13).


Com a proposta sub oculis, o observador da vida, bela e colorida, está ciente de que o rio da vida corre, incessantemente e, ao iniciar a viagem, embarca e desembarca, entre esperanças renovadas e prantos de despedida. Viajores partem, viajores tornam. Como é difícil atingir o porto de renovação. Quase sempre, a imprevidência e a inquietude precipitam-se nas profundezas sombrias. Para vencer a jornada laboriosa, é preciso aprender com alguém que é o Caminho, a Verdade e a Vida.

Sim. O mestre não foi um conquistador, mas fundou o maior de todos os domínios; não era geógrafo, mas descortinou os sublimes continentes da imortalidade. Não era legislador, mas iluminou os códigos do mundo. Não era filósofo e resolveu os enigmas da alma. Não vestiu a toga de juiz, mas ensinou a justiça com misericórdia; não era teólogo e revelou a fé viva; não era sacerdote e fez o sermão inesquecível. Não era diplomata e trouxe a fórmula da paz; não era médico e limpou leprosos, restaurou a visão dos cegos e levantou paralíticos do corpo e do espírito.

Não era sociólogo e estabeleceu a solidariedade humana; não era cientista e foi o sábio dos sábios; não era escritor e deixou ao Planeta o maior dos livros; não era advogado e defendeu a causa da humanidade inteira; não era engenheiro e traçou caminhos imperecíveis; não era economista e ensinou a distribuição dos bens da vida a cada um por suas obras; não era guerreiro e continua conquistando as almas há vinte séculos; não era químico e transformou a lama das paixões em ouro da espiritualidade superior; não era físico e edificou o equilíbrio da terra;

“Brilhe a vossa luz”, disse o Mestre Inesquecível. Acenda cada aprendiz do Evangelho a lâmpada do coração. Não importa seja essa lâmpada pequenina. A humilde chama da vela distante é irmã da claridade radiosa da estrela. É indispensável, porém, que toda a luz do Senhor permaneça brilhando em nossa jornada sobre abismos, até a vitória final no porto da grande libertação.

Nesse arrazoado, os vendavais das provas têm propósitos, pois nada acontece por acaso e muito menos o sal da terra deixa de ter propósito nas vidas dos candidatos a felicidades, convidando os viajores a depositarem no cofre sagrado das provas e expiações, a confiança no Senhor da vida, na luz da questão 963 de “O Livro Dos Espíritos” cuidando de todas as suas criaturas, por menores que sejam.

Ponto finalizando, a pena serve-se do momento para enviar esses sentimentos aos irmãos de jornada para guardar nos corações as bençãos de Jesus de Nazaré, para que quando o vendaval passar nas dificuldades das provas, recordemos que somos o sal da terra e a luz do mundo, com votos de muita paz.

Do amigo fraterno de sempre,

- Jaime Facioli -




JAIME BARBOSA FACIOLI
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