OS ADVERSARIOS DA PAZ E A PUREZA DE JESUS DE NAZARÉ

Na estrada do aprendizado, na escola do mundo de provas e expiações, os viajores matriculados nas universidades em busca de diplomarem na universidade do amor para a paz interior, sem contradita, buscam com sofreguidão identificar os oponentes aos seus mais profundos sentimentos d’alma, o caminho da paz, no sentimento nobre conscientes que são dotados de uma única fatalidade, seu medo de errar.

Trata-se do objetivo e destino dos filhos de Deus, ainda que retarde, todos chegarão aos esplendores celestes, máxime porque o Senhor da Vida não fez modelitos, mas seres destinados às plenitudes existenciais.

Nessa pedagogia, através da cognição, constata-se a presença de incontáveis adversários trabalhando a desfavor da tão desejada paz. São adversários que se apresentam com programa destrutivo, entre eles três se destacam por sua crueldade nos processos que empregam na perseguição de seus objetivos. Trata-se da depressão, da exaltação e do ressentimento.

Elas aparecem quando menos se espera, assumindo proporções ameaçadoras, desequilibrando os pulcros anelos de suas vítimas e as levando até ao fracasso. Ora sim! Nesse estágio, os sentimentos enobrecidos e a capacidade invulgar de luta do espírito destemido, quando são alcançados, tombam, deixando escombros onde antes exalavam alegria.

Nesse sentido, olvidam-se as lições do nazareno, bem antes de a criatura se dar em conta de que está infectada com o vírus do desânimo, da desesperança e da depressão. Jesus de Nazaré é o antivírus e o remédio eficaz que se emprega com esforço e fé para poder se libertar da presença perturbadora desses indóceis invasores da paz.

Esses adversários da paz são sutis e violentos e seus métodos são utilizados com proeza e perversidade, alojando-se perigosamente no coração e na mente dos que não oram e não vigiam, deixando o terreno fértil para provocar a desordem do raciocínio e o desinteresse pela vida bela, colorida e consentida.


Sob a luz desse foco, a luminosa recomendação do Divino Jardineiro é orai e vigiai, prescrita no evangelho de São Mateus, bem entendido que Jesus, depois da última ceia, sabendo que seu fim estava próximo, dirigiu-se ao Getsêmani – o lindo jardim situado ao redor de Jerusalém - e ao pé do monte das Oliveiras, levando consigo Pedro, Tiago e João. Já era noite, e quando chegou ao local, lhes disse:
“Assentai-vos aqui, enquanto eu vou ali orar. (...) A minha alma está profundamente triste até à morte; ficai aqui e vigiai comigo”.

Não há dúvida de que o significado da palavra vigiar, no caso em apreço, equivale a estar de vigília, de prontidão, de sentinela, estado de quem se conserva desperto, atento, velando ou tomando conta de algo ou de alguém, em outras palavras, vigiar representa observar, acautelar-se, precaver-se, estar a postos e pronto para o bom combate. É sabido que, depois dessas palavras, Jesus se afastou e orou a Deus:


“Meu pai, se possível afaste de mim esse cálice”. - É crível entender-se o sentido dessas palavras como sofrimento. Da mesma sorte, a prova prosseguindo, o sublime emissário na sua rogativa diz: “Todavia, não seja como eu quero, e sim como tu queres.” Ao retornar ao sítio onde estavam os seus discípulos encontrou-os dormindo, e foi nesse momento que o nazareno disse a Pedro: “Então, nem uma hora pudestes vós vigiar comigo? Vigiai e orai para que não entreis em tentação; o espírito, na verdade, está pronto, mas a carne é fraca. ”

Nessa narrativa, incontestavelmente se conclui que aqueles personagens, muito embora não fosse sua intenção, cederam intenção de se manterem despertos e ofereceram terreno fértil à tentação do sono em detrimento do dever.

No outro polo, sob as luzes da exegese evangélica, a expressão vigiar também diz respeito à necessidade de se tomar precauções, prevenir e evitar os abrolhos, vestindo-se da indumentária que oferece o indispensável equilíbrio e lucidez, para perceber além das aparências e, diante dessa realidade, escolher o que será o melhor para alcançar o “nirvana”, momentos de paz, frente ao dia a dia e hora a hora, nas provas e expiações a que os viajores estão submetidos no caminho da felicidade.

Com isso, o “vigiai e orai” é o lenitivo em alerta preventivo a envolver a razão e a emoção de cada uma das criaturas em trânsito pelo planeta Terra, razão pela qual é através de sua observação atenta e constante que se torna possível, quando a depressão, o desânimo, a exaltação e o ressentimento chegam à criatura . esta se conscientizar das negativas predisposições íntimas.

Deflui daí a emoção, porque é a emoção que auxilia a estabelecer, através da prece lhanoza, uma sintonia intensa com o Pai Celestial e com o plano espiritual superior, resultando na obviedade do modo que fortalece moralmente o indivíduo, perante as dúvidas e os conflitos.

Nesse arrimo, tratando-se da fé espírita, assinalada pelo uso da razão, o óbvio é ululante ao convergir esses dois indutores de aprimoramento intelecto-moral, a mente e o coração, para os caminhos da libertação ao desalgemarem os viajores dos inimigos ignotos que vivem à sorrelfa, espreitando os candidatos à felicidade.

O coração entibiado, a falta de fé e de esperança é o desalinho dos sentimentos que levam à depressão, ao ressentimento e à exaltação, constituindo-se na armadilha dos problemas que parecem insuperáveis, transformando os temperamentos de constituição mais delicada em depressão. Essa, por seu turno, a semelhança da noite obnubilada se apresenta em pleno dia para causar estragos nos organismos delicados das criaturas.

É sem dúvida a nuvem ameaçadora que encobre o sol, cujo mister é brilhar intensamente.
O segundo algoz da paz é o ressentimento, parecido com o mofo, faz apodrecer o sustentáculo onde se apoia e para isso, utiliza-se do estratagema das causas que lhe dão entrada franca, para desenvolverem-se e alcançarem o poder destruidor onde se fixa.


O terceiro inimigo da paz é a exaltação, que à semelhança de uma faísca de eletricidade, devora e atinge os nervos entibiados daqueles que se permitem, sem modéstia, entregarem-se à “elevação”, causa pela qual produzem relâmpagos de loucura com trovoadas carregadas de rebeldias, que enfraquecem os ideais da vida e despedaçam aqueles que lhe tombam nas malhas.

A questão então, como se viu alhures e algures, é como combatê-los. De que instrumentos se dispõe para se afastar de tão poderosos adversários da paz? Como anotado no frontispício dessa retórica, é a oração lhanoza, a fé e o orai e vigiai, cláusulas pétreas que salvam e conduzem os viandantes à reflexão, ao prosseguimento do trabalho, do amor desinteressado e sem tréguas.

Com esse espeque, para a depressão, imediatamente se deve usar a vacina da coragem pela prece. Nada, absolutamente nada, nenhuma força, pode fazer naufragar as criaturas, filhos da Providência Divina, dotadas da capacidade de construírem a sua felicidade e encontrarem a paz, sobre as experiências do passado em atendimento à Lei do Progresso, diante da vida, bela, colorida e consentida.

Orai e vigiai, combate os sentimentos menos nobres que pretendam invadir o jardim das esperanças, para incentivar as veredas escuras dos delitos, com a violação das Leis de Deus, leis essas, depositadas nas consciências de seus filhos, consoante consta da questão 621 de “O Livro dos Espíritos”, porquanto qualquer incentivo ao caminho da desventura, será sempre uma armadilha e um engodo.

Neste estado d’alma, anotam-se os frutos colhidos na redação espírita de com fulcro no ideário contido no cap. 7 do livro “Desperte e Seja Feliz” da lavra de Joanna de Ângelis, espeque dessas reflexões, com a respeitosa vênia. Ponto finalizando, segue o ósculo com a oblata da fraternidade depositada em seus corações, com votos de um bom fim de semana em nome de Jesus de Nazaré.

Do amigo fraterno de sempre.


Jaime Facioli.




JAIME BARBOSA FACIOLI
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